quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

LEIA A APRESENTAÇÃO DO NOVO LIVRO DA EDITORA PUBLICAÇÕES LBI EM PARCERIA COM A EDITORA NOVA ANTÍDOTO: OPERAÇÃO LAVA JATO UM MOVIMENTO DO IMPERIALISMO PARA DESMORALIZAR O CONJUNTO DO TECIDO POLÍTICO BURGUÊS DO PAÍS


APRESENTAÇÃO 

A LBI foi a primeira organização política a denunciar o caráter reacionário da chamada “Operação Lava Jato” ainda no final de 2014, quando toda a “esquerda” reformista, particularmente o PT e o revisionismo trotskista declaravam que a farsa levada a cabo pelo Juiz “nacional” Sérgio Moro era um “patrimônio do Brasil no combate a corrupção”. Na época a presidente Dilma Rousseff chegou a declarar “Eu acho que as investigações da Lava Jato podem mudar, de fato, o Brasil para sempre. Em que sentido? No sentido de que vai se acabar com a impunidade. Mudará para sempre a relação entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e a empresa privada porque vai acabar com a impunidade. A questão da Petrobras é uma questão simbólica para o Brasil. É a primeira investigação efetiva sobre corrupção no Brasil que envolve segmentos privados e públicos. A primeira. E que vai a fundo” (11.2014). PSTU e PSOL também saudavam os “feitos moralizadores” da “República de Curitiba”, o que escandalosamente fazem até hoje como aborda a mais nova publicação da LBI. Enquanto a cúpula petista, particularmente o staff dilmista, apoiava a operação jurídico-policial engendrada pelo imperialismo ianque para acabar com a Petrobras e as empreiteiras nacionais, nossa corrente política em voz solitária denunciava que o Moro havia sido formado pelo Departamento de Estado ianque e a CIA para inicialmente perseguir o PT e depois desmoralizar o conjunto do tecido político burguês do país para edificar um novo regime político, sendo a ponta de lança de um estado de exceção no Brasil com fortes traços Bonapartistas. Na verdade esse combate político revolucionário esgrimido por nossa pequena corrente trotskista veio desde o julgamento do chamado “Mensalão”, quando o STF sentenciou a prisão dirigentes históricos do PT sob o silêncio cúmplice de Dilma e Lula. Dirceu, Delúbio e Genoino foram acusados de serem os “maiores corruptos do Brasil” quando é sabido que o sistema de “comissões” (propinas como é popularmente conhecido) rege as transações do Estado brasileiro desde o início da República burguesa, sendo o PT o partido que estipulou os menores percentuais nas negociadas com grandes empresas e empreiteiras que estabeleciam contratos com a União. Todos os principais textos elaborados pela direção nacional da LBI do final de 2014 até hoje, além de artigos inéditos, estão coletados no livro “Operação Lava Jato um movimento do imperialismo para desmoralizar o conjunto do tecido político burguês do país”, uma valiosa arma política para vanguarda militante e o ativismo de esquerda analisar a complexa conjuntura brasileira hoje, que caminha a passos largos rumo ao fascismo com a complacência da Frente Popular.

O livro é dividido em quatro capítulos. O primeiro, “Do ‘mensalão’ a ‘Laja Jato’: a primeira denúncia pelos Marxistas Revolucionários da operação jurídico-política montada pelo imperialismo” relaciona a ação de Moro com a ofensiva reacionária mais geral do Judiciário contra o PT, sendo herdeira do farsesco julgamento da ação penal 470 pelo STF, mais conhecido como o “Escândalo do Mensalão”. Já naquele momento alertamos que a prisão dos dirigentes históricos petistas estava voltada a “enquadrar” ainda mais o PT às exigências do imperialismo livrando-se de quadros da “Articulação” (CNB) e seu “campo majoritário” com vínculos diretos com o movimento operário para depois perseguir o conjunto da esquerda, inclusive as organizações revolucionárias que faziam oposição de classe ao governo da Frente Popular. No curso desse movimento claramente orquestrado pelo imperialismo pontuamos que estão redondamente enganados os que pensam que a “Lava Jato” tenha por objetivo exclusivo a “caçada” judicial ao PT. Dallagnol, o “quadro” formulador da Força Tarefa da direita pró-imperialista, já explanou cristalinamente que a “República de Curitiba” pretendia não só remover o governo petista como também alterar profundamente o regime político vigente. Para esta “tarefa divina” não descartam depurar institucionalmente o PMDB e PSDB, na medida em que a conjuntura permitir, ou seja, caso o governo Temer “engasgue” na aplicação das reformas neoliberais exigidas pelo mercado financeiro, o Tea Party tupiniquin estaria a postos para assumir as rédeas do regime político, reconfigurando radicalmente a constituição “democrática” de 1988. A plataforma da Lava Jato “10 medidas contra a corrupção” (escandalosamente apoiada por Luciana Genro e PSTU) já é um esboço reacionário do programa do novo regime que defendem para o país. É justamente o que estamos presenciando hoje com a prisão de Cabral, Cunha e chantagem contra os arqui-corruptos Temer, Renan, Jucá... pelas mãos do Juiz Moro com o apoio das Organizações Globo.

