O Equador enfrenta há seis dias consecutivos protestos
populares que têm levado milhares de ativistas sociais às ruas, primeiro como
uma resposta ao anúncio do presidente neoliberal Lenín Moreno de eliminar os
subsídios a combustíveis para conter o suposto déficit fiscal equatoriano. A
medida draconiana atende a um acordo assinado com o FMI para a concessão de um
empréstimo de US$ 4,2 bilhões. Mas logo na sequência dos fatos, as mobilizações multitudinárias do povo equatoriano
cresceram em proporção ainda maior com a decretação pelo governo “traíra” do
Estado de Exceção e do Toque de Recolher noturno no país. Com o avanço do
movimento de massas, o amedrontado serviçal da Casa Branca, que atende
desgraçadamente pelo nome de Lenín, transferiu (abandonou) a capital do Equador
de Quito para a cidade de Guayaquil. Várias marchas indígenas estão em curso no
Equador, a maior delas, com aproximadamente 30 mil integrantes avançou ontem
desde Cotopaxi e outras zonas do extremo sul do país e se somaram aos protestos
em Quito. O mesmo com o movimento indígena de Tugurahua, Shuar Tsuraku, na
região amazônica do Equador, Imbabura, Azuay, Pichincha, Chimborazo, Cañar,
Loja e várias outras. Segundo o presidente da CONAIE (Confederação de
Nacionalidades Indígenas do Equador), Jaime Vargas, os indígenas exigem “a
imediata libertação dos 350 detidos arbitrariamente por exercer seu direito
constitucional de resistência” e acrescentou que só haverá conversações com o
presidente “lambe botas” do imperialismo ianque, uma vez que chegem a Quito.
Escolas e estradas estão fechadas em todo o país. A expectativa é da chegada de
cerca de 100 mil indígenas à capital nesta quarta-feira, 09/10. A crise política é muito
significativa do ponto de vista histórico, uma vez que massivos protestos
liderados por indígenas já foram parte importante do processo de derrubada do
presidente Jamil Mahuad, em 2000, durante outro período de tensão
revolucionária. Neste dia 08 manifestantes empunhando bandeiras e gritando
palavras de ordem contra o imperialismo e o governo neoliberal, a maioria
indígenas agrupados na CONAIE, invadiram o prédio da Assembleia Nacional , o
parlamento central do país na “antiga” capital Quito, que está tomada por
barricadas policiais e trincheiras populares, principalmente com convocação de
greve geral para hoje. Há claros indícios políticos que já começa
a “brotar” uma situação de duplo poder. A principal Central Sindical do
Equador, a FUT, dirigida por José Villavicencio, declarou que se submete
integralmente às deliberações da CONAIE, participando ativamente da paralisação
nacional. Em completo desespero e já prevendo seu fim, Moreno declarou que: “os
saques, vandalismo e violência que vimos mostram que há uma motivação política
organizada para desestabilizar o governo, romper a ordem constitucional e
democrática", agregando
pateticamente: “Correa e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, estão por
trás desse plano de desestabilização". Por sua vez o ex-presidente Rafael
Correa, exilado na Bélgica, tratou de pedir “calma aos manifestantes”,
mostrando interesse em candidatar-se em uma possível nova eleição. Os Marxistas
Leninistas não fazem fetiche algum de novas eleições como uma saída política
para a grave crise que atravessa o Equador. O movimento de massas, tendo
concretamente a frente das gigantescas mobilizações organizações como a CONAIE
e a FUT, deve tomar em suas mãos a resolução propositiva da crise
revolucionária, derrubando o “cadáver” Moreno e instaurando um governo
operário, indígena e popular no Equador, baseado em organismos de poder
totalmente independentes das instituições apodrecidas do Estado Burguês. No
mesmo passo avançado, a vanguarda classista e combativa deve começar a debater
e organizar a fundação de um genuíno Partido Operário Revolucionário que seja a
verdadeira direção da transição socialista!