segunda-feira, 28 de setembro de 2015


“PEIXES GRAÚDOS” DO PT E PSOL CAEM NA REDE DE MARINA SILVA: UM MOVIMENTO À DIREITA DIANTE DA CRISE DA FRENTE POPULAR E DA “OPOSIÇÃO DE ESQUERDA”

PT e PSOL foram os dois partidos que mais perderam parlamentares de peso nos últimos dias. O PT viu seu deputado federal mais votado no Rio de Janeiro cair na Rede de Mariana Silva. Além de Molon, os senadores Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA) e os deputados Weliton Prado (MG), Assis do Couto (PR) e Toninho Wandscheer (PR) pretendem deixar o partido. Em São Paulo, 12 dos 68 prefeitos petistas anunciaram a desfiliação da sigla. No Rio, três dos dez prefeitos eleitos em 2012 deixaram a legenda. Essa debandada seguiu invariavelmente o caminho da direita, foram para Rede ou coisa pior! Em São Paulo muitos ingressaram no PSD de Kassab. O PSOL que poderia abrigar alguns desses nomes viu a Rede arrastar não só os já marineiros Heloísa Helena (AL) e Jeferson Moura (RJ), perdeu também o seu único senador, Randolfe Rodrigues, para a legenda da pentecostal “ecocapitalista”. Randolfe já saiu do PSOL, porém negocia o ingresso de seu grupo político no Amapá na Rede, no PCdoB, ou mesmo nos dois partidos, garantindo uma coligação forte para Clécio Luiz ser reeleito prefeito de Macapá. Até agora o único parlamentar de “peso” que o PSOL abocanhou foi Glauber Braga, deputado federal do Rio de Janeiro que deseja se candidatar a prefeito de Nova Friburgo. Como não tinha mais espaço no PSB fluminense optou pelo PSOL, ou seja, o partido ganhou um oportunista eleitoral que apoiou a própria Marina Silva para presidente! Apesar disso, o MRT (ex-LER) deseja ingressar no PSOL, apenas lamenta que Glauber foi recebido de portas abertas mas tal agrupamento revisionista não: “No interior do PSOL alguns grupos foram resistentes a entrada de Glauber Braga; no entanto, nenhuma manifestação pública até agora foi feita. Para o PSOL a contradição é ainda maior na medida em que tem mantido a resistência a entrada do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), ainda que já tenha havido amplos apoios nas redes por intelectuais e mesmo militantes do PSOL de distintas cidades” (Esquerda Diário, 29.09). O certo é que estamos vendo os primeiros movimentos da debandada de ratos que pulam do navio do PT em meio à crise política do governo Dilma. Os iludidos que achavam que estes ingressariam no PSOL estavam enganados, seus apetites eleitorais se chocam com algumas das celebridades psolistas, como Molon, que optou pela Rede para se candidatar a prefeito do Rio de Janeiro, vaga já ocupada por Freixo no PSOL. Como vemos não se tratam de divergências políticas ou diferenças programáticas, mas de apenas espaço nas legendas para garantir suas vagas nas disputas de 2016. É a mesma lógica canalha que fez Marta Suplicy deixar o PT para ir abrigar-se no PMDB de braços dados com Temer e Cunha, sendo inclusive aplaudida por Aldo Rabelo, do PCdoB e ministro de Dilma, na cerimônia de filiação.  O PCO, hoje convertido em sublegenda do PT, aplaude todos esses movimentos como parte do suposto “combate ao golpismo”, tanto que no ato do dia 26 de setembro (“Primavera Democrática”), saudou os valorosos “camaradas” do PCdoB e apresentou a burocracia sindical “chapa branca” que sabota as greves dos trabalhadores dos correios, petroleiros, bancários e professores como “companheiros que lideram as lutas”!!! Para completar este circo, teremos o PSTU buscando mais uma vez reeditar sua “Frente de Esquerda” com o PSOL, mesmo sendo esta legenda hoje um verdadeiro saco de gatos político que abriga carreiristas burgueses e avaliza a contrarreforma eleitoral que ataca os mais elementares políticos da esquerda. Desde a LBI chamamos o PCB a não conformar nenhuma frente política-eleitoral com PSOL e PSTU nas próximas eleições, partidos que apoiaram as “revoluções made in CIA” na Líbia, Síria, adotando posições contrarrevolucionárias incompatíveis com a luta anti-imperialista. No Brasil, esses setores flertam com a direita e seu “Fora Dilma” da mesma forma que fizeram em apoio a malfada “Primavera Árabe”. Somente com independência política e de classe diante da frente popular e da falsa oposição de esquerda estaremos construindo uma alternativa política e revolucionária dos trabalhadores, inclusive para enfrentar o ajuste neoliberal do governo Dilma e a reação burguesa que se fortalece em nosso país!
