domingo, 29 de dezembro de 2013

Após 11 anos na empresa, o operário Emerson Macedo
recebeu telegrama da GM  informando que ele está demitido
da planta de SJC a partir do dia 31 de dezembro

Demissão em massa como presente de natal da GM para seus operários. Sindimetal de São José dos Campos diz mais uma vez que foi “surpresa” e que está de “férias”!

Cerca de 800 operários da unidade de São José dos Campos (SJC) da GM foram surpreendidos neste final de semana com um telegrama da montadora comunicando suas demissões. A empresa transnacional ianque (a mesma que alardeou sua falência mundial em 2008) anunciou o fechamento da linha de montagem de veículos de passageiros (conhecida como MVA) da unidade do interior paulista. Essa é a segunda demissão em massa na planta de São José neste ano. Em março, a GM já havia demitido 598 operários. Além das demissões, a empresa abriu no final de outubro um Plano de Demissão Voluntária (PDV) que foi aderido por cerca de 300 funcionários. Ao todo, mais de mil funcionários já foram demitidos da empresa no último ano. No telegrama recebido pelos trabalhadores neste sábado a GM informa que eles estão desligados da unidade a partir do dia 31 de dezembro. Estima-se que na atual operação de “cortes” da GM cerca 800 operários estarão incluídos, na sua grande maioria os que estavam lotados na MVA, responsável pela produção do modelo Classic. Deste total cerca de trezentos já teriam aderido ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), antecipando-se a determinação comercial da empresa em “atrofiar” a planta de SJC e a própria paralisia política da direção do sindicato dos metalúrgicos, dirigido pela CONLUTAS (PSTU).

Para o presidente do sindicato, Antonio Macapá, a hora é de “Entrar com uma ação judicial para anular essas demissões. É um absurdo a empresa fazer isso sendo que nessa semana firmou acordo com o governo federal para reduzir o IPI”, afirmou o burocrata sindical de “esquerda” ao G1 neste último sábado. Como nos processos de demissões anteriores a direção do sindicato não fez nenhum chamado à mobilização direta dos operários, convocando a greve e a ocupação de fábrica, diante de tamanho ataque da GM. Pelo contrário, desta vez nem sequer o sítio do sindicato na internet denunciou as demissões, enquanto faz campanha aberta por uma nova “Jornada de Junho” em 2014 para tentar eleger algum parlamentar do PSTU no interior do bloco oportunista da “Frente de esquerda”. Como os burocratas do sindimetal de SJC estão de “recesso”, os operários demitidos terão que esperar por mais uma inútil e demagógica ação de lobby da CONLUTAS junto à prefeitura petista da cidade. Quanto a ação judicial que o sindimetal pretende protocolar como uma “firme” resposta à ofensiva patronal, seria melhor talvez apostar o dinheiro da entidade na “Mega Sena da Virada”...

“2013: o ano em que sacudimos o Brasil. Em 2014, tem mais!”, parece até ironia, mas não é, até agora (29/12) esta é a principal manchete do sítio do sindimetal de SJC, em um artigo escrito pelo próprio presidente da entidade, o Macapá , onde com toda “cara de pau” afirma que: “O Sindicato dos Metalúrgicos encerra este ano com a certeza de que 2013 foi vitorioso, que abriu as portas para que o Brasil se renove e continue lutando por direitos.” (Antonio Ferreira de Barros - presidente do Sindicato dos Metalúrgicos). Não sabemos ao certo se Macapá e o PSTU estão “comemorando” as “conquistas” da GM... Muitas das quais obtidas com as isenções fiscais dadas pelo governo Dilma. Mas com absoluta certeza podemos afirmar que os operários da transnacional ianque em SJC não obtiveram nenhuma vitória em 2013!

O proletariado, não só da GM de SJC, deve abstrair as duras lições da ofensiva neoliberal do imperialismo em pleno curso no planeta. A classe operária não conseguirá derrotar os ataques do capital com a velha política de colaboração de classes ou lobby parlamentar, seja do reformismo “chapa branca” ou do revisionismo de “esquerda”. Os metalúrgicos da GM de SJC estão ameaçados em seu próprio direito de existência, com o processo de desativação da planta industrial da cidade. Neste momento se faz necessário constituir imediatamente uma comissão de mobilização dos demitidos, atropelando as férias dos burocratas sindicais, que aponte para a convocação de uma greve geral com ocupação de fábrica, mesmo neste momento de interregno na produção os patrões nunca admitem a “invasão” de suas “propriedades”. Para a vanguarda classista e revolucionária este é o momento certo para apoiar fortemente esta luta com toda solidariedade política e material.