Estranha aliança entre militares e as “massas” prepara golpe militar no Egito
O Conselho Supremo das
FFAA do Egito, histórico aliado do imperialismo ianque no país, deu um ultimato
ao presidente Mohamed Morsi, eleito em 2012 pelo Partido Liberdade e Justiça
(braço político da Irmandade Muçulmana), exigindo sua renúncia imediata. O prazo
para que Morsi deixe o governo acaba hoje! Apoiado por um setor das massas que
saldou a chantagem do exército com seus helicópteros sobrevoando a Praça Tahrir
com a bandeira nacional, o general Abdel Al-Sissi, representante da alta-cúpula
militar, ordenou que Morsi deixe a presidência e o país passe a ser comandado
por um “governo de transição” até a convocação de novas eleições que elaboraria
nova constituição, já que os militares não reconhecem o atual ordenamento
jurídico do país, aprovado no parlamento em dezembro. Porém, até mesmo esse
script que joga na lata do lixo as eleições recentes e a constituição recém promulgada
pode ser alterado, com as FFAA assumindo diretamente o governo do país caso
suas exigências não sejam atendidas através de um golpe militar, o que é o mais
provável. Em resumo, não bastasse as eleições de 2012 terem sido ganhas por
Morsi, candidato do reacionário Partido Liberdade e Justiça, depois de uma
fraude que levou o representante da alta cúpula militar, o general Ahmed Shafik
e ex-premiê de Mubarak para o segundo turno, agora o alto-comando das FFAA está
preparando abertamente um golpe militar. O desenrolar dos últimos
acontecimentos é uma prova cabal do que afirmamos anteriormente: não houve
qualquer “revolução” no Egito, mesmo democrática; ao contrário, estamos vendo a
volta da Junta Militar diretamente ao governo. Entretanto, as ácidas lições a
serem apreendidas no Egito não param por aí. O fato de um amplo setor das
massas apoiarem o ultimato das FFAA, que pode descambar para um golpe militar
claramente orquestrado com o suporte do Pentágono, que libera anualmente uma
verba milionária para o exército egípcio em troca de sua fidelidade aos
interesses do imperialismo ianque, significa que na ausência de um programa e
de uma direção revolucionária o “povo na rua” pode apoiar saídas reacionárias.
É exatamente isto que estamos presenciando neste momento no Egito. Ainda que não tenhamos nenhuma simpatia pela Irmandade Muçulmana e seu governo, ao contrário, sempre denunciamos seu caráter reacionário, teocrático e sua tentativa de aproximação com a Casa Branca, como vimos na atuação de Morsi na Palestina domesticando o Hamas e pactuando com o enclave nazi-sionista ou mesmo rompendo relações diplomáticas com a Síria, o certo é que o Pentágono deseja passar por cima do resultado das urnas e impor um governo títere ainda mais servil à frente do Egito, país estratégico para seus planos no Oriente Médio, no marco da preparação de uma agressão ao Irã. Morsi e o Partido da Liberdade e Justiça, o candidato “light” na Irmandade Muçulmana eleito em 2012, possui uma enorme base social e resiste em renunciar, tanto que milhares de seus partidários estão mobilizados exigindo o fim do ultimado. Diante do impasse, Morsi declarou que a “legimitidade eleitoral e constitucional são as únicas garantias contra o derramamento de sangue. Não deixem eles roubarem a revolução de vocês”. Após o discurso do presidente, a Frente de Salvação Nacional (FSN), de orientação claramente pró-imperialista e que agrupa o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, El-Baradei e o ex-secretário da Liga Árabe, Amr Moussa, afirmaram que a fala do presidente é “uma declaração de guerra”, tendo evidentemente o apoio das FFAA e de um setor das massas, que saldou os helicópteros que sobrevoaram a Praça Tahrir com a bandeira nacional exigindo a renúncia de Morsi. Segundo comunicado do Conselho Supremo das FFFA, este deseja formar um “Conselho presidencial” que incluiria além dos militares, a oposição burguesa (FSN) e o chamado Movimento Tamarood (rebelião em árabe). Este conselho afirma ainda o comunicado “estaria sob a direção dos chefes do exército que junto de um governo provisório prepararão novas eleições presidenciais e legislativas na ordem que será determinada pela nova constituição. O Exército, durante todo este período de transição ficará encarregado de supervisionar estes procedimentos a fim de garantir sua aplicação”. Como se observa, o golpe militar está sendo preparado para impor uma ditadura cívico-militar a fim de consolidar um governo integralmente alinhado com as ordens da Casa Branca. Em resumo, nem mesmo as fraudadas eleições presidenciais de 2012 apresentadas como produto da farsesca “revolução árabe” pelos revisionistas e a mídia “murdochiana”, que elegeu o candidato da Irmandade Muçulmana será respeitada! Isto ocorreu porque os acordos entre o imperialismo, a Irmandade Muçulmana e as FFAA estavam extremamente fragilizados em virtude da instabilidade do regime político. A Casa Branca resolveu recorrer diretamente aos seus velhos generais aliados desde Anuar Saddad e Hosni Mubarak na tentativa de estabilizar a situação política interna. Obviamente, para conseguir tal objetivo o imperialismo e as FFAA se apoiam em um sentimento de descontentamento popular com o governo Morsi, preparando uma saída ainda mais à direita para a crise do regime político parido da “revolução”.
