MENSAGEM "SINCERA" DE DILMA PARA O 7 DE SETEMBRO:
ERREI PORQUE PODERIA TER APLICADO O AJUSTE HÁ MAIS TEMPO!
Neste 7 de Setembro a presidenta da república abriu mão da
rede nacional de TV para dirigir um pronunciamento à nação, óbvio que a mídia
corporativa saudou a abstenção palaciana. Porém Dilma escolheu a "rede" para divulgar um vídeo onde pediu desculpas por erros cometidos com
o excesso de gastos sociais do seu governo anterior. Logo os abutres do capital
financeiro louvaram a "humildade" da presidenta ao admitir erros no
passado e os apologistas de "esquerda" do governo petista acenaram
com uma trégua política (na forma de "União Nacional") dirigida à
reacionária oposição tucana. Para entender melhor esta nova conduta da "arrependida"
Dilma se faz necessário reportar a uma reunião realizada na quarta anterior
(dia 02/09) entre o ministro Levy e o que chamaram de o "peso pesado do
PIB". Neste encontro sediado em São Paulo e mantido sob muita discrição,
nove dos mais representativos empresários nacionais exigiram novas condições
para continuar apoiando o governo e por consequência bancarem a permanência de
Levy no comando da equipe econômica palaciana. A "agenda impositiva"
dos grandes grupos capitalistas teve três pontos: 1) fazer todos os esforços
para que o Brasil mantenha a todo custo o grau de investimento dado por
agências internacionais de classificação de risco; 2) buscar um superávit de
0,7% do PIB na execução das contas públicas de 2016 e 3) promover um forte
corte no custeio da máquina estatal e dos programas sociais para atingir essa
draconiana meta. Na quinta feira pela manhã, o dia seguinte ao encontro de
empresários em um luxuoso hotel de São Paulo, Dilma chamou Joaquim Levy para
uma conversa definitiva em Brasília. Ao final, a presidente ordenou ao seu
entorno político mais próximo que dessem entrevistas dizendo que o ministro da
Fazenda estava mantido no cargo. A realidade é que a permanência de Levy está
diretamente relacionada à capacidade do governo em "atender" aos três
"pedidos" da burguesia nacional. Não por coincidência as
manifestações contra Dilma previstas para acontecerem junto às paradas
militares, em especial na capital federal, foram um fiasco e sequer contaram
com a cobertura da famigerada Rede Globo. Pacto firmado e o "medo de
agosto" superado a hora para o governo é "honrar" os
compromissos e anunciar os cortes sociais e um novo programa de privatizações.
Com a base da "Agenda Brasil" proposta por Renan e a máfia
pemedebista no Senado, o governo agora avança para desmontar a Petrobras, com a
venda da BR distribuidora e pasmem... entregando as novas refinarias que sequer
estão concluídas para os trustes internacionais de energia. A prioridade máxima
do governo é não perder a classificação dos "investimentos"
estrangeiros, na verdade capital volátil em busca de juro alto e "segurança
total". Para cumprir esta "missão" Dilma fará todos os
movimentos neoliberais possíveis para agradar os rentistas, que supostamente
financiam nosso déficit público já reconhecido. O surto de humildade da
presidenta não passa de um pedido de clemência ao imperialismo e seus
oligopólios instalados no Brasil. A vanguarda classista não pode ser ludibriada
com o truque do "Fora Levy", levantado pelo arco da esquerda
reformista, quando este estafeta é apenas um instrumento de negociação do
governo com a burguesia nacional e o imperialismo. Combater o "ajuste"
contra o povo e a nação sem derrotar quem o impulsiona, ou seja, governo Dilma
em seu conjunto, é completamente inócuo! O movimento operário e popular a cada
dia é surpreendido com uma nova faceta do ajuste, alertamos que este processo é
contínuo e está longe do fim, em síntese ou derrotamos este governo e seus
sócios da direita tucana ou o país sofrerá um retrocesso global de dimensões
muito similares a da privataria tucana da era FHC. Nossa tarefa desde já é
organizar a Greve Geral contra o ajuste e sua maior promotora, a gerentona do
capital financeiro em nosso país.
A postura do ministro Levy na reunião com a burguesia
hegemônica do mercado nacional foi de completa sintonia com a presidente Dilma,
que não se cansa de reafirmar que o representante dos banqueiros e seu governo
são uma entidade única e indivisível. O chamado "esforço fiscal" é o
eixo da equipe econômica palaciana, portanto daqui para frente serão cortados
não somente direitos e conquistas trabalhistas, mas também na "carne"
dos programas sociais que foram vitrines da era Lula. Com uma projeção negativa
do PIB para os próximos dois anos, o governo busca recompor seu déficit de
arrecadação com a "queima" de patrimônio estatal e arrocho salarial
dos servidores públicos federais. Outro elemento importante para o agravamento
da crise é o alto custo financeiro para a manutenção das reservas cambiais,
enquanto os 400 bilhões de Dólares do governo estão depositados no FED rendendo
0,5% ao ano, nosso BC remunera os rentistas internacionais com taxas de juros
de quase 20%! A enorme diferença pesa nas contas públicas que acabam
"sofrendo" com a agiotagem do cassino financeiro.
Como Dilma resolveu ser "sincera" ao admitir para
o mercado que seu governo não tinha condições de cumprir as metas fiscais
fictícias, a contrapartida foi "jurar" aos rentistas que seu governo
está fielmente comprometido com o programa de desinvestimento e ruptura
política com a chamada política do neodesenvolvimentismo. A elite econômica
dominante aprovou as promessas de Dilma, porém como promessas não enchem
barriga de ninguém, muito menos das ratazanas da burguesia, é muito provável
que os "apostadores" de Wall Street iniciem um processo de
emparedamento do governo, rebaixando as notas de investimento para os títulos
brasileiros. O efeito imediato desta chantagem será a elevação da taxa Selic e
a continuidade da escalada de alta do Dólar.
Para os charlatães da esquerda que ainda vivem de pregar a
iminência do golpe, fica o amargo sabor de constatar que o governo Dilma também
fechará as torneiras que irrigavam a compra de dirigentes e organizações do
campo "chapa branca". O verdadeiro "golpe" desferido contra
as famílias proletárias por este governo politicamente covarde e amigo dos
banqueiros, deve ser combatido com a ação direta das massas no rumo da
construção de uma alternativa de poder a barbárie capitalista que se delineia
no horizonte.