sábado, 19 de setembro de 2015


BALANÇO DA MARCHA DOS TRABALHADORES (18/09): UM PASSO LIMITADO PARA ALÉM DA POLÍTICA DO PSTU, PORÉM IMPORTANTE PARA UNIFICAR AS CATEGORIAS EM LUTA CONTRA O AJUSTE NEOLIBERAL DO GOVERNO DILMA

Ocorreu nesta sexta-feira, 18 de setembro, a Marcha Nacional dos Trabalhadores em São Paulo.  A manifestação contou com a presença de aproximadamente 15 mil pessoas e diversas categorias em greve se fizeram presentes como servidores públicos, trabalhadores dos correios, operários demitidos do Comperj, estudantes e metroviários. Ela foi convocada pelo Espaço Unidade de Ação, articulação que conta em seu interior com correntes políticas como PSTU, setores do PSOL, PCB, MRT-LER, entidades do movimento sindical, popular e etc. A militância da LBI em São Paulo interveio no ato através da distribuição de milhares de declarações políticas amplamente recebidas pelo ativismo presente criticando o eixo político de “Fora Dilma” ou mesmo “Chega de Dilma” por representar um “flerte” do PSTU com a direita, defendemos a luta direta contra o ajuste neoliberal via a unificação das lutas rumo a Greve Geral. Nossa pequena mas combativa militância fez a dura crítica programática diretamente ao próprio José Maria de Almeida (ver foto), demonstrando nosso combate à linha direitista do PSTU, ou seja, intervimos na marcha delimitando-se abertamente com o morenismo e seus satélites (MNN, CST, LSR, MRT). Nossa denúncia pública e combativa da absurda aproximação da Conlutas com a CGTB e o PPL feita durante vários dias antes da manifestação surgiu efeito, tanto que esses lacaios da direita sequer apareceram na marcha e anunciaram na véspera seu rompimento com a atividade.  A concentração teve início às 15 horas no vão do MASP e seguiu em passeata pela Avenida Paulista, Rua da Consolação até a Praça da República, onde foi encerrado o ato, paralisando por completo as principais vias do entorno. Estiveram presentes além da LBI, o POR e diversas entidades do movimento sindical que vieram de vários estados como os metalúrgicos de São José dos Campos, SINTUSP, ANDES entre outros, além de setores da UNE e oposições sindicais.

Militante da LBI critica política de concessões à direita do PSTU
Apesar da oportunidade de dar início a uma verdadeira agenda de lutas, que enfrente verdadeiramente a política de ataques neoliberais de toda burguesia nacional e do capital financeiro, representados pela frente popular contra as condições de vida de nossa classe, o que vimos no ato foi mais uma demonstração eleitoreira, sobretudo do PSTU, esperando capitalizar eleitoralmente os votos de setores da classe média com a bancarrota petista. Apesar de algumas exceções, boa parte das intervenções foi caracterizada por um discurso moralizante contra a corrupção e o PT, muito semelhante às falas da direita verde e amarelo em seus atos de apoio à reacionária “Operação Lava Jato” que prendeu dirigentes históricos do PT como Dirceu e Vacarri, presos políticos do regime da democracia dos ricos. A militância da LBI marcou presença na atividade demarcando posição: em suas intervenções e nos panfletos distribuídos, denunciamos duramente a política covarde e anti-operária da gerência petista, sem, no entanto comungar de nenhuma forma com a direita, como faz por exemplo o PSTU, MRT-LER  e etc., levantando a palavra de ordem do “Fora Dilma” sem que neste momento o proletariado não tenha nenhuma condição de construir uma alternativa concreta com a queda da gerentona petista, o que por outro lado não significa de forma nenhuma que emprestamos qualquer apoio a este governo serviçal do imperialismo. A proposta do PSTU apesar de encoberta de frases radicalizadas como a da “mobilização dos trabalhadores” e “Congresso Corrupto” não aponta na direção da ruptura institucional e revolucionária com este regime, caindo Dilma com as regras constitucionais vigentes ou teremos o vice Temer ou no máximo novas eleições (em um curto prazo) onde o a direita tucana daria um “passeio”. Na atual conjuntura o “Fora Dilma”, sem que haja uma alternativa revolucionária de nossa classe, significa concretamente o “Venha a Direita” para o governo! Opor-se ao institucional “Fora Dilma” de maneira alguma representa emprestar apoio político a um governo que facilita a marcha da direita fascista no Brasil. Desgraçadamente quando a Conlutas e o PSTU puderam colocar a classe operária em marcha contra os ataques neoliberais e o ajuste de Dilma como nos Metroviários de São Paulo e na GM de SJC trataram de sabotar a radicalização da luta.


