quarta-feira, 24 de julho de 2013


Randolfe, Dorinaldo (ex-CST) e o prefeito de Macapá, Clécio
 
A lógica de ferro da cooptação do Estado burguês tritura os revisionistas no interior do PSOL
Em uma lacônica “Nota sobre Amapá” a direção nacional da CST “lamentou” que Dorinaldo Malafaia, até então o principal dirigente da corrente no estado e presidente do SINDSAÚDE-AP tenha se “afastado” do seu posto sindical e da militância morenista para assumir uma secretaria na prefeitura de Macapá, comandada por Clécio Luis Veira, eleito prefeito pelo PSOL em 2012 por meio de uma escandalosa aliança com partidos burgueses (PRTB, PMN, PTC e PV), arco que incluiu no segundo turno até mesmo o apoio do DEM, PSDB e PTB! O mais hilário é que até pouco tempo atrás Dorinaldo e a CST foram alvos de denúncia da APS, corrente que então abrigava o Senador Randolfe Rodrigues, sob a acusação de que ambos estavam aliados à oligarquia dos Capiberibe (PSB) e faziam um discurso “radical” para desgastar Clécio, justamente para atender aos interesses eleitorais do atual governador Camilo Capiberibe! Como se observa, a corrompida CST e seu ex-dirigente no Amapá, agora secretário de Clécio e serviçal de Randolfe (Ver Foto), há tempos vinham vendendo seus serviços à burguesia, mudando de lado conforme o famoso “quem dá mais”, onde a lógica de ferro da cooptação do Estado burguês tritura até mesmo os revisionistas do PSOL! Segundo a CST “A decisão de Dorinaldo Malafaia, de sair da CST/PSOL, se afastou do mandato de presidente do SINDSAÚDE-AP, para ocupar uma secretária na prefeitura de Macapá é uma decisão político pessoal do qual lamentamos. A opção de Dorinaldo de compor a atual administração da prefeitura de Macapá, deixa órfã a categoria dos trabalhadores da saúde em sua luta por serviços públicos de qualidade” (site CST, julho/2013). E só! A semimudez da CST tem seus motivos: a ultra-oportunista corrente morenista apoiou a candidatura de Clécio para prefeito nos dois turnos, apesar de ele representar abertamente um sólido bloco burguês que disputava com o PDT de Roberto Góes e o PSB dos Capiberibre o controle do botim estatal.

Para recordar a política de colaboração de classes da CST, reproduzimos parte da “Declaração da CST-Amapá frente ao segundo turno em Macapá” (21 de Outubro/2012) em que mesmo considerando “Que a aliança com o DEM, PSDB e PTB, oriundos do bloco político denominado ‘Harmonia’, significa uma ruptura da fronteira de classe, uma agressão e uma afronta ao projeto do PSOL” resolve “Votar criticamente em Clécio, para derrotar Roberto Góes e o PDT”. Dorinaldo, ao assumir o cargo de secretário do prefeito que antes tanto criticava, não faz mais que levar até as últimas consequências a política da CST de vender seus serviços aos políticos burgueses locais, mudando de lado dependendo de quem paga melhor, sempre recorrendo a um linguajar de “esquerda” para encobrir suas negociatas! Não por acaso, ao assumir o posto na Secretaria-adjunta de Gestão da Saúde de Macapá, como um “bom” morenista ele ressalta: “Eu e o companheiro Clécio já tivemos vários embates, não é segredo pra ninguém. Mas, há algo que está acima de diferenças pontuais, que é a necessidade da população. Não é incompatível essa decisão de travar a luta pela saúde e pelo trabalhador do lado de cá, agora, da gestão. Meu partido tem suas diretrizes fundadas na luta dos trabalhadores. Temos a oportunidade de ter uma prefeitura que consiga dialogar com a população, e que não seja o contraponto da luta dos trabalhadores, mas atue para reconhecer e implantar seus direitos. Esse momento de reflexão profunda me fez decidir pela possibilidade de fazer com que as coisas deem certo. Para que a prefeitura trabalhe junto com os trabalhadores e não seja uma barreira de contenção as suas lutas. Muita gente vai falar que eu fui cooptado, que me vendi e que o sindicato virou chapa branca. Mas, vamos deixar claro que o movimento sindical manterá sua autonomia e independência. E que eu estarei na gestão para ajudar. O sentido da virada é amar essa cidade e fazer com que as coisas mudem de forma positiva. Sempre fui um caboco muito decidido, e quando eu mergulho vou fundo pra resolver as coisas. Hoje a minha revolução é salvar vidas e melhorar a saúde da população” (Jornal Gazeta do Amapá, 19 de julho 2013). Dorinaldo agora se juntará ao staff de Clécio, quem em 2012, ao discursar no ato de adesão do DEM/PTB/PSDB à sua candidatura a prefeito, lançou Lucas Barreto (PTB) ao governo estadual em 2014, tendo a seu lado o articulador da aliança, o senador Randolfe, eleito em 2010 pelo PSOL sob as bênçãos de Sarney!!!

