UM BALANÇO MARXISTA DE 2016 E AS PERSPECTIVAS POLÍTICAS PARA
A LUTA DE CLASSES EM 2017
Estamos chegando ao fim de 2016, um ano de profundo
retrocesso político e ideológico para a luta dos trabalhadores. Não estamos
falando “apenas” da vitória do Golpe Institucional, na medida em que o governo
do PT vinha aplicando homeopaticamente o ajuste neoliberal aprofundado
drasticamente atualmente pelo canalha Temer (PMDB), vice de Dilma. Trata-se de
uma análise mais geral, onde a ofensiva reacionária no Brasil e no mundo
avançou em todos os terrenos. Em terras nativas, os passos cada vez mais
fascistizantes da “Operação Lava Lato”, com a prisão de lideranças do PT e de
outros partidos burgueses que parasitavam a sombra da Frente Popular indica que
estamos na ante-sala do nascimento forçado de um novo regime político, com
traços cada vez mais autoritários que se aproximam de um estado de exceção do
tipo Bonapartista. Durante todo esse ano, principalmente após o impeachment e
diante da paralisia imposta ao movimento de massas pela Frente Popular, se
impôs um governo golpista que vem aplicando um duro plano de guerra contra o
povo trabalhador, com o corte de direitos e a retirada de conquistas, avançando
na privatização e nas reformas neoliberais. Porém o mais dramático do quadro
contemporâneo é que a reação do movimento de massas a guerra neoliberal decretada
pelos rentistas é muito aquém do que necessita o proletariado para não perder
suas conquistas históricas de décadas de luta e muito sangue.
Um balanço marxista dessa conjuntura desfavorável aos
trabalhares no plano nacional e internacional parte de uma compreensão que
vivemos em um mundo onde o modo de produção capitalista impõe o retrocesso das
forças produtivas, com seu vetor principal, o homem e suas condições de
existência, sendo sacrificados em favor do aumento ou manutenção da taxa de
lucro. Não por acaso a chamado “indústria da guerra” avançou no planeta com
novas intervenções militares (Mali) ou o prolongamento das chamadas “guerras de
‘baixa’ intensidade” (Afeganistão, Síria) organizadas pela OTAN com o objetivo
de impor seus interesses geopolíticos no Oriente Médio e na África. O drama dos
refugiados é a expressão de barbárie social mais visível dessa grande ferida
exposta que é o capitalismo senil em sua fase imperialista. O crescimento de
grupos fundamentalistas islâmicos que até se chocam pontualmente com o
imperialismo depois de terem sido criados nos gabinetes do Pentágono e da CIA
revela a fragilidade da resistência operária no plano mundial, uma realidade
que se aprofunda desde o fim da URSS e da destruição contrarrevolucionária do
Muro de Berlim.
Nesse terreno, o chamado “acordo de paz” (na verdade
rendição planejada) das FARC na Colômbia e o reestabelecimento das relações
diplomáticas-comerciais entre Cuba e os EUA, via negociações comandadas por
Obama e o Papa Francisco, são a outra metade dessa ofensiva, na medida em que a
guerrilha se tornará (se não for dizimada antes) em um dócil partido político
submisso a democracia burguesa enquanto o Estado operário deformado cubano
avançará no processo de restauração capitalista, com sua destruição cultural,
econômica e ideológica. A morte de Fidel Castro nesse cenário é símbolo do
retrocesso que a Ilha sofrerá de forma aguda em 2017, as viagens em massa de
cidadãos norte-americanos são apenas o ponto do iceberg desse processo de “deculturação”
pró-capitalista. A vitória de Donald Trump indica que o imperialismo reforçará
sua ofensiva econômica protecionista, aprofundando a crise nas colônias como o
México e se lançará em uma cruzada contra o Regime dos Aiatolás no Irã, criando
um panorama de instabilidade mundial.
Na condição de Marxistas Revolucionários sabemos que o ano
do centenário da Revolução de Outubro será muito rico e intenso para a luta de
classes mundial e nacional. No pátio interno, a resistência direta dos
trabalhadores e o desgaste do governo Temer podem abrir a possibilidade da
convocação de eleições diretas ou mesmo indiretas, o que vai forçar um
realinhamento conservador burguês e o aprofundamento da política de colaboração
de classes da CUT e do PT, patrocinando a ilusão em torno de um novo mandato de
Lula, isso se o dirigente petista não estiver preso por Moro e a “República de
Curitiba” de Deltan Delagonol. Todas as direções políticas de “esquerda”, do PT
ao PSOL, passando pelo PSTU e MAIS, estarão comprometidas com uma saída nos
marcos do regime político (impeachment, eleições geras, Constituinte), cabendo
aos autênticos Marxistas Leninistas levantar a bandeira da construção de um
verdadeiro Poder Operário e Popular, estratégia que passa pela construção da
Greve Geral desde as bases e da evolução da consciência de classe no interior
da vanguarda militante, ou seja, na construção de um Partido Operário
Revolucionário Trotskista.