segunda-feira, 29 de outubro de 2018

COMO AVANÇAR NA RESISTÊNCIA AO FASCISMO? “FRENTE AMPLA DEMOCRÁTICA” COM A BURGUESIA OU FRENTE ÚNICA DE AÇÃO DIRETA COM O PROLETARIADO NA VANGUARDA DA LUTA POLÍTICA E SOCIAL


A vitória do neofascista Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais deste domingo colocou ainda mais em relevância um debate que já estava sendo travado pela vanguarda política de esquerda: Qual tática política os trabalhadores devem adotar para enfrentar a reação burguesa que agora assume o governo central do país? O PT e seus aliados no 2º turno, como PSOL e PCB, em nome de “derrotar o fascismo” nas urnas chamaram a formação de uma “frente ampla democrática” com os partidos burgueses e seus representantes, como Ciro Gomes, Marina Silva, FHC...muitos militantes celebraram o apoio de figuras como Joaquim Barbosa e Rodrigo Janot, homens do judiciário que criaram as condições políticas sombrias para chegar no quadro político reacionário em que nos encontramos, como a caçada aos dirigentes petistas e o golpe parlamentar contra Dilma. PT e PSOL apoiaram Eduardo Paes (DEM) e Márcio França (PSB) em nome do combate eleitoral aos aliados de Bolsonaro nos estados. Agora que a Frente Popular perdeu as eleições presidenciais, Haddad já anuncia que devemos ter “esperança” e esperar “sem medo” até 2022 para derrotar Bolsonaro nas urnas, inclusive vergonhosamente ligando ao facínora para lhe dar os parabéns pela vitória e desejar sucesso ao ex-capitão do exército. Trata-se da política de aguardar passivamente que o novo governo neofascista se desgaste durante 4 anos com a aplicação do plano de guerra neoliberal contra o povo, para posteriormente o PT voltar ao Palácio do Planalto nas próximas eleições, seguindo o rito institucional da democracia dos ricos. Nesse período, o PT vai buscar consolidar essa “frente ampla democrática” com a burguesia, que representa o embrião de um novo governo tipo o de Dilma Rousseff, ou seja, uma futura gerência de colaboração de classes com os partidos da burguesia que se declararem “oposição responsável” ao governo Bolsonaro. Nessa perspectiva, após uma gestão de extrema-direita, se empossaria em 2022 um governo débil comprometido com uma “frente democrática” burguesa avalista de um programa neoliberal “light” e apologista de “reformas” supressoras de direitos sociais dos trabalhadores ainda pendentes pós-Bolsonaro, em resumo uma reedição piorada do que foi a gerência Dilma, com seu fiasco responsável direta pela via de fortalecimento da “onda conservadora” que assolou o país a partir do início de 2015. Essa orientação política não tem como horizonte o combate nas ruas, pela ação direta dos trabalhadores ao neofascista, sua derrubada pelos métodos de luta da classe operária. Os lutadores sociais e ativistas classistas não podem embarcar nesse engodo de sustentar o regime político enquanto o capital ataca duramente nossas conquistas usando os instrumentos de sua pseudo-democracia (parlamento, justiça, governo central). Nossa tarefa é organizar uma Frente Única de Ação com o proletariado na vanguarda da resistência as investidas de Bolsonaro, formar comitês de base nos sindicatos, fábricas e escolas, preparar a resistência nas ruas. Um fato alentador nesse caminho se expressa no importante dado político de que os votos nulos e brancos somaram mais de 11 milhões de votos no 2º turno, ficando acima da diferença entre Bolsonaro e Haddad (10 milhões e 700 mil). Esse fenômeno (cujo percentual de nulos é o maior desde 1989) expressaram um ato ativo de protesto, mesmo dentro do circo eleitoral, tanto ao PT como ao neofascista, representando uma base política importante para construir uma ferramenta de luta superior e de classe a ilusória “mudança pelo voto” como apregoa o PT, esperando durante 4 anos um novo governo de pacto com setores de centro e mesmo de direita da burguesia como foi a gestão neoliberal de Dilma. Nesse sentido, a opção pelo voto nulo ou em branco em meio a imensa polarização eleitoral foi uma escolha consciente de não legitimar nem a Frente Popular e muito menos o neofascista Bolsonaro, um movimento bem mais progressista até mesmo que a abstenção passiva, ainda que também esta expresse deformadamente a desilusão de uma ampla camada dos trabalhadores com a democracia burguesa. Como afirmamos durante a campanha eleitoral, os Marxistas Leninistas não nos negamos a estabelecer todo tipo de frente única de ação com a Social Democracia, ou mesmo com partidos burgueses que estejam contra a ofensiva fascista ou se coloquem contrários a iminência de um golpe militar, porém integrar um frente burguesa “democrática” para fortalecer uma futura candidatura petista em 2022, ainda mais de um partido que esteve no governo central por mais de uma década, é outra questão totalmente distinta da tática de frente única defendida por Trotsky. O que está colocado neste momento é organizar desde já a resistência nas ruas. É necessário que as organizações políticas e sindicais da classe operária organizem em frente única a resistência orgânica dos movimentos sociais para derrotar a ofensiva reacionária e neoliberal em plena ascensão no país. Esta tarefa urgente passa bem longe de impulsionar uma “frente ampla democrática” com a burguesia que paralisará as lutas e amortecerá o combate de classe dos oprimidos ao governo neofascista de Bolsonaro, dando-lhe mais condições para atacar nossos direitos e conquistas!