18/09 - MARCHA DOS TRABALHADORES: PRA LUTAR CONTRA DILMA E O
AJUSTE NEOLIBERAL NÃO SE PODE UNIR COM A DIREITA E SEUS LACAIOS DO
PPL!
A CSP-Conlutas, em conjunto com outras entidades sindicais
do chamado Espaço Unidade de Ação e correntes políticas como o PSTU, PCB e
setores do PSOL convocou para o dia 18 de setembro, em São Paulo, a Marcha dos
Trabalhadores. Segundo o boletim que convoca a atividade, trata-se de uma
“manifestação nacional contra o governo do PT, o Congresso Nacional e também
contra o PSDB”. A LBI e os sindicalistas
revolucionários da TRS irão participar desta marcha assim como interviemos
ativamente nos atos do dia 20 de agosto convocados pelo MTST e a CUT. Em ambos
os casos defendemos publicamente um eixo claro em favor da luta direta contra o
ajuste neoliberal e os ataques covardes desferidos pelo governo Dilma contra os
trabalhadores. Naquele momento denunciamos para a base classista presente que a
partir do “acordão” de várias frações das classes dominantes para estender a
governabilidade petista, caiu por terra o engodo do perigo do golpe. O que se
impõe agora é mobilizar os trabalhadores contra a “Agenda Brasil” que unificou
o conjunto burguesia, sacrificando até os hidrófobos da direita mais
inconveniente para Dilma como Cunha e Aécio. Por esta razão, da mesma forma que
no dia 20 de agosto denunciamos a manobra das entidades “chapa branca” em
transformarem as manifestações em atos em defesa do governo Dilma contra o
suposto “golpe da direita” que não está na ordem dia (como já declararam
banqueiros, industriais e a própria Rede Globo) desde já declaramos nossa
discordância como eixo político de “Fora Dilma” apresentado pela Conlutas-PSTU
e seus aliados para este 18 de Setembro . Ao contrário, nos opomos
decididamente a ele e consideremos a política proposta pelos organizadores da
atividade equivocada por representar um aceno para a direta. Uma prova do que
afirmamos é que entre os convocantes da Marcha dos Trabalhadores está o PPL e
sua central sindical, a mafiosa CGTB, partido que defende o “Fora Dilma” junto
com os grupos fascistas, sendo aliado da direita mais reacionária pelo país
afora, tanto que apoiou Marina Silva nas eleições presidenciais e acabou de
aceitar a filiação da vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento, aliada do
fascistóide ACM Neto. O PPL é herdeiro do MR-8 que sempre prestou seus serviços
sujos para a direita, como capangas de Quércia e Newton Cardoso contra a
esquerda classista. Não por acaso, o Hora do Povo (11 a 15.09), porta-voz do
PPL e da CGTB no artigo “Manifesto conjunto da CGTB e Conlutas convoca
manifestação” afirma “Com as bandeiras de Fora Dilma, Cunha, Renan, Temer e
Aécio, os sindicalistas defendem que é preciso construir uma alternativa ao
país”. Este arco de aliança reflete as próprias posições do PSTU que volta a
flertar com a direita reacionária com seu “Basta de Dilma” depois de ter tido
vergonha em ir a marcha “coxinhas” do dia 16 de agosto.
Segundo o PSTU, a convocatória do dia 18 ocorre porque
“Nossa alternativa não pode ser apoiar esse governo como tem feito a CUT, o MST
e a UNE que chamaram uma manifestação cujo conteúdo foi o ‘Fica Dilma’ no dia
20 de agosto, infelizmente com o apoio do MTST e da maioria da direção do PSOL.
