sábado, 30 de junho de 2012

Leia a mais recente edição do Jornal Luta Operária, nº 238, 2ª Quinzena de Junho/2012


EDITORIAL
O golpe de estado no Paraguai e a vitória da Irmandade Muçulmana no Egito, dois sinais da ofensiva contrarrevolucionária mundial


FRENTE AMPLA EM SÃO PAULO
Haddad, lanterna na disputa pela prefeitura, indica como “vice-tampão” Nádia “Campeão”, da colaboração de classes!


À PROCURA DE UM VICE PARA HADDAD
PCdoB anuncia apoio a PT, que agora tenta um vice fascista “sem ficha na Interpol”


“FOGO AMIGO” DO PLANALTO
Aliança costurada por Lula com Maluf desmonta a candidatura de Haddad, seria mais um ato com a digital do Planalto?


“OURO” DOS TOLOS
PETROBRAS reconhece na prática a falácia do embuste do “Pré-sal”


TERMINA A “CÚPULA DOS POVOS”
Um gigantesca ONG conselheira dos abutres capitalistas da Rio+20


CARTA ABERTA AOS BANCÁRIOS - CEARÁ
Por que o MOB não apóia a CHAPA 2 para as eleições do Sindicato dos Bancários?


MAIS UMA TRAIÇÃO DO PSTU
Conlutas e direção do Sintro conciliam com os patrões para enterrar a greve dos rodoviários de Fortaleza


LUTA CONTRA A FRENTE POPULAR
Construir a greve geral do funcionalismo público federal contra o governo Dilma e sua política de arrocho salarial


ELEIÇÕES NO EGITO
Junta militar retarda anúncio da vitória do partido da Liberdade e Justiça, mais um capítulo da “revolução” made in USA


PREPARANDO A AGRESSÃO IMPERIALISTA
Governo capacho da Turquia arma nova provocação contra Síria a serviço da OTAN


ASSUME “NOVO” GOVERNO NA GRÉCIA
Troika “elege” a Nova Democracia e mantém Syriza na oposição para melhor gerenciar a crise


CASA BRANCA PREPARA “PRIMAVERA ÁRABE” NO CARIBE
Obama calibra a mira de suas armas tecnológicas contra Cuba


LUTA CONTRA O LATIFÚNDIO NO PARAGUAI
Viva a heróica resistência armada dos sem-terra (Carperos)!


PARLAMENTO DESTITUI LUGO
Aplastar a tentativa de golpe mobilizando as massas e com total independência do governo da centro-esquerda burguesa


LUTA DE CLASSES OU DE REGIMES POLÍTICOS?
O golpe de estado no Paraguai, o PCB e a “defesa da democracia”


LEGITIMANDO O GOLPE
Capitulação vergonhosa de Lugo sob a orientação da Unasul


LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA
http://www.lbiqi.org/

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O golpe de estado no Paraguai, o PCB e a “defesa da democracia”

O PCB publicou em seu sítio na internet sua série de artigos sobre o golpe de Estado no Paraguai, tramado pela arquirreacionária burguesia do país com o apoio velado dos militares e desferido de forma fulminante pela via parlamentar e constitucional. Entre eles reproduziu a posição do PC paraguaio, recém-legalizado pelo governo Lugo, onde se finaliza o artigo intitulado “O assalto fascista foi consumado” (27/06) com o seguinte chamado: “Viva a democracia! Viva a vontade popular! Viva o Paraguai livre de ditaduras”. Quem tiver curiosidade verá que a grande maioria dos textos veiculados pelo PCB tem como eixo a “defesa da democracia”. Tanto que o partido anuncia orgulhosamente em letras garrafais: “Paraguai: é formada a frente em defesa da democracia” noticiando o seguinte fato: “A Frente Guasú, que em 2008 levou Fernando Lugo à vitória presidencial, e uma ampla gama de outros movimentos sociais e políticos acordaram a criação da Frente pela Defesa da Democracia (FDD) que ‘rechaça e condena o governo golpista de Federico Franco’ e convoca ‘a defesa do processo democrático e da institucionalidade da República com uma mobilização permanente’” (sítio PCB, 26/06). A nota acima conclui com as seguintes palavras de ordem: “Pela vigência da Constituição Nacional! Pelo respeito pleno da justiça social e dos direitos humanos no Paraguai! Fernando Lugo é o único Presidente Constitucional da República do Paraguai! Não ao governo golpista de Federico Franco! Pela recuperação da democracia no Paraguai!”. Como se vê, não resta dúvidas que o PCB embarcou de malas e bagagens na defesa da democracia burguesa, inclusive reivindicando a reacionária Constituição do Paraguai e o retorno do próprio governo de colaboração de classes encabeçado por Lugo, fazendo da luta contra o golpe um instrumento de defesa da gestão da centro-esquerda burguesa comandada pelo “ex-bispo dos pobres”. O PCB, desta forma, rompe mais uma vez com a histórica posição leninista de enfrentar as investidas reacionárias da burguesia contra governos nacionalistas, frente populistas ou reformistas com total independência política, aplicando a fórmula “golpear juntos e marchar separados” usada pelos bolcheviques para derrotar o levante organizado por Kornilov contra o governo de Kerensky na Rússia de 1917, sem depositar nenhuma confiança neste governo de colaboração de classes.