Apoiador de Paes em 2012, Brizolinha Neto ingressa 
agora no PSOL pelas mãos de Luciana Genro
Algumas “mentes brilhantes” do PSOL dizem que nossa afirmação sobre as defecções para a Rede não são sinais de crise porque os que saíram agora já eram “marineiros” dentro do partido. Porque então estes “oportunistas” ainda estavam no PSOL e não foram expulsos mesmo depois de terem apoiado Marina nas eleições de 2014? Ocorre que a direção do PSOL tinha o “sonho” de capitalizar a crise do PT sendo o escoadouro de uma "nova esquerda" que abarcasse até mesmo Marina Silva e o que vemos às vésperas das eleições de 2016 é o contrário... a “nova direita” se fortalece levando quadros importantes do PSOL para a Rede. Outros “sábios” afirmam ainda que o ingresso do vereador da capital fluminense, Brizolinha Neto, no PSOL seria uma “prova” do fortalecimento do partido. Na verdade, o PSOL no Rio de Janeiro é uma boa legenda eleitoral  para acolher oportunistas e carreiristas. Primeiro foi o BBB Jean Willys, depois abriu as portas para o direitista Daciolo, agora foram Glauber Braga e Brizolinha Neto. Este último, que teve a ficha abonada por Luciana Genro (MES), apoiou ninguém menos que Eduardo Paes nas eleições de 2012 para prefeito: “A presença do vereador Leonel Brizola Neto, na inauguração do Mercado Popular Leonel de Moura Brizola na tarde desta quarta-feira, serviu para afirmar que o PDT carioca está alinhado com a atual gestão do prefeito Eduardo Paes, do PMDB. 'Não há candidato, nesse atual cenário para a prefeitura, que tenha a mesma linha política do PDT. Alguns partidários querem apoiar o Marcelo Freixo (Psol), mas eu acho um grande equívoco. O Freixo é anti-brizolista, anti-trabalhista. Tanto que eles chamam o Getúlio Vargas de ditador populista. Além de criticar o modelo econômico implementado pelos presidentes Lula e Dilma, e que é igual ao do presidente Vargas'”. (Portal Terra, 04.07.2012). A própria CST, que forma um bloco com Luciana dentro do PSOL e bastante "preocupada" em manter a vaga de Babá como vereador fluminense, afirmou que “Brizolinha até bem pouco tempo atrás fazia parte da base de sustentação do Prefeito do Rio Eduardo Paes do PMDB, partido do Sergio Cabral, Pezão, Michel Temer e Eduardo Cunha. E sua entrada no partido responde a uma movimentação meramente eleitoral” (CST, 23.09). A exceção confirma a regra, os poucos parlamentares que adentram no PSOL na véspera do fim do prazo de filiação são elementos de crise interna e desmoralização política, como foi Cabo Daciolo, já que tem posições abertamente direitistas e amanhã vão pular do barco para legendas da direita tradicional, com fez o deputado-bombeiro-evangélico que namora agora com o PRTB! 

