O “GOLPE” JÁ ESTÁ EM PLENA MARCHA, RECRUDESCENDO O AJUSTE
NEOLIBERAL CONTRA OS TRABALHADORES E PRIVATIZANDO O QUE RESTA DO PATRIMÔNIO
ESTATAL SOB EXIGÊNCIA DOS EUA
O mais recente "pacotaço" de austeridade anunciado nesta segunda-feira (14/09) pelo governo não nos surpreendeu nem um pouco, já tínhamos
apontado que diante do achaque sofrido pela "agencia" S&P Dilma
se renderia integralmente as condições impostas pelos rentistas na expectativa
da reversão da classificação negativa aferida pelos abutres do mercado
financeiro. A repulsa mesmo veio por conta do extremo cinismo da esquerda
governista que caracterizou o "ajuste do ajuste" como uma "ação
contra o andar de cima". A blogosfera "chapa branca" em um misto
de cretinismo e delírio da realidade definiu assim o novo "pacotaço":
"Nosso governo, enfim, dá mais uma demonstração de como fazer o certo da
maneira errada, porque evita assumir aquilo que, outro dia, se chamou aqui de
“ter um lado”... Ainda assim foi um passo, finalmente um passo (Blog Tijolaço,
14/09). No mesmo rumo Planaltino o entusiasta Paulo Henrique Amorim definiu
assim as recentes medidas tomadas pelo governo: "Ajuste começa com o lombo
dos banqueiros", já para o Blog 247: "Governo rompe inércia e colhe
sinais de alento", prosseguindo no texto de em um surrealismo regado a
generosas verbas estatais: "O pacote fiscal não tira o governo da zona de
risco, mas demonstra que ele ainda tem iniciativa e não respira por aparelhos.
Isso é crucial nesta hora de cerco." Mas não pensem que a caradura é
monopólio exclusivo da imprensa "alternativa", que hoje dedica-se a
exorcizar o fantasma de um golpe de estado enquanto legítima as medidas
neoliberais adotadas por este governo submisso aos interesses dos rentistas
internacionais. O PCdoB em um momento de "sinceridade" abandonou a
demagógica retórica em favor do "crescimento econômico" para defender
sem firulas o ajuste: "Os governadores consideraram a gravidade do
momento, mesmo que duras, as medidas foram consideradas positivas dentro das
alternativas de sacrifício existentes. Além das medidas discutidas, o
governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), pediu apoio da presidenta Dilma e
da equipe econômica para articular junto à cúpula do Judiciário para apertar o
cumprimento de medidas de combate à sonegação" (sítio Vermelho 15/09).
Recém ingresso no campo governista coube ao fiel PCO pedir a Dilma que não ceda
a direita pois isto poderá facilitar o golpe: "O governo parece ter sentido
a pressão e se intimidado com a ameaça, anunciando hoje os cortes. Outras
medidas anunciadas pelos ministros em Brasília foram no sentido de aumentar as
receitas... A capitulação do governo reforça a política da direita golpista que
tenta derrubar o governo". Para todo este arco "chapa branca"
congelar salários já tão arrochados do funcionalismo público, retirar do saúde
pública cerca de 4 bilhões de Reais, reduzir drasticamente programas sociais,
com o Minha Casa Minha Vida entre outros, tudo isto para honrar compromissos
com os agiotas controladores da dívida interna, são apenas "detalhes"
... O importante é evitar o suposto "golpe da direita", porém o
"golpe do dia a dia " vem sendo cruelmente desferido contra o povo
mais explorado nos corredores do SUS ou contra trabalhadores do setor estatal
que estão há vários anos amargando "reajuste zero"!
Entretanto os arautos de "esquerda" do ajuste
pretendem adulterar a realidade bem ao gosto da equipe econômica palaciana.
Afirmam que a nova CPMF proposta pelo governo (alíquota de 0,2%)
"fisgará" menos de dois Reais de um trabalhador que perceba um
salário mínimo ou um pouco mais, ignorando o dado que o imposto agrupa todas as
transações que envolvam o sistema bancário, e de cara alimentará ainda mais a
espiral inflacionária. A nova versão da CPMF sequer será destinada ao combalido
SUS, sob o pretexto de recompor o caixa da Previdência Social. Porém quem pensa
que o pagamento das aposentadorias e pensões estão garantidas com o novo
"Pacotaço" se enganou redondamente, Levy já anunciou que sem uma
reforma estrutural da Previdência (leia- se mais ataques a direitos
conquistados) não há sustentabilidade do sistema público. Para mais esta
patifaria contra os trabalhadores o governo criou até um "fórum especial"
para apresentar um novo projeto de custeio da Previdência. Enquanto o projeto
do imposto sobre as grandes fortunas é acenado teatralmente a cada congresso do
PT, sem que haja uma única iniciativa concreta do governo nesta direção, os
"chicago boys" do governo atuam celeremente para tungar o povo
trabalhador mais oprimido. Os estafetas dos rentistas instalados em Brasília só
não dizem ao povo que para eles o importante mesmo é garantir o pagamento dos
juros da rolagem de 500 bilhões da dívida e do déficit global da União,
indicando que podem até vender as refinarias atuais, privatizando o que resta
do patrimônio estatal sob a exigência dos EUA.
