O "justiceiro" Moro retirou o sigilo de parte do
acordo de delação de Palocci na Lava Jato. Trata-se de uma clara operação para
atacar o PT e a candidatura de Haddad, além de garantir a ida de Bolsonaro ao
2º turno na dianteira, cuja candidatura estava estagnada. No documento, Palocci afirma Lula
indicou Paulo Roberto Costa para a Petrobras com o objetivo de "garantir
ilicitudes" na estatal e que usou o pré-sal para conseguir dinheiro para
campanhas do PT. A defesa do ex-presidente afirmou que a decisão de Moro
"apenas reforça o caráter político dos processos e da condenação injusta
imposta ao ex-presidente Lula" e que o juiz tem "o nítido objetivo de
tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados". O ex-ministro
relatou uma reunião que teria ocorrido no início de 2010, na biblioteca do
Palácio do Alvorada, com Lula - na época presidente do país -, Dilma Rousseff e
José Sérgio Gabrielli, então presidente da Petrobras. Segundo Palocci, nesta
reunião, Lula "foi expresso ao solicitar do então presidente da Petrobras
que encomendasse a construção de 40 sondas para garantir o futuro político do
país e do Partido dos Trabalhadores com a eleição de Dilma Rousseff,
produzindo-se os navios para exploração do pré-sal e recursos para a campanha
que se aproximava". Lula teria afirmado, nesta reunião, que caberia a
Palocci gerenciar os recursos ilícitos. Segundo o ex-ministro, as campanhas do
PT foram abastecidas com caixa dois. Palocci afirma no depoimento que as
campanhas em 2010 e 2014 custaram, respectivamente, R$ 600 milhões e R$ 800
milhões. Esses valores seriam mais que o dobro do que foi declarado
oficialmente à Justiça Eleitoral na época, de acordo com o depoimento. Nenhuma
surpresa ao se tratar da Lava Jato, uma Operação montada desde a Casa Branca e
coordenada midiaticamente no Brasil pelas "Organizações Globo".
Palocci um ex-militante da tendência Liberdade e Luta (atual corrente petista O
Trabalho) converteu-se no interior do PT em um dos precursores do
neoliberalismo quando ao assumir a prefeitura de Ribeirão Preto em 1992
privatizou a companhia telefônica da cidade. Ao assumir o Ministério da Fazenda
na primeira gerência do presidente Lula, Palocci aprofundou seu curso
monetarista promovendo as primeiras contrarrreformas do regime exigidas pelo
mercado financeiro. Palocci não resistiu a um escândalo em Brasília, onde foi
acusado de patrocinar uma mansão de lobistas ao governo e de quebrar o sigilo
bancário do caseiro da tal mansão. Retornou ao governo após a eleição da
presidente Dilma em 2010, porém não durou seis meses no cargo de ministro da
Casa Civil, não conseguindo explicar a compra de um luxuoso apartamento de seis
milhões de Reais, logo foi demitido. O petista neoliberal fora do governo,
assim como José Dirceu, se dedicou a "prática de consultoria" para
grandes empresas capitalistas, acumulando um patrimônio pessoal milionário, não
muito distinto de dezenas de dirigentes do PT. É óbvio que o enriquecimento
pessoal de militantes da esquerda somente pode acontecer no marco de partidos
burgueses, como se transformou o PT ao longo da última década. As supostas
"consultorias" são um método de camuflar o recebimento de comissões
recebidas por gestores do Estado burguês (de todos os partidos institucionais)
em absolutamente todas suas transações comerciais com grupos capitalistas. Os
justiceiros fascistas da Lava Jato sabem muito bem que as "comissões"
fazem parte da engrenagem do regime capitalista, prática generalizada no país
desde a instauração da república com Deodoro da Fonseca, porém acusam o PT de
ter inaugurado a "propinolandia" no Brasil. Com o suporte da mídia
"murdochiana", a Lava Jato avança a passos
largos para fragilizar a Petrobras e retirar a reserva de mercado nacional das
empreiteiras brasileiras (somente estas podem participar de licitações
estatais). O "conto de fadas" publicitado pelo justiceiro Moro e
reverberado pela Globo de que nunca se "roubou tanto" nos governos do
PT só pode convencer tolos e incautos. Lula e em certa proporção Dilma
promoveram a expansão dos investimentos públicos, lastreados pelo "
boom" mundial do preço das commodities e pela "bolha de crédito",
por isso mesmo o volume das "comissões" no campo da política burguesa
se incrementou beneficiando também centenas de dirigentes e parlamentares do
PT. As campanhas milionárias da Frente Popular, irrigadas com "caixa 1 e
2", foram produto do programa burguês do PT que defende impulsionar os
"negócios capitalistas" com suas gerências estatais. Palocci como
ministro da Fazenda foi uma peça original deste esquema em que o PT
compartilhou com uma dezena de partidos da antiga "base aliada". Como
Marxistas não pretendemos ocultar o caráter de classe do PT, situado no mapa da
política burguesa como um partido de "centro-esquerda", mas esta
correta caracterização não nos impede de perceber o curso da ofensiva
reacionária, concentrada hoje na Lava Jato, e que tem como estratégia a reversão
das liberdades democráticas constitucionais e a abertura da economia nacional
aos cartéis imperialistas. Neste sentido convocamos o movimento de massas a
defesa incondicional do PT diante das ameaças e prisões da famigerada Lava
Jato, sem abonar politicamente o programa burguês do partido e a pratica de
enriquecimento pessoal da maioria de seus dirigentes. Da mesma forma os
Trotsquistas atuaram diante da prisão do "governador burguês" Miguel
Arraes ou o do "presidente capitalista" Jucelino Kubitscheck frente a
ditadura militar inaugurada no Brasil nos anos 60. A Lava Jato representa a
porta de entrada de um novo regime bonapartista no país, de corte ideológico
fascista, não tem nenhum aspecto progressista. Esta mesma lógica de capitulação
a Lava Jato norteia desde o PSOL até o próprio PT, passando pelo neostalinista
PCdoB, isto sem falar do PSTU fã do justiceiro Moro. É urgente que os
movimentos sociais desenvolvam uma vigorosa campanha política nacional para
denunciar a farsa da Lava Jato, revelando para as massas seus reais objetivos
"inconfessáveis" nesta campanha eleitoral, sem prestar nenhum apoio
político e eleitoral a campanha de Haddad e sim chamando o boicote ativo ao
circo eleitoral fraudado. Agora é esperar nesta reta final da campanha como a
Família Marinho e os seus “institutos de pesquisa” vão aproveitar a divulgação
da delação de Pallocci, ao que tudo indica vai servir para garantir ida de
Bolsonaro para o segundo turno a frente do PT, na medida que o neofascista
vinha perdendo força nos últimos dias, inclusive amargando um empate técnico
com Haddad.