Plebiscito, vitória da
seleção e jornada de “lutas” da CUT só no dia 11, três ingredientes de uma
receita para “esfriar” as mobilizações populares
A presidente Dilma acaba
de enviar ao Congresso Nacional sua proposta de um plebiscito para debater
temas da reforma política. A iniciativa do governo anunciada um pouco depois da
retirada da fracassada “sugestão” de uma constituinte específica,
ocorre no clima de “euforia nacional” após a “consistente”
vitória da seleção brasileira na Copa das Confederações e no marco do refluxo
dos multitudinários protestos de rua, cujo “ápice” seria a convocação
de uma greve geral, “traficada” pela burocracia sindical na forma de
um dia nacional de “lutas”, somente marcado para o próximo dia 11 de julho (quase
um mês depois do inicio das mobilizações nacionais). Por seu turno, o PIG também
se inclinou a pactuar com o governo uma “trégua” em suas
convocatórias midiáticas para as passeatas, na medida em que não conseguiu
centralizar o movimento com seu eixo “Fora Dilma”. Até mesmo a tal
“greve geral facebookiana” do dia 01/07 (muito temida pelos
reformistas) foi esquecida totalmente, completando assim o quadro de certo
esgotamento de um movimento de massas que não sabe que rumo político seguir.
Como primeira tentativa de dar alguma resposta as “ruas”, Dilma sugere uma constituinte específica para deliberar acerca da reforma política, tema de vital importância para o PT em função de sua “dependência” das oligarquias partidárias no Congresso Nacional. Apesar do fiasco da proposta, rechaçada pela elite política do país temerosa de uma maior abrangência constitucional dos temas que poderiam vir à tona pela força da ebulição do momento, a ideia de uma manobra distracionista foi bem colocada pelo governo da Frente Popular, faltava “afinar” a pontaria conjuntamente com a “base aliada”. Logicamente não poderia haver uma constituinte “limitada”, já que superada as barreiras impostas por um alto quórum no parlamento e aprovada sua convocatória, a constituinte é soberana para deliberar sobre todo o reordenamento jurídico e político do país. Logo se observou um inusitado coro do arco da reação jurando lealdade máxima à constituição “progressista” de 88. Como a anturragem de Dilma (incluindo sua equipe de marketeiros) não pretende dar nenhuma vazão minimamente democrática à crise, retirou a proposta da constituinte da mesa e lançou a caricatura de um plebiscito manipulado, com cinco pontos para a deliberação popular: 1) Financiamento das campanhas eleitorais, 2) Definição do sistema eleitoral, 3) Continuidade ou não da suplência no Senado federal 4) Manutenção ou não das coligações partidárias, 5) Voto secreto ou não dos parlamentares no Congresso Nacional.
Como primeira tentativa de dar alguma resposta as “ruas”, Dilma sugere uma constituinte específica para deliberar acerca da reforma política, tema de vital importância para o PT em função de sua “dependência” das oligarquias partidárias no Congresso Nacional. Apesar do fiasco da proposta, rechaçada pela elite política do país temerosa de uma maior abrangência constitucional dos temas que poderiam vir à tona pela força da ebulição do momento, a ideia de uma manobra distracionista foi bem colocada pelo governo da Frente Popular, faltava “afinar” a pontaria conjuntamente com a “base aliada”. Logicamente não poderia haver uma constituinte “limitada”, já que superada as barreiras impostas por um alto quórum no parlamento e aprovada sua convocatória, a constituinte é soberana para deliberar sobre todo o reordenamento jurídico e político do país. Logo se observou um inusitado coro do arco da reação jurando lealdade máxima à constituição “progressista” de 88. Como a anturragem de Dilma (incluindo sua equipe de marketeiros) não pretende dar nenhuma vazão minimamente democrática à crise, retirou a proposta da constituinte da mesa e lançou a caricatura de um plebiscito manipulado, com cinco pontos para a deliberação popular: 1) Financiamento das campanhas eleitorais, 2) Definição do sistema eleitoral, 3) Continuidade ou não da suplência no Senado federal 4) Manutenção ou não das coligações partidárias, 5) Voto secreto ou não dos parlamentares no Congresso Nacional.
Este plebiscito pode
representar uma das maiores farsas políticas da recente história republicana do
país, só comparada ao colégio eleitoral de 84 e a eleição fraudada de Collor de
Mello em 89. Em nada “responde” às demandas populares vocalizadas nos
protestos, e no sentido contrário representa um “arranjo” constitucional entre as frações políticas dominantes. O PT seria beneficiado
com o financiamento estatal das campanhas eleitorais, já o Tucanato tem muito a
ganhar com o sistema do voto distrital, ficando o fim das coligações
proporcionais como uma área de interseção comum entre os grandes partidos
burgueses. Obviamente, não se perguntará ao povo se ele deseja continuar pagando
450 bilhões por ano aos rentistas (por conta dos juros da divida interna),
tampouco à população será indagada acerca das desonerações fiscais que o
governo promove para as grandes empresas transnacionais e por último “nem
pensar” em questionar se os trabalhadores estão satisfeitos “ou
não” com os “salários mínimos” que percebem todo mês.