Frente a esta realidade de brutal ofensiva do governo contra
os trabalhadores, é necessária a reação urgente dos explorados. Não se pode
esperar nada das entidades “chapa branca” como a CUT, UNE, MST e seus satélites
que usam o fantasma do “golpe” e a defesa da “democracia” para blindar o
governo da frente popular. Cinicamente a direção da CUT anunciou que... “pedirá
audiência com a Presidenta Dilma Rousseff para apresentar propostas”, ou seja,
auxiliará o Planalto no ajuste contra os trabalhadores “apenas” criticando seus
“excessos”. Neste segundo semestre ocorrem campanhas salariais de importantes
categorias, seria necessário mobilizar os trabalhadores contra a recessão, as
demissões e o ajuste neoliberal, mas as direções sindicais temem que a luta dos
trabalhadores possam fragilizar ainda mais o cambaleante governo Dilma. Por
isso, no máximo “exigem” índices de reposição salariais rebaixados e não
radicalizam as greves, buscando acordos rápidos com os patrões. Foi o que se
viu nas paralisações metalúrgicas que ocorreram no ABC paulista. Por sua vez, o
MTST e a maioria do PSOL apesar de criticarem o novo “pacotaço” anunciado neste
dia 14 se negam a levar a frente uma luta decidada contra o ajuste neoliberal
porque desejam manter-se na esfera de críticos pontuais da gerência da frente
popular, com o PSOL em particular buscando tirar dividendos eleitorais da crise
do governo do PT.
A marcha deste 18 de setembro poderia ser um ponto de
apoio para as lutas contra o “pacotaço” que cortou mais 26 bilhões do
orçamento, um fator de unificação das greves em curso, como a dos servidores
federais e a dos trabalhadores dos correios que se inicia nos próximos dias.
Entretanto a política da Conlutas e do PSTU de “flertar” com a direita e seu
“Fora Dilma” acaba por afastar da mobilização amplos setores de base e da
vanguarda, que resistem aos ataques do governo, porém opõe-se corretamente a
qualquer tipo de “unidade tática” com a reação burguesa e seus lacaios como a
CGTB e o PPL. Na atual conjuntura defender o “Fora Dilma”, sem que haja uma
alternativa revolucionária de nossa classe, significa concretamente o “Venha a
Direita” para o governo! Opor-se ao institucional “Fora Dilma” de maneira
alguma representa emprestar apoio político a um governo que facilita a marcha
da direita fascista no Brasil. A LBI intervém nesta conjuntura extremamente
polarizada como o objetivo de mobilizar o proletariado para com a ação direta
derrotar o novo “pacotaço” do governo Dilma e a ‘Agenda Brasil’ a fim de impor
nosso programa histórico de reivindicações sociais! A vanguarda classista
também não pode ser ludibriada com o truque do “Fora Levy”, levantado pelo arco
da esquerda reformista, quando este estafeta é apenas um instrumento de
negociação do governo com a burguesia nacional e o imperialismo. Combater o
“ajuste” contra o povo e a nação sem derrotar quem o impulsiona, ou seja,
governo Dilma em seu conjunto, é completamente inócuo! O movimento operário e
popular a cada dia é surpreendido com uma nova faceta do ajuste, alertamos que
este processo é contínuo e está longe do fim, em síntese ou derrotamos este
governo e seus sócios da direita tucana ou o país sofrerá um retrocesso global
de dimensões muito similares a da privataria tucana da era FHC. Nossa tarefa
desde já é organizar a Greve Geral contra o ajuste neoliberal e sua maior
promotora, a “gerentona” do capital financeiro em nosso país, rompendo com a
camisa de força que a frente popular impõe ao movimento de massas. Somente por
esta senda classista e revolucionária o proletariado e sua vanguarda estarão
forjando as condições políticas e ideológicas para derrotar a reação burguesa
que avança no país, sanha extremamente facilidade pela desmoralização e
derrotas que os governos do PT vêm impondo aos trabalhadores da cidade e do
campo, este sim o verdadeiro “golpe” que já está em plena marcha contra a
classe operária e suas conquistas!