terça-feira, 30 de julho de 2013


20 anos após os “Acordos de Oslo” Obama monta nova farsa para impedir retomada da luta revolucionária do povo palestino

As fotos em si são repugnantes. Na cerimônia de 20 anos atrás, Clinton, Arafat e Rabin celebravam os “Acordos de Oslo” que se mostraram como uma farsa completa para deter a luta revolucionária do povo palestino. Agora, na gestão Obama, novamente a bandeira palestina está lado a lado com as dos chacais ianques e sionistas. Na mesa, o Secretário de Estado estadunidense, John Kerry, encena uma confraternização entre representantes da corrompida ANP de Abbas com a ex-agente do Mossad e hoje Ministra de Justiça israelense, Tzipi Livni, para celebrar a retomada das “conversações de paz” em Washington paralisadas desde 2010. A grande questão a decifrar no cenário atual é o que de fato está por trás das aparências, já que os atores são praticamente os mesmos e as “negociações” giram em torno do tema do congelamento das colônias sionistas, já rejeitado por Israel. Sem dúvida, estamos vendo uma ação planejada por Obama no marco do esforço por estrangular a retomada da luta revolucionária do povo palestino. Não por acaso, a novo “diálogo” ocorre após a libertação unilateral por Israel de 104 presos palestinos, medida tomada sob pressão da Casa Branca para criar um “ambiente” mais propício para sua Ópera Bufa. Enquanto teatralizam negociações monitoradas pelos EUA, o imperialismo ianque de fato ataca em todos os terrenos o povo palestino, vide os túneis que o “governo de transição” no Egito destruiu na fronteira com a Faixa de Gaza sob as ordens do Pentágono ou no cerco constante a Síria e ao Hezbollah como parte da guerra que prepara contra o Irã. O que estamos vendo é a tentativa de Obama costurar um acordo mínimo para continuar apresentando a desacreditada ANP como interlocutora legítima do povo palestino, enquanto o Pentágono caça junto com o enclave sionista os grupos da resistência que se opõem a participar da farsa montada pelo Departamento de Estado.

No marco do teatro, Obama emitiu um comunicado nesta segunda-feira em que saudava a retomada das conversações, mas advertiu as partes para o difícil caminho. “Este é um promissor passo adiante, embora o trabalho duro e as escolhas difíceis ainda estejam à frente”. O falcão negro afirmou que os EUA estarão disponíveis para apoiar palestinos e israelenses “através das negociações, com o objetivo de alcançar dois Estados, vivendo lado a lado, em paz e segurança”. Já Kerry declarou ao lado da nazi-sionista Tzipi Livni e do negociador palestino Saeb Erakat, depois da primeira rodada de enrolação: “Acredito que os líderes, os negociadores e os cidadãos envolvidos podem alcançar a paz por uma razão muito simples: eles são obrigados. Uma solução viável para dois Estados (israelense e palestino) é o único caminho para resolver o conflito. Não há muito tempo para chegar a isso e não há alternativa” (G1, 30/07). Mais do mesmo, a velha tese furada dos dois Estados, enquanto o que resta da Palestina histórica é atacada diariamente pelo enclave sionista e seus aliados. No marco das jogadas midiáticas está a resistência de Israel e dos EUA em aceitar o status de “Estado observador não-membro” da ONU aprovada na sua assembleia geral em dezembro de 2012. Naquela ocasião, Abbas e uma ala do Hamas abriram mão até mesmo da defesa do Estado palestino na ONU, suplicando que este covil imperialista aprovasse “status” de bantustão cercado pelo enclave sionista. Como se observa, nada de positivo obviamente pode vir destas conversações a não ser mais pressão contra a luta direta do povo palestino contra seus algozes. Em uma declaração dada na capital egípcia, Cairo, onde Abbas se encontrou com o presidente interino do Egito e representante do governo golpista, o representante da ANP disse que “nenhum colono israelense ou forças de fronteira poderão permanecer em um futuro Estado palestino; os palestinos têm como ilegais todos os assentamentos judeus além da Linha Verde”. Longe de ter qualquer caráter progressista, a proposta de Abbas representa o prolongamento dos Acordos de Oslo, acrescido desta vez, com a participação da recém-cooptada direção política do Hamas para este projeto de formalização do “bantustão” palestino. Al Fatah e o Hamas querem, na realidade, pressionar possíveis “aliados” internos em Israel, como o trabalhismo e a suposta “esquerda sionista” assim como a União Europeia para que tomem posição em defesa de um acordo com as direções palestinas em torno da tese dos “dois Estados”, uma vez que Netanyahu vem ampliando selvagem e violentamente à ponta de baioneta os assentamentos de colonos israelenses sobre o território da Cisjordânia, o que fez as “negociações de paz” emperrarem, já que a ANP “exigia” o reconhecimento de um “Estado palestino” restrito à Faixa de Gaza e à Cisjordânia. Por esta “solução”, uma ficção de Estado palestino conviveria lado a lado com a máquina de guerra sionista. Não será destas “conversações de paz” que se “garantirá” a existência de um “Estado nacional palestino” se este continua cercado e atacado por Israel, mas a luta de seu povo contra o imperialismo e o enclave sionista através da retomada dos territórios históricos pela resistência popular.

