Dilma anuncia mínimo de
fome (R$ 724,00) e a canalha burocracia sindical festeja como um “bom presente
de ano novo”!
A presidente Dilma
Rousseff anunciou nesta segunda-feira, 23 de dezembro, que assinou o decreto
que reajusta o salário mínimo para R$ 724. O novo valor passa a vigorar em
janeiro de 2014 e representa segundo a “gerentona” petista um reajuste de 6,78%
sobre o salário mínimo atual, de R$ 678. O cálculo do reajuste do salário
mínimo é feito com base na inflação pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC) e no crescimento do PIB dos dois anos anteriores.
Cinicamente, Dilma declarou “O patamar é esse e com esse viés de alta, nós
sempre damos essa força ao salário mínimo. O pessoal pode ficar satisfeito
antecipadamente porque o salário mínimo vai sofrer um bom reajuste”. O salário
mínimo subirá poucos décimos acima da inflação fajuta metida pelo governo (6,6%)
e de fato significa que em 1° de janeiro de 2014 ele valerá cerca de 1/4 do
necessário para manter uma família, segundo uma cesta básica calculada pelo
Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE).
Logo a burocracia sindical corrupta saiu cinicamente a comemorar a quantia
miserável, apresentando-a como uma “grande conquista para os trabalhadores”.
Segundo o presidente da CUT, o arquipelego Vagner Freitas, “É uma boa notícia
de Ano Novo para os trabalhadores e trabalhadoras, resultado de esforços
coletivos, do empenho da CUT e de suas entidades filiadas”. Já para a CTB “o
anúncio do novo valor para o salário mínimo (R$ 724), feito pela presidenta
Dilma consolida uma consistente elevação do ganho real a partir do governo Lula.
Os números são incontestáveis e independem de julgamentos políticos”. O valor
festejado pela direção da CUT e da CTB não significa nem uma “diária” paga
pelos sindicatos aos burocratas que a cada fim de semana participam de
“congressos”, fazendo turismo sindical e que não encaminham nenhuma luta
concreta. O valor de R$ 724 não atende a necessidade de uma família
trabalhadora, sequer repondo o índice real de inflação que gerou uma disparada
dos preços nos últimos meses de 2013, o verdadeiro “presente de grego” que os
capitalistas e o governo Dilma deram para os assalariados às vésperas do ano
novo!
O próprio DIEESE,
mantido pela CUT e as outras centrais “chapa branca”, anunciou que o “salário
mínimo necessário” em janeiro de 2014 seria de R$ 2.828, ou seja, o valor
anunciado por Dilma é 25% do necessário segundo o DIEESE!!! De acordo com dados
do mesmo instituto, 14 das 17 capitais onde o DIEESE realiza mensalmente a
Pesquisa Nacional da Cesta Básica registraram aumento acima de 12% no conjunto
de gêneros alimentícios essenciais durante o ano de 2013. Cinicamente, os
apoiadores da frente popular dizem que “Entre 2003 e este ano, o mínimo teve um
aumento de 92,6% sobre a inflação do período, avançando 239% contra 76% da
inflação, num crescimento de 3,1 vezes sobre a escalada dos preços.
Transformado em dólares, o salário mínimo brasileiro também mostra uma forte
recuperação durante os governos Lula e Dilma. Em 2003, no primeiro ano da
gestão Lula, o mínimo equivalia a US$ 56, mas este ano já era possível
transformá-lo em mais de US$ 330. Na média, apesar das variações da moeda
americana sobre o real, o crescimento do mínimo sobre o dólar foi de mais de
480%” (Brasil 247, 18/12). A política capitalista do governo Dilma de camuflar
os índices inflacionários para justificar o “êxito” de sua política econômica
não resiste à realidade. Afinal, os reajustes salariais não acompanham os
reajustes dos preços que superam, velozmente, a inflação oficial e os
trabalhadores continuam a pagar uma conta que não é sua. O “novo” valor do
salário mínimo deixa claro que a estabilidade da economia brasileira nos
últimos anos tem como um dos seus pilares fundamentais a enorme expropriação
salarial da classe operária, responsável por crescer os lucros dos grandes
monopólios que a exploram sem ter nenhum ganho real com isso.
Segundo o deputado
federal Vicentinho, ex-presidente da CUT e do sindicato metalúrgicos do ABC
paulista, “O aumento real do poder de compra do salário mínimo é a prova de que
os governos do PT, dos presidentes Lula e Dilma, vêm cumprindo o compromisso de
valorizar os trabalhadores de renda mais baixa”. O vendido Vicentinho também
declarou que “o novo valor prova que a política de reajuste enviada pelo
governo ao Congresso estava correta”. Ele foi relator, em 2011, da proposta do
governo Dilma produto de um acordo com as centrais “chapa branca” que estipulou
uma política de “reajuste” para o salário mínimo até 2015. Pelos critérios
definidos com a aprovação do projeto de lei do Executivo, o reajuste é definido
pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e, a título de aumento
real, a variação do PIB de dois anos antes. Nada mais falso! O acordo assinado
entre governo e centrais como CUT e Força Sindical foi o responsável por deixar
o salário mínimo sem aumento em 2011 e, longe de permitir uma real valorização
do salário no que se refere às necessidades de uma família operária, essa regra
tem o objetivo de vincular seu reajuste ao “crescimento da economia” e
impedindo que ele tenha um aumento real, preservando assim os lucros dos
capitalistas.
A única via para impor
um salário mínimo vital para os trabalhadores, assim como derrotar a política
de arrocho salarial ditada ao conjunto da classe pelo governo burguês frente
populista, é a da ação direta, com o método da mobilização permanente da classe
operária. Os trabalhadores não devem confiar, nem por um segundo, nas direções
reformistas que vendem gato por lebre. A unificação das lutas e o combate à
reforma trabalhista que se avizinha são tarefas que o proletariado deve
enfrentar na arena política da guerra de classes, delimitando claramente seus
inimigos viscerais dentro do movimento de massas. A alternativa capaz de
superar essa política colaboracionista da CUT, que detém o controle sobre o
movimento operário, bloqueando qualquer iniciativa independente das massas para
romper a paralisia, é organizar os explorados sob uma perspectiva de
independência de classe, unificando suas lutas em defesa de um salário mínimo
vital capaz de sustentar o trabalhador e sua família com dignidade, que atenda
às reivindicações de uma família operária, em torno de R$ 5.000 e de uma
política salarial com reajustes sistemáticos acima da inflação. Essas demandas
somente serão arrancadas através da ação direta das massas do campo e da cidade
em um combate revolucionário de todos os trabalhadores assalariados contra o
governo Dilma e de seus agentes pelegos. Os trabalhadores devem erguer a
bandeira de um salário mínimo vital que atenda com dignidade as demandas de uma
família por saúde, habitação, cultura e lazer, transporte, alimentação e
vestuário. Somente a mobilização permanente dos trabalhadores e a luta contra a
trágica realidade capitalista, que nem mesmo reformas são capazes de conceder,
poderá apresentar uma perspectiva combativa e socialista para as reivindicações
econômicas do proletariado.