Neste dia 25 de Outubro (07 de novembro de 1917 pelo
calendário gregoriano) completou-se 102 anos da vitoriosa Revolução de
Outubro. Passados mais de um século, a luta socialista é uma realidade tão
forte e influente na vida internacional do planeta, que se torna impossível
conceber as contradições do mundo sem a sua existência, tanto que no planeta e
aqui no Brasil o combate ao “Comunismo” é uma realidade concreta, inclusive
lavada a cabo pelo presidente neofascista que assumiu o Planalto como também pelo chacal Piñera no Chile em levante popular. Qualquer
avaliação séria da teoria socialista tem de levar obrigatoriamente em conta o real
processo histórico e as condições concretas (internas e externas) em que foi
edificada a nova sociedade na URSS. É possível aferir que a construção do
socialismo, sendo obra dos homens, não está isenta de atrasos, deficiências e
erros. Mas se verificará sobretudo, como foi gigantesco o caminho percorrido
num lapso de tempo histórico tão curto, evidenciando a extraordinária
capacidade do Estado Operário para materializar as aspirações dos
trabalhadores. É o que resulta evidente para qualquer observador científico
honesto do exemplo da construção da economia socialista na antiga URSS.
A Rússia pré-revolucionária era um país que, embora dispondo já de uma indústria apreciável, vivia globalmente numa situação de atraso semi-feudal, miserável, com grandes massas de desempregados e mais de 75% de analfabetos. As destruições provocadas pela guerra de 1914/18 somaram-se as consequências da Guerra Civil e da intervenção imperialista, de tal modo que, em 1920, a produção industrial desceu para um nível 7 vezes inferior ao de 1913 e só em 1926 foi possível atingir o nível de rendimento nacional anterior à guerra. Concentrando energias na industrialização do país, condição absolutamente indispensável a sua própria sobrevivência nas condições do cerco imperialista, a URSS obteve êxitos notáveis. Durante o primeiro plano quinquenal (1929/1934) a produção industrial cresceu ao ritmo médio anual de 15%. Em 1930 o desemprego desapareceu de vez. A URSS tornou-se a primeira potência industrial da Europa e a segunda no plano mundial durante várias décadas. Com a agressão nazi-fascista, o país dos sovietes sofreu colossais perdas de vidas humanas e bens materiais: 20 milhões de mortos, 70 mil cidades e aldeias e 32 mil empresas destruídas, 25 milhões de pessoas sem casas, 65 mil km de via férrea inutilizados, 30% da riqueza nacional destruída. Mas a reconstrução do país que parecia tarefa sobre-humana foi rapidamente realizada e, em 1948, o nível de produção anterior à Guerra encontrava-se restabelecido. O país renasce das cinzas e avança em direção aos níveis mais altos de desenvolvimento na indústria, na ciência e na técnica, apesar de toda política burocrática do stalinismo. Em 1954, a União Soviética instala a primeira Central Atômica do mundo, em 1957 o primeiro satélite artificial é colocado em órbita; em 1961, Gagarin é o primeiro homem a viajar no espaço. A URSS torna-se numa poderosa potência industrializada, com uma agricultura desenvolvida, com um imenso potencial técnico e científico, com realizações das mais avançadas do mundo no campo da saúde, da instrução, da cultura e da habitação. Porém o gargalo maior estava mantido, o estrangulamento da revolução socialista mundial em razão da concepção vigente do "socialismo em um único país".