Lembremos que em meio à disputa das camarilhas mafiosas do PSOL do Amapá a então APS, ligada a Randolfe, plantou denúncias na imprensa daquele estado sobre a conduta venal de Dorinaldo e da CST acusando-os de aproximação com a oligarquia Capiberibe (PSB). Segundo informações divulgadas em vários blogs e sites “A Corrente Socialista dos Trabalhadores, entidade que pertence ao PSOL, vem amadurecendo um acordo eleitoral com o Governador Camilo Capiberibe do PSB. Este acordo parte do princípio de ‘facilitar ’a vida do Governo do Estado do Amapá (GEA), através da ação do Sindicato de Saúde, presidido por Dorinaldo Malafaia, que também é da direção nacional desta entidade interna do PSOL. Em troca, o presidente da CST e do Sindicato de saúde, receberá o apoio financeiro para sua campanha para vereado na capital do Amapá. E este acordo vem sendo construído desde a campanha do governador para a prefeitura de Macapá, conforme você pode constatar na foto do senhor Dorinaldo Malafaia, usando o adesivo do PSB em 2008, em um comício realizado na capital, assim como o mesmo também deu total apoio a campanha do PSB em 2010, quando a sua ‘companheira’ Cássia Evangelista, do DCE da UNIFAP representou sua entidade, a CST, no programa eleitoral do PSB, pedindo voto em nome da juventude” (Site Diário do Congresso, 14/05/2012). Na época, a CST “respondeu” as denúncias sem entrar no mérito de sua relação com a oligarquia Capiberibe, tentando claramente mudar o foco da acusação: “Nos assusta e indigna o empenho militante para divulgar uma nota que repetimos, é falsa, falsificada, um estelionato, nos veículos de comunicação e a divulgação direta e eufórica feita por dirigentes do PSOL ligados ao Senador Randolfe e à minoria da tendência APS (tendência interna que passa por um processo de ruptura nacional). Também lamentamos que tanto o vereador Clécio quanto Randolfe não tenham se pronunciado contra tamanha calunia publicamente. Não esperamos que a sociedade amapaense compreenda o funcionamento interno do nosso jovem e aguerrido partido, do qual Dorinaldo foi fundador no Amapá e seu primeiro Presidente, mas de nossa parte basta informar que sempre que temos diferenças políticas as fazemos públicas, devidamente assinadas. Jamais divulgaríamos, muito menos com alegria, difamações contra qualquer militante do PSOL, ainda mais sendo sabedores que são inventadas e assinadas por alguém que não existe” (site da CST, Esclarecimentos sobre a nota “CST - PSOL faz acordo com PSB no Amapá”, 19/05/2012).
A conduta de Dorinaldo é a mesma do Senador Randolfe Rodrigues no plano federal, ou seja, de virar a casaca para preservar seus interesses políticos e materiais. Randolfe, eleito graças ao apoio eleitoral da oligarquia Sarney no Amapá, que há pouco tempo apoiou a candidatura unificada da oposição conservadora à presidência do Senado, recentemente ingressou no bloco parlamentar de apoio ao governo Dilma e foi “generosamente” contemplado com um assento na cobiçada Comissão de Constituição e Justiça. Apesar de se proclamar “oposição de esquerda” foi encontrar-se com Dilma para aconselhá-la em meio à onda de protestos populares! Este zigue-zague é algo corriqueiro no PSOL, tanto que o modus operandi de Dorivaldo, que agora a CST “lamenta”, muito se assemelha com o utilizado por sua ex-corrente política que, de crítica do MES, virou porta-voz da pré-candidatura de Luciana Genro no PSOL para Presidente da República, a mesma Luciana que foi financiada pela Gerdau e a Taurus, além de ter se coligado com o PV quando disputou a prefeitura de Porto Alegre! Em breve, nas eleições de 2014, veremos a CST “lamentar” o apoio do PSOL à candidatura de Marina Silva (REDE) enquanto de fato buscará desesperadamente emplacar o nome de Babá como deputado no Rio de Janeiro a ser beneficiado pela coligação proporcional com o partido da eco-capitalista, por sinal nome que o imperialismo ianque vem apostando para enfrentar o PT! Não por coincidência, a podre CST e sua corrente internacional (UIT), é a mesma que ao lado da LIT (PSTU) vende seus serviços à Casa Branca apresentando os “rebeldes” mercenários pró-OTAN na Síria, assim como fizeram na Líbia, como “revolucionários”!