O mais tragicômico dessa estória, é que perdido entre os diversos textos em defesa da “democracia”, inclusive um de autoria da UJC do Brasil em que se lê que “A destituição do Presidente Lugo, eleito pelo povo paraguaio, após décadas de ditaduras e de domínio do conservador Partido Colorado, representa um duro golpe nas lutas por democracia e justiça social do povo e da juventude paraguaia” (sítio PCB, 26/06) acha-se solitário um artigo intitulado “Paraguai: luta pela democracia ou pelo socialismo?” (sítio PCB, 28/06) subscrito pelo Movimento Marxista 5 de Maio (MM5), um racha “familiar” do Coletivo Marxista. No artigo se coloca a seguinte questão em debate: “O maior desafio lançado pelo golpe no Paraguai se refere à estratégia de luta das forças que, de uma maneira ou de outra, se colocam no campo da luta pelo socialismo: lutar pela democracia ou lutar pelo socialismo? Para nós, para todos aqueles que nos consideramos marxistas, o caminho é e sempre foi o de lutar pelo socialismo, considerada a democracia uma forma do poder político essencialmente burguesa. E a história testemunha a nosso favor. O caso mais clássico deve ser buscado na Guerra Civil Espanhola, quando a questão se colocou de forma clara e inequívoca. O caminho escolhido pelas forças de esquerda majoritárias então, o caminho da luta pela democracia, levou a uma derrota igualmente histórica do proletariado. De lá para cá, os exemplos se repetem: Grécia, França e Itália no imediato pós-II Guerra, República Dominicana, Indonésia, Brasil, Chile, Argentina, Uruguai... os desastres se repetiram dramaticamente. Até quando se vai insistir neste erro? Assim, são extremamente preocupantes as primeiras notícias vindas de Assunção dando conta de que a enorme maioria da esquerda do país irmão vem erguendo a bandeira da democracia no chamamento ao combate aos golpistas. Mesmo os segmentos mais radicalizados, que defendem métodos extra-institucionais de luta, se remetem à ladainha da defesa da democracia. Triste e desastrosa ilusão”.

