11 DE SETEMBRO: UM BALANÇO REVOLUCIONÁRIO DOS DESDOBRAMENTOS
DA OFENSIVA REACIONÁRIA MUNDIAL APÓS 14 ANOS DO ATAQUE AO CORAÇÃO DO MONSTRO
IMPERIALISTA
14 anos após os ataques as Torres Gêmeas que abrigavam
várias corporações financeiras e também um dos maiores escritórios da CIA em
território norte-americano, assim como ao quartel general do Pentágono em
Washington, ainda hoje se discute no interior das correntes de esquerda se tal
acontecimento histórico que ficou conhecido como “11 de Setembro” foi uma
resposta militar ao terrorismo imperialista realizado por organizações
fundamentalistas com meios militares não convencionais como defende a LBI ou um
“autoatentado” para motivar o recrudescimento da ofensiva neoliberal sobre os
povos, como reivindicam diversas teorias conspiratórias, afinal a Al Qaeda não
passava de uma cria dos EUA para atacar a antiga URSS. Os reformistas em geral
e os revisionistas em particular, além da mídia a soldo do capital, continuam
adeptos até hoje da “tese” de que tratou-se de um atentado terrorista
reacionário promovido por bárbaros muçulmanos contra o povo norte-americano.
Independente da “versão” aceita, o certo é que logo depois do ataque ao coração
do monstro imperialista se formou uma enorme frente política mundial para
combater a “ousadia” dos “fanáticos fundamentalistas orientais” da Al Qaeda,
que em nossa avaliação responderam na mesma moeda com que os EUA “tratava” o povo
muçulmano. Vale ressaltar que o 11 de setembro foi precedido de bombardeios
ianques ao Afeganistão, cujo governo do Taliban foi considerado terrorista pela
Casa Branca apesar de ter sido constitucionalmente eleito. O que se observa
hoje é que o núcleo central da Al Qaeda se fracionou com a morte de Bin Laden,
separando-se inclusive do Taliban no Afeganistão, restando a Casa Branca
financiar e armar setores fundamentalistas bem mais “descontrolados” e com
pouca ligação com as causas nacionais árabes. Este parece ser o caso do Estado
Islâmico (EI), armado pelos EUA para atacar os regimes nacionalistas de Kadaffi
e Assad e que agora se voltam contra o “amo” exigindo a sua própria parte no
botim da destruição de nações inteiras. Com o 11 de Setembro de 2001, os
antigos “guerreiros mujahideen” foram temporariamente declarados inimigos
mortais do Império e considerados como “terroristas”. Presumia-se que
Washington cortaria totalmente suas relações com uma organização extremista
acusada pela morte de cerca de mil cidadãos norte-americanos, mas não demorou
muito para a OTAN “contratar” novamente os serviços militares da Al Qaeda,
desta vez na Líbia em 2011, para depor o regime nacionalista burguês do coronel
Kadaffi. Contentes com os resultados na Líbia, onde os mercenários
fundamentalistas destruíram o país para traficar o petróleo para os EUA, o
governo Obama repetiu a dose e foi buscar um subproduto decomposto da Al Qaeda
(o EI) para atacar o regime de Assad na Síria! Como Marxistas Revolucionários
condenamos vigorosamente as ações terroristas do EI, suas recentes ações
globais são impulsionadas para reforçar uma “posição de força” no campo militar
da “revolução árabe”. O comando do EI no espectro sectário sunita pretende ser
afirmado com chacinas fratricidas contra outras frações islâmicas sob pena de
perderem o apoio conseguido em regiões devastadas pela guerra civil fomentada
pelo imperialismo. O EI e suas ações reacionárias contra os povos, nações
muçulmanas e governos antiimperialistas da região, representam hoje a ponta de
lança dos interesses do gerdame sionista de Israel contra seus adversários
geopolíticos. Porém a gênese histórica do EI possui o "DNA" nos
interesses diretos na movimentação da CIA nos planos da derrubada do regime
nacionalista de Kadaffi na Líbia, com o rótulo de "força
revolucionária" outorgada pela OTAN partiram para a Síria com objetivo de
derrotar o governo Assad, um dos poucos remanescentes dos conflitos
guerreiristas contra Israel nos anos 60 e 70, posto que os outros países
adversários do sionismo nesta época (como Egito, Jordânia, Arábia Saudita) já
celebraram o reconhecimento do gerdame. Na fronteira entre Síria e Iraque, o EI
encontrou a possibilidade de tentar assumir uma feição "nacional",
mais além de um braço militar financiado pela Casa Branca, proclamando um
califado baseado na suposta defesa dos interesses da população sunita. O mais
"curioso" na tentativa do EI em criar raízes étnicas e religiosas na
região em que se estabeleceu como organização paramilitar é que sua cúpula
dirigente é formada majoritariamente por europeus (área central), britânicos e
norte-americanos, sua facilidade em estabelecer os "contatos
ocidentais" deriva desta característica. Nesta região além de apontar suas
armas contra Assad em uma frente militar com outros grupos
"revolucionários" da OTAN, o EI se chocou territorialmente contra o
governo de Bagdá, passando a controlar campos petrolíferos que passaram a
fornecer óleo cru diretamente para as refinarias de Tel Aviv. Passando dos
"limites" originalmente definidos por Washington, Obama enxergou na
ponte estabelecida entre o EI e Netanyahu uma ameaça a hegemonia ianque.
