terça-feira, 22 de outubro de 2019

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS BOLÍVIA COM DOIS RESULTADOS E UMA ÚNICA CERTEZA: EVO GOVERNA COMO UM REFÉM DA BURGUESIA


As eleições presidenciais da Bolívia que ocorreram no último domingo (20/10) ainda estão com seu resultado aberto até a manhã desta terça-feira. O Conselho Eleitoral da Bolívia atualizou sua contagem preliminar de votos, após uma inexplicável pausa de quase 24 horas desencadear protestos da oposição ao governo Evo Morales e pedidos de ingerência a observadores internacionais e organismos estrangeiros para que a apuração fosse retomada para garantir a “transparência” dos resultados. Com um pouco mais 95% dos votos apurados, o presidente Evo Morales tinha pouco mais de 46% e seu principal opositor, Carlos Mesa (Comunidade Cidadã), 37%, mostrando Morales ampliando bem sua vantagem inicial de 5%, mas ainda sem a vantagem de 10 pontos necessária para evitar um segundo turno com Mesa em dezembro próximo. Porém como a posse de outros dados do TSE, que davam uma diferença de 10,1% sobre Mesa, vários meios jornalísticos oficiais ligados ao governo Morales já anunciaram que não haverá segundo turno, e a reeleição do atual presidente estava assegurada, o que gerou uma avalanche de atos violentos da oposição nas principais cidades do país, a região de Santa Cruz proclamou uma greve geral caso o TSE declare a vitória do MAS. Waldo Albarracín, líder do Conade, uma organização civil da direita, “alertou” que o governo Evo está gerando um clima de instabilidade, afirmando que “se uma guerra civil ocorrer neste país, é de responsabilidade do governo”. 


Diante do cenário de polarização e resultados dúbios, o governo dos EUA “aconselhou moderadamente” a Morales para que a Bolívia restabeleça a: “credibilidade e a transparência” do processo eleitoral, ou seja Trump não quer avalizar inicialmente uma ação radical da oposição de direita contra a reeleição do MAS, postura completamente distinta adotada pela Casa Branca em relação às eleições ocorridas na Venezuela. Não por coincidência Washington não se opôs a mudança na legislação eleitoral boliviana que permitiria o quarto mandato consecutivo do presidente Evo Morales. Mas as próprias forças políticas governistas ainda não sentiram segurança para “bater o martelo” e proclamar em definitivo o triunfo de Morales, convocando uma manifestação para amanhã (23/10) na praça central de La Paz, onde decretariam a derrota da oposição. A última palavra do resultado eleitoral da eleições bolivianas já não depende dos votos que estão contidos nas urnas, mas sim da correlação de forças nas próximas horas entre os dois campos políticos majoritários do país, revelando a certeza do que os Marxistas Leninistas vem afirmando há algum tempo: as eleições burguesas na atual etapa histórica do capitalismo, não expressam mais a verdadeira soberania popular da época da revolução democrática, ao contrário são um instrumento de fraude permanente (eletrônica)do voto universal. Hoje na Bolívia nossa caracterização se confirma dramaticamente, ou seja se a oposição consegue mobilizar a população nas ruas será a vitoriosa, independentemente do resultado eleitoral, caso Evo ainda consiga arrastar as massas em apoio a continuidade do seu quarto mandato, continuará ocupando a presidência da república. A única certeza que se tem neste momento é que a burguesia está em pleno controle da situação política do país, para dar sequência ao projeto neoliberal que hegemoniza o cenário econômico do altiplano andino.