Quando se anunciava que ocorreria uma forte greve nacional
petroleira no Brasil neste final de semana em um quadro geral de levantes
populares que sacodem o continente latino-americano como o Chile assim como para
denunciar não só a privatização da Petrobras e o sucateamento da empresa que
tem responsabilidade direta pelo derramamento de óleo na costa do Nordeste, as
direções sindicais dos petroleiros (FUP e FNP) anunciaram que a paralisação
estava desmarcada sem prazo para ser retomada! Em tese a greve começaria esse final
semana (sábado, 26.10) mas na verdade tudo não passou de uma encenação para pressionar
o TST a apresentar uma proposta de conciliação de Acordo Coletivo da categoria que
não passa de pequenas migalhas econômicas frente ao desmonte da Petrobras, uma verdadeiro "balde de água fria" na mobilização! Esse
“teatro de luta” foi reforçado por toda a esquerda revisionista, tanto que a Resistência
(PSOL), PSTU e PCB anunciaram respectivamente em seus sites “Óleo nas praias,
greve na Petrobras e América Latina nas ruas!”, “Disposição de luta mantém
mobilização por greve entre petroleiros” e “Todo apoio à greve dos petroleiros!”. Tudo não passou de um blefe em troca de penduricalhos na negociação do ACT!
Prova disso é o descaramento da FUP ao informar a sabotagem e traição à luta: “De
forma propositiva, a FUP encaminhou às assembleias a aprovação da greve, mas
também alternativas para a construção de uma saída negociada do conflito
estabelecido pelos gestores da empresa. Este, portanto, é um momento decisivo
para os petroleiros e petroleiras. Diante da nova proposta apresentada pelo
TST, a FUP está indicando a sua aprovação, com suspensão da greve. Se a
Petrobrás não aprovar até o dia 03/11 a proposta, a greve pelo Acordo Coletivo
será retomada com data a ser definida pela FUP”. Por sua vez, a FNP apesar de
não referendar a proposta do TST também apoiou o adiamento da greve afirmando que deve-se
“Rejeitar a proposta do TST e recolocar a greve nacional na ordem do dia”
quando seria necessário fazer imediatamente a paralisação para
denunciar a traição da FUP e chamar as bases para a luta! Como apontamos a
disposição de luta dos trabalhadores brasileiros vem sendo sabotada pelas
direções políticas (PT, PCdoB e PSOL) e sindicais (CUT, CTB, Intersindical e
Conlutas) enquanto na América Latina as massas saem as ruas questionando instintivamente
a política de colaboração de classes do arco frente populista! Os levantes
populares que vem ocorrendo no Equador e Chile se deram à margem das direções
reformistas, bem mais frágeis politicamente do que o PT e a CUT no Brasil.
Quando estas direções reformistas do Equador e Chile entraram em cena para
“protagonizar” o movimento de massas, foi justamente aí que a burguesia pôde
manobrar a crise, cedendo algum ponto, mas se mantendo intacta no controle do
Estado capitalista, obviamente com o suporte da política de colaboração de
classes da Frente Popular, exatamente como ocorre no Brasil. A lição para
abstrair de mais esta traição da luta dos trabalhadores é a necessidade da
construção de uma direção revolucionária para os trabalhadores latino-americanos
e particularmente no Brasil, onde a “camisa de força” que o PT e a CUT impõem
ao movimento de massas é a verdadeira barreira de contenção para que não
“exploda” aqui gigantescas mobilizações populares contra o “desmonte” e o
“ajuste” que o governo neofascista de Bolsonaro vem descarregando nos ombros dos
explorados!