quarta-feira, 9 de setembro de 2015



MENSAGEM "SINCERA" DE DILMA PARA O 7 DE SETEMBRO: ERREI PORQUE PODERIA TER APLICADO O AJUSTE HÁ MAIS TEMPO!

Neste 7 de Setembro a presidenta da república abriu mão da rede nacional de TV para dirigir um pronunciamento à nação, óbvio que a mídia corporativa saudou a abstenção palaciana. Porém Dilma escolheu a "rede" para divulgar um vídeo onde pediu desculpas por erros cometidos com o excesso de gastos sociais do seu governo anterior. Logo os abutres do capital financeiro louvaram a "humildade" da presidenta ao admitir erros no passado e os apologistas de "esquerda" do governo petista acenaram com uma trégua política (na forma de "União Nacional") dirigida à reacionária oposição tucana. Para entender melhor esta nova conduta da "arrependida" Dilma se faz necessário reportar a uma reunião realizada na quarta anterior (dia 02/09) entre o ministro Levy e o que chamaram de o "peso pesado do PIB". Neste encontro sediado em São Paulo e mantido sob muita discrição, nove dos mais representativos empresários nacionais exigiram novas condições para continuar apoiando o governo e por consequência bancarem a permanência de Levy no comando da equipe econômica palaciana. A "agenda impositiva" dos grandes grupos capitalistas teve três pontos: 1) fazer todos os esforços para que o Brasil mantenha a todo custo o grau de investimento dado por agências internacionais de classificação de risco; 2) buscar um superávit de 0,7% do PIB na execução das contas públicas de 2016 e 3) promover um forte corte no custeio da máquina estatal e dos programas sociais para atingir essa draconiana meta. Na quinta feira pela manhã, o dia seguinte ao encontro de empresários em um luxuoso hotel de São Paulo, Dilma chamou Joaquim Levy para uma conversa definitiva em Brasília. Ao final, a presidente ordenou ao seu entorno político mais próximo que dessem entrevistas dizendo que o ministro da Fazenda estava mantido no cargo. A realidade é que a permanência de Levy está diretamente relacionada à capacidade do governo em "atender" aos três "pedidos" da burguesia nacional. Não por coincidência as manifestações contra Dilma previstas para acontecerem junto às paradas militares, em especial na capital federal, foram um fiasco e sequer contaram com a cobertura da famigerada Rede Globo. Pacto firmado e o "medo de agosto" superado a hora para o governo é "honrar" os compromissos e anunciar os cortes sociais e um novo programa de privatizações. Com a base da "Agenda Brasil" proposta por Renan e a máfia pemedebista no Senado, o governo agora avança para desmontar a Petrobras, com a venda da BR distribuidora e pasmem... entregando as novas refinarias que sequer estão concluídas para os trustes internacionais de energia. A prioridade máxima do governo é não perder a classificação dos "investimentos" estrangeiros, na verdade capital volátil em busca de juro alto e "segurança total". Para cumprir esta "missão" Dilma fará todos os movimentos neoliberais possíveis para agradar os rentistas, que supostamente financiam nosso déficit público já reconhecido. O surto de humildade da presidenta não passa de um pedido de clemência ao imperialismo e seus oligopólios instalados no Brasil. A vanguarda classista não pode ser ludibriada com o truque do "Fora Levy", levantado pelo arco da esquerda reformista, quando este estafeta é apenas um instrumento de negociação do governo com a burguesia nacional e o imperialismo. Combater o "ajuste" contra o povo e a nação sem derrotar quem o impulsiona, ou seja, governo Dilma em seu conjunto, é completamente inócuo! O movimento operário e popular a cada dia é surpreendido com uma nova faceta do ajuste, alertamos que este processo é contínuo e está longe do fim, em síntese ou derrotamos este governo e seus sócios da direita tucana ou o país sofrerá um retrocesso global de dimensões muito similares a da privataria tucana da era FHC. Nossa tarefa desde já é organizar a Greve Geral contra o ajuste e sua maior promotora, a gerentona do capital financeiro em nosso país.

A postura do ministro Levy na reunião com a burguesia hegemônica do mercado nacional foi de completa sintonia com a presidente Dilma, que não se cansa de reafirmar que o representante dos banqueiros e seu governo são uma entidade única e indivisível. O chamado "esforço fiscal" é o eixo da equipe econômica palaciana, portanto daqui para frente serão cortados não somente direitos e conquistas trabalhistas, mas também na "carne" dos programas sociais que foram vitrines da era Lula. Com uma projeção negativa do PIB para os próximos dois anos, o governo busca recompor seu déficit de arrecadação com a "queima" de patrimônio estatal e arrocho salarial dos servidores públicos federais. Outro elemento importante para o agravamento da crise é o alto custo financeiro para a manutenção das reservas cambiais, enquanto os 400 bilhões de Dólares do governo estão depositados no FED rendendo 0,5% ao ano, nosso BC remunera os rentistas internacionais com taxas de juros de quase 20%! A enorme diferença pesa nas contas públicas que acabam "sofrendo" com a agiotagem do cassino financeiro.

Como Dilma resolveu ser "sincera" ao admitir para o mercado que seu governo não tinha condições de cumprir as metas fiscais fictícias, a contrapartida foi "jurar" aos rentistas que seu governo está fielmente comprometido com o programa de desinvestimento e ruptura política com a chamada política do neodesenvolvimentismo. A elite econômica dominante aprovou as promessas de Dilma, porém como promessas não enchem barriga de ninguém, muito menos das ratazanas da burguesia, é muito provável que os "apostadores" de Wall Street iniciem um processo de emparedamento do governo, rebaixando as notas de investimento para os títulos brasileiros. O efeito imediato desta chantagem será a elevação da taxa Selic e a continuidade da escalada de alta do Dólar.

Para os charlatães da esquerda que ainda vivem de pregar a iminência do golpe, fica o amargo sabor de constatar que o governo Dilma também fechará as torneiras que irrigavam a compra de dirigentes e organizações do campo "chapa branca". O verdadeiro "golpe" desferido contra as famílias proletárias por este governo politicamente covarde e amigo dos banqueiros, deve ser combatido com a ação direta das massas no rumo da construção de uma alternativa de poder a barbárie capitalista que se delineia no horizonte.