Registre-se o fato dos atuais esforços da Casa Branca em firmar um acordo
nuclear com o regime dos Aiatolás, serem atacados ferozmente por Israel. O EI
ganhou o "status" de criatura rebelde da OTAN, centrando suas ações
em sintonia com o Mossad para além das fronteiras da Síria e Iraque. Netanyahu
trabalha para sabotar a gestão do partido Democrata nos EUA, não poupando
esforços para um triunfo do Tea Party nas próximas eleições presidenciais. A
estrutura de poder no ventre do imperialismo ianque é bastante complexa, tendo
o Partido Republicano bastante influência em organismos recalcitrantes como a
CIA e o próprio Pentágono. Por isso é impossível aferir até que ponto o EI
recebe suporte de setores do imperialismo ianque para ações globais de
interesse do expansionismo sionista. O certo mesmo é que as ações terroristas
do EI, que por muitas vezes querem aparentar um confronto com o imperialismo
estão sempre direcionadas para o terreno da reação mundial, concentrando
"fogo" contra a Síria, Irã e o Hezbolah e todos seus aliados táticos.
No mundo árabe e palestino o surgimento do EI contou com a simpatia inicial do
Hamas, que não por coincidência resolveu suspender seus ataques a Israel. No cerco militar ao
Hezbolah o sionismo ganhou um aliado de "peso", o EI. Por isso as ações do EI contra supostos alvos
imperialistas (geralmente civis), não despertam nenhum sentimento de luta dos
povos e nações oprimidas, em sua quase totalidade suas "operações
militares" são voltadas contra regimes nacionalistas e laicos, como Líbia
e Síria, que conseguiram construir a unidade nacional para além das rivalidades
religiosas e sectárias. A responsabilidade histórica sobre a formação desta
criatura reacionária e das covardes mortes que arrasta atrás de si, deve ser
debitada na política de espoliação do imperialismo, que hoje tudo aponta
responder a um subproduto seu, o estado terrorista de Israel. Este é o balanço
político e histórico que fazemos após os 14 anos do "11 de setembro",
reafirmando o marxismo como um guia para a ação concreta na luta de classes!
Para clarificar ainda mais este debate, o Blog da LBI reproduz um documento
elaborado logo após o 11 de Setembro de 2001. Trata-se de um dos mais
importantes textos políticos escritos pela esquerda revolucionária no limiar
deste novo século, onde traça um prognóstico exato (quase “premonitório”) da
nova conjuntura mundial reacionária que iria abrir-se a partir deste marco
histórico de inflexão global na correlação de forças entre as classes sociais.
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O 11 de Setembro e a ofensiva imperialista
Os ataques de 11 de setembro, no coração do monstro
imperialista ianque, marcam a abertura
de um novo período político na etapa histórica de correlação de forças entre as
classes em nível mundial, aberta logo após a derrubada contra-revolucionária do
Muro de Berlim e a destruição do Estado operário burocratizado soviético, com a
conseqüente perda das conquistas operárias obtidas a partir da revolução de 17.
Pela primeira vez na sua história, os EUA sofrem um tipo de bombardeio em seu
próprio território, excluindo o bombardeio às bases navais de Pearl Harbor na
2ª Guerra Mundial, fazendo cair por terra o enorme mito da invulnerabilidade
militar da grande fortaleza inexpugnável. Utilizando-se de armamento não convencional,
como jatos da aviação civil, uma organização militar, provavelmente
fundamentalista islâmica, infringiu pesadas baixas ao alto comando do Pentágono
e à Agência Central da CIA em Nova York, sediada em uma das torres do World
Trade Center. O próprio presidente Bush, revelando em seu ato toda a covardia
do império assassino, fugiu como uma galinha durante dois dias, enquanto sua
frota naval abandonava às pressas os portos da costa americana, temendo uma
reedição dos ataques kamikases ocorridos na 2ª Guerra Mundial. Quando o alto
staff do Pentágono certificou-se de que o "grande ataque"
concentrava-se na captura de quatro aviões civis e que todo o poderio bélico da
maior força armada do planeta não corria perigo de ser "dizimado", passaram
a rugir como um leão ferido, ameaçando bombardear todos os países muçulmanos,
que possivelmente poderiam ter alguma relação com os atentados do dia 11,
"em uma ofensiva militar longa, ampla e implacável", segundo as
palavras de Bush (The New York Times, 09/10), um anúncio prévio da intenção de
atacar, além do Afeganistão, também o Iraque e o Líbano, como afirmou em carta
enviada ao Conselho de Segurança da ONU: "Podemos descobrir que nossa
autodefesa requer ações em relação a outras organizações e países" (Idem).