DESCOBRIMOS TARDIAMENTE QUE A DUPLA VALÉRIO E WALDO, CÂNONES DO "MAIS", APOIARAM O SIONISMO E O ESTADO DE ISRAEL NA GUERRA CONTRA A SÍRIA (YOM KIPPUR/73) PORQUE HAFEZ ASSAD ERA UM "DITADOR SANGRENTO"...
Foi considerada por muitos analistas em geopolítica como a
"Quarta guerra Árabe-Israelense", estamos falando obviamente da guerra
do Yom Kippur (feriado judaico) que se passou nos primeiros dias de outubro de
1973 e que pela primeira vez na "recente" história do enclave
sionista conseguiu inflingir uma espetacular derrota inicial a Israel, gendarme
"armado até os dentes" pelo imperialismo ianque. Os regimes árabes na
década de 60 e meados dos 70 atravessavam um período marcado pelo
"nacionalismo" liderado principalmente pelo presidente egípcio Gamal
Abdel Nasser, falecido no início de 1970. O chamado "Pan-Arabismo"
pregava a reunificação dos povos árabes em uma única nação, influenciando a
derrubada de vários governos servis ao imperialismo ianque e europeu. Regimes
como os do Iraque, Líbia, Jordânia, Síria etc.. passaram a seguir os
"ideais" de Nasser e se tornaram alvos diretos da máquina de guerra
israelense e do próprio comando maior do Pentágono. Estes governos,
caracterizados pelos Marxistas como nacionalistas burgueses, adotavam uma
plataforma "terceiro mundista" (termo que se notabilizou no planeta
inteiro desde a África até a América), tentando demarcar um suposto campo entre
o capitalismo internacional e o socialismo real, representado na época pelo
bloco soviético. Entretanto o "sonho" Nasserista de fundar a União
das Repúblicas Árabes esbarrava na própria limitação do caráter de classe
burguês desta tentativa política, ou seja, a iniciativa estava calçada na
exploração e opressão do proletariado e das nacionalidades oprimidas, como a
palestina em um caso concreto que permeava toda a região. Também no campo
militar os regimes nacionalistas árabes, o que em um sentido mais amplo incluía
algumas monarquias, repúblicas e ditaduras, acumulavam derrotas seguidas frente
ao gendarme de Israel tanto em função da franca inferioridade bélica como da
própria covardia política dos governos burgueses em mobilizar as massas para o
combate. Estes fatos trágicos para a luta anti-imperialista ocorreram nos
conflitos de 1948, logo após à "instalação" de Israel na região e
mais dramaticamente na guerra dos "Seis Dias" em 1967, quando o
sionismo impôs aos regimes nacionalistas árabes uma humilhante derrota,
"anexando" de uma única tacada os territórios do Sinai, Gaza, Golã e
Cisjordaniana tomados a força do Egito, Síria e Jordânia. O chamado
"Terceiro Mundo" árabe ainda que sofresse um duro cerco econômico e
militar do imperialismo, um aliado visceral de sua sucursal sionista,
recusava-se em selar um pacto político mais sólido com a antiga URSS, que
todavia era quem fornecia armamento aos governos adversários de Israel diante
do bloqueio ordenado pelos EUA. Porém em outubro 1973, após a morte de Nasser,
os governos "derrotistas" árabes (alcunha criada por Arafat para ironizar
a impotência do nacionalismo burguês em derrotar Israel) resolvem iniciar uma
grande operação militar "surpresa" que abriu a oportunidade de vencer
pela primeira vez a poderosa máquina de guerra do sionismo. Estamos falando da
Guerra do Yom Kippur, liderada por Sadat (sucessor de Nasser) e Hafez (pai de
Bashar Assad), quando as tropas sírias atacaram os baluartes dos Montes Golã
enquanto as forças do Egito atacavam as posições israelenses em volta do Canal
de Suez e da Península do Sinai. As tropas árabes infligiram graves perdas no
exército sionista israelense, até então considerado soberbamente como
"invencível". A capital da Síria, Damasco foi covardemente
bombardeada por caças F-5 em suas zonas civis, causando a morte de milhares de
cidadãos não alistados para a guerra, mas a mídia "murdochiana" na
época não derramou sequer nem uma "lágrima de crocodilo". A contra
ofensiva militar de Israel somente se estabilizou uma semana após o vexame de
ter sido humilhada pelos "ditadores" Sadat e Hafez, que contaram com
o decisivo apoio da OLP na guerrilha da fronteira da Faixa de Gaza, o
comandante Arafat conhecia bem na pele o caráter repressivo dos governos
