terça-feira, 11 de setembro de 2018

LULA É FORÇADO A ACIONAR O “PLANO B” DA FRENTE POPULAR: PT OFICIALIZA O MODERADO HADDAD COMO UMA CONFIÁVEL OPÇÃO ELEITORAL DE “CENTRO” DA BURGUESIA PARA ENFRENTAR O NEOFASCISTA BOLSONARO NO 2º TURNO


O PT acaba de oficializar o nome de Fernando Haddad como seu candidato a presidente da República após a impugnação arbitrária de Lula pelo TSE. Com todas as credenciais de um quadro moderado do partido, ex-prefeito de São Paulo, professor universitário da USP e com relações privilegiadas com o mercado financeiro desde que foi analista de investimentos do Unibanco, Haddad personifica a garantia que a Frente Popular não vai lançar mão de nenhuma “demagogia populista de esquerda” nem na campanha eleitoral e, muito menos, caso venha a assumir novamente a Presidência da República, ou seja, a gerência dos negócios da burguesia. Seu discurso no acampamento em frente à sede da PF em Curitiba após visitar Lula preso foi no sentido de respeitar a institucionalidade burguesa e sua caricatura de democracia, assim como reafirmar o programa neodesenvolvimentista de compensações sociais. Tanto que Haddad literalmente declarou que o programa do PT e seus governos não tem nada de comunista, a Frente Popular apenas deseja “estabilizar o país”. Essa mesma plataforma de colaboração de classes foi defendida na “Carta ao Povo Brasileiro” escrita de próprio punho pelo ex-presidente, apresentado Haddad e Manuela como porta-vozes do programa de “desenvolvimento com justiça social” assim como saldando a aliança com a escória fisiológica do PROS e as oligarquias agrárias ligadas ao PSB. Hoje, monta-se o cenário completo da disputa do circo eleitoral fraudado da democracia dos ricos, movem-se as peças do picadeiro das urnas “roubotrônicas”. O atentado a Bolsonaro acabou por consolidar o fascista da extrema-direita como um nome certo presente no segundo turno. Como indicam as últimas pesquisas, Bolsonaro subiu nas intenções de votos após o episódio da “facada”. A imprensa burguesa, com a Rede Globo no comando, manteve a versão de que se tratou de um ataque desferido por um “lobo solitário”, o que garantiu grande visibilidade e solidariedade popular (inclusive da esquerda) ao candidato do PSL, reforçando bastante sua posição eleitoral. Por outro lado, a prisão ocorrida hoje de Beto Richa, um importante quadro do PSDB, tem efeitos diretos desastrosos na campanha do Tucano Alckmin. Fica evidente que o ex-governador de São Paulo até o momento não é o candidato preferencial da burguesia e do imperialismo dentro do espectro do “centro-burguês” para ir ao segundo turno. Essa disputa nesse campo político, que vai da centro-esquerda à centro direita (PT, PDT, PSDB, Rede) está completamente “embolada” entre Haddad, Ciro, Alckmin e Marina, com maiores chances para os dois primeiros. Ainda é cedo para “bater o martelo”, faltam 26 dias para o fatídico 3 de Outubro, mas as opções da classe dominante começam a ficar mais claras. O fato do PT seguir fielmente as ordens da justiça burguesa ao indicar Haddad, ao mesmo tempo em que as pesquisas eleitorais demonstram um potencial de crescimento do candidato do PT com a transferências dos votos herdados por Lula (mesmo levando-se em conta todas as distorções próprias desses institutos de manipulação política) revelam que entre o PT e o PDT estão os nomes mais cotados para disputar com Bolsonaro a preferência dos barões e rentistas. Afirmamos isso mesmo sabendo, como alertamos há muito tempo, que o retorno da Frente Popular ao governo central brasileiro não se encontra nos planos imediatos da burguesia mas para uma etapa posterior após a aprovação integral de todas as reformas neoliberais. O crescimento de Ciro Gomes nas últimas pesquisas e seu “trânsito” no eleitorado de centro-esquerda aponta que esse tem grandes chances de ser “ungido” para enfrentar o fascista na reta final, tendo até mesmo a simpatia da Rede Globo para cumprir tal tarefa. Entretanto, em um quadro de extrema polarização política e social, dar ares de legitimidade ao circo eleitoral fraudado é extremamente importante, exige que Haddad tenha um bom desemprenho eleitoral. Se não for para o segundo turno, que será o mais provável, pelo menos conquiste uma boa média de votos (entre 15 a 20 por centro), garantindo inclusive a Frente Popular uma considerável bancada parlamentar no Congresso Nacional para fazer uma “oposição responsável e republicana”. Como Marxistas Revolucionários temos que estudar pacientemente o cenário eleitoral para analisar a estratégia da burguesia que usa as eleições como um importante recurso para legitimar seu plano de guerra contra os trabalhadores no marco do recrudescimento do regime político. Nesse tabuleiro, todas as candidaturas estão comprometidas em levar a frente o ajuste neoliberal, em graus e ritmos distintos. Caso se consolide o que prognosticamos, haverá um candidato do “centro burguês” (Haddad na ponta esquerda, Ciro representando o centro propriamente dito ou mesmo Alckmin na pata direita desse espectro político) disputando o segundo turno com chances de vitória. Os setores fundamentais da burguesia ainda avaliam como muito arriscado jogar suas fichas no errático fascista Bolsonaro, a não ser que planejem um golpe de estado clássico no futuro. Para os trabalhadores e sua vanguarda política torna-se mais do que necessário analisar o cenário político para enfrentar as pressões do eleitoralismo que contamina a esquerda domesticada, como é vítima o PCO agora em uma situação de completa desmoralização política com o fim melancólico da campanha “Lula ou nada” ou mesmo o PSOL, tendo Boulos como um porta-voz de um programa neodesenvolvimentista copiado de Lula e Ciro. Convocamos os agrupamentos políticos classistas e as correntes marxistas que dispersamente denunciam o circo eleitoral fraudado da democracia dos ricos a somar forças em uma intervenção unitária para combater a direita e a Frente Popular nas ruas e nas lutas, através de uma vigorosa campanha pelo boicote eleitoral ativo!