AUTOGOLPE NO PERU: NENHUM APOIO AO NEOLIBERAL DE DIREITA
VIZCARRA E TAMPOUCO AO PARLAMENTO FUJIMORISTA. FORJAR NESTA CRISE DO REGIME
BURGUÊS UMA ALTERNATIVA INDEPENDENTE DOS TRABALHADORES!
O presidente peruano, Martín Vizcarra, promoveu um
verdadeiro autogolpe, dissolvendo o Congresso e convocando novas eleições para
janeiro de 2020. Vizcarra utilizou como justificativa para sua manobra golpista
uma iniciativa dos deputados herdeiros do reacionário ex-presidente Alberto
Fujimori, maioria do parlamento peruano, que tencionavam substituir os juízes
do Tribunal Constitucional (a mais alta Corte do Peru) por magistrados
fujimoristas e, assim liberar Keiko Fujimori de sua condenação à prisão domiciliar
que cumpre desde 31 de outubro de 2018, em meio ao escândalo de lavagem de
dinheiro entregue à sua campanha
presidencial pelo esquema da construtora Odebrecht. Os parlamentares
fujimoristas (86 das 130 cadeiras) desafiaram Vizcarra declarando vaga a Presidência
e indicando a vice-presidente, a congressista Mercedes Aráoz, para o cargo de
chefe de Estado. Logo após a contra manobra do parlamento, foi emitido um
comunicado presidencial informando que o “Chefe do CCFFAA do Peru e os
comandantes gerais do Exército, Marinha, Força Aérea e Polícia Nacional
reafirmam, desde o Palácio do Governo, seu pleno respaldo à ordem
constitucional e ao presidente Martín Vizcarra, como Chefe Supremo das Forças
Armadas e da Polícia Nacional do Peru”.
O neoliberal de direita Vizcarra demonstrou que conta com o apoio político de todo o aparelho repressivo do regime de exceção peruano, que desde o golpe militar dado por Alberto Fujimori na década de 90, é responsável pela morte e prisão de milhares de ativistas sociais e de esquerda. No Peru o parlamento é unicameral, ou seja, não tem Senado, então “tecnicamente” o país teria agora dois presidentes e nenhum Congresso. Mas depois de assumir a presidência paralela Mercedes Araoz, logo renunciou sob pressão direta das Forças Armadas e da embaixada norte-americana em Lima. Os episódios “confusos” e conflituosos desta semana no Peru são apenas o estopim de uma crise que começou em 2018, quando o presidente eleito, Pedro Pablo Kuczynski, renunciou ao cargo e lançou o país num cenário de instabilidade política e institucional. A congressista Verónika Mendoza, eleita pela coalizão Frente Ampla e representante de todo o arco da esquerda reformista, que encabeçou a marcha em Lima, se posicionou em apoio ao golpe de Vizcarra: “Estamos aqui celebrando essa vitória que nos custou muita luta. É o primeiro passo para que o povo peruano seja atendido”. Os dirigentes da burocracia sindical peruana também seguiram a posição da Frente Ampla, em seu comunicado, a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP) informa que convocou os trabalhadores e a população em conjunto com a Assembleia Nacional dos Povos (ANP) e a Coordenação Nacional de Direitos Humanos, entre outros coletivos, a se concentrarem na Praça San Martín, em Lima e em todo o país. Para a CGTP, é fundamental “apoiar a dissolução do Congresso”.
O neoliberal de direita Vizcarra demonstrou que conta com o apoio político de todo o aparelho repressivo do regime de exceção peruano, que desde o golpe militar dado por Alberto Fujimori na década de 90, é responsável pela morte e prisão de milhares de ativistas sociais e de esquerda. No Peru o parlamento é unicameral, ou seja, não tem Senado, então “tecnicamente” o país teria agora dois presidentes e nenhum Congresso. Mas depois de assumir a presidência paralela Mercedes Araoz, logo renunciou sob pressão direta das Forças Armadas e da embaixada norte-americana em Lima. Os episódios “confusos” e conflituosos desta semana no Peru são apenas o estopim de uma crise que começou em 2018, quando o presidente eleito, Pedro Pablo Kuczynski, renunciou ao cargo e lançou o país num cenário de instabilidade política e institucional. A congressista Verónika Mendoza, eleita pela coalizão Frente Ampla e representante de todo o arco da esquerda reformista, que encabeçou a marcha em Lima, se posicionou em apoio ao golpe de Vizcarra: “Estamos aqui celebrando essa vitória que nos custou muita luta. É o primeiro passo para que o povo peruano seja atendido”. Os dirigentes da burocracia sindical peruana também seguiram a posição da Frente Ampla, em seu comunicado, a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP) informa que convocou os trabalhadores e a população em conjunto com a Assembleia Nacional dos Povos (ANP) e a Coordenação Nacional de Direitos Humanos, entre outros coletivos, a se concentrarem na Praça San Martín, em Lima e em todo o país. Para a CGTP, é fundamental “apoiar a dissolução do Congresso”.
A profunda crise do regime burguês, que se baseia no pilar
de repressão das Forças Armadas, desde o período fugimorista (início dos anos
90), quando foi acionada para “eliminar” a guerrilha do Sendero Luminoso, se
arrasta de governo em governo. Alan García, que governou o país duas vezes
(1985-1990) e (2006-2011), cometeu suicídio. Os ex-presidentes Alejandro Toledo
(2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018)
respondem judicialmente a processos decorrentes das investigações da famigerada
“Lava Jato” peruana. Uma das principais líderes da oposição, Keiko Fujimori,
filha do ex-presidente Alberto Fujimori, também foi acusada de receber
irregularmente dinheiro da Odebrecht para suas campanhas políticas e foi presa.
Também o líder do Sendero Luminoso, Abimael Guzman, continua preso há mais de
vinte anos, apesar de pregar a “conciliação nacional” desde o cárcere da base
militar de Callao.
A instabilidade política do regime aparentemente contrasta
com os “bons” índices econômicos do país, no ano passado, a economia do país
cresceu 4%, segundo o Banco Central local. Já a Comissão Econômica para América
Latina e Caribe (Cepal) prevê um crescimento de 3,6% neste “conturbado” ano, de
qualquer forma, o índice é muito acima do 1,3% previsto para toda a região
latino-americana. Porém o aparente “sucesso” econômico do Peru é baseado em um
modelo neoliberal de agressivas exportações minerais, principalmente o ouro
(que no último período atingiu cotações recordes internacionais) degradante
para o meio ambiente e solapando uma das principais riquezas naturais do país.
Este “modelo” de pilhagem do país por mineradoras imperialistas, vem atiçando a
disputa intestinal da burguesia pelo botim do Estado capitalista. Razão das
violentas disputas fratricidas no seio de uma classe dominante que só enxerga a
venda do seu próprio país para o mercado imperialista.
A “chave” para a superação política da intensa crise crônica
em que se arrasta o regime bonapartista no Peru, reside na possibilidade da
construção de uma alternativa independente e revolucionária dos trabalhadores.
Tanto a esquerda foquista (Sendero e MRTA), como os reformistas do PCP
fracassaram na sua tentativa de levar adiante uma política de colaboração de
classes, visando estabelecer um governo do tipo de Frente Popular, como foi o
de Lula no Brasil. As massas populares e campesinas já mostram total
desconfiança em relação a direita fugimorista e sua “alma gêmea” a reação
neoliberal de Vizcarra, vergonhosamente apoiada pelos reformistas. O único
caminho que o combativo proletariado peruano, que protagonizou heróicas lutas
nacionais, tem a a trilhar é o da revolução socialista!