O texto que reproduzimos acima não cita (não sabemos se por covardia ou conveniência política) o PC paraguaio e obviamente muito menos o PCB, adeptos como vimos da tal “defesa da democracia” tão criticada pelo MM5. Mas sem dúvida a pergunta colocada cabe ao PCB que alardeia está em processo de “reconstrução revolucionária” e de “autocrítica profunda”, mas quando se depara com testes ácidos da luta de classes acaba embarcando pelo mesmo reformismo vulgar que marcou a conduta do Partidão frente ao golpe militar contra João Goulart em 1964: depositar suas fichas na burguesia “progressista” e sabotar a resistência direta e armada dos trabalhadores. Os genuínos marxistas leninistas não combatem pelo retorno da “democracia” no Paraguai e muito menos em defesa do governo Lugo. Também não vendem o conto que o golpe tramado pela via parlamentar e constitucional se tratou de um “assalto fascista” como apresenta espertamente o PC paraguaio, para utilmente usar o espantalho do fascismo para justificar a sua descarada “defesa da democracia”. A LBI compreende muito bem que a derrubada de seu governo sob a condução da oligarquia dominante representa um ataque histórico ao conjunto do povo trabalhador do Paraguai, ainda que a burguesia tenha recorrido a própria Constituição e ao parlamento corrupto para destituir Lugo através de um impeachment em rito sumaríssimo, como possibilita a arquireacionária lei paraguaia. Por isso mesmo defendemos que é preciso romper o bloqueio diplomático imposto pelos governos da centro-esquerda e pelo próprio Lugo. Estes chamaram a aceitar a decisão do Congresso, levando a “disputa” para os fóruns da diplomacia burguesa, negando-se a mobilizar os trabalhadores no Paraguai e no conjunto da América Latina contra o “golpe institucional”. A única saída progressista para os trabalhadores está baseada na sua ação direta contra o conjunto da classe dominante e não está voltada a defender o covarde Lugo, cúmplice da ofensiva fascista em seus três anos de mandato e muito menos para recompor o atual regime democratizante bastardo. Os trabalhadores devem se organizar para derrotar os golpistas através da convocação de uma greve geral política e recorrer ao armamento geral, seguindo assim o exemplo dos sem-terra (cerpeiros) de Curuguaty. É necessário encabeçar um processo de mobilização independente e radicalizada para resistir, construindo organismos de poder operário e popular que sejam capazes de superar no curso do combate nas ruas e nos locais de trabalho e estudo a política de Lugo e da centro-esquerda burguesa do continente, tendo como estratégia a luta pelo socialismo!

Diferente do que defende o PCB, os marxistas revolucionários denunciam que a democracia é a melhor forma de dominação do poder burguês, porque é a mais eficiente para encobrir a ditadura do capital. Somente quando a democracia se mostra incapaz de manter a dominação de classe é que os capitalistas correm a golpes cívicos-militares ou a regimes fascistas. Teoricamente, a experiente direção do PCB sabe de tudo isso, seus “professores marxistas” universitários até reivindicam formalmente em seus “manuais” na sala de aula tais lições programáticas. Mas, porque se negam a aplicá-las na luta de classes? Porque esse combate político significa se enfrentar com seus “parceiros” internacionais, como o próprio PC paraguaio e a centro-esquerda burguesa do continente, como Chávez, que o PCB alardeia como comandante do “processo revolucionário” na Venezuela.

O PCB não quer pagar o preço do isolamento político de aplicar a autêntica política leninista e prefere aconselhar o governo burguês de Dilma, como se este estivesse “em disputa”: “Cobramos do Governo Dilma que saia de cima do muro, e tome a iniciativa de não reconhecer o governo golpista e de romper relações diplomáticas e comerciais enquanto o Presidente Lugo não seja reconduzido ao cargo” (Sítio PCB, 26/06). O que ocorreu no Paraguai tratou-se justamente o contrário do engodo que deseja nos apresentar o ex-Partidão! Dilma não está em cima do muro, ela também defende a “democracia” burguesa como o PCB e por isso pediu um “processo justo” no parlamento paraguaio, reivindicando apenas maior direito de defesa para Lugo, o que em última instância acabaria por legitimar o golpe, já que os partidos Colorado e Liberal tem a esmagadora maioria do Congresso e “só” resolveram atuar de forma fulminante temendo a reação popular. Daí as “sanções” no Mercosul e na Unasul!

Na verdade, a Unasul orientou Lugo a aceitar o golpe imediatamente e busca agora uma saída de consenso com a direita no marco dos chamados “organismos multilaterais” (Unasul, Mercosul, OEA) e da diplomacia burguesa, sem a intervenção direta das massas. E por que tiveram essa conduta? Porque defendem a democracia e abominam a intervenção direta dos trabalhadores que pode fugir de seu controle! Dilma e os demais governos da centro-esquerda burguesa sabem que para barrar de fato o golpe Lugo teria que mobilizar os trabalhadores em luta direta contra os latifundiários e o conjunto da burguesia, que inclusive se encontravam ocupando postos chaves em seu governo de colaboração de classes. Lugo e os governos da Unasul, particularmente do Brasil, são contra essa perspectiva que, sem dúvida, derrotaria o golpe e abriria uma situação revolucionária no país colocando classe contra classe, tendo como protagonista o movimento de massas que mais cedo do que tarde questionaria a própria política de conciliação de classes do ex-mandatário! Não é demais lembrar que o golpe no Paraguai formalmente não violou a Constituição do país para que fosse efetivada a destituição de Lugo e contou apenas com o apoio velado dos militares justamente para não ferir a famosa “cláusula democrática” do Mercosul, Unasul e OEA!