É exatamente isto que estamos presenciando neste momento no Egito. Ainda que não tenhamos nenhuma simpatia pela Irmandade Muçulmana e seu governo, ao contrário, sempre denunciamos seu caráter reacionário, teocrático e sua tentativa de aproximação com a Casa Branca, como vimos na atuação de Morsi na Palestina domesticando o Hamas e pactuando com o enclave nazi-sionista ou mesmo rompendo relações diplomáticas com a Síria, o certo é que o Pentágono deseja passar por cima do resultado das urnas e impor um governo títere ainda mais servil à frente do Egito, país estratégico para seus planos no Oriente Médio, no marco da preparação de uma agressão ao Irã. Morsi e o Partido da Liberdade e Justiça, o candidato “light” na Irmandade Muçulmana eleito em 2012, possui uma enorme base social e resiste em renunciar, tanto que milhares de seus partidários estão mobilizados exigindo o fim do ultimado. Diante do impasse, Morsi declarou que a “legimitidade eleitoral e constitucional são as únicas garantias contra o derramamento de sangue. Não deixem eles roubarem a revolução de vocês”. Após o discurso do presidente, a Frente de Salvação Nacional (FSN), de orientação claramente pró-imperialista e que agrupa o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, El-Baradei e o ex-secretário da Liga Árabe, Amr Moussa, afirmaram que a fala do presidente é “uma declaração de guerra”, tendo evidentemente o apoio das FFAA e de um setor das massas, que saldou os helicópteros que sobrevoaram a Praça Tahrir com a bandeira nacional exigindo a renúncia de Morsi. Segundo comunicado do Conselho Supremo das FFFA, este deseja formar um “Conselho presidencial” que incluiria além dos militares, a oposição burguesa (FSN) e o chamado Movimento Tamarood (rebelião em árabe). Este conselho afirma ainda o comunicado “estaria sob a direção dos chefes do exército que junto de um governo provisório prepararão novas eleições presidenciais e legislativas na ordem que será determinada pela nova constituição. O Exército, durante todo este período de transição ficará encarregado de supervisionar estes procedimentos a fim de garantir sua aplicação”. Como se observa, o golpe militar está sendo preparado para impor uma ditadura cívico-militar a fim de consolidar um governo integralmente alinhado com as ordens da Casa Branca. Em resumo, nem mesmo as fraudadas eleições presidenciais de 2012 apresentadas como produto da farsesca “revolução árabe” pelos revisionistas e a mídia “murdochiana”, que elegeu o candidato da Irmandade Muçulmana será respeitada! Isto ocorreu porque os acordos entre o imperialismo, a Irmandade Muçulmana e as FFAA estavam extremamente fragilizados em virtude da instabilidade do regime político. A Casa Branca resolveu recorrer diretamente aos seus velhos generais aliados desde Anuar Saddad e Hosni Mubarak na tentativa de estabilizar a situação política interna. Obviamente, para conseguir tal objetivo o imperialismo e as FFAA se apoiam em um sentimento de descontentamento popular com o governo Morsi, preparando uma saída ainda mais à direita para a crise do regime político parido da “revolução”.
