segunda-feira, 7 de outubro de 2019

CONGRESSO DA “SEMLUTAS”: O OCASO DA BUROCRACIA SINDICAL DE “ESQUERDA” QUE DEFENDE O “FORA MADURO” E O “FICA BOLSONARO”...


De 03 a 06 de outubro aconteceu na cidade de Vinhedo (SP) o quarto Congresso Nacional da CSP-Conlutas, um projeto de uma nova “Central Sindical” impulsionada fundamentalmente somente pelo PSTU e suas cisões políticas ao longo deste período histórico, atualmente todas agrupadas no PSOL. Como não poderia deixar de ser, o Congresso foi cruzado pelo debate acerca da política do PSTU no último período, mais especificamente sobre sua posição do apoio ao golpe institucional que derrubou o governo Dilma e a defesa da justeza da prisão de Lula pela famigerada Operação Lava Jato. Estas posições do Morenismo, aberrantemente “copiadas” da direita liberal, são parcialmente questionadas hoje pelas referidas rupturas do PSTU, como o grupo “Resistência” do PSOL. Mas se existiu uma certa polêmica no interior da Conlutas sobre o balanço político das posições golpistas e reacionárias do passado recente do PSTU, não podemos dizer o mesmo quando a questão versa sobre qual tática deva ser adotada pelo movimento operário frente ao governo neofascista de Bolsonaro. Na verdade no Congresso de Vinhedo existiu quase uma unanimidade de todas as correntes que lá estiveram presentes, na defesa do “Fica Bolsonaro”, sob a justificativa de que não era o momento “adequado” de se levantar a consigna de “Abaixo o governo Bolsonaro!”. Esta quase “unanimidade burra” somente foi quebrada pelo delegado Magno de Carvalho, do Sintusp, que em plenário defendeu que a Conlutas precisa sair na frente do: “Fora Bolsonaro para disputar os trabalhadores que rompem com o seu governo.” Em contraposição a tática defendida por Magno, o PSTU escalou o bancário Cyro Garcia, histórico dirigente do partido, que: “respondeu dizendo que é progressivo e muito positivo que vários setores da classe trabalhadora estejam se aproximando do ‘Fora Bolsonaro’. Mas, infelizmente a classe operária não fez a experiência com esse governo. É preciso ganhá-los para lutar contra esse governo“. 


Com o fajuto argumento da “falta de experiência” a Conlutas acabou avalizando todas as traições da burocracia da CUT, que sob esta mesma ótica política do PSTU ficou inerte diante da aprovação das malfadadas (contra)reformas da Previdência e Trabalhista. Todo o arco Morenista faz a apologia da necessidade do “acúmulo de forças”, enquanto a voraz ofensiva neoliberal do mercado subtrai as conquistas sociais do proletariado e promove o “desmonte” dos serviços públicos essenciais para a população mais carente. Com esta política cretina do “acúmulo de forças”, a classe operária vai acumulando derrota em cima de derrota, além de abrir mão de construir sua própria alternativa de poder revolucionário. Não por acaso a Conlutas se faz de “avestruz” enterrando sua cabeça no chão quando sequer faz um balanço sério sobre a total ausência de protagonismo nas principais lutas da classe trabalhadora, não seria exagero algum que um delegado mais radicalizado propusesse ao Congresso trocar o nome da “Central” para “Semlutas”... Porém se já não bastasse o gravíssimo equívoco político do “Fica Bolsonaro”, o Congresso aprovou como resolução internacional o “Fora Maduro!”. Neste ponto não podemos afirmar que se tratou de um profundo “erro tático”, esta resolução é a escandalosa continuidade programática de toda a política pró- imperialista do Morenismo e da LIT, que se perfilou militarmente com a OTAN na guerra que aniquilou a Líbia e quase levou a divisão territorial da nação síria. Agora repetindo a mantra da Casa Branca que Maduro é um “ditador”, como se todo Estado Burguês (democrático ou não) não fosse uma ditadura de classe, a Conlutas embarca novamente na nau da extrema direita para se emblocar como Trump e sua corte fascista mundial, do qual Bolsonaro é figura de destaque. E neste passo cada vez mais à direita, a Conlutas, controlada por uma burocracia sindical de “esquerda”, vai marcando seu ocaso político com sua inação e completa adaptação a ofensiva reacionária do capital.