domingo, 7 de outubro de 2018

BOLSONARO E HADDAD VÃO AO 2º TURNO: DUAS FACES DA OFENSIVA NEOLIBERAL! NEM O FASCISTA, TAMPOUCO A FRENTE DO PT COM OS RENTISTAS! VOTE NULO CONTRA O CIRCO ELEITORAL FRAUDADO DA DEMOCRACIA DOS RICOS!


A passagem ao 2º turno de Bolsonaro e Haddad intensifica a polarização eleitoral entre a Frente Popular e o candidato da extrema direta, aumentando ainda mais a pressão política sobre o ativismo classista e a esquerda revolucionária pelo voto no candidato do PT, ainda que "muito crítico". Como parte dessa pressão, os defensores da Frente Popular tentam demonstrar que a campanha pelo Voto Nulo ou mesmo o boicote as eleições favorecem objetivamente a vitória da extrema-direita. Desde os parlamentares do PSOL até grupos revisionistas que “juram” fidelidade ao trotskismo, passando por “intelectuais de esquerda”, membros do PSDB como FHC e até mesmo o rentista Meirelles (Ministro da Fazenda do golpista Temer) esgrimam alarmados o perigo da “ameaça fascista”... Todos em uníssono somam-se a cantilena de que para derrotar eleitoralmente o neofacista é necessário estabelecer uma ampla frente política neoliberal em defesa do tecnocrata petista, tão domesticado ao “Deus Mercado” que foi assessor de investimento do UNIBANCO. Nós Marxistas Revolucionários, ao contrário, alertamos que votar em um candidato neoliberal “light” como Haddad é pavimentar a ofensiva neofascista exponencialmente, na medida que o petista comprometido com o ajuste neoliberal vai desmoralizar o movimento de massas e pavimentar ainda mais a ascensão da extrema-direita pela via direta das baionetas, na medida que a política de colaboração de classes do PT sabota a resistência. Deixamos claro que não se deve repetir o estelionato político do governo Dilma que desmoralizou o movimento operário potencializando a atual escalada da ofensiva reacionária. Desde a LBI declaramos: Nenhum voto em Bolsonaro, nenhuma ilusão no PT! Sabemos muito bem o que significa estabelecer “frente únicas” com governos ou forças nacionalistas-burgueses, reformistas e frente populistas. Impulsionamos esta “tática” recentemente na Líbia, Síria, na Ucrânia e mesmo na Venezuela (neste último inclusive no terreno eleitoral). Porém nestes casos específicos estes governos ou forças políticas foram forçados a tomar medidas concretas de enfrentamento com o imperialismo, de se chocar pública e mesmo militarmente com as forças da reação. No Brasil, o PT vai em caminho inverso, a cada investida da burguesia e do imperialismo ianque, novo recuo! É certo que com Bolsonaro os ataques neoliberais se incrementarão com um programa ultraortodoxo que nem o PSDB seria capaz de cumprir, mas não é papel dos revolucionários votarem “criticamente” nos neoliberais de esquerda do PT para barrar seus irmãos siameses da “direita”. A tarefa de opor-se a seus inimigos de classe está nas mãos dos explorados do campo e da cidade com seus métodos de luta direta, que estão paralisados pelo pacto social imposto pelo Frente Popular. Somente forjando uma vanguarda classista que atue de forma independente da política de colaboração de classes vigente se poderá construir uma alternativa revolucionária ao avanço da reação burguesa alentada pelo PT.


Muitos revisionistas pregam que votando em Haddad estaremos em melhores condições para organizar a resistência. A história das Frente Populares demonstrou que não! Se trata de impulsionar a ação direta e consciente da classe para superar a Frente Popular e não para sustentá-la pela “esquerda”! A política da PC na Espanha na década de 30 é uma prova que a orientação de falsa “frente única contra o fascismo” pode levar a derrotas sangrentas do proletariado, da mesma envergadura que a do “ultra-esquerdismo” na Alemanha de Hitler. Como nos ensinou Trotsky, trata-se de manter a independência política diante destas duas vertentes contrarrevolucionárias. Hoje no Brasil, os arautos do voto em Haddad usam o exemplo dos erros criminosos do stalinismo na Alemanha de Hitler para encobrir a política reformista da III Internacional na Espanha de Leon Blum. Desde a LBI seguimos os ensinamentos de Trotsky em ambos os casos, que chamou os revolucionários a estabelecer a unidade de ação para derrotar a ascensão nazi-fascista e não a se colocar como força auxiliar da social-democracia em sua política de cretinismo parlamentar ou em nome da defesa da “República”!