egípcio e sírio, porém sabia que o inimigo maior do povo palestino era
representado pelo enclave sionista, uma base estratégica de suporte dos planos
da pilhagem imperialista na região. Com o forte apoio logístico da OTAN, Israel
conseguiu retomar posições territoriais perdidas na ofensiva militar síria, por
sua vez a ONU e a própria URSS correram logo para negociar uma trégua na guerra
do Yom Kippur (o cessar fogo foi celebrado em 25 de outubro) temendo que o
impacto político da derrota preliminar sionista pudesse "contaminar"
a luta mundial de todos os povos oprimidos pelo imperialismo. Passados 43 anos
da guerra do Yom Kippur, quando os regimes nacionalistas árabes se passaram
para o lado do inimigo imperialista ou foram derrubados pela ação direta da
Casa Branca, como recentemente Kadafi na Líbia, a Síria sobreviveu como um
limitado entrave militar ao expansionismo sionista, tendo o regime dos aiatolás
no Irã como principal aliado na região. A oligarquia atual dos Assad já não tem
o arroubo anti-imperialista do falecido Hafez, como desgraçadamente também foi
docilmente convertida a heróica OLP dos anos 70, mas nem por isso o sionismo
pretendeu conceder-lhe um "indulto", pelo simples fato de não ter se
dobrado integralmente como fez a oligarquia dos Hussein na Jordânia. A
existência de uma aliança militar entre Síria, Irã e o Hezbolah (Líbano) é algo
que não pode ser tolerado por Israel, como ainda não podem atacar o regime dos
aiatolás temendo uma represália nuclear, partiram para desmembrar o território
sírio com a ajuda de "rebeldes" sunitas e do ISIS. O passo seguinte
do governo nazisionista do Likud, caso se confirmasse a queda de Assad seria
atacar o Líbano e eliminar as forças do Hezbolah. Neste complexo tabuleiro do
xadrez da guerra, os Marxistas Revolucionários não podem se abster ou tampouco
engrossar o caldo do imperialismo, que sempre recorre ao apelo da "união sagrada
dos democratas de todo o mundo" contra as "tiranias ditatoriais"
dos países semicoloniais. O grupo "MAIS" tem se notabilizado na cepa
dos Morenistas por tentar demonstrar profundo conhecimento da questão
árabe-palestinas nas figuras dos seus dirigentes Valério Arcary e Waldo. A
dupla que não é sertaneja vem apoiando decisivamente a ofensiva sionista para
derrubar Assad e desmembrar o território sírio, alegando que o regime
nacionalista não passa de uma "ditadura sangrenta" e que estaria em
curso no país uma "revolução", a mesma conduta replicante que tiveram
na Líbia quando estavam no interior da LIT. Com atuais "critérios
democráticos" do MAIS utilizados no conflito em curso, os Trotskistas
teriam que ter apoiado a queda do "ditador" Hafez Assad quando este
foi bombardeado por Golda Meir, então primeira ministra de Israel em 1973, com
o aval criminoso do Partido Comunista israelense que adotou na ocasião os
mesmos "critérios" esgrimidos hoje pela dupla morenista. É importante
registrar que o regime Assad sempre contou com uma forte oposição
interna,financiada pela CIA, desde que tomou o poder no ano de 1970 em um golpe
de Estado. Agora os cínicos carniceiros imperialistas "choram" por
Alepo (reduto das provocações sionistas contra o regime sírio) e acusam Assad de
genocídio contra seu povo, sustentando sua demagogia na reacionária oposição
dos "rebeldes" e sem escrúpulos no próprio EI que dizem combater (uma
aberração derivada Al Qaeda criada por Reagan). Não temos a menor dúvida que o
nacionalismo burguês árabe não merece a menor confiança política do
proletariado mundial, foram muitas vezes cúmplices do sionismo quando atacaram
os palestinos da OLP na Jordânia e no Líbano ou mesmo o regime dos aiatolás
posteriormente a sequência da queda do Xá Reza Pahlevi. Porém os Leninistas
sobejamente sabem que o pior inimigo dos povos é o imperialismo, em sua
trincheira militar não há lugar para genuínos revolucionários. Não podemos
"chorar" por Alepo exatamente no momento em que a OTAN, o sionismo e
o EI colhem sua pior derrota militar desde que começaram suas provocações
contra o regime Assad, Valério e Waldo que se encarreguem de "lamber as
feridas" de Netanyahu e Obama.