Nos últimos minutos deste domingo(dia 13/10), quando a
multitudinária mobilização popular no Equador entrava no seu 12’ dia, o
presidente “traíra” Lenín Moreno anunciou a revogação do Decreto 883, o chamado
“Paquetazo” que aumentou em mais de 130% os preços dos combustíveis no país. No
outro lado da trincheira, os dirigentes da CONAIE, em uma escandalosa confissão
de traição à heróica luta indígena, operária e popular, afirmaram que: “As
mobilizações em todo o Equador são encerradas e nos comprometemos em restaurar
a paz no país”. O dirigente máximo da Conaie, Jaime Vargas, que esteve no
comando da mobilização indígena, confirmou a suspensão das manifestações
“callejeras”. A negociação iniciada com
o governo entreguista e assassino durou quatro horas, estendendo-se quase até a
meia-noite do domingo na cidade cercada de Quito, quando foi anunciado o “pacto
da paz”, sem que Lenin Moreno tivesse revogado ao menos as medidas de repressão
militar, que continuaram impunes, inclusive com varias prisões ocorridas nesta
segunda feira(14/10). As lideranças políticas do movimento, demonstrando um
absurdo grau de conciliação de classes, concordaram com a criação de uma “comissão com a
participação do governo e de representantes dos indígenas com objetivo de
elaborar outro decreto para substituir o 883”, ou seja um outro “Paquetazo
menos perverso”. O mais incrível diante do “desmonte” da mobilização
revolucionária do povo equatoriano, é que setores da esquerda reformista vieram
a “comemorar a grande vitória”, o que significa na prática celebrar a
manutenção de um governo neoliberal em pleno colapso político, e sem a menor
condição de se manter estável no poder sem a vergonhosa “trégua” estabelecida
pelas direções burocráticas.