A Rússia pré-revolucionária era um país que, embora dispondo já de uma indústria apreciável, vivia globalmente numa situação de atraso semi-feudal, miserável, com grandes massas de desempregados e mais de 75% de analfabetos. As destruições provocadas pela guerra de 1914/18 somaram-se as consequências da Guerra Civil e da intervenção imperialista, de tal modo que, em 1920, a produção industrial desceu para um nível 7 vezes inferior ao de 1913 e só em 1926 foi possível atingir o nível de rendimento nacional anterior à guerra. Concentrando energias na industrialização do país, condição absolutamente indispensável a sua própria sobrevivência nas condições do cerco imperialista, a URSS obteve êxitos notáveis. Durante o primeiro plano quinquenal (1929/1934) a produção industrial cresceu ao ritmo médio anual de 15%. Em 1930 o desemprego desapareceu de vez. A URSS tornou-se a primeira potência industrial da Europa e a segunda no plano mundial durante várias décadas. Com a agressão nazi-fascista, o país dos sovietes sofreu colossais perdas de vidas humanas e bens materiais: 20 milhões de mortos, 70 mil cidades e aldeias e 32 mil empresas destruídas, 25 milhões de pessoas sem casas, 65 mil km de via férrea inutilizados, 30% da riqueza nacional destruída. Mas a reconstrução do país que parecia tarefa sobre-humana foi rapidamente realizada e, em 1948, o nível de produção anterior à Guerra encontrava-se restabelecido. O país renasce das cinzas e avança em direção aos níveis mais altos de desenvolvimento na indústria, na ciência e na técnica, apesar de toda política burocrática do stalinismo. Em 1954, a União Soviética instala a primeira Central Atômica do mundo, em 1957 o primeiro satélite artificial é colocado em órbita; em 1961, Gagarin é o primeiro homem a viajar no espaço. A URSS torna-se numa poderosa potência industrializada, com uma agricultura desenvolvida, com um imenso potencial técnico e científico, com realizações das mais avançadas do mundo no campo da saúde, da instrução, da cultura e da habitação. Porém o gargalo maior estava mantido, o estrangulamento da revolução socialista mundial em razão da concepção vigente do "socialismo em um único país".
A luta de classes e sua história registam grandes
acontecimentos revolucionários que assinalam momentos de viragem na longa e
dura mas exaltante luta do homem pela sua libertação. Nenhum é porém comparável
com a Grande Revolução Socialista de Outubro, que neste dia celebra seus 102
anos. Todas as revoluções anteriores conduziram à substituição no poder de uma
classe dominante (exploradora) por outra. Com a revolução bolchevique de 1917,
o proletariado russo, eliminando a exploração e opressão capitalista e
latifundiária, libertou simultaneamente todas as outras classes exploradas e os
povos oprimidos da velha Rússia Czarista. O novo poder estatal operário e
camponês, suprimindo a propriedade privada dos principais meios de produção,
liquidou a própria base econômica da exploração do homem pelo homem. As massas
trabalhadoras tornaram-se, pela primeira vez na história, donas e senhoras do
seu próprio destino social. A Revolução de Outubro tornou finalmente possível
para os explorados a concretização de seculares aspirações de liberdade,
igualdade e justiça social. Confirmou, na prática do próprio ato revolucionário
(e depois no processo de edificação da nova sociedade), que a classe operária,
pela sua situação social e o lugar único e privilegiado que a História lhe
reservou, encarna em si tudo o que há de mais nobre, humano e progressista. O
triunfo da Revolução de Outubro deu finalmente todo o sentido à ação de
gerações de revolucionários, marcada por muitos sonhos irrealizados, muitos
combates derrotados, muitos sacrifícios aparentemente sem sentido.
Mas porque somente em Outubro de 1917 se abriu finalmente a
possibilidade real, concreta e visível de libertação da exploração do homem
pelo homem? Porque só então se reuniram as condições objetivas e subjetivas
necessárias e suficientes a tão gigantesco empreendimento. Antes faltavam as
condições históricas, que só o desenvolvimento do capitalismo e o
amadurecimento das suas contradições finalmente engendra. Faltava a convicção
cientificamente fundamentada (obra de Marx e Engels) da necessidade e possibilidade
de vitória. Faltava o Partido de vanguarda do proletariado, coeso e
disciplinado, a que Lenin deu vida e sangue no Partido Bolchevique. Faltava a
estratégia e a tática da conquista do poder que os bolcheviques genialmente
elaboraram e aplicaram. Já antes do grande Outubro a classe operária se
destacara na luta social e no combate revolucionário. A contradição irredutível
entre o trabalho assalariado e o capital, já bem patente na célebre greve dos
tecelões de Lyon (França) irrompe espectacularmente no palco da História, em
1871, com a revolução da Comuna de Paris. Esta foi a demonstração prática da
possibilidade dos trabalhadores conquistarem o poder, organizarem a vida sem a
burguesia e os senhores da terra, construírem uma alternativa ao capitalismo
mil vezes mais democrática, mais humana, mais progressista. Derrotada e afogada
em sangue numa das mais cruéis e vingativas ondas de reação que a História
registra, a Comuna erguida pelo proletariado parisiense cumpriu entretanto um
papel capital na luta revolucionária da classe operária pela sua emancipação.