A orientação do PCB joga na lata do lixo a posição de Lênin, que diante da tentativa de golpe militar por Kornilov contra o governo provisório de Kerensky na Rússia escreve uma carta ao Comitê Central do Partido Bolchevique defendendo que: “Sequer agora devemos apoiar o governo de Kerensky. Seria faltar com os princípios. Alguém fará uma objeção: não será preciso combater Kornilov? Claro que sim; mas entre combater Kornilov e apoiar Kerensky existe um limite, e este limite o ultrapassam alguns bolcheviques caindo no ‘conciliacionismo’, deixando-se arrastar pela torrente dos acontecimentos” (Trotsky, Lições de Outubro). Ainda que no Paraguai o espantalho do “assalto fascista” seja apenas um delírio do PC paraguaio para justificar sua defesa escandalosa da democracia burguesa, cabe a singela pergunta ao PCB: no Paraguai se luta pelo retorno da democracia ou pelo socialismo?

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Haddad, lanterna na disputa pela prefeitura paulista, indica como “vice-tampão” Nádia “Campeão”, da colaboração de classes!

A canoa furada da candidatura de Haddad em São Paulo vai literalmente fazendo água. O candidato de Lula não conseguiu emplacar o fascistóide Flávio D’urso, atual presidente da OAB paulista e pré-candidato pelo PTB à prefeitura de São Paulo como vice de sua chapa. Não houve acordo porque Márcio Thomas Bastos, ex-ministro da justiça de Lula, assim como setores de peso do PT não abriram mão de apoiar um desafeto de D’urso na eleição para presidência da OAB paulista que ocorrerá em novembro. Como essa era moeda de troca exigida pelo PTB para fechar com Haddad, as negociações não avançaram e quem acabou forçosamente por assumir o posto de vice de Haddad foi a inexpressiva Nádia Campeão, presidente estadual do PCdoB e burocrata de carteirinha do partido. Na cerimônia de anúncio da vice escolhida pelo PCdoB nem o vereador pagodeiro Netinho apareceu, com o “coração ferido” porque foi rifado pela direção de seu partido. A cantora e deputada estadual Leci Bradão, antes cotada para o posto de vice, declinou do convite, já que o PCdoB aceitou indicar uma “vice-tampão” simplesmente como parte de sua estratégica de negociar com o apoio petista, ainda que informal, a sua candidata Manoela D’avila em Porto Alegre. Não por acaso, o governador petista gaúcho, Tarso Genro, foi ao lançamento de Manuela na convenção que homologou sua candidatura. Como já tínhamos caracterizado em artigos anteriores, a candidatura de Haddad se transformou em uma espécie de previas internas do PT, onde o que está em jogo não é a prefeitura de São Paulo e sim a sucessão presidencial da ex-poste Dilma.Neste sentido, o Planalto continua envidando todos seus esforços para afundar a canoa do afilhado de Lula, para demonstrar que o abalado prestígio político do “capo” petista não alcançaria 2014.

Nádia foi logo avisando que não tem problemas com Maluf: “Nós temos que lidar com o fato de que é importante ter uma aliança com o PP. Concordo com o que já disse o Fernando Haddad em outras ocasiões. Não é o caso de personificar esse apoio do PP. Mas não vejo nenhum problema, não”. Muito pelo contrário... Em Porto Alegre, Maluf orientou a Senadora Ana Amélia (PP) a apoiar a candidata do PCdoB, Manuela D’avila mesmo com seu partido estando coligado ao PDT de Fortunatti. Lá, o PCdoB tem o apoio inclusive do PSD de Kassab! Prostituição política a parte dos ex-stalinistas tupiniquins, o certo é que a escolha de Nádia como vice de Haddad revela o isolamento político da candidatura petista que, diga-se de passagem, caiu nas últimas pesquisas eleitorais.

