APRESENTAÇÃO
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Apresentamos aos nossos
leitores e simpatizantes o lançamento da décima quinta edição da revista anual
da LBI, Marxismo Revolucionário (MR). Coincidentemente neste ano de 2013, em
que MR com quinze anos de existência está comemorando sua “festa de debutante”,
o país foi surpreendido com as multitudinárias mobilizações populares que
viriam a ser batizadas de “Jornadas de Junho”. Afirmamos que a “surpresa” do
gigantesco fato político ocorrido se concentrou justamente na ausência de
qualquer prognóstico a seu respeito, como pela inexistência de uma direção
(política ou sindical) que apontasse previamente para sua materialização. As “Jornadas”
tiveram como centelha a combativa luta contra o aumento das tarifas do
transporte urbano, que rapidamente ganharam a simpatia de amplos setores de
massas, afluindo solidariamente em suas convocações enfrentaram corajosamente a
selvagem repressão policial dos governos neoliberais do Rio e São Paulo. A
partir deste momento, ainda embrionário, se montou um vasto “mosaico” de
possibilidades na conjuntura nacional, uma destas era fundamentalmente abrir
uma fenda para a direita fascista e seus aliados (PIG, rentistas e setores da
FFAA) protagonizar o movimento pelo “Fora Dilma”. Com índices de popularidade
bem altos (baixo nível de desemprego, programas bem avaliados de assistência
social etc...) o governo da Frente Popular somente poderia ser “abatido” pela
via de um golpe midiático, estimulando o movimento reacionário da classe média
e o lúmpen a exigirem o “primeiro mundo aqui e agora!”. Logo a hegemonia
política das justas mobilizações pela redução das tarifas do transporte e do
passe livre, agora nacionalizadas e assumindo outro caráter, passa para as mãos
da direita que ameaça fisicamente a presença do conjunto das organizações de
esquerda nas passeatas e atos políticos. A LBI foi a primeira corrente marxista (oposição operária ao governo Dilma) que caracterizou o alto risco político da ausência de uma direção proletária
nas mobilizações de junho, configurando a seguir o fracasso da tentativa de
deflagração de uma greve geral “chapa branca”. Nesta edição de MR oferecemos
uma ampla cobertura analítica deste complexo processo, que por um lado
finalizou com a demagogia estatal do “mundo do faz de conta” e pelo outro com o
tradicional exitismo da esquerda oportunista que novamente enxergou nas “Jornadas”
o prenúncio de sua pseudo revolução “catastrofista”. Não por mera coincidência
neste final do ano o povo é “convocado” pelos estafetas da famiglia Marinho a
sair novamente às ruas em 2014, no mesmo ponto em que coincidem com os vorazes
apetites eleitorais da oportunista “Frente de Esquerda”.
Em outro tópico da conjuntura nacional MR analisa a farsa da Ação Penal 470, mais conhecida pela alcunha de “Mensalão”. Montada juridicamente para ser concluída pelo STF em 2012, no curso das eleições municipais, este processo teve como objetivo central recrudescer as instituições do regime democratizante contra o conjunto da esquerda e o movimento de massas, colocando no fulcro do debate nacional uma suposta moralização republicana operada pelo “herói” (fabricado pelo PIG) Joaquim Barbosa. Na sequência da dinâmica da etapa política caracterizamos uma fácil vitória em 2014 para o projeto “gerencial” de colaboração de classes (profundamente fincado nos princípios do neoliberalismo), representado pela presidente Dilma, embora alertamos para os claros sinais econômicos do esgotamento do “modelo” baseado na franca expansão do consumo e crédito. Longe de uma “falência múltipla” em 2014 a Frente Popular ainda joga um papel político determinante como “condutora” de nossa tacanha e dependente burguesia nacional, mesmo sabendo que terá obrigatoriamente que ceder o governo central em 2018.
No plano internacional
esta edição de MR aborda vários fatos que marcaram a luta de classes neste
período, destacando a morte (na verdade assassinato) do comandante Chávez na
Venezuela e a tarefa dos Marxistas em impulsionar as massas no enfrentamento
com o imperialismo. Tendo como único ponto de apoio concreto (pela ausência do
partido revolucionário) o governo nacionalista burguês de Maduro, o proletariado
venezuelano deve superar, no próprio terreno concreto do combate
anticapitalista, a ofensiva neoliberal do capital financeiro internacional que
pretende recolonizar seu país. Mas a ofensiva imperialista que devastou
completamente a Líbia, teve um importante revés na Síria onde os chacais da
Casa Branca tentaram “exportar” a mesma metodologia de uma “revolução made in
CIA”. Diante do anúncio de uma iminente intervenção militar direta, em função
do fiasco do “Exército rebelde”, Obama foi obrigado a recuar de seus objetivos
de mais uma pilhagem. Foram essencialmente duas as razões da “amarelada” do “presidente
imperial”: a primeira ocorreu devido a heroica resistência das massas sírias
que mostraram estar dispostas a entregar suas vidas em defesa de sua nação e a
segunda razão se encontra na firme determinação do regime Assad em resistir
militarmente a este ataque pirata do sionismo, apoiado pelas forças da OTAN
comandada pelo governo dos EUA.
Esperamos que esta
edição histórica de MR possa auxiliar politicamente as novas gerações de
ativistas e militantes, que são torpedeadas diariamente com a reacionária
cantilena da “morte do Marxismo Leninismo” e da impossibilidade da construção
do partido revolucionário. Da parte dos editores da MR existe a firme determinação,
e esta décima quinta edição da revista é a prova viva disto, em dar
continuidade teórica e programática às lições abstraídas pelo Marxismo
Revolucionário da luta de classes mundial. Nós da LBI continuamos absolutamente
“crentes” na afirmação de Leon Trotsky, onde conclui que o futuro socialista da
humanidade reside na capacidade do proletariado em construir uma nova direção
revolucionária internacional!