sexta-feira, 18 de setembro de 2015


ESQUERDA "CHAPA BRANCA" RADICALIZA NA CARA DE PAU E AFIRMA QUE PACOTAÇO FOI PARA "GARANTIR A APOSENTADORIA DOS VELHINHOS"

O cinismo dos reformistas na tentativa de mascarar as últimas medidas de austeridade do ajuste neoliberal em pleno curso de recrudescimento contra os trabalhadores, parece não ter mesmo limites. Regado as "gentilezas" da farta estrutura material do PT, o arco "chapa branca" vem afirmando que o aprofundamento do ajuste desta vez atingiu em cheio o "andar de cima". O sítio governista "Carta Maior", que até então mantinha uma linha de apoio crítico a Dilma clamando pela "retomada do crescimento" deu o tom de até onde pode ir a cara de pau  da esquerda cooptada: "Dilma teimou e não cumpriu o script da Folha de cortar os gastos sociais. Ao criar uma CPMF para garantir a aposentadoria dos velhinhos resgatou o princípio da solidariedade." (Carta Maior, 15/09). Parece até uma tese de imbecis asseverar que a criação da nova CPMF tem por objetivo proteger as aposentadorias, enquanto é de conhecimento público que o imposto terá como destino fim o bolso dos rentistas, que impõe os rumos da política econômica do governo petista. Porém de imbecil a esquerda reformista não tem nada... muito "esperta" e ágil para abocanhar verbas e favores estatais elabora "teorias" em defesa da democracia burguesa vislumbrando um golpe de estado a cada movimento político da direita parlamentar. Ao criar a "teoria" do fantasma da iminência golpe, os apologistas do governo da Frente Popular acusam os que travam o justo combate de massas contra o ajuste neoliberal de "estarem com a direita", e que Dilma deve ser defendida a todo custo porque se a presidente cair quem assumiria o Planalto seria o tucanato alinhado com os EUA. Nesta lógica, que não é propriamente nova na história do movimento operário, o proletariado deverá estar amarrado ao campo burguês "democrático", sob pena de favorecer a escalada da direita que poderá instalar um "regime político bem pior". Falando concretamente em termos de conjuntura nacional, os arautos do Planalto tentam convencer os movimentos sociais de que o "ajuste tucano seria ainda mais amargo" e que para evitar volta da direita ao governo é "preciso engolir sapos". Em resumo como bem definiu o PCO em um rasgo de sinceridade profunda: "Eles dizem quem é contra o golpe é governista, é a favor da Dilma do Joaquim Levy, a favor do veto presidencial em relação as aposentadorias, das privatizações que o PT está fazendo etc. isso é desconversar, não se trata de estar a favor de política A ou B, o que se trata é de ser estar ou não a favor que a direita derrube o governo do PT" (sítio PCO 15/09). É isto mesmo que está escrito acima... não se trata de estar a favor de "política A ou B", mesmo que o "A" signifique congelar salários dos servidores federais e o "B" represente tirar da saúde pública 4 bilhões de Reais, e muito menos ainda que o "A e B" somados se destinem ao pagamento da agiotagem internacional ... O que realmente importa para estes cretinos reformistas é que a direita não volte para o Planalto, pois quem sabe poderiam perder os "mimos" que o regime burguês lhe oferecem atualmente... Já para quem teve os direitos sociais subtraídos pela "política A ou B" deve ser dito que o importante mesmo é que o PT se mantenha no governo por longos anos...

