Libertação de palestinos prisioneiros de guerra, uma vitória parcial da Intifada contra o enclave sionista
A libertação de 477 militantes palestinos, a maioria condenados a morte ou prisão perpétua pelo gendarme terrorista de Israel, foi possível graças a captura há cinco anos de um soldado israelense, que estava “monitorando” um posto militar próximo a fronteira da faixa de Gaza. A operação de captura do militar Gilad Shalit foi dirigida por combatentes do Hamas com objetivo de conseguir a liberdade de presos políticos palestinos, encarcerados aos milhares nas masmorras sionistas e submetidos à tortura e condições inumanas de existência. Na época da captura de Shalit, a ação foi condenada como um “ato terrorista” do Hamas, por várias correntes da esquerda reformista mundial, incluindo aí a própria corrupta Autoridade Nacional Palestina. A princípio, o governo de Israel negou-se a estabelecer qualquer negociação com o Hamas visando a troca de prisioneiros, Shalit era apenas um jovem soldado raso e os sionistas não demonstraram muito interesse por sua vida.
Diante da recusa de seu próprio governo em negociar a libertação com o Hamas, a família de Shalit iniciou um processo de mobilização da opinião pública para pressionar o Kadima e depois o Likud, no sentido aceitar a proposta da troca de prisioneiros. Passados mais de cinco anos da captura de Shalit (25/06/2006), o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu encontrou um momento propício para utilizar a libertação do soldado israelense como um trunfo em sua campanha eleitoral. O Likud vem sofrendo uma forte pressão do imperialismo norte-americano para ceder o governo ao Kadima, partido mais identificado politicamente com o atual período histórico da farsesca “revolução árabe”. Pelas circunstâncias colocadas, Netanyahu foi obrigado a ir muito além do que inicialmente pretendia, aceitando por em liberdade cerca de mil militantes palestinos em duas etapas, a primeira imediatamente após a entrega de Shalit e a segunda nos próximos dois meses.
É evidente que o Hamas, também sai reforçado com a troca dos prisioneiros, uma inequívoca vitória das ações militares da intifada contra o estado terrorista de Israel. Como marxistas leninistas consideramos legítimas as ações dos grupos fundamentalistas islâmicos contra alvos sionistas e imperialistas, embora com a devida crítica da ausência da estratégia da revolução socialista e do método da mobilização permanente das massas. O Hamas, uma organização teocrática nacionalista burguesa, agora poderá utilizar seu êxito político para também se integrar ao processo de “Acordo de Paz”, já iniciado pela OLP, como pretende Obama e a social democracia europeia. Não podemos depositar nenhuma confiança política nestas direções, mesmo que atuando na mesma trincheira de luta e em unidade de ação contra o imperialismo. Somente um programa revolucionário, empunhado pela classe operária árabe e hebréia, poderá lutar consequentemente pela consigna da destruição do enclave sionista e a construção de uma república soviética dos povos que habitam milenarmente toda a região do Oriente Médio.