quarta-feira, 16 de setembro de 2015


O “GOLPE” JÁ ESTÁ EM PLENA MARCHA, RECRUDESCENDO O AJUSTE NEOLIBERAL CONTRA OS TRABALHADORES E PRIVATIZANDO O QUE RESTA DO PATRIMÔNIO ESTATAL SOB EXIGÊNCIA DOS EUA

O mais recente "pacotaço" de austeridade anunciado nesta segunda-feira (14/09) pelo governo não nos surpreendeu nem um pouco, já tínhamos apontado que diante do achaque sofrido pela "agencia" S&P Dilma se renderia integralmente as condições impostas pelos rentistas na expectativa da reversão da classificação negativa aferida pelos abutres do mercado financeiro. A repulsa mesmo veio por conta do extremo cinismo da esquerda governista que caracterizou o "ajuste do ajuste" como uma "ação contra o andar de cima". A blogosfera "chapa branca" em um misto de cretinismo e delírio da realidade definiu assim o novo "pacotaço": "Nosso governo, enfim, dá mais uma demonstração de como fazer o certo da maneira errada, porque evita assumir aquilo que, outro dia, se chamou aqui de “ter um lado”... Ainda assim foi um passo, finalmente um passo (Blog Tijolaço, 14/09). No mesmo rumo Planaltino o entusiasta Paulo Henrique Amorim definiu assim as recentes medidas tomadas pelo governo: "Ajuste começa com o lombo dos banqueiros", já para o Blog 247: "Governo rompe inércia e colhe sinais de alento", prosseguindo no texto de em um surrealismo regado a generosas verbas estatais: "O pacote fiscal não tira o governo da zona de risco, mas demonstra que ele ainda tem iniciativa e não respira por aparelhos. Isso é crucial nesta hora de cerco." Mas não pensem que a caradura é monopólio exclusivo da imprensa "alternativa", que hoje dedica-se a exorcizar o fantasma de um golpe de estado enquanto legítima as medidas neoliberais adotadas por este governo submisso aos interesses dos rentistas internacionais. O PCdoB em um momento de "sinceridade" abandonou a demagógica retórica em favor do "crescimento econômico" para defender sem firulas o ajuste: "Os governadores consideraram a gravidade do momento, mesmo que duras, as medidas foram consideradas positivas dentro das alternativas de sacrifício existentes. Além das medidas discutidas, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), pediu apoio da presidenta Dilma e da equipe econômica para articular junto à cúpula do Judiciário para apertar o cumprimento de medidas de combate à sonegação" (sítio Vermelho 15/09). Recém ingresso no campo governista coube ao fiel PCO pedir a Dilma que não ceda a direita pois isto poderá facilitar o golpe: "O governo parece ter sentido a pressão e se intimidado com a ameaça, anunciando hoje os cortes. Outras medidas anunciadas pelos ministros em Brasília foram no sentido de aumentar as receitas... A capitulação do governo reforça a política da direita golpista que tenta derrubar o governo". Para todo este arco "chapa branca" congelar salários já tão arrochados do funcionalismo público, retirar do saúde pública cerca de 4 bilhões de Reais, reduzir drasticamente programas sociais, com o Minha Casa Minha Vida entre outros, tudo isto para honrar compromissos com os agiotas controladores da dívida interna, são apenas "detalhes" ... O importante é evitar o suposto "golpe da direita", porém o "golpe do dia a dia " vem sendo cruelmente desferido contra o povo mais explorado nos corredores do SUS ou contra trabalhadores do setor estatal que estão há vários anos amargando "reajuste zero"!

Entretanto os arautos de "esquerda" do ajuste pretendem adulterar a realidade bem ao gosto da equipe econômica palaciana. Afirmam que a nova CPMF proposta pelo governo (alíquota de 0,2%) "fisgará" menos de dois Reais de um trabalhador que perceba um salário mínimo ou um pouco mais, ignorando o dado que o imposto agrupa todas as transações que envolvam o sistema bancário, e de cara alimentará ainda mais a espiral inflacionária. A nova versão da CPMF sequer será destinada ao combalido SUS, sob o pretexto de recompor o caixa da Previdência Social. Porém quem pensa que o pagamento das aposentadorias e pensões estão garantidas com o novo "Pacotaço" se enganou redondamente, Levy já anunciou que sem uma reforma estrutural da Previdência (leia- se mais ataques a direitos conquistados) não há sustentabilidade do sistema público. Para mais esta patifaria contra os trabalhadores o governo criou até um "fórum especial" para apresentar um novo projeto de custeio da Previdência. Enquanto o projeto do imposto sobre as grandes fortunas é acenado teatralmente a cada congresso do PT, sem que haja uma única iniciativa concreta do governo nesta direção, os "chicago boys" do governo atuam celeremente para tungar o povo trabalhador mais oprimido. Os estafetas dos rentistas instalados em Brasília só não dizem ao povo que para eles o importante mesmo é garantir o pagamento dos juros da rolagem de 500 bilhões da dívida e do déficit global da União, indicando que podem até vender as refinarias atuais, privatizando o que resta do patrimônio estatal sob a exigência dos EUA.

