Opção do PPS por Campos
tem o “dedo” atuante de Serra para afundar a candidatura de Aécio “Névoa” de pó
Aconteceu o que a cúpula
tucana não esperava, o congresso nacional do PPS (realizado ontem 07/12)
deliberou por ampla maioria apoiar a candidatura do governador Eduardo Campos
ao Planalto. O dono do PPS, deputado federal estranhamente eleito por São Paulo, Roberto Freire, seguiu
fielmente a orientação do seu “patrão” José Serra e retirou o apoio
anteriormente anunciado ao senador tucano Aécio Neves (encurralado pelo escândalo da cocaína dos Perrella). Freire tinha tentado
filiar Marina Silva logo após o TSE inviabilizar a legalização do REDE para
2014, o objetivo seria formar uma chapa presidencial entre Marina e Serra sob
as “asas” do PPS. Com a chamada “filiação democrática” de Marina ao PSB, Freire
saiu “atirando” contra o REDE, chegando a declarar o apoio de seu partido ao
PSDB. Mas a “acomodação” de Serra no ninho tucano não está fácil e os
ressentimentos políticos e financeiros contra FHC e sua anturragem falaram mais
alto, levando Freire para a trincheira eleitoral da dupla Eduardo&Marina
sob as ordens do seu “chefe”. No começo deste ano Serra tentou fundar um novo
partido, o MD (fusão do PPS com o PMN), negociando uma saída “amigável” com o
PSDB, mas a cúpula tucana vetou a liberação da “verba” para a criação do novo
partido. Serra foi obrigado a permanecer na legenda, mas prometeu “vingança”
aos decanos do PSDB, pois afinal teria direito a sua parte das “comissões” da
privataria tucana depositadas em paraísos fiscais da América Central. A guinada
do PPS em direção a Campos soma-se à decisão do governador tucano do Paraná,
Beto Richa, que recentemente declarou seu apoio ao “bloco” PSB&REDE na corrida
presidencial. O que deve-se abstrair de mais importante destes últimos fatos
políticos, mais além dos mesquinhos interesses pessoais dos “caciques” desta ou
daquela sigla, é que o setor mais conservador “oposicionista” da burguesia
nacional já descartou a possibilidade de caminhar com Aécio (mesmo permanecendo
estacionado em segundo lugar nas pesquisas eleitorais), apostando todas suas
fichas na alternativa Eduardo&Marina como a “segunda via” para derrotar a
sequência de governos da Frente Popular.
Para a ala capitalista mais diretamente ligada aos interesses do imperialismo ianque, a “chapa dos sonhos” deveria ser realmente encabeçada pela “ecoliberal” Marina, ficando na vice o governador “socialista” pernambucano. Esta composição reuniria maiores chances de arrancar pelo menos um segundo turno em 2014, já que Eduardo terá bastante dificuldades de penetrar no eleitorado de classe média urbana do sudeste e sul do país, tendo seu espaço muito reduzido no nordeste em função da popularidade de Lula e Dilma na região. Marina ainda tenta reverter a ordem da aliança entre o REDE e PSB, sob a “força” dos “institutos” de pesquisa que indicam que só haveria um segundo turno na eleição ao Planalto caso a ex-senadora encabeçasse a chapa. Para o PSB esta hipótese sequer deve ser levantada, podendo gerar uma crise no interior da legenda “socialista” de dimensões imprevisíveis. Sob o “comando” de Marina em 2014 o PSB simplesmente implodiria, deixando Campos sem nenhuma margem de manobra para negociar uma eventual renúncia de sua posição na chapa presidencial.
A direção do PT tem
pleno conhecimento de que enfrentará como um obstáculo de bastante “densidade”
social a dupla Eduardo&Marina. Dilma orientou seu governo a atender todas
as “demandas” do setor financeiro (rentistas da classe dominante) no sentido de
fechar os espaços políticos de Marina, fortemente ancorada na família Setúbal
controladora do banco ITAÚ. Na toada do ultraneoliberalismo o atual governo da
Frente Popular tratou de acelerar as privatizações de infraestrutura e reservas
naturais para “roubar” o discurso antiestatal das oposições burguesas. É certo
que diante dos primeiros sinais de esgotamento do ciclo de “poder” dos governos
petistas, a burguesia prepara uma alternativa politicamente segura para
gerenciar seu estado. As classe dominantes sabem que em 2014 ainda é muito cedo
para substituir a Frente Popular e seu “modelo” estatal de colaboração de
classes, que permitiu um certo “surto” de expansão ao mercado capitalista
nacional. O crescimento econômico brasileiro dos últimos anos, fincado na bolha
de crédito e no aumento do consumo de bens e serviços não pode ser prolongado
por muito mais tempo em função da ausência de um projeto mais “consistente” de
desenvolvimento capitalista autônomo. A tendência hegemônica a médio prazo é de
um retorno da economia brasileira ao “cais” do imperialismo ianque (afastamento
gradual dos BRICs), a depender do próprio ritmo de recuperação do mercado dos
EUA, Marina deve estar “pronta” para quando este momento chegar.
O movimento operário
ainda nutre profundas ilusões políticas no governo da Frente Popular, ainda
mais quando as alternativas a sua “esquerda”, como o PSOL, exalam o odor da
reação e do “social liberalismo”. Este regime da “democracia dos ricos” não
empresta a menor importância a vontade popular, e “elege” os seus “gestores”
segundo os interesses econômicos da oligarquia dominante. Os Marxistas
Revolucionários devem partir das reivindicações concretas e imediatas do
proletariado, incompatíveis com a manutenção deste regime burguês, para elevar
seu nível de organização independente e consciência de classe em direção à
Ditadura do Proletariado. O papel jogado pela publicidade socialista é
fundamental nesta tarefa histórica, devendo ser utilizado o parlamento
capitalista (eleições representativas) para a tribuna popular de agitação de
massas. Neste sentido tem plena vigência a proposta da LBI do lançamento de uma
anticandidatura operária, estabelecendo a denúncia radical desta
institucionalidade burguesa, no interior do circo eleitoral de 2014.