Regime militar egípcio reprime violentamente minoria cristã copta, são os ventos da “revolução” made in USA
A saída forçada do corrupto Mubarak no Egito no início deste ano suscitou um importante debate no interior da esquerda marxista, afinal o que teria acontecido no antigo país dos faraós, uma "revolução democrática" como sustenta a Casa Branca e o conjunto da esquerda revisionista ou uma transição ordenada “por cima” do regime político, como afirmam os trotsquistas da LBI? Os violentos acontecimentos posteriores vão demonstrar cabalmente que a junta militar que assumiu o governo após a queda de Mubarak está muito distante de representar uma “revolução” seja democrática ou o que diabo for!
Os generais que controlam o Egito, todos pertencentes ao antigo staff de Mubarak, vem desencadeando ações de brutal violência contra as massas e minorias opositoras, como o verdadeiro genocídio perpetrado pelos militares contra os cristãos coptas no último domingo e segunda-feira (10/10), deixando um sinistro saldo de vinte e cinco mortos e mais de trezentos feridos. Os cristãos coptas (a palavra significa egípcio) que representam cerca de 10% da população, convivem harmonicamente por mais de treze séculos com os muçulmanos, maioria religiosa nacional, vem sendo alvo de ataques de grupos armados sunitas, organizados pelo governo militar com o objetivo de se mostrar “fiel” ao Islã. Em um massivo protesto, que contou inclusive com o apoio de lideranças muçulmanas, os coptas foram barbaramente reprimidos por batalhões especiais do exército, os mesmos que atuaram na desocupação da embaixada de Israel no Cairo. A ação assassina do governo provocou a renúncia do vice primeiro ministro, Hazem Beblaui, que qualificou como “desastrosa” a repressão do exército contra a minoria cristã.
A monstruosa chacina organizada contra os coptas ocorre às vésperas das eleições parlamentares, que ocorrerão para a elaboração de uma nova constituição no país. A junta militar busca uma aproximação com a organização “irmandade muçulmana” no sentido de emplacar a candidatura a presidência da república do representante da ONU, El Baradei, ungida desde Washington por Obama. O ataque a uma minoria considerada “ocidental" como os coptas, representa uma cortina de fumaça na política pró-imperialista dos generais, tão corruptos e entreguistas quanto Mubarak, mas apresentados pela esquerda revisionista como “paladinos da liberdade”. O proletariado egípcio precisa construir suas próprias ferramentas políticas, para realmente protagonizar uma genuína revolução socialista, que se estenda para todo o Oriente árabe. No momento as manobras da burguesia para conter o ascenso de massas, como a constituinte e as próprias eleições presidenciais, não passam de mais um capítulo da transição institucional “por cima” avalizada pelo imperialismo.