terça-feira, 23 de julho de 2013


Em troca de indenizações milionárias, PSTU lava a cara dos pelegos de ontem e de hoje na “Comissão da Verdade” do governo Dilma!

Ocorreu nesta segunda-feira, dia 22 de julho, no Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical em São Paulo, o “Ato Sindical Unitário” promovido pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) criada pelo governo federal com todas as centrais sindicais, inclusive a CSP-Conlutas. O pretexto foi “relembrar os 30 anos da greve geral de 1983”, apresentando-a como um fato político importante para o fim da ditadura militar instaurada via golpe contrarrevolucionário de 1964. A atividade foi organizada pelo “Coletivo Sindical de apoio ao Grupo de Trabalho da Comissão Nacional da Verdade” estando presentes além dos atuais representantes da burocracia sindical “chapa branca”, pelegos que no passado atacaram abertamente ativistas classistas em nome da política de subordinar o movimento operário à oposição burguesa agrupada do MDB. O porta-voz da CSP-Conlutas e dirigente nacional do PSTU, Luís Carlos Prates, conhecido como Mancha, saudou entusiasticamente o ato político coordenado por Rosa Cardoso (membro da CNV mais próxima da presidente Dilma), aproveitando para reforçar os pedidos dos morenistas por “reparação material” aos militantes e sindicalistas ligados à Convergência Socialista e ao Alicerce (ALS), perseguidos pela ditadura militar. Vergonhosamente, PSTU e a Conlutas lavam a cara dos pelegos de ontem e de hoje para em troca receber indenizações milionárias do Estado burguês!

Cinicamente, a CNV nascida de um acordo entre Dilma e os militares, usou a greve geral de 1983 como pretexto para promover seu ato político espetaculoso. Na verdade, na greve geral de 21 de julho de 83 convocada pela “unidade” dos dirigentes sindicais da “Comissão Nacional Pró-CUT” (que posteriormente implodiu) foi em grande parte sabotada pelos pelegos da CGT, que agora comemoraram esta data! O governador de São Paulo, Franco Montoro (PMDB), expoente da oposição burguesa apoiada pelos pelegos, reprimiu o movimento de massas em uma ação coordenada com o II Exército e a PM. A paralisação foi forte no estado de São Paulo e só não foi maior no resto do país pela atuação boicotadora dos dirigentes sindicais que se mantinham agrupados no PMDB (PCB, PCdoB, MR-8) atuando contra a CUT e o PT. Hoje a maioria do que restou destes pelegos traidores e seus herdeiros políticos (que se abraçam em festa com o PSTU/Conlutas) está abrigada nas direções das centrais sindicais “chapa branca” mais direitistas, particularmente na CGTB, CTB, CSB, Nova Central e UGT. Agora, juntos com a CUT totalmente domesticada e corrompida, esta canalha sustenta o governo Dilma. Muitos destes pelegos da CGT inclusive entregavam para os patrões e a polícia ativistas classistas, como vimos na época das disputas da pelegada da CGT contra o MONSP nos metalúrgicos da capital paulista. Bira, o atual presidente da CGTB, por exemplo, que estava no ato com Mancha “comemorando” a greve geral de 1983 é o mesmo sindicalista e dirigente do MR-8 (agora PPL) que atuava como “tropa de choque” (armados, inclusive) do pelego-mor “Joaquinzão” (metalúrgicos de São Paulo) contra os militantes da Oposição Metalúrgica!

Como se observa, o “Ato Sindical Unitário” deste dia 22 tratou-se de uma falsificação histórica, onde o PSTU e a Conlutas serviram para dar uma cobertura de esquerda à operação midiática montada pelo Planalto, já que formalmente os morenistas não apoiam o governo Dilma e foram vítimas da ditadura militar. Sem dúvida, Mancha e a direção do PSTU cobraram caro por este teatro, tanto que no próprio evento salientaram a necessidade da reparação material para seus militantes! Os reformistas da “família chapa branca”, agora acompanhados escandalosamente pelos revisionistas do PSTU, transformaram a trajetória de luta da militância contra a ditadura em um verdadeiro “balcão de negócios”, onde a “regra” é acumular processos de “reparação” para serem “deferidos” em requintadas solenidades oficiais pelos mesmos governos “democráticos” que massacram a classe operária e o povo pobre e negro, que continuam a ser torturados nas delegacias das periferias deste país. Como marxistas revolucionários, não dissimulamos ilusões de que este regime bastardo irá punir ou condenar os agentes e mandantes da repressão que se abateu ferozmente sobre nossos camaradas, nossa justiça de classe somente emergirá quando a verdade histórica for “revelada” para as novas gerações de militantes “intoxicados” com a cortina de fumaça da democracia burguesa, ou seja a derrubada revolucionária do capitalismo foi e sempre será o norte de nossa luta!

Como mais uma manobra distracionista, bem ao estilo dos governos da centro-esquerda burguesa da América Latina, a frente popular agora sob o comando da ex-guerrilheira Dilma promove a CNV cujo móvel político é realizar um resgate “histórico” das circunstâncias e responsabilidades pelos crimes da ditadura militar, ressalvado que todos os protagonistas deste cenário de prisões, torturas e covardes assassinatos estariam resguardados de qualquer responsabilidade jurídico-criminal em função da plena vigência da “Lei da Anistia”, promulgada pelo governo do general João Figueiredo. A partir desta “base pétrea”, ou seja, a impunidade constitucional aos genocidas, o governo federal promove toda uma sorte de “espetáculos” como o que vimos no “Ato Sindical Unitário”, que inclui expedição de certidões de óbitos, homenagens institucionais a militantes mortos (patrocinadas em muitos casos pelos próprios herdeiros do regime militar) e, o mais “importante”, é claro: “as generosas indenizações reparatórias”, como se a ideologia dos combatentes da esquerda revolucionária pudesse ser precificada. Desgraçadamente, a maioria das organizações que se proclamam marxistas como o PSTU, além de ex-militantes e familiares das vítimas da repressão militar, aceitou o “convite” para “celebrar” o advento da democracia burguesa e suas iniciativas “compensatórias”. Os heroicos combatentes da esquerda, que de arma em punho enfrentaram os organismos da repressão policial-militar, não estavam entregando suas vidas em nome da causa “democrática” ou em defesa programática do “estado de direito”, estavam sim combatendo decididamente pela abolição da exploração da classe operária e pela revolução socialista em nosso país.

Em nossa modesta homenagem aos que tombaram ou foram torturados pelos facínoras a serviço do capital, reafirmamos a vigência do marxismo-leninismo, a necessidade da construção do partido revolucionário e a manutenção da estratégia da guerra de classes para sepultar o modo de produção capitalista em todos os seus “formatos” políticos e institucionais. Ao contrário do PSTU e seus afins, declaramos sem nenhuma dissimulação ou artifícios que os dirigentes da LBI que militaram no período da ditadura militar (1964-1984) não reivindicam e nem tampouco aceitam receber do Estado burguês, através de seus governos da ordem (PT, PSDB), nenhum tipo de “reparação” financeira ou reconhecimento político “democrático”. Nossa “recompensa” pelos sacrifícios militantes e perseguições policiais sofridas só poderá ser concedida pela classe operária, que de forma abnegada e sincera reconhece historicamente seus melhores combatentes e heróis que não se deixaram corromper ou cooptar pelas cantilenas deste regime da “democracia dos ricos”.