domingo, 8 de dezembro de 2013


Opção do PPS por Campos tem o “dedo” atuante de Serra para afundar a candidatura de Aécio “Névoa” de pó

Aconteceu o que a cúpula tucana não esperava, o congresso nacional do PPS (realizado ontem 07/12) deliberou por ampla maioria apoiar a candidatura do governador Eduardo Campos ao Planalto. O dono do PPS, deputado federal estranhamente eleito por São Paulo, Roberto Freire, seguiu fielmente a orientação do seu “patrão” José Serra e retirou o apoio anteriormente anunciado ao senador tucano Aécio Neves (encurralado pelo escândalo da cocaína dos Perrella). Freire tinha tentado filiar Marina Silva logo após o TSE inviabilizar a legalização do REDE para 2014, o objetivo seria formar uma chapa presidencial entre Marina e Serra sob as “asas” do PPS. Com a chamada “filiação democrática” de Marina ao PSB, Freire saiu “atirando” contra o REDE, chegando a declarar o apoio de seu partido ao PSDB. Mas a “acomodação” de Serra no ninho tucano não está fácil e os ressentimentos políticos e financeiros contra FHC e sua anturragem falaram mais alto, levando Freire para a trincheira eleitoral da dupla Eduardo&Marina sob as ordens do seu “chefe”. No começo deste ano Serra tentou fundar um novo partido, o MD (fusão do PPS com o PMN), negociando uma saída “amigável” com o PSDB, mas a cúpula tucana vetou a liberação da “verba” para a criação do novo partido. Serra foi obrigado a permanecer na legenda, mas prometeu “vingança” aos decanos do PSDB, pois afinal teria direito a sua parte das “comissões” da privataria tucana depositadas em paraísos fiscais da América Central. A guinada do PPS em direção a Campos soma-se à decisão do governador tucano do Paraná, Beto Richa, que recentemente declarou seu apoio ao “bloco” PSB&REDE na corrida presidencial. O que deve-se abstrair de mais importante destes últimos fatos políticos, mais além dos mesquinhos interesses pessoais dos “caciques” desta ou daquela sigla, é que o setor mais conservador “oposicionista” da burguesia nacional já descartou a possibilidade de caminhar com Aécio (mesmo permanecendo estacionado em segundo lugar nas pesquisas eleitorais), apostando todas suas fichas na alternativa Eduardo&Marina como a “segunda via” para derrotar a sequência de governos da Frente Popular.

Para a ala capitalista mais diretamente ligada aos interesses do imperialismo ianque, a “chapa dos sonhos” deveria ser realmente encabeçada pela “ecoliberal” Marina, ficando na vice o governador “socialista” pernambucano. Esta composição reuniria maiores chances de arrancar pelo menos um segundo turno em 2014, já que Eduardo terá bastante dificuldades de penetrar no eleitorado de classe média urbana do sudeste e sul do país, tendo seu espaço muito reduzido no nordeste em função da popularidade de Lula e Dilma na região. Marina ainda tenta reverter a ordem da aliança entre o REDE e PSB, sob a “força” dos “institutos” de pesquisa que indicam que só haveria um segundo turno na eleição ao Planalto caso a ex-senadora encabeçasse a chapa. Para o PSB esta hipótese sequer deve ser levantada, podendo gerar uma crise no interior da legenda “socialista” de dimensões imprevisíveis. Sob o “comando” de Marina em 2014 o PSB simplesmente implodiria, deixando Campos sem nenhuma margem de manobra para negociar uma eventual renúncia de sua posição na chapa presidencial.

A direção do PT tem pleno conhecimento de que enfrentará como um obstáculo de bastante “densidade” social a dupla Eduardo&Marina. Dilma orientou seu governo a atender todas as “demandas” do setor financeiro (rentistas da classe dominante) no sentido de fechar os espaços políticos de Marina, fortemente ancorada na família Setúbal controladora do banco ITAÚ. Na toada do ultraneoliberalismo o atual governo da Frente Popular tratou de acelerar as privatizações de infraestrutura e reservas naturais para “roubar” o discurso antiestatal das oposições burguesas. É certo que diante dos primeiros sinais de esgotamento do ciclo de “poder” dos governos petistas, a burguesia prepara uma alternativa politicamente segura para gerenciar seu estado. As classe dominantes sabem que em 2014 ainda é muito cedo para substituir a Frente Popular e seu “modelo” estatal de colaboração de classes, que permitiu um certo “surto” de expansão ao mercado capitalista nacional. O crescimento econômico brasileiro dos últimos anos, fincado na bolha de crédito e no aumento do consumo de bens e serviços não pode ser prolongado por muito mais tempo em função da ausência de um projeto mais “consistente” de desenvolvimento capitalista autônomo. A tendência hegemônica a médio prazo é de um retorno da economia brasileira ao “cais” do imperialismo ianque (afastamento gradual dos BRICs), a depender do próprio ritmo de recuperação do mercado dos EUA, Marina deve estar “pronta” para quando este momento chegar.

O movimento operário ainda nutre profundas ilusões políticas no governo da Frente Popular, ainda mais quando as alternativas a sua “esquerda”, como o PSOL, exalam o odor da reação e do “social liberalismo”. Este regime da “democracia dos ricos” não empresta a menor importância a vontade popular, e “elege” os seus “gestores” segundo os interesses econômicos da oligarquia dominante. Os Marxistas Revolucionários devem partir das reivindicações concretas e imediatas do proletariado, incompatíveis com a manutenção deste regime burguês, para elevar seu nível de organização independente e consciência de classe em direção à Ditadura do Proletariado. O papel jogado pela publicidade socialista é fundamental nesta tarefa histórica, devendo ser utilizado o parlamento capitalista (eleições representativas) para a tribuna popular de agitação de massas. Neste sentido tem plena vigência a proposta da LBI do lançamento de uma anticandidatura operária, estabelecendo a denúncia radical desta institucionalidade burguesa, no interior do circo eleitoral de 2014.