Agroexportadores e rentistas são atendidos: BC libera a disparada do Dólar e “ferra” trabalhadores
Enfim as “preces” dos exportadores de commodities agrominerais foram ouvidas pela equipe econômica do governo Dilma que ordenou ao BC a flexibilização, para cima, na cotação do “deus” Dólar. A “reivindicação” era antiga diante da desvalorização da moeda norte-americana frente ao nosso Real. Os grandes exportadores de soja e minério de ferro, por exemplo, dois elementos fundamentais em nossa pauta do comércio externo, alegavam enormes prejuízos com a valorização do Real e passaram a exigir de Dilma medidas drásticas para “socorrer” a moeda ianque em queda livre mundial. Até os economistas “progressistas” simpáticos à frente popular, que se diziam em oposição “teórica” ao neoliberalismo, se queixavam da alta do Real e prognosticavam uma crise cambial caso permanecesse o quadro. Quase uma “unanimidade nacional” se formou afirmando que um país semicolonial como o Brasil não poderia ter uma moeda forte se pretendesse uma forte inserção no mercado mundial. Agora a especulação do cassino das bolsas internacionais forneceu a “desculpa” necessária para atender a demanda os novos “barões” exportadores, fazendo que o dólar chegue a subir algo em torno de 5% em um único dia!
Acontece que o “modelo” capitalista de desenvolvimento “sonhado” desde a esquerda reformista até os rentistas neoliberais, não pressupõe uma verdadeira independência brasileira frente à divisão internacional do trabalho, imposta pelo imperialismo logo em seguida ao término da Primeira Guerra Mundial. Qualquer tentativa econômica nacional que fuja do modelo “exportador” logo é satanizada como uma lembrança dos tempos de “autarquia” soviética. Logo, um país submisso ao mercado mundial jamais poderá ter uma moeda “forte”, assim reza a cartilha dos economistas burgueses de todas as cepas. O resultado histórico de nosso “modelo” econômico colonial é um país sem produção tecnológica independente e refém da venda de “grãos” e “pepitas” para o mercado capitalista mundial.
A brusca elevação do Dólar, chegando perto da casa de dois reais em apenas um mês, elevará substancialmente todos os insumos da produção, gerando a espiral inflacionária tão desejada pelos especuladores do mercado financeiro. Os trabalhadores que têm seus rendimentos no FGTS “valorizados” em menos de meio ponto percentual ao mês, assistem atônitos a “orgia” do Dólar se sobrevalorizando em 5% em apenas um dia! Isto sem falar no aumento de todos os gêneros alimentícios e nos custos dos transportes balizados na alta da gasolina e do óleo diesel. Os banqueiros e exportadores já podem festejar a chegada do novo ciclo do “fantasma da crise”, mas que curiosamente só fortalece a moeda norte-americana, ou seja, a economia mais atingida pela crise capitalista mundial, que deveria ter sua moeda abalada com a chegada do “crash” e não o contrário. O “deus” Dólar, que vinha andando “acabrunhado” no último período, até o ameaçavam com a criação de uma “cesta de moedas” para realizar as transações comerciais internacionais, agora já pode comemorar a chegada da “crise” onde ganha muita “gente” e perde o conjunto da classe operária carente de uma perspectiva socialista e revolucionaria.