Nem apoiar Aécio Neves do PSDB e Eduardo Cunha do PMDB, que defendem que seja
esse Congresso corrupto a tirar o governo e indicar um deles para governar,
através da via do ‘impeachment’” (site PSTU, artigo: 18 de Setembro: Marcha dos
Trabalhadores e Trabalhadoras). Desta forma, afirma que não é a favor da saída
de Dilma pelas mãos do corrupto Congresso Nacional (impeachment), chamando o
movimento social a romper com a política do PT no sentido de buscar outra
alternativa de governo, em suas próprias palavras: “O que nosso partido propõe
é que os trabalhadores se organizem e lutem para derrubar o governo
Dilma”(Idem). A vanguarda classista que já demonstrou nas ruas a disposição em
combater o plano de austeridade fiscal deste governo tão generoso com os
rentistas poderá até ficar “seduzida” com a proposta do PSTU que convida para a
derrubada de Dilma, citando o nome de Aécio, Cunha e Temer como mero
distracionismo político porque de fato a manifestação tem como alvo a
“gerentona” petista. Acontece que a plataforma política destas organizações da
“oposição de esquerda” em nenhum momento aponta que para ocupar o cenário vazio
de uma possível queda do governo é necessário primeiro construir uma
alternativa de poder revolucionário dos trabalhadores, sem a dualidade do poder
proletário a derrubada de Dilma obrigatoriamente dará lugar a posse de um outro
governo burguês que nesta conjuntura teria colorações de direita. A proposta do
PSTU apesar de encoberta de frases radicalizadas como a da “mobilização dos
trabalhadores” e “Congresso Corrupto” não aponta na direção da ruptura
institucional e revolucionária com este regime, caindo Dilma com as regras
constitucionais vigentes ou teremos o vice Temer ou no máximo novas eleições
(em um curto prazo) onde o a direita tucana daria um “passeio”. Ou seja, a
única alternativa de poder já constituída no momento para o “default” de Dilma
é da ala burguesa mais reacionária e “linkada” diretamente ao imperialismo. Nós
da LBI fomos a primeira corrente em afirmar a necessidade de construir uma
oposição operária ao governo da Frente Popular, enquanto o próprio PSTU chamava
no início a um “apoio crítico”, entretanto não confundimos nossa estratégia com
a realidade concreta da situação política e organização da classe operária. Na
atual conjuntura o “Fora Dilma”, sem que haja uma alternativa revolucionária de
nossa classe, significa concretamente o “Venha a Direita” para o governo!
Opor-se ao institucional “Fora Dilma” de maneira alguma representa emprestar
apoio político a um governo que facilita a marcha da direita fascista no
Brasil. Desgraçadamente quando a Conlutas e o PSTU puderam colocar a classe
operária em marcha contra os ataques neoliberais e o ajuste de Dilma como nos
Metroviários de São Paulo e na GM de SJC trataram de sabotar a radicalização da
luta.
Diante do flerte do PSTU com a direita, correntes como Causa Operária, que defende o governo Dilma, aproveitou o fato para denunciar a adesão política do PPL à Marcha do dia 18 de setembro. Os camaleões do PCO criticam indignados que marchar com o PPL contra o ajuste neoliberal é uma traição: “No ato dos radicais, dos socialistas puros, dos esquerdinhas de carteirinha, dos anti-governistas principistas etc. estarão setores da extrema-direita do movimento sindical, como eles mesmo vem anunciando. Estarão os ultrapelegos da CGTB, aliados constantes da Força Sindical e seu partido PPL que defende o Fora Dilma... Sair dia 18 de setembro será uma política de aliança com a direita. Uma traição aos trabalhadores” (site PCO, artigo: O PSTU de mãos dadas com a direita carlista, 29.08). A crítica do PCO não passa de um bom exemplo de quando o “sujo fala do mal lavado”, pois quando se trata de marchar com o mesmo PPL para defender a verba do Fundo Partidário Causa Operária não vê qualquer problema de estar junto desta legenda de aluguel da direita, ao contrário, o PCO reivindica publicamente a aliança com os venais do PPL contra o fim da boquinha milionária do TSE, ficando de mãos dadas para defender o recebimento do dinheiro distribuído pelo Estado burguês. Nesta hora o PPL serve, é um aliado e uma boa companhia para o PCO, não é mais “carlista”, direitista e sim um “partido de esquerda” como caracteriza o camaleônico o PCO no esclarecedor artigo “Uma reforma para proscrever a esquerda das eleições” (30.08) em que Causa Operária afirma, vejam: “Na noite da quinta-feira (28) em meio às votações da Reforma Política, a Câmara dos Deputados aprovou uma cláusula de barreira contra os partidos ditos ‘pequenos’. Caso a lei se confirme em nova votação na Câmara e duas votações no Senado, quatro partidos perderão o direito ao Fundo Partidário e ao tempo gratuito de TV e Rádio: PCO, PCB, PSTU e PPL. Ou seja, quatro partidos de esquerda que não possuem deputados”. Com o se observa, a crítica do PCO tem pé de barro porque o hoje “direitista” PPL foi apresentado há poucos meses atrás como um “partido de esquerda”. Não nos causa surpresa tamanha mudança de opinião, oportunismos a parte é que a realidade histórica vem obrigando este agrupamento a praticar as mais esdrúxulas piruetas políticas. Lembremos que o PCO migrou repentinamente do slogan “Fora Lula” há poucos anos atrás para uma defesa intransigente do governo Dilma, que coloca a economia do país a serviço dos rentistas do capital financeiro com um programa neoliberal de privatizações e ataque as conquistas operárias. Analisando as eleições de 2010, o PCO atacava os que utilizavam a expressão “PIG” (a LBI inclusa), para definir as posições da mídia corporativa, como uma ficção já “que não havia nenhuma intenção golpista da burguesia contra o governo do PT”. Porém todos têm o absoluto direito de mudar bruscamente de posições, este parece ser o caso crônico do camaleônico PCO. O que realmente chama atenção é a base programática destas mudanças que vão desde vislumbrar a revolução dobrando a esquina até a iminência de um golpe de Estado no Brasil. Hoje, a política de colocar o movimento de massas à reboque a defesa do governo Dilma “contra a direita” vem paralisando a resistência dos trabalhadores ao ajuste neoliberal imposto pelo Palácio do Planalto completamente servil ao grande capital, na medida que a CUT, PT, PCdoB, PCO temem que as mobilizações operárias contra os ataques do governo Dilma joguem água no moinho da oposição conservadora, pois há um amplo descontentamento popular contra as medidas recessivas.