A intervenção concreta da militância da LBI na marcha, fazendo um combate ativo, olho no olho, as posições direitistas do PSTU e defendendo a resistência da classe trabalhadora aos ataques covardes do governo Dilma põe por terra a crítica venal dos governistas do PCO à nossa corrente. Em seu um afã de justificar sua defesa do governo Dilma servil aos rentistas, Causa Operária afirmou “Enfeitando sua palavra de ordem, que nada mais é que a repetição das manifestações da direita ‘coxinha’, anticomunista, dos dias 15 de março, 12 de abril e 16 de agosto, com os dizeres ‘nem Aécio, nem Cunha, nem Temer’, essa curiosa frente da esquerda pequeno-burguesa é apoiada também por uma parcela ainda menor e menos conhecida de grupos de esquerda que orbitam a Conlutas e o PSTU, como o MRT/LER-QI, a LBI, o POR, o MNN e outros tantos grupelhos agrupados no Psol” (sítio PCO, 15.09). Ocorre que enquanto a militância da LBI interveio na marcha deste dia 18 de setembro criticando o “Fora Dilma” (ou “Basta de Dilma” do PSTU) da mesma forma como já havia feito na manifestação puxada pela CUT e o MTST no dia 20 de agosto desmistificando o engodo distracionista do “golpe iminente”, o PCO está de mãos dadas com a frente popular usando o fantasma do “golpe” para blindar o governo Dilma e junto com a CUT para sabotar a resistência dos trabalhadores ao ajuste neoliberal. De tão governista Causa Operária vem perdendo o pouco que tinha de sua influência sindical diretamente para o PT e a Articulação Sindical na CUT, como vimos no caso da ruptura de toda a direção do Sintect-MG com o PCO, que em plena greve dos trabalhadores dos Correios não tem sequer mais um representante na categoria. Agora para garantir sua existência legal devido à draconiana contrarreforma eleitoral aprovada no parlamento, Causa Operária irá recorrer ao próprio PT para “ajudar” o partido em crise a manter sua legenda oca pelo país. Além de usar as verbas milionárias do Fundo Partidário para comprar apoiadores no interior da esquerda, Rui Pimenta contará com a providencial “mãozinha” do governo Dilma para abrir diretórios fantasmas na condição de legenda de aluguel da frente popular, pois somente poderão participar do rateio do Fundo Partidário os partidos que tiverem até 2018 diretórios permanentes em 10% dos municípios em pelo menos 14 estados e em 20% das cidades em 18 estados até 2022. Este é o verdadeiro “negócio”, o pano de fundo que explica tamanho apego e dedicação do PCO a defesa do mandato de Dilma mesmo com a gerentona aplicando um duro ataque aos trabalhadores!

O movimento operário e popular a cada dia é surpreendido com uma nova faceta do ajuste, alertamos que este processo é contínuo e está longe do fim, em síntese ou derrotamos este governo e seus sócios da direita tucana ou o país sofrerá um retrocesso global de dimensões muito similares a da privataria tucana da era FHC. Nesse sentido, para se construir uma alternativa revolucionária a política de colaboração de classes do PT, CUT, UNE, MST e MTST fez-se necessário intervir na marcha do dia 18 de Setembro com uma dura crítica classista e anticapitalista ao governo Dilma. Como não podemos esperar que o arco da esquerda “chapa branca” (PT, PCdoB, PCO) seja capaz de lutar dignamente contra a extrema-direita, é tarefa das forças da esquerda mais consequente e de seus aliados genuinamente democráticos impedir que as manifestações reacionárias galvanizem setores da população mais castigados pela política neomonetarista do governo. Impõe-se a construção de uma mobilização operária e popular, que pela via da ação direta das massas esmague o germe do fascismo e derrote seus cúmplices oficiais, uma orientação oposta do “flerte” criminoso que o PSTU e a Conlutas vem fazendo para a direita, impressionados com as marchas verde-amarelas que vem ocorrendo no país.

Apesar das limitações, a LBI caracteriza como progressiva a Marcha dos Trabalhadores ocorrida neste dia 18, tendo em vista que para além da política do PSTU ela abriu a possibilidade para a aglutinação de forças dos setores da vanguarda classista e do movimento operário para dar o combate através de uma política justa e com nossos métodos de luta da classe operária, contra os ataques do capital sobre as condições de vida da massa operária que tendem a se acentuar no próximo período, como resposta capitalista para seu declínio estrutural em todo o globo. Nossa tarefa desde já é organizar a Greve Geral contra o ajuste e sua maior promotora, a gerentona do capital financeiro em nosso país, tarefa que esta na ordem-do-dia na medida em que as campanhas salariais em curso (correios, servidores públicos, bancários) se chocarão abertamente com os efeitos do “pacotaço” anunciado por Dilma e Levy, golpe que além de anunciar o congelamento salarial dos servidores, provocará mais demissões no próximo período.