Desde já denunciamos que ao lado do chamado “campo democrático e popular”, saíram em apoio a Haddad importantes setores das oligarquias do Nordeste como Ciro Gomes, de golpistas como Eunício e Renan e de membros da alta cúpula do PSDB. Soma-se a essa aliança o rentista Meirelles Em toda a sua amplitude conforma-se um arco político policlassista que advoga o “mal menor” para derrotar a extrema-direita. Enquanto isso, todas, literalmente todas as campanhas salariais do país são derrotadas uma a uma e mesmo abortadas em seu início (bancários, correios) para não polarizar “por baixo” o circo eleitoral da democracia dos ricos. Estranha “disputa com a direita” em que a classe operária e os “movimentos sociais” só se fazem presentes em passeatas eleitorais. Definitivamente, apesar de toda a pressão, a LBI não faz parte desta “grande família” reformista! Que a pequena-burguesia “progressista” e a burocracia sindical “chapa-branca” recorram ao “perigo da direita” para pressionar os trabalhadores a votarem em Haddad não há nenhuma novidade, porém utilizar o Marxismo para aderir a esta chantagem eleitoral enquanto a Frente Popular sabota as lutas diretas dos explorados em nome da estabilidade do regime político trata-se de puro charlatanismo de quem não se move por conceitos de classe e sim de disputas entre alas da classe dominante, em um terreno (eleitoral) completamente desfavorável para uma ação independente dos trabalhadores.

Os argumentos em defesa do voto em Haddad “passeiam” desde a aritmética eleitoral até a razoabilidade política da “importância” em reconduzir o PT ao Planalto e assim evitar o “avanço do fascismo”. Somos obrigados em nome da verdade a reconhecer que tem plena razão essa “lógica”, afinal qualquer movimento eleitoral que neste momento não deságue em Haddad, favorecerá o triunfo da extrema-direita representado por Bolsonaro. Essa “correta” lógica formal só não contempla um elemento central para os Marxistas Revolucionários, a questão das classes sociais, onde “direita e esquerda” são a representação política da mesma classe dominante. O “detalhe” é que forma os governos do PT quem abriram as portas para “auxiliar” a sobrevivência política da velha e corrompida direita, como Sarney, Collor e  Maluf, etc...Se não tapamos “o sol com a peneira” e afirmamos com todas as letras que o Voto Nulo poderá beneficiar eleitoralmente Bolsonaro, com muito mais vigor asseveramos que nesta conjuntura posta tanto o PT como Bolsonaro expressam a “esquerda e a direita” da burguesia nacional, cortada ao meio entre os dois “projetos de poder”. Os apoiadores da Frente Popular não raciocinam mais com critérios de classe e sim com as representações políticas dos patrões: esquerda versus direita. Podemos atribuir a duríssima polarização que permeia o atual cenário eleitoral a própria divisão “cabeça a cabeça” na “pista de corridas” da burguesia nacional. Podemos estabelecer um bloco com o PT, a ala esquerda da burguesia, mas não no terreno eleitoral e em outra conjuntura, onde a direita burguesa ameaçasse realmente o movimento de massas com um golpe fascista. Por ora a única ameaça concreta é a continuidade da política de “ajuste” neoliberal, que foi levada a cabo pelo governo do PT e com a possibilidade da ascensão de Bolsonaro com certeza se intensificará. Porém o proletariado não pode ser chantageado politicamente pelos “neoliberais de esquerda” para se postar contra os “neoliberais de direita”, é necessário ir além da dicotomia eleitoral burguesa construindo uma alternativa classista para a próxima etapa histórica da luta de classes. A “gerência” estatal do PT se propõe a conduzir a burguesia a conquistar “novos” mercados (já não tão novos assim e um tanto esgotados), por outro lado a “capatazia” de Bolsonaro pretende girar a economia para a aliança tradicional com os EUA, que alardeia sua iminente recuperação. Se a opção “gerencial” colocada pelo PT já não é capaz de produzir um “esplendoroso” superávit cambial para o Estado, é mais do que “natural” que setores da burguesia agora apostem no retorno de uma direita “mais ortodoxa”.

Os apoiadores de “esquerda” da Frente Popular serão fiadores do veneno aplicado contra os explorados pelo PT. De nossa parte, convocamos o ativismo classista a fazer uma campanha ativa pelo Voto Nulo contra o circo eleitoral fraudado da democracia dos ricos, demonstrando que Haddad e Bolsonaro são duas faces da ofensiva burguesa contra os trabalhadores. Como Trotsky, sabemos enfrentar a pressão contra o oportunismo, o cretinismo eleitoral e o ultra-esquerdismo para manter de pé e limpa a bandeira da IV Internacional, que não se nega a lutar contra o fascismo, ao contrário, chama a fazer esse combate com os métodos de luta da classe operário e não no terreno eleitoral da democracia dos ricos!