COMO AVANÇAR NA RESISTÊNCIA AO FASCISMO? “FRENTE AMPLA DEMOCRÁTICA” COM A BURGUESIA OU FRENTE ÚNICA DE AÇÃO DIRETA COM O PROLETARIADO NA VANGUARDA DA LUTA POLÍTICA E SOCIAL
A vitória do neofascista Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais
deste domingo colocou ainda mais em relevância um debate que já estava sendo travado pela vanguarda política de esquerda: Qual tática política os trabalhadores devem
adotar para enfrentar a reação burguesa que agora assume o governo central do
país? O PT e seus aliados no 2º turno, como PSOL e PCB, em nome de “derrotar o
fascismo” nas urnas chamaram a formação de uma “frente ampla democrática” com
os partidos burgueses e seus representantes, como Ciro Gomes, Marina Silva,
FHC...muitos militantes celebraram o apoio de figuras como Joaquim Barbosa e Rodrigo
Janot, homens do judiciário que criaram as condições políticas sombrias para chegar no quadro
político reacionário em que nos encontramos, como a caçada aos dirigentes petistas e o golpe parlamentar contra Dilma. PT e PSOL apoiaram Eduardo Paes
(DEM) e Márcio França (PSB) em nome do combate eleitoral aos aliados de
Bolsonaro nos estados. Agora que a Frente Popular perdeu as eleições
presidenciais, Haddad já anuncia que devemos ter “esperança” e esperar “sem
medo” até 2022 para derrotar Bolsonaro nas urnas, inclusive vergonhosamente ligando ao facínora para lhe dar os parabéns pela vitória e desejar sucesso ao ex-capitão do exército. Trata-se da política de aguardar passivamente que o novo governo neofascista se desgaste durante 4 anos com a
aplicação do plano de guerra neoliberal contra o povo, para posteriormente o PT
voltar ao Palácio do Planalto nas próximas eleições, seguindo o rito institucional da democracia dos ricos. Nesse período, o PT vai
buscar consolidar essa “frente ampla democrática” com a burguesia, que
representa o embrião de um novo governo tipo o de Dilma Rousseff, ou seja, uma
futura gerência de colaboração de classes com os partidos da burguesia que se
declararem “oposição responsável” ao governo Bolsonaro. Nessa perspectiva, após
uma gestão de extrema-direita, se empossaria em 2022 um governo débil
comprometido com uma “frente democrática” burguesa avalista de um programa
neoliberal “light” e apologista de “reformas” supressoras de direitos sociais
dos trabalhadores ainda pendentes pós-Bolsonaro, em resumo uma reedição piorada do que foi a gerência Dilma,
com seu fiasco responsável direta pela via de fortalecimento da “onda
conservadora” que assolou o país a partir do início de 2015. Essa orientação
política não tem como horizonte o combate nas ruas, pela ação direta dos
trabalhadores ao neofascista, sua derrubada pelos métodos de luta da classe
operária. Os lutadores sociais e ativistas classistas não podem embarcar nesse
engodo de sustentar o regime político enquanto o capital ataca duramente nossas
conquistas usando os instrumentos de sua pseudo-democracia (parlamento,
justiça, governo central). Nossa tarefa é organizar uma Frente Única de Ação
com o proletariado na vanguarda da resistência as investidas de Bolsonaro,
formar comitês de base nos sindicatos, fábricas e escolas, preparar a
resistência nas ruas. Um fato alentador nesse caminho se expressa no importante
dado político de que os votos nulos e brancos somaram mais de 11 milhões de
votos no 2º turno, ficando acima da diferença entre Bolsonaro e Haddad (10
milhões e 700 mil). Esse fenômeno (cujo percentual de nulos é o maior desde 1989) expressaram um ato ativo de protesto, mesmo dentro do circo
eleitoral, tanto ao PT como ao neofascista, representando uma base política
importante para construir uma ferramenta de luta superior e de classe a
ilusória “mudança pelo voto” como apregoa o PT, esperando durante 4 anos um
novo governo de pacto com setores de centro e mesmo de direita da burguesia como
foi a gestão neoliberal de Dilma. Nesse sentido, a opção pelo voto nulo ou em
branco em meio a imensa polarização eleitoral foi uma escolha consciente de não
legitimar nem a Frente Popular e muito menos o neofascista Bolsonaro, um
movimento bem mais progressista até mesmo que a abstenção passiva, ainda que
também esta expresse deformadamente a desilusão de uma ampla camada dos
trabalhadores com a democracia burguesa. Como afirmamos durante a campanha
eleitoral, os Marxistas Leninistas não nos negamos a estabelecer todo tipo de
frente única de ação com a Social Democracia, ou mesmo com partidos burgueses
que estejam contra a ofensiva fascista ou se coloquem contrários a iminência de
um golpe militar, porém integrar um frente burguesa “democrática” para
fortalecer uma futura candidatura petista em 2022, ainda mais de um partido que
esteve no governo central por mais de uma década, é outra questão totalmente
distinta da tática de frente única defendida por Trotsky. O que está colocado
neste momento é organizar desde já a resistência nas ruas. É necessário que as
organizações políticas e sindicais da classe operária organizem em frente única
a resistência orgânica dos movimentos sociais para derrotar a ofensiva reacionária
e neoliberal em plena ascensão no país. Esta tarefa urgente passa bem longe de impulsionar
uma “frente ampla democrática” com a burguesia que paralisará as lutas e
amortecerá o combate de classe dos oprimidos ao governo neofascista de
Bolsonaro, dando-lhe mais condições para atacar nossos direitos e conquistas!