As experiências e ensinamentos que proporcionou possibilitaram a Marx e Engels
um novo enriquecimento da ciência Marxista, nomeadamente quanto à teoria da
Ditadura do Proletariado. A sua contribuição para a difusão internacional do
Marxismo e o seu impulso para a organização revolucionária do proletariado foi
inestimável. Nada foi em vão na "utopia" dos revolucionários da
Comuna. A sua ação, embora derrotada, penetra no movimento real da vida social,
indicava a necessidade imperiosa de prosseguir e persistir na luta na direção
histórica apontada pelos fundadores do comunismo científico e do movimento
operário Internacional, cimentava motivos profundos de confiança na vitória
final. Mas foi preciso que passasse quase meio século para que de novo a classe
operária voltasse a conquistar o poder, desta vez para vencer.
A Lenin e aos seus camaradas bolcheviques, como Trotsky,
cabe o extraordinário mérito histórico de nos anos difíceis do fim do século
XIX e início do século XX, terem permanecido inquebrantavelmente fiéis aos
ideais do proletariado, terem mantido sempre inexorável confiança no potencial
revolucionário da classe operária e das massas populares da Rússia e de todo o
mundo e por fim terem interpretado e aplicado de forma criadora o pensamento de
Marx e Engels, a flagrante atualidade desta questão merece ser sublinhada. Anos
difíceis no plano objetivo e sobretudo no plano subjetivo. Situação em que,
paradoxalmente, ao lado do crescimento quantitativo da classe operária e dos
partidos sociais-democratas, se verificava por parte dos principais dirigentes
da II Internacional, o abandono, a renúncia e o combate efetivo às teses
fundamentais do Marxismo, esvaziando-o da sua essência revolucionária. Sem a
direção Bolchevique, o movimento operário ficaria ideologicamente desarmado,
condenado à impotência revolucionária, reduzido à condição de mero instrumento
de crítica liberal e pressão reformista nos marcos consentidos pelo sistema
capitalista e sua democracia burguesa. O implacável combate travado por Lenin
contra o revisionismo e o oportunismo reformista no movimento operário, longe
de constituir uma simples "querela ideológica" foi na sua essência
uma luta de vida ou de morte contra a influência da ideologia burguesa no
movimento operário. A criação dos partidos Comunistas e da Internacional
Comunista em ruptura frontal com os velhos partidos da II Internacional não foi
um "acidente" que pudesse ou devesse ser evitado, mas uma necessidade
para defender e afirmar o papel independente e revolucionário da classe
operária. Sem isso, a Revolução de Outubro teria sido impossível. Se o nome de
Lenin ficou explicitamente ligado à expressão que designa a ideologia da classe
operária é precisamente porque foi decisiva a sua contribuição, não apenas para
a defesa do Marxismo contra os seus detratores e falsificadores, mas para o seu
desenvolvimento e enriquecimento, precisamente num período crucial da História
do movimento operário. A contribuição Leninista nos planos da filosofia, da
economia política (sobretudo na análise do imperialismo), da edificação do
partido de novo tipo, da estratégia e da tática da revolução, a tomada do
Estado como questão central da revolução, da edificação do socialismo e tantas
outras, é verdadeiramente gigantesca. Por isso o Marxismo tornou-se com Lenin,
o Marxismo Leninismo!
Como este desenvolvimento econômico foi possível? O que
permitiu a URSS, apesar das colossais destruições, passar no plano da produção
industrial de 3% para 20% da produção mundial? O que é que explica que, no
confronto com os EUA, a principal potência do mundo capitalista, a URSS tenha
sucessivamente passado (ainda quanto à produção industrial) de 12,5% (Rússia
pré-revolucionária) para 30% (fins dos anos 40), 75% (1970)? E tudo isto quando
os EUA estiveram sempre ao abrigo bélico da destruição e da guerra no seu
próprio continente, tiraram fortíssimo proveito da rapinagem em território
alheio, construíram boa parte da sua riqueza material com base numa impiedosa exploração
neocolonialista do capital financeiro sobre a maioria das nações do planeta. A
explicação encontra-se na superioridade da economia socialista e na
centralidade de sua planificação, em decorrência da socialização dos meios de
produção e da mobilização criadora do trabalho e da inteligência das massas
para a concretização de interesses e aspirações sociais que são os suas e não
as de um punhado de exploradores capitalistas. A vida mostrou que a construção
do socialismo não é de modo algum um caminho "idealista", isento de
contradições políticas, muitos das quais, praticamente geradas pela camarilha
burocrática que detinha seus próprios privilégios e obstruía o avanço histórico
da URSS para o Comunismo. Mas mesmo quando estes burocratas stalinistas obtiveram
a hegemonia do Estado Operário, o que se pode facilmente abstrair é a
capacidade revelada pela economia socialista para mostrar-se superior ao
capitalismo em muitos aspetos. Se assim não fosse não teria sido possível ao
novo sistema social alcançar em décadas na esfera da produção material
resultados que o capitalismo demorou séculos a alcançar.