A eleição para a prefeitura de São Paulo, projetada por Lula para ser um pontapé na trajetória eleitoral de Haddad como seu herdeiro político, inclusive com o ex-ministro da educação sendo cotado como seu sucessor em 2018, caso Lula fosse eleito presidente em 2014, vai mostrando que as disputas no interior do PT e da própria frente popular estão minando os planos do debilitado capo petista. Há claramente o dedo de Marta Suplicy e da própria Dilma para “cortar as assas” de Haddad enquanto um Lula doente e já sem o controle total da burocracia petista tenta desesperadamente alçar voo na candidatura de seu indicado, já claramente sem chances reais de disputa. O discurso de Lula na apresentação da vice indicada pelo PCdoB releva que o ex-presidente está fazendo um tremendo esforço físico e político para dar algum suporte a Haddad, mas parece que esta será mais uma batalha fracassada a partir do “fogo amigo” de setores do próprio PT e do Planalto.

Na verdade, a manutenção de São Paulo (prefeitura e governo estadual) como bastião da oposição burguesa conservadora faz parte de uma estratégia mais ampla da burguesia e do próprio imperialismo. Esta, pela própria conjuntura latino-americana, vide o “golpe institucional” no Paraguai e anteriormente em Honduras, sabe que é necessário manter viva uma “alternativa” a frente popular baseada em uma direita programática e com vínculos históricos com o capital. Serra e Alckmin fazem justamente esse perfil, bem mais definido do que o do “mauricinho” cheirador do pó, Aécio Neves, que vai perdendo o controle da disputa em Minas Gerais. Daí, que ao que tudo indica, com o quadro de saúde de Lula se agravando, a burguesia aposta em Dilma para 2014 e depois em 2018 trabalha com um possível “revezamento democrático” via os tucanos ou mesmo através de um novo partido de centro que inclua Marina Silva.

A classe operária, anestesiada pela política de pão e circo da frente popular, baseada no crédito fácil e no freio impostos pelas suas direções sindicais através de uma política de colaboração de classes, vê passivamente se aproximar o início do circo eleitoral. As campanhas salariais do segundo semestre tendem a ser extremamente corporativistas e economicistas, desvinculadas de qualquer debate mais estratégico sobre a construção de uma alternativa proletária a frente popular e a oposição conservadora. Como pata esquerda do regime democratizante, PSOL e PSTU também vão fazendo suas alianças eleitorais pragmáticas para abocanhar alguns postos parlamentares. No caso do PSOL o objetivo inclui principalmente a prefeitura de Belém, onde os partidos da base aliada do governo Dilma, como PCdoB, PV, PTN e PTdoB, viraram parceiros! Cabe aos genuínos marxistas desencadear uma ampla campanha de massas pelo voto nulo, denunciando a democracia dos ricos e seu circo eleitoral voltado a “eleger” os algozes da classe trabalhadora!

quarta-feira, 27 de junho de 2012


Às vésperas de sua reeleição, Obama calibra a mira de suas armas tecnológicas contra Cuba

O imperialismo ianque, através do Departamento de Segurança Interna (DSI), anunciou no último dia 25, em Washington, a ativação de uma frota de “drones” (aviões espiões não-tripulados), a qual sobrevoará o mar do Caribe e o Golfo do México. Mais uma vez, a Casa Branca utiliza-se de um subterfúgio para enganar os incautos: o de se valer destes aparelhos para “combater o narcotráfico” nestas regiões. Porém, sabemos que os reais objetivos vão bem mais além de uma operação antidroga, uma vez que os atuais “drones” são uma evolução daqueles utilizados há alguns anos nas guerras criadas pelo Pentágono no Iraque, Afeganistão e Líbia, nas quais promoveram um banho de sangue sobre a população civil. Evidentemente que o alvo destes aviões controlados por “joy-stick” pelo governo norte-americano é mapear detalhadamente o geoespaço do Caribe e mantê-lo sob seu restrito controle, ou seja, apertar ainda mais o torniquete que envolve o Estado operário cubano, não só em marcos econômicos, mas agora sob o aperfeiçoamento do domínio militar na região. Ao voltar suas atenções para o Caribe, novas provocações de ordem militar estarão na pauta dos estrategistas do Pentágono, da mesma forma que tem acontecido na região do Mar da China onde ocorrem frequentes manobras militares. Obama, às vésperas de sua reeleição, comanda uma grande operação global para dominar geopolítica e militarmente todas as regiões estratégicas do planeta e particularmente começar um processo de desestabilização de Cuba sob inspiração da fantasiosa “revolução árabe”.