O capítulo dois intitulado “Moro candidato a neoBonaparte do Brasil” dedica-se a analisar a própria ascensão do “Justiceiro Nacional”, ganhador de prêmios de “homem no ano” pela imprensa burguesa, sendo talhado pela Famiglia Marinho para assumir as rédeas de um novo regime político com características bonapartistas. Neste cenário emerge a figura de um Bonaparte, que venha para livrar o país da “sujeira da corrupção”, tendo coragem suficiente para colocar na cadeia grandes burgueses nacionais. É óbvio que todo este embuste, que nasceu com a justificativa de “limpar a Petrobras” tem como pano de fundo a quebra das principais empresas capitalistas que ainda detém maioria de controle acionário nacional, como as empreiteiras e a própria Petrobras. Como nos definiu brilhantemente o velho Marx, o bonapartismo emerge no impasse das classes dominantes, uma espécie de empate na correlação de forças sociais, catapultando um governo “acima” da disputa entre as frações burguesas. Em nosso caso concreto o Bonapartismo “Moriano” terá a “missão” de eliminar todas as barreiras legais para a penetração do capital internacional nos negócios e obras públicas do Estado Nacional, serão eliminadas todas as reservas de mercado para a atuação das transnacionais no país.

Dedicamos o terceiro capítulo a analisar a conduta da esquerda reformista e revisionista diante da Operação Lava Jato. Além da postura covarde do PT, Dilma e Lula que até ontem eram apoiadores incondicionais das ações judiciais de Moro, percepção alterada parcialmente com a absurda condução coercitiva de Lula (que denunciamos vigorosamente assim como a ameaça de sua prisão), caracterizamos a política direitista do PSTU, PSOL e seus satélites como o MRT, CST e o MNN em defesa da ação do judiciário. Nesse ponto é importante registrar que os “Moronistas” do PSTU agora aplicam integralmente no Brasil a linha oficial da LIT de aliar-se ao imperialismo e aos “movimentos de massas” de direita para atacar governos da centro-esquerda burguesa (PT, PSUV), nacionalistas (Líbia, Síria) ou adversários geopolíticos dos EUA (Ucrânia). Pregam a “unidade” com o MBL para combater Temer, chamando os grupos protofascistas a marcharem juntos contra o ajuste neoliberal, como fosse possível esses canalhas “coxinhas” atuarem contra os objetivos estratégicos do imperialismo. Por ser turno, Luciana Genro e o MES aplaudem Moro já de olho nas eleições presidenciais de 2018, com o PSOL podendo ser aliado do Rede de Marina Silva, legenda que deve vir abrigar o comandante da “República de Curitiba” em sua marcha rumo ao Planalto. Por fim, em forma de “Apêndice”, selecionamos os principais trechos do “18 Brumário de Luís Bonaparte” de Karl Marx, obra clássica e valiosa onde o velho revolucionário crava no prefácio à 2ª Edição de 1869 que “A luta de classes na França criou circunstâncias e condições que permitiram a um personagem medíocre e grotesco desempenhar o papel do herói” e conclui “Na condição de Poder Executivo que se tornou independente, Bonaparte sente-se chamado a assegurar a ‘ordem burguesa’. Todavia, o segmento forte dessa ordem burguesa é a classe média”.

Esperamos que o mais novo lançamento das Publicações LBI, o livro “Operação Lava Jato um movimento do imperialismo para desmoralizar o conjunto do tecido político burguês do país”, cujo organizador é o Secretário-Geral da LBI, Candido Alvarez, “visionário” dos graves desdobramentos políticos da ofensiva judicial empreendida pelo Justiceiro Moro, sirva como uma pequena bússola política e teórica a colaborar para que a vanguarda militante nacional trilhe a senda da independência de classe em meio aos campos burgueses em disputa, sabendo combater o fascismo sem capitular a política de colaboração de classes da Frente Popular, como vergonhosamente sucumbiu o PCO e outras pulgas revisionistas. De nossa parte, compreendemos que esse esforço político e editorial de nossa pequena corrente militante segue as melhores tradições nos legada por Leon Trotsky. Nosso comandante bolchevique sempre soube postar-se, seja na URSS stalinizada, na Alemanha sob a ascensão de Hiltler ou nos seus últimos dias no México do nacionalista burguês Cárdenas, na trincheira de luta irreconciliável contra o imperialismo em suas diversas variantes políticas, mesmo quando este assumia feições “democráticas” ou “fascistas”. O  velho” não vacilou em levantar nas diversas e complexas conjunturas a bandeira estratégica da Revolução Proletária como o caminho inexorável para derrotar as diversas formas políticas que venha a assumir o regime político burguês, defendendo as liberdades democráticas pelo movimento operário através de seus métodos de luta, mas nunca patrocinando ilusões nas instituições apodrecidas a serviço do capital (Parlamento, Justiça) como faz a o reformismo e o revisionismo trotskista!


Os Editores
Dezembro, 2016