Se é correto denunciar energicamente a ofensiva reacionária da direita contra as liberdades democráticas e de organização política e sindical dos trabalhadores (redução da maioridade penal, terceirização, contrarreforma eleitoral) não se pode negligenciar por nem um minuto na denúncia de que o PT é cúmplice-mor dessa reação e garante sua governabilidade burguesa justamente pactuando com o PSDB novas investidas contra a classe operária. Portanto, é fundamental a construção de uma alternativa operária diante da grave crise política e econômica que o país atravessa, porém esta senda passa bem longe das saídas institucionais burguesas que estão postas pelas oposições de “esquerda e direita”. Demarcar o campo com a reação fascista é um princípio básico para todo Marxista, mas que desgraçadamente o PSTU não concebe. Delimitar claras fronteiras com a política de colaboração de classes da Frente Popular é outro princípio que foi ignorado pelos revisionistas do PCO. Forjar um árduo e necessário percurso no combate pela independência de classe com a bússola da estratégia socialista é a tarefa que se mantém viva nesta etapa política polarizada pelas diversas variantes burguesas. A LBI também considera assim como o PSTU que não há risco de golpe no Brasil como alega o PCO e outros setores chapa branca que na verdade desejam blindar o governo Dilma e sabotar a resistência operária ao ajuste neoliberal imposto pelo PT, mas em nenhum momento flertamos com o “Fora Dilma” e muito menos vemos com simpatia as marchas da reação fascista. Desde as manifestações de março e abril chamamos a enfrentar a direita e inclusive nas ruas através de brigadas de militantes para responder as provocações fascistas em tom “verde-amarelo”. Neste momento, consideramos que o melhor caminho para enfrentar o ajuste neoliberal é fortalecendo as greves e a ação direta dos trabalhadores, o que não esteve na contramão de intervir nos atos do dia 20 convocados pela CUT e MTST com um programa próprio, de combate às medidas neoliberais do governo do PT e, muito menos agora, na Marcha dos Trabalhadores do dia 18 de Setembro, rechaçando qualquer unidade tática com a direita e seus lacaios do PPL e da CGTB. Como já afirmamos nossa tarefa é ganhar as ruas não para defender o lacaio governo Dilma de um suposto golpe militar inexistente ou para dar suporte ao “Estado Democrático” que espolia e assassina a população pobre e negra. Vamos mobilizar o proletariado para com a ação direta derrotar a ‘Agenda Brasil’, a direita fascista e impor nosso programa histórico de reivindicações sociais! A vanguarda classista também não pode ser ludibriada com o truque do “Fora Levy”, levantado pelo arco da esquerda reformista, quando este estafeta é apenas um instrumento de negociação do governo com a burguesia nacional e o imperialismo. Combater o “ajuste” contra o povo e a nação sem derrotar quem o impulsiona, ou seja, governo Dilma em seu conjunto, é completamente inócuo! O movimento operário e popular a cada dia é surpreendido com uma nova faceta do ajuste, alertamos que este processo é contínuo e está longe do fim, em síntese ou derrotamos este governo e seus sócios da direita tucana ou o país sofrerá um retrocesso global de dimensões muito similares a da privataria tucana da era FHC. Nossa tarefa desde já é organizar a Greve Geral contra o ajuste e sua maior promotora, a gerentona do capital financeiro em nosso país. Nesse sentido, para se construir uma alternativa revolucionária a política de colaboração de classes do PT, CUT, UNE, MST e MTST faz necessário intervir na marcha do dia 18 de Setembro com uma dura crítica classista e anticapitalista ao governo Dilma. Como não podemos esperar que o arco da esquerda “chapa branca” (PT, PCdoB, PCO) seja capaz de lutar dignamente contra a extrema-direita, é tarefa das forças da esquerda mais consequente e de seus aliados genuinamente democráticos impedir que as manifestações reacionárias galvanizem setores da população mais castigados pela política neomonetarista do governo. Impõe-se a construção de uma mobilização operária e popular, que pela via da ação direta das massas esmague o germe do fascismo e derrote seus cúmplices oficiais, uma orientação oposta do “flerte” criminoso que o PSTU e a Conlutas vem fazendo para a direita, impressionados com as marchas verde-amarelas que vem ocorrendo no país.