Frente a esta realidade de brutal ofensiva do governo contra os trabalhadores, é necessária a reação urgente dos explorados. Não se pode esperar nada das entidades “chapa branca” como a CUT, UNE, MST e seus satélites que usam o fantasma do “golpe” e a defesa da “democracia” para blindar o governo da frente popular. Cinicamente a direção da CUT anunciou que... “pedirá audiência com a Presidenta Dilma Rousseff para apresentar propostas”, ou seja, auxiliará o Planalto no ajuste contra os trabalhadores “apenas” criticando seus “excessos”. Neste segundo semestre ocorrem campanhas salariais de importantes categorias, seria necessário mobilizar os trabalhadores contra a recessão, as demissões e o ajuste neoliberal, mas as direções sindicais temem que a luta dos trabalhadores possam fragilizar ainda mais o cambaleante governo Dilma. Por isso, no máximo “exigem” índices de reposição salariais rebaixados e não radicalizam as greves, buscando acordos rápidos com os patrões. Foi o que se viu nas paralisações metalúrgicas que ocorreram no ABC paulista. Por sua vez, o MTST e a maioria do PSOL apesar de criticarem o novo “pacotaço” anunciado neste dia 14 se negam a levar a frente uma luta decidada contra o ajuste neoliberal porque desejam manter-se na esfera de críticos pontuais da gerência da frente popular, com o PSOL em particular buscando tirar dividendos eleitorais da crise do governo do PT. 
A marcha deste 18 de setembro poderia ser um ponto de apoio para as lutas contra o “pacotaço” que cortou mais 26 bilhões do orçamento, um fator de unificação das greves em curso, como a dos servidores federais e a dos trabalhadores dos correios que se inicia nos próximos dias. Entretanto a política da Conlutas e do PSTU de “flertar” com a direita e seu “Fora Dilma” acaba por afastar da mobilização amplos setores de base e da vanguarda, que resistem aos ataques do governo, porém opõe-se corretamente a qualquer tipo de “unidade tática” com a reação burguesa e seus lacaios como a CGTB e o PPL. Na atual conjuntura defender o “Fora Dilma”, sem que haja uma alternativa revolucionária de nossa classe, significa concretamente o “Venha a Direita” para o governo! Opor-se ao institucional “Fora Dilma” de maneira alguma representa emprestar apoio político a um governo que facilita a marcha da direita fascista no Brasil. A LBI intervém nesta conjuntura extremamente polarizada como o objetivo de mobilizar o proletariado para com a ação direta derrotar o novo “pacotaço” do governo Dilma e a ‘Agenda Brasil’ a fim de impor nosso programa histórico de reivindicações sociais! A vanguarda classista também não pode ser ludibriada com o truque do “Fora Levy”, levantado pelo arco da esquerda reformista, quando este estafeta é apenas um instrumento de negociação do governo com a burguesia nacional e o imperialismo. Combater o “ajuste” contra o povo e a nação sem derrotar quem o impulsiona, ou seja, governo Dilma em seu conjunto, é completamente inócuo! O movimento operário e popular a cada dia é surpreendido com uma nova faceta do ajuste, alertamos que este processo é contínuo e está longe do fim, em síntese ou derrotamos este governo e seus sócios da direita tucana ou o país sofrerá um retrocesso global de dimensões muito similares a da privataria tucana da era FHC. Nossa tarefa desde já é organizar a Greve Geral contra o ajuste neoliberal e sua maior promotora, a “gerentona” do capital financeiro em nosso país, rompendo com a camisa de força que a frente popular impõe ao movimento de massas. Somente por esta senda classista e revolucionária o proletariado e sua vanguarda estarão forjando as condições políticas e ideológicas para derrotar a reação burguesa que avança no país, sanha extremamente facilidade pela desmoralização e derrotas que os governos do PT vêm impondo aos trabalhadores da cidade e do campo, este sim o verdadeiro “golpe” que já está em plena marcha contra a classe operária e suas conquistas!