Como forma de atenuar a responsabilidade direta do governo Dilma na adoção das medidas antipovo, os "socialistas" do Planalto transferem a "culpa" da situação na crise mundial do capitalismo, ou seja, o PT apenas seria mais uma "vítima" da desaceleração econômica internacional. Sob esta ótica a queda da arrecadação estatal no Brasil é produto da crise capitalista, que diminuiu a produção e o consumo nacional não restando outra opção a Dilma que não seja cortar gastos públicos e aumentar impostos e diminuir salários ... injustos e ignorantes são aqueles que não compreendem que a crise é do modo de produção capitalista e que o governo nada pode fazer contra forças superiores.... O interessante desta estúpida lógica que vem sendo assumida pela esquerda "chapa branca" é o fato de nunca questionarem o caráter de classe deste governo (que interesses sociais representa), todo debate sobre os rumos programáticos que o governo segue sempre é equacionado no final como uma luta entre a "direita golpista" que ameaça a "estabilidade democrática". Seria até razoável que liberais burgueses que apoiam o governo do PT descartassem a luta de classes como motor da história e da própria conjuntura política, o que nos causa espécie é o fato de correntes que se dizem marxistas assumirem a mesma dinâmica. Por acaso estes senhores de "esquerda" convertidos aos "favores" do governo não sabem que enquanto Dilma corta 30 bilhões do orçamento com redução dos programas sociais e congelamento de salários entrega aos rentistas agiotas 500 bilhões em menos de dois anos como amortização de uma dívida estatal que já alcança a espetacular cifra de 2,5 trilhões de Reais! Somente 12 grupos financeiros, são os chamados "dealers", detém cerca de 70% de nossa dívida pública. Bastava que o governo expropriasse um terço dos títulos fraudados da dívida, em posse dos "dealers", para que gerasse uma receita de quase 1 trilhão de Reais, porém prefere cortar na carne dos aposentados, desempregados e da população carente e continuar a angariar o diploma de "queridinho do mercado". Esta linha de governo nós definimos como sendo a representação de um agente do capital financeiro contra os interesses da classe operária, muito distante da dualidade burguesa apresentada como a "direita golpista" versus a "normalidade democrática".

Os grandes grupos econômicos transnacionais não perderam absolutamente nada com a recessão econômica brasileira, graças a generosidade do governo Dilma continuam remetente gordos lucros as suas matrizes e em muitos casos até vem ampliando sua taxa de acumulação. Exigem privilégios e este governo capacho cede cada vez mais, independente de estourar o déficit fiscal do país. Só para ficar em um único exemplo emblemático, as corporações internacionais de energia fóssil exigem de Dilma que suspenda a construção (já em fase avançada) das refinarias da Petrobras. Não exigem somente abocanhar uma fatia maior do pré sal, querem que o país continue a importar gasolina, nafta e diesel do consórcio mundial que controla o refino do petróleo. Pois bem um dos maiores rombos nos cálculos do governo é a chamada "conta petróleo" que apresenta um déficit estatal de mais de 30 bilhões de Reais ao ano, qualquer governo minimamente soberano e democrático pretenderia se ver livre desta dependência, porém Dilma aponta em outra direção, mandou suspender as plantas das novas refinarias da Petrobras, gerando um enorme prejuízo ao país e a própria estatal, para atender a solicitação do imperialismo e sua subsidiária informal, a famigerada "operação Lava Jato". Neste compasso é impossível afirmar que este governo trabalha pela democracia e soberania do país, a não ser que sejamos cúmplices desta patifaria à serviço dos monopólios imperialistas.

Nós da LBI fomos a primeira corrente política na esquerda não corrompida a convocar a defesa incondicional das lideranças históricas do PT quando estavam sendo alvo da ofensiva reacionária da direita, sob a capa da "moralidade pública", favor lembrar da farsa jurídica do chamado "Mensalão". Denunciamos inclusive a cumplicidade do governo Dilma que não moveu um dedo sequer na defesa de seus companheiros: José Dirceu, Genuíno Neto e Delúbio Soares. Outra questão completamente diferente é a permanente defesa de um governo burguês, inteiramente servil as demandas do capital financeiro e do agronegócio sob o pretexto da iminência de um golpe de estado. Desarmar a resistência proletária contra os covardes ataques neoliberais de um governo de colaboração de classes, em nome da defesa da democracia dos ricos significa um verdadeiro crime de estelionato político. Alertamos que a degeneração ideológica e material do PT, que estabeleceu relações políticas e comerciais com grandes corporações capitalistas , hoje atinge outras organizações da "esquerda" que vem sendo financiadas em menor escala para agitar o "fantasma do golpe". O governo da Frente Popular é "mestre" na arte política da cooptação política e dispõe de muitos recursos para tanto. Manter a integridade política e ideológica da esquerda Marxista Revolucionária é das tarefas centrais nesta etapa histórica da ofensiva neoliberal contra o movimento operário e suas direções.