Cuba, embora isolada por um criminoso bloqueio econômico perpetrado pelos EUA, tem um alto nível de saúde e serviços públicos gratuitos para a população como conquistas da revolução e tal feito desagrada o “american way life”. Não é para menos que há cerca de dois anos foi reativada a “Quarta Frota da Marinha de Guerra dos Estados Unidos para os mares da América Latina e Caribe” e o estabelecimento de bases militares na Colômbia. Assim, o “império” comandado pelo neo “falcão” negro Obama está se preparando para atingir com suas garras o Estado operário, se valendo do desenvolvimento de uma tecnologia inovadora em termos de armamentos bélicos. Claro que tem vistas não apenas sobre Cuba, mas também a Venezuela, a Síria e principalmente o populoso Irã. Por isso, já está em operação na cidade de Corpus Christi, no Texas, a primeira base de “drones” voltada especificamente para o Caribe, onde pretende desenvolver aviões não-tripulados (Unmanned Aerial Vehicle, UAV) com altíssima tecnologia à base de propulsão nuclear, cuja missão é voar e atingir alvos com “bombardeios em massa durante meses sem necessidade de reabastecimento” (Prensa Latina, 25/6). Como não poderia deixar de ser, o aperfeiçoamento desta “tecnologia” está sob a responsabilidade de empresas privadas associadas ao Pentágono, os laboratórios Sandia National e do consórcio armamentistico Northrop Trumman. Projetos ainda mais macabros estão sendo desenvolvidos neste sentido (RT Actualidad, 25/6) que parecem sair do mundo da “ficção científica”, o uso das forças da natureza como o relâmpago: um feixe de raio laser pode criar um “canal de plasma energético” no ar – uma espécie de caminho invisível – para que a eletricidade siga a trajetória indicada pelo canhão chamado LIPC instalado em “drones” e atingir alvos em condições propícias.

Como se pode constatar, em tempos de crise econômica mundial e, paradoxalmente, de ofensiva bélica e ideológica do imperialismo, a indústria armamentista é a que mais se desenvolve e o “mercado” altamente lucrativo cria suas “forças especiais”, o chamado Comando de Operações Especiais (Boinas Verdes, Rangers, Marines, Navy Seals, Blackwaters etc.). Por estas sendas, com o fim da bipolaridade EUA X URSS, o Pentágono parte em sua cruzada neocolonialista sobre todos os povos do planeta. Assim foi na guerra de rapina contra a Líbia e que as mesmas tendências apontam para a Síria e Irã, tudo envolto em torno da fantasiosa “revolução árabe”.

Esta ofensiva ianque acontece em meio a um enorme retrocesso ideológico na consciência das massas. Na ausência de uma direção revolucionária a crise econômica mundial abriu caminho, principalmente na Europa, para governos de direita e mesmo da extrema-direita. Em todas as situações, ao contrário do que afirmam os revisionistas do trotskismo (LIT, UIT, PTS, PO, PCO) inclusive no Egito e Grécia, só para citar dois casos, recentemente assumiram o governo forças eminentemente reacionárias (Irmandade Muçulmana e Nova Democracia, respectivamente). Por outro lado, os golpes de estados “institucionais” tramados pela via parlamentar, como o perpetrado em Honduras e agora no Paraguai, são o outro lado da estratégia ianque, demonstrando a impotência da centro-esquerda burguesa em enfrentar a ofensiva imperialista na medida em que aposta suas fichas na “defesa da democracia”, sendo refém das instituições do regime político.

Para derrotar a ofensiva política e militar das potências abutres que utilizam os mais modernos meios tecnológicos e bélicos para alcançar seus nefastos objetivos é necessário que o proletariado em aliança com seus irmãos de classe cubanos, do Oriente Médio ou de qualquer nação semicolonial atacada se levante em luta contra as investidas intervencionistas da Casa Branca, ciente do enorme aparato midiático e militar que terão que enfrentar nos dias atuais. Nesse combate, os verdadeiros revolucionários estão ao lado de Cuba e das nações agredidas e ameaçadas pelo imperialismo para, na mesma trincheira de luta dos povos atacados, construir uma direção comunista, única capaz de organizar a luta internacional pela derrota do imperialismo no planeta.

