Nestes dias finais da campanha eleitoral o neofascista
Bolsonaro tomou artificialmente a dianteira das “fakequisas” eleitorais. Ainda
que sejam claramente manipuladas segundo a vontade dos capitalistas que
controlam o circo fraudado da democracia dos ricos, a candidatura do ex-capitão
do exército galvanizou o sentimento anti-PT e fortaleceu a extrema-direita no
Brasil, com grupos neonazistas se organizando abertamente. Tudo aponta que a elite
dominante pretende fraudar as eleições e governar com um programa de ajustes
neoliberais ultra-ortodoxos, em um cenário de conjuntura de transição para um
claro regime bonapartista de exceção. Para o PSTU, entretanto, não existe
nenhuma ofensiva neoliberal fascista no país e tampouco no mundo. Os Morenistas
só enxergam “revoluções” onde na realidade campeou a barbárie imperialista,
como na Líbia. Por isso, o PSTU se integrou ao “#EleNão” com sua tradicional
plataforma sindicalista, acusando Bolsonaro simplesmente de “machista e
misógino”, propondo uma “rebelião” no sentido mais rebaixado deste termo, ou
seja, sem relação alguma com uma ruptura revolucionária que conduza a
destruição violenta do Estado burguês. Tanto que no artigo “Contra o machismo,
Bolsonaro e a exploração, vamos fazer rebelião!” não há uma única referência ao
fascismo expresso pela candidatura do PSL e, muito menos, o chamado ao
armamento popular ou a organizar comitês de autodefesa. Os Marxistas sabem muito bem que
o terreno de combate frontal ao fascismo não se dá no campo eleitoral e muito
menos com a política policlassista da Frente Popular, seja no, movimento de
mulheres ou na luta do proletariado, mas não podem deixar de denunciar o avanço
de sua representação nas urnas, convocando o seu combate pela luta direta e não
pela via do circo eleitoral. O PSTU fez justamente o contrário! No início da
campanha denunciamos que “empatizava” com Bolsonaro, caracterizando-o como um
candidato “antisistema”, ou seja, o representante do fascismo expressaria um
fenômeno progressivo no espectro eleitoral, “contra tudo o que está aí”.
Segundo os Morenistas, o eleitorado fascista de Bolsonaro seria uma base
política a ser disputada pela “esquerda”, não haveria grandes problemas em sua
“consciência”. Chegaram a lamentar que a “esquerda” se encontra presa, de mãos
dadas, ao reformismo lulista e não se aproximando da base de Bolsonaro para
capitalizar o “sentimento difuso” de rebeldia do eleitorado fascista! Por essa
lógica absurda pode-se fazer inclusive unidade de ação com essa direita
reacionária contra a esquerda socialdemocrata como o PT, principalmente quando
esta última se encontra no governo, no caso por exemplo de uma improvável
vitória de Haddad. Desta forma o PSTU apresenta Bolsonaro como um possível
aliado no campo da ação contra a Frente Popular, seguindo a linha que a LIT
adotou na Líbia, Síria e mais recentemente na Nicarágua, quando se aliou com os
grupos patrocinados pelo imperialismo sob o pretexto de que o governo de Daniel
Ortega era uma ditatura! A posição do PSTU diante de Bolsonaro revela que esse
partido chegou ao cúmulo da adaptação a reação burguesa, só perde para seus
aliados da Transição Socialista (ex-Negação da Negação) que já convocou até
mesmo atos conjuntos com os fascistas do MBL para exigir a prisão de Lula,
saudando a ação da PF e do Juiz Moro. Não por acaso, o PSTU por ser parte do
golpe parlamentar que apeou o governo Dilma e também impulsionou objetivamente
a ofensiva reacionária contra Lula (defendo sua prisão pelo justiceiro Moro e a
Lava Jato), acabou ganhando em um período da campanha fraudada a simpatia dos
“institutos” que premiaram Vera com o simbólico 1% nas pesquisas, somente sendo
punido quando somou-se as multitudinárias manifestações do “#elenão”, como
também o conjunto da “esquerda” (PT, PSOL, PSTU), em um contundente recado
político da burguesia para que a esquerda abandonasse as mobilizações populares
antifascista ou será castigada eleitoralmente. A “Rebelião” do PSTU limita-se a
agitar a necessidade de um “Governo dos Trabalhadores baseado em conselhos
populares”. Todos esses elementos revelam que o significado da “Rebelião”
propagada nestas eleições não tem qualquer conteúdo revolucionário, segundo os
critérios do Marxismo. Os arautos dessa “Revolução” de conteúdo rebaixado nunca
defendem a necessidade do armamento operário e muito menos a criação de
organismos de poder proletário para se tomar o poder pela via da violência
revolucionário como nos ensinaram Lênin e Trotsky! Não há uma única menção a
Ditadura do Proletariado no programa do PSTU, ou seja, está ausente o eixo para
dotar seu programa de um claro corte de classe proletário e marxista, segundo as
tradições da IV Internacional. No máximo, declara “Um programa que aponte a
ruptura com o capitalismo, os grandes bancos e empresas, chamando a que a
classe operária e a população pobre se rebelem, façam uma revolução que destrua
o capitalismo e que construa, na luta, um governo socialista dos trabalhadores,
baseado em conselhos populares”. Como demonstrou Trotsky só a Ditadura do
Proletariado pode assegurar a realização das tarefas democráticas e de
libertação nacional pela via das destruição violenta das instituições
burguesas, como o parlamento, a justiça e as FFAA. Por fim recordemos que o
PSTU chama de “revolução” ou mesmo “rebelião” o que ocorreu na Líbia ou na
Ucrânia, ações de massas orquestradas pelo imperialismo para derrubar governos
nacionalistas ou não alinhados diretamente a Casa Branca. Os Morenistas
apoiaram entusiasticamente as mobilizações na Líbia, Ucrânia, Síria ou mesmo no
Egito contra a Irmandade Muçulmana, qualificando-as de levante popular,
rebelião de massas e até revoluções! Lembremos que a LIT saudou as hordas de
fascistas que derrubaram as estátuas de Lênin em Kiev no ano de 2014, alegando
que tais “confusões” fazem parte do “processo revolucionário”, cabendo os
revolucionários disputar a consciência das massas que estão fazendo sua
“experiência concreta”, algo muito parecido do que dizem dos eleitores de
Bolsonaro! O ilusionismo da realidade, um caso típico de embuste programático
que marca o revisionismo do século XXI não passa de uma inútil tentativa de
desconsiderar a etapa reacionária da luta de classes em escala mundial. Sem
alimentar as falsas ilusões delirantes e oportunistas é necessário afirmar
vigorosamente que sem a construção de um partido operário e revolucionário de
massas nenhuma revolução socialista ocorrerá e tampouco sem a existência de uma
ampla vanguarda anti-imperialista nenhuma “revolução democrática” triunfará em
qualquer parte do planeta. Somente com a existência de organismos de poder das
massas, dotadas de uma estratégia militar, será possível levar a frente uma
verdadeira Revolução. A tentativa de apresentar novas “fórmulas”, como a
“Rebelião” agitada pelo PSTU nesta campanha eleitoral, não passa de mais um
engodo revisionista para fazer retroceder ainda mais a consciência de classe do
proletariado.