Às vésperas de completar os 20 anos dos Acordos de Oslo, celebrados em setembro de 1993 entre Arafat, Clinton e Rabin, quando foi criada a ANP, uma espécie de embrião do que se vendia às massas palestinas como sendo seu futuro Estado soberano, a farsa volta à mesa de negociação com Obama após seu rotundo fracasso. Os Acordos de Oslo, fruto do “processo de paz” ditado pelo imperialismo ianque, consistiam em um artifício para paralisar e amortecer o levante revolucionário que eclodiu com a primeira Intifada das massas palestinas, em 1987 e que já durava sete anos. Esses acordos buscavam frear a onda revolucionária aberta na região, que colocava em xeque não só o domínio imperialista e a existência de Israel, como também questionava os próprios regimes nacionalistas das corruptas burguesias árabes exportadoras de óleo cru. Arafat e a OLP, vendendo ilusões ao povo palestino, colocaram em marcha uma orientação contrarrevolucionária que se baseava na aceitação da existência do Estado sionista e da pilhagem que este promoveu do território histórico palestino, através de décadas de assassinatos em massa. A traição histórica da OLP às massas palestinas dava-se em troca da promessa da criação de um fictício Estado autônomo palestino restrito a uma pequena porção de seu território histórico, pouco mais de dois mil km2 do total dos vinte e sete mil km2 rapinados pelo sionismo, reduzido às terras mais áridas e sem acesso ao mar, onde 70% da população palestina vive abaixo da linha de pobreza.

Pelos acordos auspiciados pelos EUA, criou-se a ANP, uma estrutura político-militar que serve de polícia política contra o próprio povo palestino com o objetivo de reprimir a revolta das massas frente às investidas de Israel. Valendo-se do prestígio junto às massas gerado pela expectativa ilusória de conquistar o “Estado palestino”, Arafat subordinou a heroica luta palestina pela sua verdadeira pátria aos interesses comuns do imperialismo e das burguesias árabes, ambos ávidos por estabilizarem a convulsionante conjuntura do Oriente Médio para garantir os investimentos e lucros capitalistas na região. Massivos investimentos da Comunidade Europeia, de ONGs e do próprio imperialismo ianque foram feitos para a criação da ANP e para controlar economicamente a região sob sua guarda. Ao mesmo tempo em que surgia um estrato pequeno-burguês superior, composto pelas autoridades palestinas, corrompidas pelas migalhas imperialistas. Para cumprir essa tarefa, a ANP assumiu a função de gerente-capacho dos verdadeiros bantustões cercados pelo exército israelense. Nestes territórios, Arafat e o Conselho Nacional Palestino, uma espécie de parlamento simbólico controlado pela OLP, não tem qualquer autonomia frente às forças militares e ao próprio Estado sionista, já que todas as decisões tomadas pela ANP são submetidas a Israel, que impede os palestinos de ter os mais elementares direitos soberanos, como o acesso à água, a utilização do solo e subsolo, o uso de seu espaço aéreo e do mar, a exploração de atividades comerciais, etc. Os trágicos efeitos da orientação contrarrevolucionária da OLP foram aos poucos desnudando-se. A cada rodada de intermináveis negociações para a declaração de criação do fictício Estado palestino, Israel e o imperialismo exigiam mais concessões, como o não retorno dos refugiados e o controle político e militar total de Jerusalém, enquanto avançavam com a edificação de novas colônias nas próprias áreas pretensamente autônomas controladas pela ANP e respondiam frente à revolta palestina com novos genocídios. Até hoje é o que vemos, quadro que só pode ser alterado com a retomada da Intifada palestina, reação justamente que Obama que impedir via a “retomada” das conversações de paz!

A justa aspiração do povo palestino pela sua pátria, a retomada de seu território histórico e a edificação de seu Estado apenas podem ser alcançados ligando as tarefas democráticas pendentes com a luta pela revolução social. Essa imposição decorre do controle que o imperialismo exerce sobre a região e devido ao caráter de enclave militar de Israel, um Estado artificial montado pelos EUA para controlar o Oriente Médio. A utopia reacionária da existência de "dois estados" convivendo lado a lado, um sendo uma máquina de guerra instalada no território palestino e outro um "Estado-bantustão", revela-se uma farsa. Essa fraude é o único "Estado" palestino que o imperialismo e Israel estão dispostos a aceitar. A reivindicação da construção de um Estado palestino laico e não-racista somente tem consequência se está ligada à compreensão de que a resolução plena da aspiração nacional palestina choca-se com os estreitos limites do capitalismo decadente, ou seja, é impossível de ser concretizada pela via da construção de um Estado nacional burguês, devido ao caráter de opressão imperialista no Oriente Médio e particularmente na Palestina. A única alternativa que poderá dar uma resolução cabal à legítima reivindicação nacional do povo palestino, assim como livrar as massas e trabalhadores da região de seus gigantescos sofrimentos ao longo de vários séculos, é a defesa de uma Palestina Soviética baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e judeus. A expropriação do grande capital sionista, alimentado em décadas pelo imperialismo ianque, impossível de ser conquistada sem a destruição revolucionária do Estado de Israel, garantirá a reconstrução da Palestina sob novas bases socialistas, trazendo para seu povo o progresso e a paz tão almejada durante décadas de guerra de rapinagem imperialista nesta região onde historicamente vários povos já viveram com harmonia e solidariedade!