A agonia do Museu Nacional vem de longe, seu incêndio na
noite desta segunda-feira (03.09) foi produto de uma “faísca” gerada pelos
sucessivos cortes de verbas, desde o governo FHC e Lula, passando por Dilma e
aprofundada pelo golpista Temer com a aprovação da Emenda Constitucional do
teto dos gastos (EC 95) que congelou por 20 anos os investimentos nas áreas
sociais, uma verdadeira “política de Estado” de todos os partidos da ordem
burguesa. Não restou nada do quinto maior museu do mundo em itens de acervo,
com mais de 20 milhões de peças. O que aconteceu com o Museu é sintoma do
descaso com a educação pública que tem sido levado a frente pelos distintos
governos capitalistas. Desde 2011, esse foi o sexto incêndio na UFRJ. Em 2014,
uma verba de 20 milhões que seria destinada ao Museu não foi repassada pelo
governo Dilma, poderia ter financiado a obra que impediria esse crime. Na
gerência direta do orçamento de crise e cortes de verbas da Universidade
Federal do RJ (UFRJ), encontra-se o reitor Roberto Leher, dirigente do PSOL,
que foi eleito pela comunidade universitária, e se limitou a culpar o atraso do
Corpo de Bombeiros, desviando assim conscientemente o verdadeiro “foco” do
problema: o capitalismo e a política de todos os seus gerentes, inclusive da
própria Reitoria, afinal o museu é parte integrante da UFRJ, que também tem
responsabilidade clara na tragédia. Foi amplamente divulgado que houve atraso
no combate ao incêndio pelo fato de que não havia água nos hidrantes próximos
ao prédio, um sucateamento completo da rede pública de serviços devido a
décadas de liquidação da educação e da cultura, um quadro dramático onde a
reitoria da UFRJ foi no mínimo passivamente conivente. Mesmo com todos os novos
códigos de combate ao incêndio, nada foi feito para modernizar esse prédio e
outros museus, as verbas do BNDES que irrigam as grandes empresas capitalistas
a fundo perdido não chegaram nos últimos 5 anos ao Museu Nacional. Na verdade,
o fim do Museu faz parte do processo sistemático da liquidação do Brasil como nação
soberana e com história secular. Ontem entregam a Embraer diretamente para o
imperialismo ianque, hoje deixaram queimar 200 anos de nossa história, tido
virou cinza. Presenciamos avançar a barbárie no planeta terra, onde a domínio
da tecnologia pelas grandes potências escraviza os países semicoloniais que só
tem importância por seu mercado consumidor, seu passado, sua memória, suas
raízes podem ser esquecidas, nesse caso, queimadas, o que importa é ter acesso
ao “novo” idiotizante, pagando-se caro por isso. A trágica cena dos
funcionários querendo entrar no Museu Nacional no Rio para tentar salvar algo
do incêndio enquanto faltava água nos hidrantes é a imagem recorrente de
pesquisadores que tentam salvar a história e a ciência da sanha destruidora do capital.
Nesse ciclo de destruição próprio do modo de produção capitalista senil não
podemos deixar de denunciar seus gerentes. Nesse caso, todos os partidos da
ordem são responsáveis pela tragédia (PSDB, PMDB, PT) que ocuparam seguidamente
o governo central do Brasil nos últimos 30 anos. Cabe registrar que o PSOL,
também tem sua parcela de responsabilidade, na figura do Reitor Roberto Leher e
toda sua equipe de pró-reitores amplamente formada por quadros do partido, que
limitou sua dócil gestão à frente da UFRJ a ser gerente do corte de verbas
durante o governo Dilma e agora com o golpista Temer. Nada poderá ser feito
caso se mantenha a “austeridade fiscal” que vem de FHC, passando por Lula,
Dilma e Temer. O PSOL e seus satélites (internos e externos como o “MRT”)
eximem o reitor de qualquer responsabilidade na tragédia, colocando no “colo”
de Temer a “conta integral”, porém se é correto afirmar que o golpe é o pai da
PEC do “fim do mundo”, também os gerentes menores da crise estatal capitalista
têm um percentual considerável de culpa no desastre nacional. Devemos através
da luta direta combater em defesa das verbas para saúde, transporte, educação,
ciência, cultura e tecnologia, não ao pagamento da dívida interna e externa, o
que somente pode acontecer com a liquidação violenta do modo de produção
capitalista pela via da Revolução Socialista e não patrocinando cinicamente
ilusões na gerência “ética” da crise do capital como faz o PT e o PSOL.