PETROBRAS reconhece na prática a falácia do embuste do “pré-sal”

Anunciado em 2009 como a “salvação da lavoura” para o país, o pré-sal, petróleo descoberto em solos marítimos profundos, já se revela o maior embuste produzido pelo governo da frente popular. É a própria PETROBRAS que agora se vê forçada a reconhecer o tamanho do engodo que, desgraçadamente, foi acompanhado pela esquerda revisionista, diante do fiasco dos primeiros resultados obtidos. Foi a atual presidente da estatal, Maria das Graças Foster, quem anunciou nesta última segunda-feira (25/06) o plano de negócios da PETROBRAS para o período 2012-2016, que projeta uma redução de um milhão de barris diários de petróleo a menos na nova escala de produção da companhia. A notícia dada pela PETROBRAS não pode ser considerada propriamente uma novidade, a não ser para os incautos que acreditaram no “conto do pré sal”, no ano passado a OPEP divulgou seu relatório onde colocava o Brasil na quadragésima posição na extração Mundial de óleo cru, muito distante da falácia da “nova potência petrolífera” alardeada pelo governo Lula. Mas o fracassado “plano quinquenal de negócios” não se resumiu apenas a constatar a involução da PETROBRAS na área da exploração do óleo, no que tange a construção das novas refinarias a “tragédia” é bem maior. Das quatro novas refinarias planejadas, Rio, Pernambuco, Ceará e Maranhão, nenhuma deverá ficar pronta antes de 2018... na melhor das hipóteses. Registre-se que a maior refinaria em operação no país, Duque de Caxias, foi inaugurada em 1961 e sequer tem capacidade de processar o petróleo pesado de nossas plataformas marítimas. A “jóia da coroa” das novas refinarias projetadas, a Abreu Lima de Pernambuco, deveria ter sido entregue no final do ano passado, acontece que a empreitada em conjunto com a PDVSA ainda não saiu das obras de alicerce. A estatal venezuelana não aportou com sua parte, apesar das promessas de Hugo Chávez, e por sua parte a PETROBRAS afirma que não tem recursos para bancar sozinha o que seria a mais moderna refinaria da América do Sul. O complexo petroquímico do interior fluminense, COMPERJ, maior projeto solo da PETROBRAS, que inicialmente incluiria a construção de duas refinarias está quase parado e praticamente já cancelada a segunda refinaria. Quanto às duas refinarias “Premium” no Maranhão e Ceará, nem saíram do papel...

O reconhecimento explícito do fracasso do “pré-sal”, veio acompanhado de uma retração nos investimentos da PETROBRAS, da ordem de 15 bilhões de dólares, a estatal responsabiliza a suposta defasagem tarifária do preço da gasolina vendida em território nacional. Seria cômico se não fosse trágico afirmar que o “rombo” da PETROBRAS é produto do preço da gasolina brasileira, uma das mais caras do mundo! Para compensar seus “prejuízos” que, na verdade, são fruto de caros e equivocados investimentos na “canoa furada” do pré-sal, o governo Dilma autorizou um reajuste no preço do diesel e gasolina que ainda não será repassado ao consumidor, porque o governo decidiu abrir mão do imposto da SID. Como os sócios privados internacionais da PETROBRAS obviamente não estão dispostos a arcar com a farra populista do pré-sal, ficou a cargo do “caixa da viúva”, ou seja, o Tesouro Nacional assumir o custo total do embuste criado pela frente popular.

A autossuficiência brasileira do petróleo, declarada na década passada, não passa de uma abstração matemática com objetivo de “facilitar” a parceria da PETROBRAS com empresas transnacionais. Na verdade, o Brasil é absolutamente dependente dos todos os derivados do petróleo, incluindo a gasolina e diesel, já que não dispõe de capacidade de refino de seu próprio petróleo, de características pesadas e de baixo valor no mercado de commodities. Exportando petróleo “bruto e grosso” e importando gasolina, querosene de aviação e diesel o país cria um imenso déficit comercial, do qual o pré-sal é somente mais um elemento deste processo de dependência. O marco regulatório constitucional que quebrou o monopólio estatal da extração do petróleo, e que impõe a PETROBRAS investir em refinarias de países imperialistas, foi mantido intacto pelo governo Lula, sendo a fonte originária do esgotamento do projeto energético nacional, com ou sem pré-sal.

