sábado, 17 de dezembro de 2016

NOVA OFENSIVA REACIONÁRIA CONTRA O ETA: HOLLANDE E RAJOY PRENDEM MILITANTES BASCOS. PELA LIBERDADE IMEDIATA DOS PRESOS POLÍTICOS DO IMPERIALISMO EUROPEU!


Cinco militantes do grupo basco “Pátria Basca e Liberdade” (ETA) foram presos hoje (17/12) em Bayonne em uma operação conjunta da polícia da França e da Guarda Civil espanhola. A ação ocorreu na localidade de Louhossoa, região de Bayonne, sudoeste da França, perto da fronteira com a Espanha. Segundo as forças de segurança junto com os militantes foram encontradas armas, um arsenal que segundo os representantes do ETA seria destruído como parte de um acordo que estava sendo negociado com entidades da sociedade civil. O advogado e ativista Michel Tubiana, ex-presidente da ONG francesa Liga dos Direitos Humanos, afirmou ao jornal “Le Monde” que pretendia estar no local da operação, já que mediava “um processo voluntário de desarmamento do ETA”.  Os presos são Jean-Noël Etcheverry, diretor do grupo ecologista Bizi!, uma organização basca cujo nome significa "Viver", Michel Berhocoirigoin, o ex-presidente da Câmara de Agricultura Alternativa do País Basco, Michel Bergougnan, membro de uma cooperativa vitícola, e a jornalista Béatrice Haran-Molle, dona da casa onde aconteceram as detenções. Várias organizações bascas denunciaram a ação policial como totalmente arbitrária. Em novembro, Mikel Irastorza, o dirigente máximo da organização basca também foi encarcerado na França. Na época foi dito que sua detenção era “um duro golpe nas estruturas do ETA representando a eliminação de sua estrutura de direção, encarregada de dirigir a gestão do arsenal armamentístico e explosivo”. Os governos francês e espanhol em uma cínica nota afirmaram que “até que a entrega definitiva das armas e a dissolução do grupo terrorista ocorra, seguiremos lutando contra o terrorismo”. Lembremos que em 2013 em uma operação ilegal e arbitrária da Polícia Federal em conjunto com órgãos de inteligência da polícia espanhola foi preso no Rio de Janeiro, o professor Gotzon González, acusado de pertencer no passado a uma ala da organização separatista basca. Gotzon já residia no Brasil com família constituída há pelo menos 16 anos, trabalhando como professor e tradutor de espanhol. Como se observa o imperialismo europeu vem perseguindo e prendendo os militantes do ETA mesmo após o movimento basco ter declarado sua entrega gradual de armas. Esta linha reacionária segue analogamente o que está acontecendo na Colômbia com as FARC, quando as organizações guerrilheiras aceitam acordos com os governos burgueses e mesmo assim são dizimadas e seus dirigentes mortos ou presos. Assim, a perseguição a militantes do ETA, qualificados como “terroristas” pela imprensa venal e os governos imperialistas, é a expressão política mais acabada da crise e o consequente recrudescimento do regime sob as hostes do imperialismo europeu. Os governos Hollande e Rajoy recorrem até mesmo a fatos ocorridos há mais de 20 anos para perseguir e incriminar ativistas sociais ou militantes de organizações de esquerda como método de intimidação não só aos remanescentes do ETA, mas a todo movimento das massas exploradas e nacionalidades oprimidas. Frente a este curso reacionário que se abriu no país ibérico e na França de profundos ataques ao proletariado com cortes de benefícios sociais, demissões, perseguição a ativistas é necessário que o ativismo de esquerda, classista e democrático organize atos pela liberdade imediata dos militantes do ETA e de todos os presos políticos do imperialismo europeu!
  
O processo de entrega de armas do ETA que ocorre desde 2011 segue o curso do profundo retrocesso da consciência do proletariado mundial, ocorrida logo depois do bárbaro assassinato de Kadaffi pela OTAN e como produto da cooperação fascistoide entre França e Espanha na caça as organizações nacionalistas nos dois países. O ETA, fundado em 1959, luta pela independência do País Basco e de Navarra. Em 2010, anunciou o fim dos “atentados” e um ano depois renunciou à luta armada, mas se negou a entregar imediatamente as armas e a se dissolver por definitivo, como exigem os governos espanhol e francês, negando-lhe até mesmo sua existência política legal. A grande maioria de seus membros estão presos, com 700 detidos, 90 deles na França. Diante da ofensiva mundial do imperialismo e o avanço do fascismo na Europa, o ETA divulgou em 2011 a sua renúncia às armas após uma trégua com o regime político de Zapatero que perdurou cerca de dois anos. As tentativas de acordos com o Estado espanhol e francês foram várias mais fracassaram pelos termos inaceitáveis exigidos pelos governos imperialistas, sendo que a mais recente ocorreu no chamado “Acordo de Gernika”, em setembro de 2010, os quais culminaram na “Conferência de Aiete” onde estiveram presentes nomes de confiança do imperialismo europeu como e ex-chefe de gabinete de Tony Blair, Jonathan Powell, o ex-secretário da ONU Kofi Annan e o dirigente do Sinn Fein Gerry Adams. As pressões e perseguições aos militantes do ETA que ainda resistem são gigantescas, pois além da renúncia política à guerrilha, a burguesia espanhola exige segundo as Forças de Segurança do Estado, que o ETA entregue definitivamente seu “arsenal bélico” espalhados pelo país, em Portugal e na França, prendendo e perseguindo todos os ativistas ligados ao movimento. Esse processo de rendição gradual que vem sendo “negociado” com a ajuda de ONG´s sofre grande resistência interna, haja vista que nenhum dos problemas relacionados à nacionalidade foram solucionados: há 700 militantes bascos presos nas masmorras espanholas e francesas, centenas de exilados, nem sequer houve a mínima retirada das Forças de Segurança do país basco. Atravessamos uma etapa de aguda crise do capitalismo, com um enorme retrocesso na consciência das massas no velho continente, onde, por exemplo, “indignados” espanhóis (e em vários outros países) como o Podemos não poupam esforços para demonstrar sua profunda rejeição a partidos de esquerda, o que representa uma porteira aberta para o retorno da direita fascista em toda a Europa, o que incrementará ainda mais a ofensiva reacionária contra os militantes remanescentes do ETA.