Na sequência do engodo
Dilma “convoca” a sociedade civil para ser “auscultada”,
equivocadamente logo comparem no Planalto o MPL, as centrais sindicais “chapa branca” (incluindo a CONLUTAS) e até o vacilante PSOL. Para o PT é a
hora de sair “das cordas” e passar à ofensiva nas manobras,
exatamente no momento em que a direita e seus apêndices disfarçados ameaçavam
tomar o controle das manifestações. A CUT resolve convocar um arremedo de greve
geral (dia nacional de luta), evitando que a iniciativa parta de outra
vertente, de direita ou esquerda. Na dispersão programática das mobilizações,
ganha corpo o sentimento conservador “patrioteiro” e a justa
radicalidade inicial do movimento da juventude contra a repressão descamba para
ações isoladas, muitas vezes permeadas por infiltração de bandos lúmpens
treinados pela própria polícia. Um cenário ideal para o PIG passar a enaltecer
o “sentimento cívico” (leia-se inofensivo) dos protestos e condenar
os “atos de terrorismo” que supostamente seriam cometidos por grupos
radicais de esquerda.
Para se contrapor a
vertiginosa queda na pesquisa de intenção de voto, realizada pelo
“insuspeito” instituto DATAFOLHA, Dilma pega carona no prestigio do
“padrão Felipão”, anunciando que também receberá a seleção brasileira
campeã da faraônica Copa das Confederações. A mídia “murdochiana”
parece ter conseguido com a nova conjuntura ao menos um objetivo parcial, ou
seja “sangrar” a presidenta petista e garantir pelo menos um segundo
turno em 2014. O PIG se regozija do “dever cumprido” e faz a leitura
que é hora de suspender a cobertura em tempo real das mobilizações de rua, para
apostar suas fichas na produção eletrônica de seu candidatíssimo Joaquim
Barbosa. No campo da oposição Demo-Tucana também se encontram “vítimas”,
e a primeira da lista foi a candidatura do senador Aécio Neves, considerado um
“tradicionalista” diante dos “inovadores” JB e Marina Silva
mais “antenados” com os novos tempos... e expectativas da classe média
massivamente presente nos últimos protestos.
Como Marxistas
Leninistas não fazemos nenhum tipo de fetiche teórico da espontaneidade das
massas, ainda mais na ausência de norte programático e inexistência de uma
direção classista e revolucionária. Não custa lembrar aos que consideram como
“revolução” toda mobilização popular, que o nazismo impulsionou as
massas alemãs em torno de suas justas reivindicações por emprego e renda,
contra a profunda deterioração social em razão da profunda crise econômica
atravessada pelo país após a derrota na primeira guerra mundial. As demandas
populares manifestadas nos protestos nacionais são um inequívoco resultado da
incapacidade do regime capitalista em satisfazer minimamente os anseios sociais
dos trabalhadores, mas sem o protagonismo histórico do proletariado o movimento
das massas pode facilmente girar a direita e convergir com interesses
reacionários das classes dominantes. Uma mobilização revolucionária pressupõe
organismos de poder das massas (com o método de assembleias democráticas
permanentes) agrupadas por um eixo socialista e influenciadas majoritariamente
por um partido comunista. Estamos muito distantes desta situação e somente os
charlatães revisionistas afirmam que a burguesia nacional visualiza a perda de
seu poder de estado com esta dinâmica política expressa nas mobilizações
populares. O criminoso “aborto” de uma verdadeira greve geral foi um
elemento decisivo no “esfriamento” da situação política, mantendo o
movimento das massas nos estreitos limites da institucionalidade do regime da
democracia dos ricos.
As "jornadas de
luta" do próximo dia 11, lideradas pela burocracia sindical, apontam no
sentido de um lobby voltado a mais uma sequência de “factoides”
demagógicos do governo da Frente Popular. A tarefa política da vanguarda
classista consiste em permanecer mobilizando as massas pela esquerda, sem
nenhuma trégua, imprimindo um conteúdo programático socialista em transição com
as demandas mais elementares do proletariado. Neste sentido permanece na ordem
do dia a necessidade da preparação de uma greve geral “pra valer” (organizada
pela base em cada local de trabalho), paralisando a produção do país
inicialmente por 48 horas.