PS francês escolhe um neoliberal para concorrer à presidência, enquanto o NPA segue apoiando a política imperialista de Sarkozy na Líbia
Cerca de dois milhões de franceses pagaram um euro para participar das eleições primárias do Partido Socialista que elegeu o neoliberal François Hollande para disputar pelo partido as próximas eleições presidenciais. Hollande um “socialista” moderado, pela ótica da burguesia francesa, derrotou esmagadoramente nas prévias a ex-candidata presidencial do PS, Ségolène Royal, em uma demonstração de que o imperialismo francês em plena crise econômica não admitirá nenhuma demagogia de “esquerda” nas próximas eleições, onde a derrota de Sarkozy é praticamente certa. O ex-diretor do FMI, Strauss Kahn, abatido em pleno vôo pelo “colega” Obama, participou das internas “socialistas” apoiando o nome derrotado de Martine Aubry, que tinha lhe prestado solidariedade no período de sua prisão em Nova York.
A França tem atravessado a atual crise financeira da Europa com relativa estabilidade social, ao contrário de seus vizinhos imperialistas Itália e Inglaterra. A derrota da prolongada greve geral francesa no ano passado deixou raízes políticas profundas na consciência do proletariado, levando a uma certa letargia em sua ação na atual conjuntura. Em 2010 na época da greve geral contra a reforma da previdência, alguns estúpidos revisionistas chegaram a afirmar delirantemente que Sarkozy não governava mais, enquanto as centrais sindicais como a CGT e FO praticavam o mais puro economicismo, muito distante de qualquer horizonte de poder para a classe operária. Agora as expectativas de ação direta do proletariado se transferiram paras as próximas eleições presidenciais, onde equivocadamente apostam no “castigo” ao governo Sarkozy.
No campo da esquerda revisionista, que foi cúmplice do sindicalismo corporativista na greve geral passada, as chances de colherem um bom resultado eleitoral é quase nula. O NPA, ex-LCR seção do SU, passou todo o último semestre a felicitar a política imperialista de Sarkozy na Líbia, apoiando o fornecimento de armas aos “rebeldes” made in OTAN. A cada bombardeio das forças imperialistas contra uma nação semicolonial, os calhordas do NPA festejavam como a “conquista da liberdade” para o povo líbio. Olivier Besancenot, ex-candidato à presidência pelo NPA, chegou a reivindicar as ações da OTAN como necessárias contra o que qualificou de uma “ditadura sangrenta”. Desgraçadamente, todo o Trotskysmo revisionista francês se perfilará na sombra do NPA, uma verdadeira ala de “esquerda” do seu próprio imperialismo doméstico. A exceção deverá ficar por conta mesmo do Lambertismo, hoje nem mesmo uma parca sombra do que já foram no passado recente, uma legenda oca alugada a parlamentares “socialistas” dissidentes. Sem uma opção classista e anti-imperialista, a vanguarda mais consciente do proletariado deverá convocar o boicote ativo à farsa das eleições presidenciais, que ganhe quem ganhar em nada mudarão o cenário de ataque às conquistas históricas da poderosa classe operária francesa.