O significado revolucionário universal da Revolução de
Outubro que agora completa 102 anos consiste muito especialmente em que, pondo
pela primeira vez termo a sociedade fundada na exploração do homem pelo homem,
inaugurou uma nova época humana de desenvolvimento histórico, a época da
passagem do capitalismo ao socialismo. É verdade que as esperanças e
perspectivas acalentadas, no afluxo dos anos 20, da revolução proletária
mundial não se verificaram. O ascenso revolucionário desses anos que,
encorajado pelo exemplo da revolução russa e do Partido Bolchevique conduziu a
conquista temporária do poder pelo proletariado em numerosos países e regiões
(na Finlândia, na Hungria, na Eslováquia e na Baviera) foi esmagado. A
insurreição na Alemanha não conseguiu ultrapassar os marcos da revolução
burguesa e foi derrotada. A onda de reação que se seguiu à Revolução de Outubro
iria mais tarde desembocar no fenômeno histórico do stalinismo. A vida porém
deu resposta a quantos reacionários pensavam que a Revolução de Outubro era um
simples "acidente" histórico incapaz de resistir à poderosa máquina
de guerra nazista e que o capitalismo era eterno e o socialismo apenas um
"sonho de vanguardas" aguerridas mas vulneráveis ao peso brutal da
primeira repressão, e que o destino de países e continentes inteiros seria o de
sustentarem para todo o sempre a sede de lucro da grande burguesia opressora e
exploradora. Nos 102 anos decorridos sobre o assalto do Palácio de Inverno
temos toda a convicção de afirmar: Mais tarde ou mais cedo a revolução
socialista, dirigida por um "novo" Partido Bolchevique chegará também
ao próprio coração do monstro do capital! Nesse combate, no Brasil seguiremos
firmes com nosso programa revolucionário, agora enfrentando um novo regime
bonapartista que tutela o governo um governo neofascista, mais um desafio que
exige dos Bolcheviques a têmpera para se manter firmes em um momento
desfavorável para a classe operária, porém saberemos a partir das lições que
nos deixaram Lênin e Trotsky enfrentar guiados pelo Marxismo essa realidade que
mais do que nunca exige a construção de um partido revolucionário mundial, a IV
Internacional!
Poderíamos escrever um longo texto descrevendo os fatos
históricos e políticos que levaram o Partido Bolchevique ao poder em 1917. Não
faltam “especialistas” no assunto, ainda que não apliquem uma vírgula do legado
deixado por Lênin e Trotsky. Por esta razão, como uma corrente leninista militante,
optamos por ligar as lições de Outubro aos desafios do proletariado e sua
vanguarda hoje, no Brasil e no mundo, até porque para as novas gerações o
Estado operário soviético, liquidado em 1991, já não existe mais, sendo esse
combate político e teórico a própria defesa concreta da revolução hoje. Nesse
sentido, a principal tarefa dos marxistas revolucionários reside justamente em
reafirmar em pleno século XXI, contra todos os modismos adotados pela
“esquerda” em geral e o revisionismo em particular, a vigência da construção do
partido leninista como núcleo de vanguarda comunista organizado para tomar o
poder da burguesia, condição essencial que levou a vitória do proletariado
naqueles dias de 1917 e que se faz ainda mais necessária diante de uma conjuntura
mundial absolutamente desfavorável para os trabalhadores em todo planeta.
Fazemos este alerta porque a melhor homenagem que podemos render a esse triunfo
histórico do proletariado mundial, quase um século depois de ocorrido e quando
a URSS já não existe mais, é fazer um balanço das lições programáticas que
levaram ao fim do Estado Operário soviético pelas mãos dos bandos
restauracionistas apoiados pelo imperialismo. Desde já, aproveitamos a
“oportunidade” para dizer que as mesmas forças políticas e sociais que
festejaram a queda da pátria de Lênin, seja no campo burguês ou no terreno do
revisionismo trotskista, são as que ontem estavam unidas para, em nome da “defesa
de democracia”, saudarem a charlatanesca “Revolução Árabe” no norte da África e
no Oriente Médio levada a cabo pela OTAN e seus mercenários “rebeldes” ou mesmo as manifestações da direita na Ucrânia e Venezuela, não por
acaso financiados pelas mesmas potências capitalistas que apoiaram o mafioso
Yelstin em 1991 como alternativa “democrática” à “ditadura stalinista”.
