Execução de Troy Davis, uma expressão macabra e assassina do Estado racista norte-americano
Na quarta-feira (21/09), o sistema judiciário norte-americano promoveu mais um ritual macabro de terror racista. Pouco depois da Suprema Corte dos Estados Unidos negar um pedido de suspensão da sentença, o americano Troy Davis foi executado por injeção letal, às 23 horas, na penitenciária de Jackson, na Geórgia. Este é um caso similar ao que vem se submetendo o ativista e militante negro Mumia Abu Jamal, preso há 30 anos nas masmorras ianques aguarda pelo “julgamento” até hoje, acusado através de “provas” forjadas e grotescas falsificações de “matar” um policial branco.
Troy Davis ficou preso durante mais de 20 anos, acusado e condenado à morte, num processo judicial completamente viciado, pelo suposto assassinato de um policial. A principal prova do crime pelo qual o negro Troy Davis foi acusado, a arma que matou o policial branco Mark McPhail, nunca foi encontrada e não há qualquer outro registro que ateste sequer sua presença no local do crime. Desde que foi sentenciado, em 1991, sete das nove testemunhas de acusação se retrataram e disseram que foram coagidas e intimidadas pela polícia para prestarem depoimentos incriminando Troy Davis. Entre as duas testemunhas que não mudaram de opinião, está Sylvester Coles, o homem que denunciou Troy à polícia no dia do assassinato e que foi apontado por outras testemunhas como o verdadeiro autor do crime.
A execução de Troy Davis engrossa as estatísticas que atestam as características reacionárias da sociedade e do Estado norte-americano, como crescimento do racismo, da intolerância e desrespeito aos diretos das minorias. Cerca de 40% dos condenados a morte nos EUA são negros, muito embora estes representem apenas 13% da população do país. Apesar dos vícios e contradições no processo judicial e da campanha que mobilizou mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo pedindo a libertação de Troy Davis, o presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama, se recusou a intervir para impedir a execução. Segundo seu porta-voz Jay Carney, “Obama tem trabalhado para garantir eficiência e justiça no sistema judiciário, especialmente nos casos de pena capital, mas não é apropriado que o presidente dos Estados Unidos se envolva em casos específicos como este, que são da justiça estadual”. Antes de ser uma “aberração da justiça” como todo o conjunto da esquerda revisionista domesticada pela “democracia” dos ricos apresenta o caso Troy Davis, esta demonstra cristalinamente como funciona o sistema capitalista para conduzir um trabalhador pobre e negro à pena capital, no qual o Estado burguês é detentor do monopólio da violência repressiva contra os oprimidos e a classe operária. A luta contra o racismo, portanto, é parte indissociável do combate de classe contra o capitalismo.
Desta forma, o negro Barack Obama, enquanto se declara incompetente para intervir em seu próprio país para impedir a execução de um negro condenado fraudulentamente à morte na Geórgia, um dos estados mais racistas dos EUA, prega em nome da “democracia” norte-americana, o direito do imperialismo ianque intervir em qualquer país do mundo semicolonial, promovendo massacres e ações terroristas, como nas ocupações do Iraque, Afeganistão e os criminosos bombardeios sobre o povo líbio para substituir o governo nacionalista burguês de Kadaffi por um governo fantoche conformado pelo CNT. A histórica luta dos negros norte-americanos contra a opressão e o racismo é, portanto, inseparável da luta de todos os povos oprimidos pela derrota do imperialismo e a edificação de um novo modo de produção.