NÃO AOS BOMBARDEIOS DA TURQUIA CONTRA OS CURDOS! PELA
UNIDADE REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES TURCOS, SÍRIOS, IRAQUIANOS E CURDOS
CONTRA O IMPERIALISMO IANQUE E ISRAEL!
O chamado “Curdistão” sírio foi alvo de ataque da Turquia
após serem “abandonados” pelas forças militares do imperialismo ianque. Pelo
menos oito pessoas morreram e outras 35 ficaram feridas nesta sexta-feira (11)
na cidade de Nusaybin após um ataque com morteiros disparados na região do
Curdistão que faz parte do território da vizinha Síria. O exército turco
iniciou uma ofensiva aérea e terrestre no nordeste da Síria contra a milícia
curda Unidades de Proteção Popular (YPG). Os mais recentes ataques aumentaram
para 17 o número total de mortes em três dias de combates. Com a incursão
militar por terra e ar na Síria, a Turquia tenta assumir o controle de uma
faixa de 30 quilômetros de extensão do território sírio adjacente à fronteira. Erdogan
manifestou a determinação do governo de prosseguir com a operação militar. Seu objetivo é expulsar dessa
faixa territorial as YPG devido aos vínculos com o Partido dos Trabalhadores do
Curdistão (PKK), a guerrilha curda ativa na Turquia. Os YPG foram abandonas por
Trump após o fracasso da ação ianque na Síria. Enquanto serviam como base para
atacar o regime Assad os EUA mantiveram os curdos como aliados, mas agora eles
não tem serventia. Trump ordenou no último domingo a retirada das tropas ianque
da região do mecanismo de segurança, abrindo caminho para a ofensiva da Turquia
contra os curdos, até então um dos principais aliados da Casa Branca no combate
os integrantes do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) na região. Como
Marxistas Revolucionários rechaçamos os bombardeios as milícias curdas na Síria
assim como a perseguição a militantes de esquerda no interior da Turquia.
Defendemos a unidade revolucionária dos trabalhadores turcos com a minoria
curda para derrotar o imperialismo ianque, Erdogan com o estabelecimento de uma frente única com Assad!
A ofensiva militar feita pela Turquia contra a minoria curda
no nordeste da Síria segue crescendo e já fez ao menos 100 mil pessoas
abandonarem suas casas. Os ataques turcos estão concentrados no lado sírio da
fronteira entre os dois países e se estendem por 400 km, de Ain-Diwar, na
divisa com o Iraque no leste, até Kobani, a mais de 400 km a oeste. É
importante ressaltar que nesta região encontra-se Kobani, cidade fronteiriça no
norte da Síria com a Turquia, onde se concentram os curdos. O EI chegou a dar
por conquistada a região em 2014 mas os curdos os expulsaram em 2015, após
meses de intensos. Durante muito tempo, os curdos ficaram sozinhos defendendo
Kobani, já que o governo da Turquia se recusava deixar ingressar curdos turcos
e iraquianos (peshmerga) pela sua fronteira. Entretanto, a principal milícia
síria curda (YPG-YPJ) conseguiu expulsar o EI com o apoio das bombas da
coligação imperialista liderada pelos Estados Unidos. Tratou-se da mesma
política utilizada pelo imperialismo ianque no Iraque com relação aos curdos,
ou seja, a tentativa de um acordo para dar relativa autonomia para a região
desde que suas direções se aliem as iniciativas militares do Pentágono. Essa
região inclusive foi caracterizada acriticamente pelos revisionistas do trotskismo
como a CS argentina e MRS no Brasil (que combatem Assad ao lado dos
“rebeldes") como a “Kobani Vermelha” pela influência do PKK e de supostos
anarquistas na cidade.
Nesse contexto, os curdos na Síria incrementaram os contatos
com o Curdistão iraquiano e com o PKK, brutalmente reprimido pelo governo turco
de Erdogan. O PKK estava organizando bases militantes no norte da Síria. O
centro da preocupação turca é que os curdos se fortaleçam ainda mais na região,
porque o estabelecimento do governo autônomo curdo no norte do Iraque e a posse
de cidades iraquianas de Mosul e Kirkut, após a ocupação, importantes centros
de reserva e extração petrolífera, deu grande impulso a um sentimento popular
que exige a constituição de um Estado independente. O ascenso do movimento
nacionalista curdo também desestabiliza internamente a própria Turquia, já que
em seu território existem mais de 12 milhões de curdos vivendo sob um férreo
regime de opressão nacional, cuja expressão mais conhecida é a prisão do líder
curdo nacionalista do PKK, Abdullah Ocalan. A consequente defesa do direito à
autodeterminação curda através de um programa marxista revolucionário passa,
neste momento, pelo chamado à unidade revolucionária dos trabalhadores turcos,
iraquianos, iranianos, sírios e curdos, conformando milícias multiétnicas para
derrotar o imperialismo ianque e seu agente Erdogan. Não somos partidários da
existência de uma imaginária “Kobani Vermelha” como fazem os revisionistas do
trotskismo partidários da “revolução árabe”, que saudaram o apoio que as
milícias curdas receberam dos EUA para enfrentar o EI, via os bombardeios e
armas, como proclamam a LIT, UIT e a CS-MRS, mas que agora foram abandonadas
por Trump. Os fatos atuais nos deram razão, demonstrando a inutilidade
estratégica de uma aliança com os EUA. Chamamos os combatentes do YPG a lutar
pela sua independência nacional unindo os curdos do Iraque, Turquia e Síria em
frente única com o governo Assad, contra o imperialismo ianque e Erdogan, dando
assim um caráter extremamente progressista a sua justa aspiração nacional.