O fim da URSS, em 1991, foi sem dúvida a maior tragédia
política para os trabalhadores de todo o mundo no século XX. A contrarrevolução
que restaurou o capitalismo na União Soviética, abriu uma etapa histórica de um
profundo retrocesso político e ideológico do proletariado mundial, marcado pela
quebra das conquistas sociais dos trabalhadores em todo o mundo e pela ofensiva
da recolonização imperialista cada vez mais amparada na agressão militar contra
as nações oprimidas. Vergonhosamente, a maioria da esquerda mundial, incluindo
correntes pseudotrotskistas, saudaram a destruição do Estado operário e das
conquistas sociais Revolução de Outubro como um fato progressivo, “uma grande
vitória dos trabalhadores e do povo” (1991 – Um golpe de direita, disfarçado
com a bandeira vermelha – sitio do PSTU 19/10/2011). De fato, o que ocorreu na
Rússia foi que o aprofundamento da política restauracionista, através da
Perestoika de Gorbachev, fez que um setor da burocracia, encabeçado por Boris
Yeltsin, rompesse com o PCUS para alçarem-se à condição de representantes
diretos do imperialismo e candidatos a novos proprietários dos meios de
produção, concluindo definitivamente o processo de restauração capitalista. A
tentativa de golpe do chamado Comitê Estatal de Emergência, foi último recurso
de uma burocracia desmoralizada e sem apoio de massas, para assegurar os seus
próprios privilégios de casta burocrática dirigente do Estado operário. Para as
correntes revisionistas do trotskismo, em 1991 houve uma revolução, cuja
vitória se consistiu em que “as massas conseguiram derrubar o regime e
conquistaram liberdades democráticas” (Idem). Com essa grotesca falsificação,
apresentam uma contrarrevolução imperialista como se fosse a revolução política
antiburocrática proposta por Trotsky, que nunca defendeu um regime de
democracia burguesa como alternativa ao stalinismo, mas sim a democracia
proletária, ou seja, a ditadura do proletariado exercida através dos sovietes,
para assegurar as conquistas da Revolução de Outubro e impulsionar a revolução
proletária mundial.
Todo o malabarismo dos pseudotrotskistas para justificar seu
apoio à destruição da URSS em nome das “liberdades democráticas”, só fazem
revelar sua vergonhosa capitulação política ao imperialismo, da mesma forma
como fizeram quando defendem com unhas e dentes a fantasiosa “Revolução
Árabe”, dando coro à propaganda ideológica das grandes potências capitalistas e
seus órgãos de inteligência. Fizeram isto de forma criminosa contra a Líbia, um
país semicolonial não alinhado, ao chamarem um movimento reacionário, armado e
financiado pelo imperialismo, de “revolução democrática” levado a cabo pelos
“rebeldes”. Na verdade, as correntes de esquerda que apoiaram descaradamente a
intervenção imperialista na Líbia e fizeram o mesmo na Síria e no Irã mais recentemente, sob o
argumento cínico do apoio à “Revolução Árabe”, negam categoricamente as lições
mais elementares da Revolução de Outubro, porque há muito abandonaram o
leninismo e a estratégia da luta revolucionária pela conquista do poder pelo
proletariado e se deixaram corromper pela mídia pró-império e pelos encantos da
democracia burguesa. Para essa escória, já não é mais necessário, como faziam
os mencheviques e outras correntes oportunistas do século XX, apresentar a
revolução democrática como uma etapa para chegar ao socialismo, pois, na atual
etapa de reação política e ideológica, já fizeram da democracia dos ricos e
instituições corruptas do Estado burguês o seu próprio objetivo. Estranhamente,
a até então muito alardeada “Revolução Árabe”, na verdade foi uma transição operada
pela própria aristocracia que prefere ceder os anéis... não faz qualquer
referência à reivindicação histórica das massas árabes que é a destruição do
enclave imperialista no Oriente Médio, o Estado sionista de Israel, que foi saudada e apoiada pelos principais expoentes do imperialismo.
