Quando denunciamos que o grupo Transição Socialista
(ex-Negação da Negação) tinha ampla simpatia pela candidatura de Bolsonaro
apesar de formalmente chamar o Voto Nulo, alguns leitores do Blog da LBI e
mesmo ativistas de esquerda consideraram um “exagero” de nossa parte. Militantes
do PSTU chegaram inclusive a ter simpatia com a posição da TS depois do giro
político de 180º da direção Morenista em chamar o voto no PT e apoiar a
candidatura de Haddad. Explicamos que a linha política da TS de convocar atos
comuns como grupos neofascistas como o MBL defendendo a prisão de Lula e seu
apoio a Operação Lava Jato do Juiz Moro, saudando a ação policialesca da PF e
do Ministério Público, expressavam concretamente essa aproximação política com
Bolsonaro e seu eleitorado direitista. Alertamos que a TS só não chamava a
votar no ex-capitão do exército por ter “vergonha política” de apoiar o neofascista
entre a “esquerda”, ambiente que ainda convive. Agora, o balanço eleitoral da
TS confirma plenamente o que afirmamos! Este grupo sequer considera Bolsonaro
um representante da extrema-direita e neoliberal, seria apenas um “irmão
siamês” do PT... Em seu delírio TS afirma “Bolsonaro não é ‘ultra-liberal’.
Este adjetivo só serve para aqueles que queriam capitular ao PT, taxando-o
como, pelo menos (ufa!), ‘liberal’. Bolsonaro não é ‘ultra-autoritário’. Este
adjetivo só serve para aqueles que preferiam apenas um ‘autoritário’ petista.
Os militares estavam com Bolsonaro como estariam com Haddad. E talvez se
desmoralizem mais rapidamente com Bolsonaro do que se desmoralizariam com
Haddad. Bolsonaro é apenas mais um fantoche da ordem capitalista” (A vitória de
Bolsonaro e futuro do Brasil, 30.10). Em resumo, Bolsonaro e Haddad
representariam a mesma tendência política “totalitária”, mas segundo a TS o
candidato do PT expressaria um espectro ainda mais autoritário porque a Frente
Popular controlaria o movimento operário, tendo inclusive o apoio majoritário
dos militares nesta campanha. A partir dessa análise alucinada, TS justifica
todas suas alianças política com os neofascistas do MBL, Vem Pra Rua e com a
extrema-direita para derrotar o PT... esses quinta-colunas apenas “amarelaram”
na hora de chamar o voto no energúmeno reacionário. TS tenta “explicar
teoricamente” porque Bolsonaro e o Haddad são iguais, porém o PT mais
autoritário: “Reafirmamos as nossas análises: há uma tendência de autoritarismo
(bonapartismo) crescente no Brasil. Ela se confirma e se encaminha
independentemente de Lula(Haddad) ou Bolsonaro. Mas ainda não vivemos sob o
bonapartismo. Achar que havia risco do bonapartismo só com Bolsonaro e não com
Lula (Haddad) é inocência, é acreditar no dilúvio. A tendência de autoritarismo
tem a ver com o fim de um ciclo histórico de dominação da burguesia, especificamente
com o enfraquecimento dos mecanismos de controle da classe operária (a saber:
falência histórica do PT e de seus braços de retenção dos proletários,
demarcadamente após 2013). A luta de classes esquenta e isso empurra a mudança
do regime. A superestrutura ideológica/repressora tem de necessariamente
recrudescer para acalmar o lento ascenso que o operariado realiza em fábricas —
apesar da ausência de direção política, e a despeito dos que acham que a classe
operária desapareceu”. Com podemos observar, TS “celebra” a vitória de
Bolsonaro sob o argumento estapafúrdio de que este não teria força para deter
um inexistente “ascenso operário” atualmente em curso, isso quando a classe
operária se encontra em completa defensividade política e social. Sob argumentos
idênticos a TS celebrou a intervenção da OTAN na Líbia acusando Kaddaffi de ser
um aliado do imperialismo, tanto que celebraram a “vitória da revolução” contra
o “ditador sanguinário”! Nesse surto contrarrevolucionário tiveram ao seu lado
o PSTU e a CST, por esta razão TS “estranhou” que os Morenistas não estivessem
no 2º turno ao seu lado “dialogando” com eleitorado de Bolsonaro nem nos atos
pelo impeachment ao lado dos grupos neofascistas como o MBL. A tese política da
TS é que PT e Bolsonaro são iguais, expressam “tendências autoritárias
bonapartistas” sendo a Frente Popular ainda mais perigosa no quesito do
autoritarismo, como textualmente aponta “De um ponto de vista geral, a crise da
dominação burguesa se aprofunda com a vitória de Bolsonaro. Não apenas pela sua
falta de ‘preparo’, não apenas pela maior pulverização dos partidos no
Congresso, não apenas pelo mesmo fenômeno entre os governadores, mas sobretudo
porque vão à falência as históricas direções traidoras do proletariado, porque
vão à falência as máfias sindicais, porque vão à falência os partidos que vivem
de mamata do fundo partidário — mesmo os que se dizem de esquerda. A crise da
dominação burguesa também avançaria com o PT, mas este, no governo, ao menos
reforçaria seus mecanismos de controle do operariado fabril”. Com este balanço
final, ficou ainda mais claro que a TS sempre desejou fazer frente única com a
base eleitoral direitista de Bolsonaro contra o PT, sendo seu chamado ao Voto
Nulo apenas um disfarce para enganar incautos e ingênuos! Alertar que ambas as
candidaturas eram burguesas como fez a LBI, não significa de forma alguma dizer
que elas eram iguais e representavam os mesmos setores sociais e políticos da classe dominante como
fez a TS. Tanto que neste momento em que o PT chama a formação de uma “Frente
Democrática” com setores da burguesia contra Bolsonaro (em rumo oposto político
do que afirma a TS), lançamos a tarefa de organizar uma Frente Única de Ação
com o proletariado na vanguarda da resistência as investidas de Bolsonaro,
formar comitês de base nos sindicatos, fábricas e escolas, preparar a
resistência nas ruas. Já os trânsfugas da TS vão seguir seu caminho vergonhoso
no papel de escória de direita travestida de “esquerda trotskista”, merecendo o
justo ódio de classe dos lutadores do movimento operário, popular e estudantil
que buscam enfrentar na luta o neofascista Bolsonaro sem capitular ao PT.