“Ejaculação precoce” do PIG vaticina derrota antecipada de Dilma, mas os já derrotados são na verdade Serra e Campos
As mobilizações
populares de junho tiveram como centro inicial a luta contra a prefeitura
petista de São Paulo, que em uníssono com o governo Alckmin elevou as tarifas
do transporte público. Após a brutal repressão da PM paulista ao movimento do
“Passe Livre” as massas ganharam as ruas de todo país, centralizando a
insatisfação da população com a crise deste regime burguês gerenciado de forma
medíocre pelo PT. Logo o PT e seus governos federal e municipal foram sem
dúvida alguma o foco do descontentamento de um segmento de massas, ainda que
estas tenham enfrentado a bárbara repressão policial dos governos estaduais do
PSDB, PMDB, PSB etc... Embora “arranhados” com a crise, Alckmin e Cabral não
sofreram o desgaste central na mesma dimensão política que atingiu o governo
Dilma, portanto, nesta nova conjuntura um alvo “frágil” para o PIG. Não demorou
muito para a GLOBO “patrocinar” os protestos nacionais, tentando impor uma
pauta programática reacionária e uma direção fascista nas mobilizações. Neste
cenário aberto não seria difícil para o PIG “prever” um fim antecipado do
governo da Frente Popular, impulsionando o Impeachment da presidenta Dilma ou
fabricando artificialmente (a la fraude Collor) uma candidatura imbatível em
2014. Às pressas o “imparcial” DATAFOLHA realizou sua pesquisa, no fulcro dos
“rasga bandeiras”, apontando uma queda abismal do governo Dilma. Mas,
contrariando a obsessão dos barões da mídia “murdochiana” com o refluxo do
movimento, Dilma não naufragou, apesar das tentativas, tampouco surgiu o “super
herói”, e de quebra, quem acabou apresentando falência foi o natimorto MD, uma
jogada eleitoral frustrada de Serra, Freire e Campos.
A imprensa capitalista
não deu muito destaque à notícia da desistência do PMN em fundir-se com o PPS
do arrivista Roberto Freire, levando para o buraco a tentativa de fundar um
novo partido, o MD, na verdade uma “janela” para adesão de parlamentares do
PSDB, PSD, PTB, PMDB etc... em apoio à possível aliança eleitoral entre Serra e
Eduardo Campos. Com a decretação da “morte antecipada” de Dilma, nada mais
natural do que supor que vingaria com êxito o projeto político do MD, certo?
Errado! A cúpula dos Tucanos não liberou o “quinhão” de Serra no caixa do PSDB
(produto das comissões na privataria), deixando o PMN sem “estímulo” para a
fusão. Agora, se pretender sair do PSDB, para apoiar Campos ou tentar um voo
solo ao planalto, Serra agirá solitário, o que é pouco provável. O MD seria um
peça imprescindível no tabuleiro do xadrez eleitoral de 2014, já que o PSB não
conseguiu granjear nenhum partido (da base ou da oposição) para a coligação de
suporte na empreitada Campista. Acontece que apesar da inegável corrosão
sofrida no “casco” petista, os massivos protestos não conseguiram produzir um
eixo centralizado de combate, nem pela esquerda nem pela direita, deixando sem
muita expectativa de vitória em 2014 as candidaturas do bloco conservador
oposicionista.
A ausência de uma
direção classista no curso das mobilizações “vaporizou” o movimento em demandas
pontuais, ora corretas ora reacionárias, permitindo que a forte base social de
apoio da Frente Popular saísse das “cordas” e até encenasse a convocação de uma
greve geral no dia 11/07, apelidada pela vanguarda mais combativa de “ato
oficial”. Qualquer outro governo burguês tradicional não teria suportado a
enorme pressão das ruas e da mídia canalha, mas quando se trata de uma gestão
de colaboração de classes como a do PT, as coisas seguem um rumo diferente...
como Lula já demonstrou em 2006. O PIG, com a valorosa ajuda das oposições de “esquerda”
e “direita”, tentou vender a imagem do esgotamento precoce do modelo de
gerência petista, anunciaram a volta da hiperinflação e a chegada da recessão
econômica. Mas, no mundo real o compasso era bem diferente, o desemprego
atingia seus menores índices dos últimos trinta anos e o acúmulo da poupança
interna bateu seu maior recorde de captação financeira, tudo isso somado ao
fato da bolha de crédito oferecida a população continuar a inflar o consumo
apesar da alta na taxa de juros.
Neste quadro nacional
onde o governo tenta desviar a latente revolta popular, ainda longe de
configurar uma “rebelião de massas” (preconizada pelos oportunistas), com
manobras institucionais, como a da “reforma política”, as alternativas
burguesas mais tradicionais não conseguiram decolar na preferência do
eleitorado, deixando ainda mais distante o “sonho presidencial” de Aécio,
Campos ou mesmo Serra. Se no âmbito do Congresso Nacional Dilma vem acumulando
uma sequência de pequenas derrotas em função da composição fisiológica e
direitista de sua base de apoio parlamentar, no campo do “povão” recuperou
terreno como demonstrou a última pesquisa encomendada pela CNT (Confederação
Nacional do Transporte), velho instrumento de aferição eleitoral da burguesia
nacional. Na sondagem da CNT, Dilma teria como única candidatura adversária
competitiva Marina Silva, sendo que Aécio e Campos nem chegariam a um segundo
turno. Uma leitura minimamente séria desta amostragem revela que Dilma absorveu
razoavelmente bem o impacto dos protestos, apesar de não atender uma única
demanda popular, não precisando sequer o PT recorrer à liderança de Lula em
2014 para manter-se por mais uma gestão no governo central.
O embate frontal em 2014
será mesmo entre os projetos políticos do tímido nacionalismo burguês
representado bastardamente pelo PT e a marionete direta do imperialismo ianque,
Marina Silva com sua “REDE”. Desta forma, inexoravelmente, o Brasil seguirá a
dinâmica mundial dos conflitos contemporâneos, sejam militares, políticos ou
eleitorais: de um lado a ofensiva neoliberal do imperialismo e na outra
trincheira as forças do mitigado campo anti-imperialista. Neste último campo
encontram-se tendências políticas múltiplas, desde os remanescentes do velho
nacionalismo burguês até os neomonetaristas de “esquerda” como o PT e PCdoB.
Ainda é cedo para uma
conclusão definitiva sobre o arco de alianças eleitorais do REDE, já que
necessitaria de mais tempo de propaganda gratuita do que os “30” segundos
garantidos pelo TSE aos partidos debutantes. Também não se sabe a disposição do
presidente do STF, Joaquim Barbosa, em aceitar compor como vice a chapa de
Marina. O certo mesmo é o PIG e os redutos da reação nacional jogarão todas as
fichas para viabilizarem uma coligação partidária viável para levar Marina ao
segundo turno em 2014. Os revisionistas do PSOL e PSTU já se sentem bastante
atraídos politicamente pelo discurso pró-imperialista do REDE, incluindo a
campanha internacional em apoio à invasão da Síria pela OTAN. Vamos aguardar
por pouco tempo até que as “máscaras” do revisionismo caiam completamente e
anunciem que ingressarão “criticamente” na coligação encabeçada pelo REDE.