terça-feira, 27 de dezembro de 2016


UM BALANÇO MARXISTA DE 2016 E AS PERSPECTIVAS POLÍTICAS PARA A LUTA DE CLASSES EM 2017

Estamos chegando ao fim de 2016, um ano de profundo retrocesso político e ideológico para a luta dos trabalhadores. Não estamos falando “apenas” da vitória do Golpe Institucional, na medida em que o governo do PT vinha aplicando homeopaticamente o ajuste neoliberal aprofundado drasticamente atualmente pelo canalha Temer (PMDB), vice de Dilma. Trata-se de uma análise mais geral, onde a ofensiva reacionária no Brasil e no mundo avançou em todos os terrenos. Em terras nativas, os passos cada vez mais fascistizantes da “Operação Lava Lato”, com a prisão de lideranças do PT e de outros partidos burgueses que parasitavam a sombra da Frente Popular indica que estamos na ante-sala do nascimento forçado de um novo regime político, com traços cada vez mais autoritários que se aproximam de um estado de exceção do tipo Bonapartista. Durante todo esse ano, principalmente após o impeachment e diante da paralisia imposta ao movimento de massas pela Frente Popular, se impôs um governo golpista que vem aplicando um duro plano de guerra contra o povo trabalhador, com o corte de direitos e a retirada de conquistas, avançando na privatização e nas reformas neoliberais. Porém o mais dramático do quadro contemporâneo é que a reação do movimento de massas a guerra neoliberal decretada pelos rentistas é muito aquém do que necessita o proletariado para não perder suas conquistas históricas de décadas de luta e muito sangue.

Um balanço marxista dessa conjuntura desfavorável aos trabalhares no plano nacional e internacional parte de uma compreensão que vivemos em um mundo onde o modo de produção capitalista impõe o retrocesso das forças produtivas, com seu vetor principal, o homem e suas condições de existência, sendo sacrificados em favor do aumento ou manutenção da taxa de lucro. Não por acaso a chamado “indústria da guerra” avançou no planeta com novas intervenções militares (Mali) ou o prolongamento das chamadas “guerras de ‘baixa’ intensidade” (Afeganistão, Síria) organizadas pela OTAN com o objetivo de impor seus interesses geopolíticos no Oriente Médio e na África. O drama dos refugiados é a expressão de barbárie social mais visível dessa grande ferida exposta que é o capitalismo senil em sua fase imperialista. O crescimento de grupos fundamentalistas islâmicos que até se chocam pontualmente com o imperialismo depois de terem sido criados nos gabinetes do Pentágono e da CIA revela a fragilidade da resistência operária no plano mundial, uma realidade que se aprofunda desde o fim da URSS e da destruição contrarrevolucionária do Muro de Berlim.

Nesse terreno, o chamado “acordo de paz” (na verdade rendição planejada) das FARC na Colômbia e o reestabelecimento das relações diplomáticas-comerciais entre Cuba e os EUA, via negociações comandadas por Obama e o Papa Francisco, são a outra metade dessa ofensiva, na medida em que a guerrilha se tornará (se não for dizimada antes) em um dócil partido político submisso a democracia burguesa enquanto o Estado operário deformado cubano avançará no processo de restauração capitalista, com sua destruição cultural, econômica e ideológica. A morte de Fidel Castro nesse cenário é símbolo do retrocesso que a Ilha sofrerá de forma aguda em 2017, as viagens em massa de cidadãos norte-americanos são apenas o ponto do iceberg desse processo de “deculturação” pró-capitalista. A vitória de Donald Trump indica que o imperialismo reforçará sua ofensiva econômica protecionista, aprofundando a crise nas colônias como o México e se lançará em uma cruzada contra o Regime dos Aiatolás no Irã, criando um panorama de instabilidade mundial.

Na condição de Marxistas Revolucionários sabemos que o ano do centenário da Revolução de Outubro será muito rico e intenso para a luta de classes mundial e nacional. No pátio interno, a resistência direta dos trabalhadores e o desgaste do governo Temer podem abrir a possibilidade da convocação de eleições diretas ou mesmo indiretas, o que vai forçar um realinhamento conservador burguês e o aprofundamento da política de colaboração de classes da CUT e do PT, patrocinando a ilusão em torno de um novo mandato de Lula, isso se o dirigente petista não estiver preso por Moro e a “República de Curitiba” de Deltan Delagonol. Todas as direções políticas de “esquerda”, do PT ao PSOL, passando pelo PSTU e MAIS, estarão comprometidas com uma saída nos marcos do regime político (impeachment, eleições geras, Constituinte), cabendo aos autênticos Marxistas Leninistas levantar a bandeira da construção de um verdadeiro Poder Operário e Popular, estratégia que passa pela construção da Greve Geral desde as bases e da evolução da consciência de classe no interior da vanguarda militante, ou seja, na construção de um Partido Operário Revolucionário Trotskista.