BOLSONARO VERSUS LEGENDA DE ALUGUEL (PSL): BRIGA NA ZONA DO “BAIXO MERETRÍCIO” É MANOBRA DISTRACIONISTA DA BURGUESIA PARA CONDUZIR OFENSIVA NEOLIBERAL SEM “CHAMAR ATENÇÃO”...
Algo próprio dos grupos mafiosos, que só confiam na própria
“famiglia”, está ocorrendo nos bastidores palacianos do governo neofascista de
Jair Bolsonaro. Para os observadores políticos mais ingênuos, a “briga” das
quadrilhas da extrema direita que invadiu o noticiário nacional seria uma clara
evidência de que a “oposição” está prestes a voltar ao “poder”, diante do
“fracasso” do capitão e seus assemelhados gerenciarem a máquina estatal com um
mínimo de “compostura e liturgia do cargo”. Ledo engano! O pastiche circense
que está atualmente em “cartaz” no Brasil, é apenas uma manobra dos rentistas
da burguesia nacional e internacional para avançarem silenciosamente, com muito
êxito, na ofensiva neoliberal para desmontar o Estado e as conquistas sociais
que ainda restam para a classe trabalhadora. O chefe miliciano Bolsonaro e seu
clã representa somente o braço armado deste regime de exceção, imposto pela
burguesia para submeter o país a uma nova agenda do mercado, pouco importa para
a elite financeira se a famiglia fascista que está no governo central vem do
“baixo clero” e se refestela em intrigas, ameaças de morte e brigas ferozes
mais apropriadas para serem vistas em uma “zona do baixo meretrício”. Para o
“Mercado” o fundamental é que enquanto a mídia corporativa se ocupa da “crise”
do bordel palaciano, os estafetas do capital financeiro (com Paulo Guedes na
cabeça) desmontam as empresas estatais, entregam nosso petróleo aos trustes
imperialistas e formulam para o “Centrão” aprovar no Congresso a pauta de
subtração das conquistas históricas do proletariado. E se finalmente o “cabaré
pegar fogo”, matando politicamente seus protagonistas, a burguesia já tem o
substituto ideal para ocupar o Planalto com a mesma “mão de ferro” do fascista
Bolsonaro, trata-se do justiceiro Sérgio Moro. Operando toda essa transição,
diga-se de passagem, na maior estabilidade do regime, garantida pela política
do cretinismo parlamentar da esquerda reformista, que tem alucinações diárias
com seu “grande triunfo” nas eleições de 2022...
Como já denunciamos em artigos anteriores, a questão de
“fundo” que envolve o furdunço entre a famiglia Bolsonaro e a quadrilha
bivariana que controla o PSL tem como centro o próprio Fundo Partidário, um
recurso bilionário bancado pelo caixa do Estado Burguês para corromper as
burocracias partidárias, inclusive as das legendas de “esquerda”, tudo em nome
da plena manutenção do circo eleitoral da democracia dos ricos. Na queda de
braço pela posse do milionário butim do “Fundo” referente ao PSL, que só perde
em cifras financeiras para a “cota” do PT, os quadrilheiros da gangue do
deputado pernambucano Luciano Bivar tem levado alguma vantagem. Bolsonaro nem
sequer conseguiu emplacar o filhote do Banon como líder da bancada do PSL,
perdendo a disputa para o deputado delegado de “porta de cadeia”, que o ameaçou
com revelações “implosivas”. Na sequência o energúmeno capitão destituiu a
“porca neofascista” da liderança do governo no Congresso Nacional, indicando
agora um senador emedebista ligado ao golpista Temer. Como primeiro efeito
desta desmoralizante derrota da tropa bolsonarista no seio do PSL, foi “para a
cucuia” a nomeação de Eduardo para o cargo de embaixador do Brasil nos EUA,
fato que com certeza não agradou a turma da extrema direita ianque. Como não
iremos cansar nossos leitores com mais fatos nauseabundos da cizânia política
no interior da escória fascista, seria importante abstrair as lições
programáticas da etapa histórica que estamos atravessando, relativizando a
feroz disputa travada na pocilga tupiniquim, no marco da ofensiva mundial do
neoliberalismo contra os povos.
Após o golpe parlamentar que apeou a Frente Popular da
gerência estatal em 2016, abriu-se um período de reordenamento geral da
economia, reunindo no planejamento central do Estado os elementos já presentes
desde a crise recessiva iniciada no final de 2012. Sem contar com a bolha
internacional de crédito, somado ao fim
da indução estatal nos investimentos públicos e de infraestrutura, a política
de colaboração de classes da Frente Popular se tornou um pesado fardo para a burguesia
nacional. Tratava-se de mudar radicalmente a linha da gerência central, e nesta
direção não cabia sequer a possibilidades de “mediação”, como se postulavam os
tucanos na eleição presidencial de 2014. Foi necessário uma medida de força
para iniciar o desmonte do “Estado gordo”, nutrido por mais de uma década pelos
governos petistas com o boom econômico no preço mundial das comoditties. Em
nome da ética os rentistas patrocinaram
o golpe por meio dos bandidos da famigerada Lava Jato, prenderam Lula e fraudaram
uma eleição para impor um “bruto neofascista” no poder, arregimentando o
respaldo militar das FFAA e acoelhando o STF nesta empreitada nefasta para o
país. Neste sentido Bolsonaro foi um “mal necessário” para a burguesia, e
continua sendo indispensável para a conclusão do planejamento estratégico do
rentismo, pelo menos até que um novo horizonte econômico desponte no cenário
internacional, e este novo ciclo de crescimento capitalista não chegará tão
rápido assim, como indicam os fatores dos principais centros imperialistas e da
China.
Portanto não adianta “sonhar” com as eleições presidenciais
de 2022, como faz a esquerda reformista e os mais ingênuos ativistas da Frente
Popular, se Bolsonaro se auto inviabilizar politicamente por conta de suas ações
mafiosas, a burguesia já está pronta para colocar outro “animal” neofascista no
Planalto, para manter intacto o regime bonapartista de exceção. Para executar
uma possível troca ou “descarte” do capitão, o tripé que mantém Bolsonaro ainda
se mantém bem coeso: FFAA, Centrão e STF no suporte integral as
(contra)reformas neoliberais e a “queima” de nossas reservas naturais do país
ao imperialismo. No mais é só contar com a passividade das direções
burocráticas e traidoras do movimento operário e popular, que sempre são
presenteadas generosamente com algum “Fundo Estatal”...