sexta-feira, 11 de setembro de 2020

COLÔMBIA URGENTE: ESTOUROU A REBELIÃO POPULAR CONTRA O REGIME ASSASSINO DE DUQUE

O brutal assassinato do advogado Javier Ordoñez, ocorrido na última madrugada de 9 de setembro em Bogotá pelas mãos da Polícia Nacional, deixou a população em estado de rebelião. Como se reflete no vídeo que circulou nas redes sociais, apesar de ter sido imobilizado foi repetidamente atacado com uma pistola de choque (choques elétricos) pela polícia assassina, diante da qual seus apelos foram inúteis. Posteriormente, foi transferido para um CAI (Centro de Atenção Imediata da Polícia) e posteriormente encaminhado para um centro de saúde, onde foi denunciado o seu falecimento em consequência dos ataques sofridos pela polícia.

Durante o dia de ontem (10/09) explodiu a revolta de setores importantes da população, principalmente dos jovens que, por meio das redes sociais, convocaram protestos de rejeição. Assim, na madrugada o protesto se espalhou por Bogotá e outras cidades do país, em ações muito semelhantes às vistas na rebelião anti-racista nos Estados Unidos. No total, foram destruídos 48 CAIs, e há pelo menos 8 manifestantes mortos, 47 presos e um número incerto de feridos, apenas na capital do país. 

Diante desta verdadeira rebelião popular, o ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, concedeu uma coletiva de imprensa para tentar desmobilizar as multidões enfurecidas com este bárbaro crime, “garantindo que qualquer oficial da força pública que atue fora  das diretrizes seria devidamente sancionado”. Em um outro esforço para desativar a mobilização popular que exige a punição dos policiais culpados pela morte de Ordoñez, a prefeita de Bogotá se reuniu com a Procuradoria-Geral da República para definir “reformas” na Polícia, enquanto familiares e amigos de Ordóñez destacaram  eles continuarão a protestar.“Não vamos ficar parados. Vamos segurar uma vela todos os dias pela justiça e pela memória, até que os policiais que o assassinaram sejam levados à justiça”, declarou a imprensa, Eliana Garzón, amiga de Ordóñez. 

Como explicar esse “surto social” de revolta em questão de horas? Em primeiro lugar, recordemos que os crimes de Estado são uma constante na história da Colômbia, apenas nas últimas semanas, assistiu-se a um novo pico desta violência através dos massacres de lideranças sociais e populares e contra a população em geral. Neste ano, já ocorreram 44 massacres (assassinatos coletivos), além do ocorrido na noite do dia 9. 

Em segundo lugar, é inegável o impacto a nível nacional do espírito de rebelião popular que assola os EUA, e que atingiu o seu ápice com a rebelião anti-racista, eclodindo precisamente no repúdio à sistemática brutalidade policial  contra a população afro-americana, além de expressar o mal-estar acumulado pelos setores explorados e oprimidos diante das insuportáveis ​​condições de existência do “capitalismo no século XXI”. 

Por sua vez governo neofascista de Iván Duque, imitando a mesma postura o seu chefe ianque, se manifestou de forma quase provocativa para parabenizar as ações das forças repressivas em suas ações contra os manifestantes, com seu número de mortos, feridos e prisões em massa: “Vimos acontecimentos dolorosos hoje,  mas vimos também a atitude galante e férrea não só dos comandantes da Polícia mas também do Ministro da Defesa e de toda a institucionalidade”. 

O governo Duque, encurralado pela crise política, social e econômica na Colômbia, que se agravou com a pandemia, teme que esses protestos reacendam o ânimo das enormes mobilizações populares que levaram milhões de colombianos às ruas no final do ano passado, culminando em três greves gerais. 

A classe operária e as massas populares colombianas voltaram às ruas para se livrar deste submisso e reacionário governo de extrema direita. A tarefa agora é a construção do instrumento revolucionário para liquidar este regime assassino, na perspectiva da instauração de um poder operário, camponês e popular.