Não resta dúvida de que
estamos diante de um grave conflito interburguês, com setores das massas sendo
manipulados diretamente por direções burguesas reacionárias, o que passa longe
de ser expressão de qualquer “revolução democrática triunfante”, como afirmaram
os revisionistas. Uma revolução, mesmo em sua fase democrática, só pode ocorrer
com a formação de organismos de poder operário e popular, apoiados no armamento
do povo e com demandas populares de caráter progressistas, que permitam amplas
conquistas de direitos políticos e sociais. O que estamos presenciando é a
contrarrevolução avançando no país dos faraós, com as FFAA assumindo definitivamente
o papel de comando do governo, tendo o apoio de um setor da população. A
estranha aliança entre militares e as “massas” a serviço de preparar um golpe
militar demonstra que na ausência de um partido comunista e de um programa
revolucionário o movimento de massas pode girar à direita. Agora mesmo, no
Brasil, estamos vendo esta experiência, onde as mobilizações “espontâneas”
foram paulatinamente sendo pautadas pelo PIG, abrindo espaço inclusive para a
reação burguesa, setores de classe média “patrioteiros” e grupos fascistas,
acossando pela direita o governo do PT. Como leninistas não fazemos nenhum tipo
de fetiche teórico da espontaneidade das massas, ainda mais na ausência de
norte programático e inexistência de uma direção classista e revolucionária.
Reafirmamos que tanto no Egito como no Brasil, sem o protagonismo histórico do
proletariado o movimento das massas pode facilmente girar à direita e convergir
com interesses reacionários das classes dominantes. Não por acaso, a LIT que
apoiou os “rebeldes” pró-OTAN na Líbia e saúda os mercenários na Síria, agora
defende a unidade com os militares golpistas a serviço da Casa Branca. Segundo
os morenistas, “Parece claro que o Conselho Superior das Forças Armadas está
disposto – novamente obrigado pela força das mobilizações populares – a
sacrificar outro governo para manter o regime. Por mais que se coloque a
contradição de que a partir disso a cúpula militar reassumirá diretamente o
controle do governo, será uma nova vitória das massas populares, parcial, mas
importantíssima, pois ainda que não o destrua, terão acertado um novo golpe
grande golpe no regime” (site LIT, 02/07). Esta tese demonstra que a LIT mais
uma vez se alia à reação burguesa em nome da falsa “revolução” chegando ao
ponto de apregoar que a ascensão dos generais reacionários ligados diretamente
ao Pentágono será uma “vitória das massas populares”! Não é à toa que aqui no
Brasil flertam com setores de direita que levantavam o “Fora Dilma” nas
manifestações, eleitores de gente do calibre de Joaquim Barbosa. Em que direção
irá o “povo na rua”, seja aqui ou no Egito, depende da intervenção consciente
dos revolucionários e do programa que as manifestações levantem, onde os
marxistas leninistas tentam superar a profunda confusão política e ideológica
presente nos protestos populares. Por sua vez, os reformistas e alguns setores
do stalinismo, como PC cubano e PKK grego, pregam que com a ascensão dos
militares ao governo egípcio se romperia o eixo que o atual governo de Morsi
formou com a Turquia e as petromonarquias do Golfo, como Arábia Saudita e
Quatar, contra a Síria e o Irã. Nada mais falso, o alto-comando militar
encastelado no poder desde Sadat e Mubarak sempre esteve alinhado com os
objetivos estratégicos do imperialismo ianque, tendo em vista que é diretamente
financiado e orientado pelo Pentágono. O exército egípcio é cúmplice histórico
dos massacres ao povo palestino perpetrado por Israel, tanto que o país é um
dos poucos no Oriente Médio que tem relações diplomáticas com o enclave
sionista desde os acordos de Camp David. Na verdade, com o Conselho Supremo das
FFAA perpetrando um golpe militar se aprofundaria ainda com maior força o
alinhamento político e militar do Egito contra a Síria e o Irã, já que
colaboram diretamente com os planos da OTAN!
Sem depositar nenhuma
solidariedade política ao governo da Irmandade Muçulmana, chamamos os
trabalhadores do Egito e sua vanguarda classista a derrotarem o golpe militar
em curso, já que ele significa o maior controle do imperialismo sobre o país. Na
medida em que combatem a contrarrevolução militar, os trabalhadores preparam as
condições para superar o próprio governo Morsi, forjando no calor dos combates
uma alternativa revolucionária de poder dos trabalhadores. Neste momento é
crucial manter a total independência política entre os bandos burgueses e
levantar um programa anticapitalista que esteja voltado a barrar o golpe
militar. Mais do que nunca é necessário organizar o armamento popular e
defender um programa de expropriação da burguesia baseada na formação de
conselhos operários e populares. Para avançar rumo a uma verdadeira revolução
no Egito, ainda que seja democrática, é preciso que o proletariado imponha suas
próprias demandas de classe, sem estabelecer nenhuma “unidade tática” com a cúpula
das FFAA que neste momento está abertamente a serviço do imperialismo ianque!