Voltando a falar da transferência de “peixes graúdos” do PT e do PSOL para a Rede de Marina Silva, devemos ter claro que este “movimento” corresponde a interesses eleitorais imediatos mais também estratégicos, de longo prazo. Ambos parlamentares sabem que integraram-se a um partido cuja principal liderança apoiou o tucano Aécio Neves e se alinhou setores de peso dos rentistas e do imperialismo. A ideia de que a ida de ambos pode “barrar” essa relação política é absurda, mas defendida por Tarso Genro: “Tanto o deputado Molon, como o Senador Randolfe - pelo que conheço de ambos - não estão fazendo esta opção por oportunismo ou vantagens políticas pessoais. São homens de esquerda, que se opuseram à natureza dos ajustes ortodoxos do Governo atual e que, me custa a crer o contrário, não estariam se trasladando para um campo político que caracterizou as últimas intervenções de Marina Silva, no cenário nacional: o campo demo-tucano, das reformas liberais, combinadas com a crescente vontade de desestabilizar e derrubar uma Presidente legitimamente eleita. Este campo, na minha opinião, jamais seria o campo destes dois quadros da esquerda que, independentemente de divergências, até ontem eram respeitados e elogiados por todos nós” (Tarso Genro, Os julgamentos do Presente, 27.09). Não sabemos se avaliação do ex-governador petista do RS é apenas uma equivocada “avaliação teórica” ou se o próprio Tarso via embarcar nesse movimento (como deve fazer Paulo Paim rumo à Rede) “construindo pontes” com Marina, mas sabemos que esse está em curso uma guinada à direita de quadros do PT e do PSOL que desejam formar uma “novo campo” que se alce como opção política do imperialismo. Não por acaso, Tarso afirma em tom de saber o que está falando “Se bem conheço os personagens deste cenário, ambos devem ter feito algum tipo de negociação política com Marina, de que a sua nova Rede não seria furada por ‘palometas’, que abririam rombos pelos quais transitariam acordos com a direita e com a centro-direita, como ocorreu recentemente nas eleições presidenciais. Posso estar enganado, mas se este acordo ocorreu de maneira formal, Marina Silva, a quem conheço há décadas, sendo uma pessoa de caráter, como efetivamente o é, cumprirá o ajuste. E aí teremos um novo cenário partidário no país, que poderá permitir coalizões mais orgânicas e frentes mais programáticas, que até poderiam ser testadas, em algumas cidades, em 2016” (Idem). Neste novo cenário estaria a Rede, setores do PSOL e do próprio PT... na chamada “frente de esquerda ampla” que Tarso costura diante da crise do governo Dilma mas que definitivamente não representa nenhum avanço para os interesses da classe operária, ao contrário, Marina Silva representa a junção “ideal” do capital financeiro com as alas messiânicas da burguesia ianque, pretende transformar o Brasil em uma espécie nova “terra sagrada” para os interesses dos “Calvinistas neoliberais”. A “antipatia” pelo agronegócio, manifestada pela Rede nada tem a ver com a defesa da ecologia, é produto direto de seus compromissos com os grandes produtores rurais imperialistas, que não veem com bons olhos o crescimento das exportações brasileiras para os principais centros capitalistas. Sob um governo Marina estaria recolocado o eixo econômico “carnal” do Brasil com os EUA, abalado pela estratégia do PT de voltar o país no sentido dos BRICS, após o crash financeiro internacional de 2008. Esta “opção comercial” da Frente Popular permitiu ao país atravessar a crise mundial do final da década anterior com um forte superávit na balança de pagamentos, gerando um confortável “colchão” de reservas cambiais e forte atração de crédito internacional. Com este “modelo”, lastreado na expansão do consumo interno (bolha de crédito), o PT fez seu “milagre” econômico ao inserir milhões de novos consumidores no mercado, criando uma relativa “mobilidade social” de camadas mais baixas da população. Esta é exatamente a razão do “ódio visceral” dos seguimentos mais conservadores das classes dominantes ao PT, Marina surgiu no cenário político para por um fim a este “ciclo histórico”, inaugurando uma nova etapa da ofensiva