ABSTENÇÃO, VOTOS NULOS E BRANCOS ULTRAPASSAM 40 MILHÕES: TRANSFORMAR O DESCONTENTAMENTO POPULAR AO CIRCO ELEITORAL DA DEMOCRACIA DOS RICOS EM RESISTÊNCIA DE CLASSE CONTRA O AJUSTE NEOLIBERAL QUE TANTO HADDAD COMO BOLSONARO DESEJAM IMPOR AOS TRABALHADORES!
Muito tem se falado da polarização da atual eleição presidencial. De fato, as candidaturas que foram ao 2º turno expressam dois projetos políticos distintos apesar de representarem os interesses da mesma classe social, a burguesia e suas frações. Haddad é porta-voz da orientação de levar adiante o ajuste neoliberal a conta gotas via um governo de união nacional com Ciro, alas do PSDB, Meirelles e Marina. Bolsonaro tem um programa ultra-ortodoxo de liquidação das conquistas ancorado nos setores mais reacionários ligados ao imperialismo ianque, com o apoio da Famiglia Marinho. Nessa disputa, os trabalhadores não devem apoiar nenhum de seus algozes, mas defender a luta direta revolucionária contra o plano de guerra que a burguesia pretende desatar contra os explorados. Nesse contexto devemos salientar que a abstenção eleitoral foi de 20,32% (29.862.169 eleitores), os votos nulos 7.188.946 (4,89%) e em branco 3.102.962 (2,11%). Em resumo, 27% dos eleitores, mais de 40 milhões de votos, se somarmos as abstenções, os votos nulos e os votos em branco disseram um retundo NÃO as duas alternativas burguesas que polarizaram a eleição. É um número expressivo que os revolucionários devem ter em conta, sendo completamente “desprezado” pela esquerda domesticada que se tornou refém da democracia burguesa, deslubrada com os holofotes do circo fraudado. Desde a LBI declaramos nesse contexto: Nenhum voto em Bolsonaro, nenhuma ilusão no PT! Convocamos o ativismo classista a fazer uma campanha ativa pelo Voto Nulo contra o circo eleitoral fraudado da democracia dos ricos, demonstrando que Haddad e Bolsonaro são duas faces da ofensiva burguesa contra os trabalhadores. No curso dessa campanha que vai além das eleições, está colocada a unidade de ação anti-fascista contra Bolsonaro, mas não o apoio eleitoral ao PT. A Frente Popular pavimentou a ascensão do neofacista que somente pode ser detida com uma resposta operária por fora do circo eleitoral fraudado. Haddad e Lula são contrários a esse caminho, apostam em acordos com os rentistas para avançar na pauta ditada pelo imperialismo. Essa vereda é completamente suicida para os trabalhadores, serve para que a reação fascista ganhe ainda mais força. Mais uma vez alertamos que votar em um candidato neoliberal “light” como Haddad é pavimentar a ofensiva neofascista exponencialmente, na medida que o petista comprometido com o ajuste neoliberal vai desmoralizar o movimento de massas e pavimentar ainda mais a ascensão da extrema-direita pela via direta das baionetas, na medida que a política de colaboração de classes do PT sabota a resistência. Como nos ensinou Trotsky explicando a ascensão do fascismo na Itália devido a política de colaboração de classes dos reformistas, "Os social-democratas esperavam que a atitude dócil dos operários erguesse 'a opinião pública' da burguesia contra os fascistas. Mais do que isso, os reformistas contavam até mesmo com o auxílio de Vítor Manuel (rei da Itália). Até o último minuto, refrearam com todas as suas forças os operários na luta contra os bandos de Mussolini. Mas em vão. Depois das altas esferas da burguesia, a coroa se colocou do lado do fascismo. Convencidos, no último momento, de que não se pode combater o fascismo pela docilidade, os social-democratas chamaram os operários para uma greve geral. Mas o seu apelo foi um fiasco. Os reformistas tinham molhado por tanto tempo a pólvora, temendo que ela explodisse, que quando finalmente lhe aproximaram o fósforo com a mão trêmula, ela não pegou fogo". (As lições da experiência italiana). Os Leninistas devem aproveitar a ampla abstenção, os votos nulos e brancos para estimular a consciência de classe por fora das instituições do regime político. Mesmo tendo clareza absoluta das profundas limitações da política do boicote eleitoral na atual conjuntura do país, nós da LBI nos esforçamos ao máximo no marco de nossas pequenas forças, para dotar o eixo do “Voto Nulo” em uma referência ativa para as massas. De outra forma a defesa da abstenção eleitoral poderá ser confundida com uma despolitizada crítica (típica dos anarcóides) aos “políticos” de uma forma geral. Por esta razão, insistimos no chamado a uma ação centralizada das correntes e do ativismo classista, através de uma plataforma programática mínima e principista, que desemboque na denúncia política viva deste regime fraudulento da democracia dos ricos. Devemos aproveitar o debate eleitoral nas escolas, ruas e bairros proletários para demonstrar a nulidade destas eleições como via para obter a menor conquista social e denunciar o caráter fraudulento desta democracia dos ricos, onde a verdadeira soberania popular há muito foi “sequestrada” por um seleto clube de “eleitores” empreiteiros, industriais e latifundiários. Não avançar na constituição de uma campanha unitária em defesa do voto nulo programático representaria um sério equívoco político, ainda mais quando um contingente de quase 30% do eleitorado se absteve ou votou nulo no primeiro turno, expressando sua frustração com as instituições do regime. A Liga Bolchevique Internacionalista conclama as correntes políticas que já se posicionaram em defesa do voto nulo ou do boicote ativo ao circo eleitoral neste segundo turno, os ativistas classistas independentes, a abraçarem a tarefa como um instrumento de independência política dos trabalhadores.