Sequestro de Evo: Governos da “centro-esquerda”, como França e Brasil, mostraram completa submissão ao grande amo do norte
O governo Obama vem sendo desmoralizado internamente (pela esquerda e direita) neste novo episódio que revelou o óbvio para qualquer cidadão minimamente esclarecido, a internet e suas “redes sociais” estão sob controle mundial direto da CIA. O suposto “técnico” da inteligência ianque, Snowden, hoje perseguido pela própria CIA, vem denunciando o que os marxistas revolucionários já afirmavam há muito, a manutenção da hegemonia planetária norte-americana passa necessariamente pelo controle absoluto da transmissão de dados e informações pela rede mundial de computadores. Ainda é cedo para aferirmos as reais intenções de Snowden ao fugir dos EUA para a China e passar a denunciar de espionagem o governo que um pouco antes servira. Mas independente das ligações “secretas” de Snowden, sua captura é hoje uma questão de honra para o império, fazendo com que Obama subordine a autonomia de nações inteiras aos seus interesses de “segurança nacional”.
Que os governos lacaios
da direita conservadora europeia batam continência a Obama, nenhuma surpresa,
mas a postura servil do Partido Socialista francês e do presidente François
Hollande gerou repugnância a todas as forças democráticas que combatem o
nazifascismo mundial, hoje disfarçado de imperialismo “republicano”. Hollande
não passa de um gerente neoliberal de “segunda” do capital financeiro europeu,
servindo à Casa Branca para transformar a França em base aérea colonial norte-americana.
A ameaça realizada por Hollande contra a vida do presidente Evo Morales,
corresponde historicamente à humilhação imposta pela Alemanha a França, quando
invadiu seu território e obrigou a fuga do então presidente Charles de Gaulle.
Caso Evo resolvesse desobedecer as ordens do governo “socialista” francês,
seguindo normalmente sua viagem, caças Rafale já estavam prontos e autorizados
para abater o avião da Bolívia, o que só não aconteceu por um recuo tático em
função da permissão que a Áustria concedeu ao pouso “vigiado” da comitiva
presidencial de Evo.
Mas se a França sob a
gerência “socialista” mostrou-se como um entreposto militar dos EUA, o governo
petista no Brasil também revelou sua subordinação política ao amo imperial.
Primeiro o Itamaraty negou o pedido de asilo feito por Snowden, contrariando a
tradição da própria diplomacia brasileira que já abrigou até assassinos
confessos como o general Alfredo Stroessner. Quando Evo estava sequestrado na
Áustria, sob escolta da OTAN, nem o chanceler Patriota nem a própria presidenta
Dilma foram encontrados para se pronunciarem, em contraste com seus colegas do
Mercosul, Argentina, Uruguai, Venezuela e Equador. Depois da liberação da
Áustria, onde finalmente foi reabastecido após a constatação de que Snowden não
se encontrava ali, o avião de Evo seguiu para uma escala no Brasil, onde
desembarcou no aeroporto de Fortaleza. Esperava-se que no mínimo depois da
brutal agressão sofrida, o presidente Evo fosse recebido no Brasil por Dilma ou
no mínimo por um de seus ministros, como um ato simbólico de desagravo latino-americano
contra o governo Obama e sua corja europeia. Mas o que se viu em Fortaleza foi
o presidente de um país amigo ser recepcionado por um funcionário de “quinta”
no staff do Ministério das Relações Internacionais.
Diante da agressão à
soberania da Bolívia, considerada como um ataque à autonomia de todas as nações
latino-americanas, a UNASUL convocou uma reunião de emergência para deliberar
sobre a questão, mais uma vez o governo neoliberal do PT se acovardou e não
enviou nenhum ministro ao encontro, em contraste com a presença de quase todos
os presidentes membros da entidade. Finalmente, e para não passar em branco,
somente quando Evo chegou a La Paz, Dilma emitiu um tímido comunicado oficial
em solidariedade ao governo boliviano. Para os que ainda defendem o suposto
caráter anti-imperialista do governo da Frente Popular fica a lição deste
episódio de sequestro internacional de um presidente latino-americano, onde
Dilma ficando bem atrás do próprio nacionalismo burguês de nossa região,
demonstra sua subordinação visceral com o imperialismo ianque.