Com posições abertamente pró-imperialistas as correntes
pseudotrotskistas vão muito além do campo do revisionismo do marxismo, passando
a estabelecer uma clara aliança com a reação capitalista das transnacionais do
petróleo em sua ofensiva sobre os povos árabes. Para os que acusaram a LBI de
“capitular a Kadaffi” por defender a Líbia da agressão da OTAN em frente única
com as forças que apoiavam o regime e depois fizeram o mesmo na Síria de Assad e mesmo na Venezuela de Maduro, quando
estávamos contra a escalada terrorista dos mercenários que desejam derrubar esses governos nacionalistas para imporem títeres da Casa Branca, a
escória política da mesma cepa dos que caluniavam Trotsky de capitular a
Stálin, respondemos com as sábias lições nos deixada pelo “velho bolchevique”,
plenamente válidas até nossos dias: “Stalin derrubado pelos trabalhadores: é um
grande passo para o socialismo. Stalin eliminado pelos imperialistas: é a
contrarrevolução que triunfa” (Em Defesa do Marxismo). Estes revisionistas
foram os mesmos que durante a destruição do Estado operário soviético pelo
bando criminoso e restauracionista de Yeltsin saudaram o fim da URSS como uma
“triunfante revolução democrática”, não tendo o menor descaramento de
emblocarem-se com a contrarrevolução imperialista. Não por coincidência,
cometeram a mesma traição dos de ontem, ao renegarem a defesa incondicional da
URSS.
Como dizia Trotsky, “A emancipação dos operários não pode
ser senão obra dos próprios operários. Não há, pois, crime pior do que enganar
as massas, do que fazer passar as derrotas por vitórias” (A moral deles e a
nossa, 09/1938). Para encobrir sua impotência diante dos acontecimentos, os
revisionistas do trotskismo tentam vender as derrotas como vitórias.
Apresentaram a restauração capitalista na URSS e Leste europeu como revoluções
e o crash de 2008 apontaram como sendo o próprio fim do capitalismo. Não tendo
um partido revolucionário para sequer se defender, são os trabalhadores que
pagam a crise da grande burguesia que usa as perdas de suas empresas para
justificar uma apropriação inaudita de recursos estatais. Em que pese serem o
epicentro da última crise, os EUA sequer perderão seu posto hegemônico na economia
mundial, enquanto seu domínio estiver lastreado por seu poderio militar
dominante, enquanto o proletariado estadunidense seguir intoxicado por sua
própria burguesia através do partido democrata auxiliado por reformistas e não
poucos pseudotrotskistas que defendem o direito a existência do enclave
sionista e se opõem à vitória militar dos povos oprimidos sobre os EUA. Para
Trotsky como para Lenin não há situação sem saída para o capitalismo, cujo
único coveiro é a tomada do poder pelos trabalhadores organizados em um partido
comunista.
Para os autênticos revolucionários marxistas, que não se
curvaram diante da ofensiva ideológica do imperialismo 102 anos da tomada do poder pelos Bolcheviques, cabe a tarefa de
resgatar as tradições revolucionárias e as lições da grande
Revolução de Outubro como ferramentas elementares na construção do partido
revolucionário para libertar o proletariado da influência dos agentes da
burguesia e do imperialismo, colocando o movimento operário novamente sob a
bandeira da revolução proletária mundial e do socialismo, esta incumbência
destinada à reconstrução da IV Internacional. Para tanto é necessário que a
vanguarda da classe operária abstraia com toda perspicácia as lições das
derrotas que o proletariado tem sofrido nas últimas décadas por causa precisamente
da ausência de uma direção verdadeiramente revolucionária. A necessidade de
derrotar o imperialismo faz da Revolução Bolchevique, mais do que nunca, uma
referência para a luta dos trabalhadores de todos os países. Portanto, a tarefa
que se coloca para os revolucionários de hoje, é resgatar o legado político e
teórico de Lênin e Trotsky, para potenciar a vitória da revolução mundial
imprimindo uma derrota definitiva ao imperialismo para abrir o caminho ao
futuro socialista da humanidade. No momento em que a esmagadora maioria da
humanidade sente todas suas conquistas sociais, econômicas, civis e
democráticas sendo devoradas pelo insaciável monstro capitalista e que a cada
dia cresce a ameaça do uma nova guerra tendo hoje como alvo a população
iraniana, com toda justeza se impõem às palavras de Trotsky no jornal
Proletarii, de 24 de agosto de 1917, “Revolução Permanente ou massacre
permanente! Essa é a luta de cujo resultado depende a sorte da humanidade!”.