imperialista contra as conquistas sociais do proletariado brasileiro. O mito de que o espectro político de Marina poderia representar algo de progressista ou mesmo de uma “esquerda light” (eco-socialista) não corresponde hoje minimamente à realidade. A ex-senadora acreana iniciou de fato sua militância política no antigo PRC (Partido Revolucionário Comunista), que na época tinha como um de seus dirigentes Genuíno Neto. A vigarice política de Marina começa quando o PRC decide entrar definitivamente no PT, no final dos anos 80, e a jovem militante comunista se encaminha diretamente para a tendência interna mais à direita do partido, a “Articulação”, negando seus antigos “ideais” de esquerda. Na sequência posterior Marina se elege senadora pelo PT do Acre, abraçando a as teses da “ecologia” e a defesa do “capitalismo sustentável”, tornando-se logo a “queridinha” de Lula. Nomeada ministra do Meio Ambiente, Marina pretendia ser a candidata de Lula para disputar o Planalto em 2010 quando foi preterida por Dilma abandona o PT em 2009, ingressando no PV para uma curta temporada. Nas eleições presidenciais de 2010 Marina se lança como uma “alternativa da terceira via” entre as candidaturas do PT e PSDB, catalisando um amplo segmento da reacionária classe média urbana. Em 2010 a LBI foi a única corrente de esquerda a afirmar que o “fenômeno” político Marina correspondia a uma nova alternativa de “poder” fomentada pelo imperialismo diante do esgotamento do Tucanato como principal polo de oposição. Mas o PV não era o “ninho” ideal para as pretensões eleitorais de Marina, o partido era controlado diretamente pelo PSDB paulista e por uma ala da oligarquia Sarney, restava criar um novo partido onde pudesse controlar com “mão de ferro” e impor sua plataforma messiânica e pró-imperialista. A ex-militante comunista teria se convertido a uma seita evangélica por puro oportunismo eleitoral e também para agradar seus patrocinadores ianques. Porém, naquele momento a Rede não obteve o registro do TSE por conta de uma perigosa e bem sucedida manobra do governo Dilma e Marina teve que se contentar com a “generosa” oferta de ser a vice de Eduardo, mas a Casa Branca nunca deu como definitivo este cenário para 2014... Obama não aceitava que sua candidata preferencial tivesse o simples papel de coadjuvante do PSB. E o pior mesmo para o campo conservador era o fato de Eduardo não conseguir sequer decolar nas pesquisas, indicando claramente que o PT poderia inclusive “liquidar a fatura” já no primeiro turno. O estranho “acidente” do moderno jato que conduzia Eduardo e sua equipe reintroduziu o “cenário dos sonhos” para o imperialismo no Brasil: Marina entrou no centro político da disputa. Esta perspectiva volta a acontecer agora às vésperas das eleições de 2016, com a legalização da Rede e seu arrasto de vários nomes do PT, PCdoB e PSOL.

Nós comunistas compreendemos que a tática eleitoral não pode comprometer a estratégia revolucionária, rejeitamos a via da cobertura política das alternativas da nova social democracia (PSOL, Syriza, Podemos, assim como fenômenos eleitorais como Jeremy Corbyn na Inglaterra e Bernie Sanders nos EUA, etc..) ou mesmo a “Frente de Esquerda” como propõe o PSTU, fórmulas ainda mais danosas para avançar na consciência de classe do proletariado, como fizeram o MRT e a Esquerda Marxista. Nossa tarefa neste momento é apoiar as ações de luta direta da classe operária contra o ajuste neoliberal e a reação burguesa, denunciando o circo eleitoral da democracia dos ricos e a tendência de fortalecimento político da “nova direita” como vemos através do crescimento da Rede de Marina. Nesse sentido, fazemos um chamado em particular ao PCB (único partido legal que proclama a inviabilidade da "revolução por etapas") a junto com a LBI denunciar a política oportunista e pró-imperialista do PSOL e do PSTU a fim de agrupar o melhor da vanguarda classista e combativa nas lutas e também no terreno eleitoral com o objetivo de apontar uma plataforma revolucionária de denúncia do conjunto da democracia burguesa, regime político que não passa de mais uma forma da ditadura do capital contra os trabalhadores!