Todos estes fatos demonstram que a tentativa de “vender” a ideia do suposto caráter “socialista” do PSOL, realizada pelos morenistas que estão dentro (CST) e fora do partido (PSTU), soa cada vez mais como ridícula. Nem mesmo de “oposição” este partido pode ser considerado, posto a intervenção que assumiram em Belém no segundo turno, onde o PSOL passou a representar a sublegenda do governo petista. No Congresso Nacional ou no movimento de massas, o PSOL deve ser caracterizado da mesma forma, ou seja, um partido democratizante pequeno-burguês, totalmente alheio aos interesses históricos da classe operária. O mais revelador desse processo é que apesar de sua profunda integração à democracia dos ricos, os cretinos paladinos do “socialismo com liberdade” continuam a obter apoio entusiasmado dos agrupamentos revisionistas que dentro do PSOL se dizem contra as alianças burguesas, como a CST e a LSR e mesmo do PSTU, que brada ser defensor da “independência política dos trabalhadores”!!! A CST se diz “contra as alianças com os partidos patronais”, mas dentro do PSOL está absolutamente centralizada pela política de sua direção, hoje controlada por Ivan Valente, os parlamentares e todo um arco de “tendências” direitistas que vai da recém-dividida APS ao MTL, passando pelo MES e setores do Enlace. CST, LSR e grupos menores como o CSOL criticam apenas para consumo interno as coligações com os partidos burgueses, mas na verdade compartilham da mesma estratégia de colaboração de classes, tanto que quando podem acabam se beneficiando “por tabela” das alianças. Um exemplo disso foi o apoio entusiasta da CST à campanha de Marcelo Freixo, que apesar de não estar coligado diretamente a nenhum partido burguês, recebeu o apoio “individual” de vários políticos do PV, PSB e mesmo do PSDB! Tamanha simpatia a Freixo se deu justamente porque ele encarna a esquerda domesticada a serviço do regime político burguês, basta ver sua defesa reacionária das UPPs que ocupam as favelas do Rio de Janeiro como exemplo de luta pela “cidadania”! A chamada “esquerda” do PSOL se limita a resmungar baixinho contra as alianças, mas de fato sai às ruas freneticamente em apoio aos maiores defensores desta política canalha. Estas “queixas” não passaram de uma cortina de fumaça para convencer o público interno de que mantém algum grau de distância do programa de colaboração de classes da direção do PSOL. A estrutura política e material alcançada pelo PSOL através dos mandatos nas capitais vai incrementar ainda mais seus apetites eleitorais, e o único caminho para crescer será ampliando seu leque de alianças burguesas. A esta estratégia determinada pela direção do PSOL está necessariamente colada a CST e o próprio PSTU, ainda que finjam formalmente reclamar deste curso. Tais queixas não passam de mero ilusionismo, porque o PSOL, como se provou em Belém ou em Macapá, pode receber recursos de empresários, coligar-se com o PCdoB, ter o apoio do DEM/PSDB/PTB e se aliar a Marina Silva que os morenistas não rompem a aliança se esta lhe trouxer dividendos eleitorais. Afinal de contas “quem dá mais, quem dá mais”...