“Morte de Kadafi pode ser alento” para Obama, Sarkozy, Cameron... e os canalhas da LIT!
A intervenção imperialista na Líbia pelo braço militar da OTAN teve desde o seu início como móvel central a defesa dos “direitos humanos” de uma população civil vítima de “uma ditadura sanguinária”. Sobre esta base política, o regime nacionalista decadente do coronel Kadaffi foi “desenhado” pela grande mídia internacional como um “bárbaro repressor” de uma suposta “revolução árabe” (que varria o Magreb) surgida então na cidade Líbia de Benghazi, o novo “paraíso” das transnacionais do petróleo. Uma parte da população de Benghazi, beneficiada com investimentos europeus, a partir da abertura dada por Kadaffi a poderosos grupos econômicos do setor energético, passou a sonhar com o “american way of life”. A partir desta base de apoio, “linkar” Benghazi com o conto da “revolução árabe” foi um passo fácil para o imperialismo ianque que nesta altura dos acontecimentos já tinha tomado o controle da situação de “transição democrática” na Tunísia e no Egito.
Mas, para tornar crível a versão de que a chamada “primavera árabe” ocorria também na Líbia, o Departamento de Estado dos EUA (sob a chefia da Sra. Clinton) necessitava da esquerda revisionista para legitimar sua estratégia de “intervenção humanitária” no deserto norte da África. Prontamente, os canalhas da LIT abraçaram a versão imperialista da “revolução na Líbia”, qualificando os “rebeldes” de Benghazi como “autênticos revolucionários” que lutavam contra uma “tirania assassina e corrupta”, ao estilo de Mubarak e Ben Ali. A mídia “murdochiana” logo entrava no primeiro plano e elegia o coronel Kadaffi “inimigo número 1” da humanidade, com calúnias de todo tipo. A fábrica midiática de mentiras lançava acusações racistas de contratação de mercenários africanos para matar friamente os opositores de Kadaffi, enquanto os revisionistas seguiam fielmente o roteiro “Hollywoodiano” dos bombardeios de milhares civis para justificar a resolução da ONU que estabeleceu a zona de exclusão aérea. Nem a entrada na trincheira dos “rebeldes”, das forças militares da OTAN, acanhou o apoio entusiástico da esquerda revisionista à agressão da coalizão imperialista contra uma nação oprimida. Contra o “terrível ditador” tudo era permitido: perseguir negros, bombardear cidades inteiras por vários meses consecutivos, roubar os fundos de um país depositados no exterior etc.., afinal todas as atrocidades imperialistas estavam justificadas pelo frenesi da imprensa capitalista contra o “malévolo” Kadaffi.
Coube à esquerda revisionista o papel de buscar argumentos mais “finos” para desmoralizar o cambaleante regime nacionalista dos coronéis, que no passado recente ousou contrariar os interesses imperiais e no presente buscava uma aproximação com os antigos inimigos. Estes senhores, previamente corrompidos pelo governo Obama, afirmavam que Kadaffi teria se tornado “entreguista e neoliberal” por selar acordos com empresas imperialistas na Líbia, como se tivesse existido na história algum regime nacionalista burguês que nunca pactuou com o imperialismo. É da própria natureza de classe dos regimes nacionalistas, sob a liderança de um caudilho burguês, serem incapazes de levar consequentemente e até o fim as tarefas anti-imperialistas que se propõe inicialmente a defender. Por acaso, esquecem-se que o próprio Nasser, fundador do pan-arabismo forneceu fuzis defeituosos ao exército egípcio para torpemente combater as tropas sionistas na guerra do Canal de Suez? Ou ignoram o fato do governo “nacionalista burguês” de Chávez negociar a exploração das jazidas de petróleo da bacia do Orinoco com as transnacionais norte-americanas? Como papagaios acéfalos dos meios de comunicação, a LIT e seus satélites “esgrimiram” o argumento final: Kadaffi colaborava ultimamente com a CIA! Este escandaloso fato serviria para justificar, no frigir dos ovos, uma aliança “democrática” com a OTAN, na forma da LIT reivindicar deste facínora organismo armas para os “rebeldes” do CNT. Fazendo um grosseiro paralelo, seria o mesmo que pedir ajuda militar do gendarme de Israel para combater as “traições” do governo do Hezbollah no Líbano, quando este persegue os corajosos combatentes da FPLP.
Quando da queda de Trípoli, após sofrer o bombardeio de mais de mil missões aéreas da OTAN, os canalhas da LIT não se envergonharam de festejar junto as forças títeres do CNT a “vitória da revolução”, como cínicos sequer mencionaram a maior campanha militar de uma coalizão imperialista contra um país, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Nem na guerra contra o Vietnã se despejaram a quantidade de bombas que a Líbia foi alvo, mais de quatro mil toneladas de urânio empobrecido deixando um saldo sinistro de cerca de cinquenta mil mortos, e, apesar disto, nem uma palavra da LIT! Agora, voltam a comemorar junto a Sarkozy, Cameron e Obama a morte de Kadaffi, sem dúvida alguma um “alento” para os abutres imperialistas, que pretendem saquear impiedosamente a Líbia. Como sustentar que um regime sem nenhum apoio popular consiga enfrentar por mais de seis meses as maiores potências militares do planeta? E como explicar a heróica resistência de Sirte, cercada e bombardeada pela OTAN por 70 dias e noites consecutivas? Somente correntes de “esquerda” decompostas moralmente e corrompidas materialmente, como a LIT, são capazes de tamanha sordidez, ao emblocarem-se com as hienas do tipo da família “Marinho”, para brindar o suposto fim da resistência das massas líbias à ocupação imperialista de seu país. Engana-se toda a matilha pró-imperialista que pensa que a morte de Kadaffi é o ponto final da resistência nacional as tropas da OTAN, sem sombra de dúvida o tombamento em plena luta do coronel Kadaffi foi uma grande derrota de todos os povos do mundo que enfrentam a ofensiva imperialista, mas a guerra de libertação continua como reconhece até mesmo o alto comando do Pentágono.
A destruição de todos os monumentos anti-imperialistas na Líbia, um símbolo da era Kadaffi, pelos “rebeldes” que usam uma bandeira monarquista e se vestem com camisetas e bonés com símbolos ianques, são um péssimo presságio da etapa que iremos atravessar. Episódios similares assistimos na destruição das estátuas de Lenin, na época da queda contrarrevolucionária da URSS, quando se abriu um período de reação em toda linha. Não por mera coincidência, o ETA na Espanha acaba de anunciar o final de suas atividades guerrilheiras e a FARC na Colômbia atravessa seu pior momento de isolamento. A vanguarda da classe operária deve abstrair todas as ácidas lições da atual etapa histórica, onde o proletariado mundial acumula uma série de graves derrotas em função da ausência de uma direção genuinamente revolucionária. A crise estrutural do modo de produção capitalista não nos levará por si só ao regime socialista, como afirmam os charlatões de todos os matizes revisionistas. A tarefa da reconstrução da IV INTERNACIONAL continua vigente mais do que nunca e não pode ser substituída por “atalhos” ou por “novas vanguardas”, alheias à estratégia da revolução permanente.