domingo, 30 de setembro de 2018

DESORIENTAÇÃO DA ESQUERDA REFORMISTA DIANTE DO MOVIMENTO "#ELENÃO": PCO AFIRMA QUE FOI IMPULSIONADO PELA DIREITA PARA PREJUDICAR O PT, PSTU SIMPLESMENTE CLASSIFICA BOLSONARO COMO UM "CANDIDATO MACHISTA" E O PSOL SE DILUI JUNTO COM O PT NA POLÍTICA DE CONCILIAÇÃO DE CLASSES



Seria até risível, se não fosse trágica a análise das correntes da esquerda acerca do movimento multitudinário que tomou conta do país no último sábado de setembro. O chamado "#EleNão", convocado inicialmente de forma quase espontânea pelas redes sociais, para confrontar a candidatura do fascista Bolsonaro, tomou corpo nacional e hoje às vésperas das eleições é o principal fato político da conjuntura nacional. Quase meio milhão de pessoas saíram às ruas das principais cidades do país, principalmente as mulheres e a juventude, suplantado em mais de cem vezes numericamente os atos de apoio ao fascista que acabara de receber alta hospitalar neste mesmo final de semana. O "#EleNão" catalisou um sentimento de resposta popular de massas a ofensiva direitista de uma candidatura que não só representa o machismo reacionário contra as mulheres, mas incorpora toda uma plataforma de ataque as conquistas históricas da classe trabalhadora de conjunto, potencializando a pauta de ajuste neoliberal iniciada desde o governo Dilma e muito incrementada com o golpe institucional protagonizado pela quadrilha do PMDB de Temer. É bem verdade que a expressiva mobilização "#EleNão" carece de uma perspectiva da classe operária (sendo dirigida por uma coalizão de partidos da Frente Popular) e está completamente embriagada no leito do atual circo eleitoral fraudado. Por este mesma razão exigiria das forças da esquerda revolucionária um escopo programático de intervenção, delimitando nosso campo de classe e apontando o norte político da derrota cabal do fascismo pela única via da ação direta das massas na perspectiva do socialismo. Desgraçadamente está longe de ser esta a vereda construída pela esquerda reformista no curso dramático dos atuais acontecimentos, no meio a uma etapa permeada por um regime de exceção instaurado na sequência do golpe parlamentar, onde a camarilha togada parece ter a última palavra. O PCO poderia ganhar o "título" da corrente mais exótica e oportunista nesta conjuntura, depois de terem se transformado em "lulistas de pura cepa", conseguem praticar as mais delirantes acrobacias políticas, e a última delas foi justamente caracterizar o "#EleNão" como um movimento impulsionado pelo PSDB e a direita para prejudicar a campanha do petista Haddad. Chegam a afirmar que Bolsonaro "não é tão fascista assim", e que seria um mero "espantalho eleitoral" criado para ajudar a derrota do PT no segundo turno. O mais "curioso" desta seita revisionista corrompida é que até agora não declararam apoio formal a Haddad, alegando uma fidelidade absoluta ao ex-presidente Lula, embora tenham lançado candidatos estaduais que nos bastidores estão apoiando não só Haddad mas uma série de "personalidades" petistas, como Dilma e o governador Fernando Pimentel. Porém depois deste sábado "29S" ficará muito difícil convencer alguém com um mínimo de lucidez política que os grandes beneficiários do "#EleNão" foram justamente os partidos da Frente Popular, no caso PT, PDT e PSOL, ameaçando inclusive um segundo turno sem a presença Bolsonaro e Alckmin. Na esteira do oportunismo vem o PSTU, que não chega a ter delírios como o PCO, mas nem por isso é isento do mesmo "vírus" político. Para os Morenistas não existe nenhuma ofensiva neoliberal fascista no país e tampouco no mundo, só enxergam "revoluções" onde na realidade campeou a barbárie imperialista, como na Líbia. Por isso o PSTU se integrou ao "#EleNão" com sua tradicional plataforma sindicalista, acusando Bolsonaro simplesmente de "machista e misógino", propondo uma "rebelião" no sentido mais rebaixado deste termo, ou seja, sem relação alguma com uma ruptura revolucionária que conduza a destruição violenta do Estado burguês. O PSOL não poderia sair do seu clássico cardápio Social Democrata e foi com toda sua militância e grupos satélites (internos e externos) defender no "29S" uma política de conciliação de todas as classes sociais, policlassista, para derrotar Bolsonaro nas urnas...fazem o papel de força política auxiliar do PT e já se preparam para festejar uma provável vitória de Fernando Haddad. Os Marxistas Leninistas da LBI vem de há muito tempo combatendo a ofensiva reacionária imperialista mundial, identificando o fenômeno contemporâneo do neofascismo como um produto direto da crise estrutural do capitalismo, fundindo os ingredientes mais ácidos da xenofobia e do neoliberalismo econômico. Não disseminamos ilusões de que o nazifascismo poderá ser sepultado combatendo limitadamente no terreno institucional e alertamos a classe trabalhadora e sua vanguarda que somente o triunfo da revolução socialista poderá deter a barbárie que ameaça o conjunto da humanidade.