sexta-feira, 18 de outubro de 2019

BOLSONARO VERSUS LEGENDA DE ALUGUEL (PSL): BRIGA NA ZONA DO “BAIXO MERETRÍCIO” É MANOBRA DISTRACIONISTA DA BURGUESIA PARA CONDUZIR OFENSIVA NEOLIBERAL SEM “CHAMAR ATENÇÃO”...


Algo próprio dos grupos mafiosos, que só confiam na própria “famiglia”, está ocorrendo nos bastidores palacianos do governo neofascista de Jair Bolsonaro. Para os observadores políticos mais ingênuos, a “briga” das quadrilhas da extrema direita que invadiu o noticiário nacional seria uma clara evidência de que a “oposição” está prestes a voltar ao “poder”, diante do “fracasso” do capitão e seus assemelhados gerenciarem a máquina estatal com um mínimo de “compostura e liturgia do cargo”. Ledo engano! O pastiche circense que está atualmente em “cartaz” no Brasil, é apenas uma manobra dos rentistas da burguesia nacional e internacional para avançarem silenciosamente, com muito êxito, na ofensiva neoliberal para desmontar o Estado e as conquistas sociais que ainda restam para a classe trabalhadora. O chefe miliciano Bolsonaro e seu clã representa somente o braço armado deste regime de exceção, imposto pela burguesia para submeter o país a uma nova agenda do mercado, pouco importa para a elite financeira se a famiglia fascista que está no governo central vem do “baixo clero” e se refestela em intrigas, ameaças de morte e brigas ferozes mais apropriadas para serem vistas em uma “zona do baixo meretrício”. Para o “Mercado” o fundamental é que enquanto a mídia corporativa se ocupa da “crise” do bordel palaciano, os estafetas do capital financeiro (com Paulo Guedes na cabeça) desmontam as empresas estatais, entregam nosso petróleo aos trustes imperialistas e formulam para o “Centrão” aprovar no Congresso a pauta de subtração das conquistas históricas do proletariado. E se finalmente o “cabaré pegar fogo”, matando politicamente seus protagonistas, a burguesia já tem o substituto ideal para ocupar o Planalto com a mesma “mão de ferro” do fascista Bolsonaro, trata-se do justiceiro Sérgio Moro. Operando toda essa transição, diga-se de passagem, na maior estabilidade do regime, garantida pela política do cretinismo parlamentar da esquerda reformista, que tem alucinações diárias com seu “grande triunfo” nas eleições de 2022...


Como já denunciamos em artigos anteriores, a questão de “fundo” que envolve o furdunço entre a famiglia Bolsonaro e a quadrilha bivariana que controla o PSL tem como centro o próprio Fundo Partidário, um recurso bilionário bancado pelo caixa do Estado Burguês para corromper as burocracias partidárias, inclusive as das legendas de “esquerda”, tudo em nome da plena manutenção do circo eleitoral da democracia dos ricos. Na queda de braço pela posse do milionário butim do “Fundo” referente ao PSL, que só perde em cifras financeiras para a “cota” do PT, os quadrilheiros da gangue do deputado pernambucano Luciano Bivar tem levado alguma vantagem. Bolsonaro nem sequer conseguiu emplacar o filhote do Banon como líder da bancada do PSL, perdendo a disputa para o deputado delegado de “porta de cadeia”, que o ameaçou com revelações “implosivas”. Na sequência o energúmeno capitão destituiu a “porca neofascista” da liderança do governo no Congresso Nacional, indicando agora um senador emedebista ligado ao golpista Temer. Como primeiro efeito desta desmoralizante derrota da tropa bolsonarista no seio do PSL, foi “para a cucuia” a nomeação de Eduardo para o cargo de embaixador do Brasil nos EUA, fato que com certeza não agradou a turma da extrema direita ianque. Como não iremos cansar nossos leitores com mais fatos nauseabundos da cizânia política no interior da escória fascista, seria importante abstrair as lições programáticas da etapa histórica que estamos atravessando, relativizando a feroz disputa travada na pocilga tupiniquim, no marco da ofensiva mundial do neoliberalismo contra os povos.

Após o golpe parlamentar que apeou a Frente Popular da gerência estatal em 2016, abriu-se um período de reordenamento geral da economia, reunindo no planejamento central do Estado os elementos já presentes desde a crise recessiva iniciada no final de 2012. Sem contar com a bolha internacional de crédito, somado ao  fim da indução estatal nos investimentos públicos e de infraestrutura, a política de colaboração de classes da Frente Popular se tornou um pesado fardo para a burguesia nacional. Tratava-se de mudar radicalmente a linha da gerência central, e nesta direção não cabia sequer a possibilidades de “mediação”, como se postulavam os tucanos na eleição presidencial de 2014. Foi necessário uma medida de força para iniciar o desmonte do “Estado gordo”, nutrido por mais de uma década pelos governos petistas com o boom econômico no preço mundial das comoditties. Em nome da ética os  rentistas patrocinaram o golpe por meio dos bandidos da famigerada Lava Jato, prenderam Lula e fraudaram uma eleição para impor um “bruto neofascista” no poder, arregimentando o respaldo militar das FFAA e acoelhando o STF nesta empreitada nefasta para o país. Neste sentido Bolsonaro foi um “mal necessário” para a burguesia, e continua sendo indispensável para a conclusão do planejamento estratégico do rentismo, pelo menos até que um novo horizonte econômico desponte no cenário internacional, e este novo ciclo de crescimento capitalista não chegará tão rápido assim, como indicam os fatores dos principais centros imperialistas e da China.

Portanto não adianta “sonhar” com as eleições presidenciais de 2022, como faz a esquerda reformista e os mais ingênuos ativistas da Frente Popular, se Bolsonaro se auto inviabilizar politicamente por conta de suas ações mafiosas, a burguesia já está pronta para colocar outro “animal” neofascista no Planalto, para manter intacto o regime bonapartista de exceção. Para executar uma possível troca ou “descarte” do capitão, o tripé que mantém Bolsonaro ainda se mantém bem coeso: FFAA, Centrão e STF no suporte integral as (contra)reformas neoliberais e a “queima” de nossas reservas naturais do país ao imperialismo. No mais é só contar com a passividade das direções burocráticas e traidoras do movimento operário e popular, que sempre são presenteadas generosamente com algum “Fundo Estatal”...