A produção de combustíveis mais “limpos”, como o biodiesel e o etanol da cana de açúcar, foi colocado de lado pelo governo da frente popular em nome dos pesados investimentos do pré-sal. A burguesia brasileira logo se entusiasmou com a possibilidade de celebrar os acordos de exploração do óleo com os grandes trustes ianques que dominam o setor. O preço do etanol nas bombas dos postos de abastecimento inviabilizou seu consumo, ficando a manutenção da produção apenas para servir os usineiros que se beneficiam dos subsídios estatais do “pró-álcool”. Por outro lado, os investimentos públicos no transporte de massas ficam “congelados”, para privilegiar as montadoras e bancos, iludindo a população com o financiamento do sonho do “carro novo”, isto sem falar na renúncia fiscal do estado.

Os trabalhadores devem ter claro que nenhum projeto megalomaníaco, baseado em “parceria” com as transnacionais imperialistas e picaretas tupiniquins do quilate de um Eike Batista, poderá conter algum conteúdo realmente nacionalista. O pré-sal não passa de mais uma manobra distracionista da frente popular, para encobrir sua subordinação ao consenso de Washington. Somente a nacionalização plena de nossas reservas naturais e energéticas poderá garantir nossa real independência dos grupos econômicos imperialistas que controlam militarmente os recursos energéticos do planeta. Mas nenhum governo da centro -esquerda burguesa é capaz de potenciar esta tarefa histórica, nem mesmo a “gerência radicalizada” de Chávez se mostrou resolvido em romper a “parceria” com a Texas Company. O combate do proletariado por um autêntico governo operário e camponês mantém toda sua vigência histórica, como única senda para romper definitivamente os laços de subordinação ao imperialismo.

terça-feira, 26 de junho de 2012


Governo capacho da Turquia arma nova provocação contra Síria a serviço da OTAN

O governo turco armou uma provocação contra a Síria a fim de criar mais um pretexto para a intervenção militar da OTAN com o objetivo de derrubar o regime da oligarquia Assad. Invadiu o espaço aéreo sírio para dar suporte às tropas de mercenários agrupados no chamado “Exército Livre da Síria” (ELS). A aeronave foi abatida pelas baterias antiaéreas sírias. Tal ato de defesa da soberania nacional síria foi apresentado pela Turquia e a mídia murdochiana mundial como uma prova de que a “sanguinária ditadura Assad” está atacando os países vizinhos em seu território e representa uma “ameaça à paz mundial”. A OTAN se reúne em caráter emergencial nesta terça-feira, 26/05, para discutir o abate do avião militar turco por tropas da Síria. O ato, chamado pelo governo turco de “uma séria ameaça à paz regional”, ocorre em meio ao recrudescimento da ofensiva militar das potências capitalistas contra a Síria e aumentou as especulações sobre uma intervenção da OTAN sobre o país, já que a Turquia, como membro servil da Aliança imperialista, acionou essa coalizão militar para “responder” ao ato de defesa sírio. O secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, criticou duramente as ações da defesa antiaérea síria e as qualificou como “inaceitáveis”, planejando uma resposta militar para os próximos dias além de exigir que a ONU adote novas sanções contra a Síria. O jato F-4 Phantom turco foi derrubado pela Síria no último final de semana quando a aeronave invadiu o seu espaço aéreo e estava sobrevoando em águas territoriais sírias. Outro avião turco já havia sido abatido na semana passada e a Turquia fazia nova investida militar para tentar resgatar os pilotos e a tripulação da aeronave espiã. Já a Turquia cinicamente diz que o avião estava em espaço aéreo internacional.

Em uma carta ao Conselho de Segurança da ONU, a Turquia descreveu o incidente como “um ato hostil das autoridades sírias contra a segurança nacional turca”. O governo turco disse que o incidente “não ficará sem punição”. No âmbito da OTAN, a Turquia - que é membro da aliança militar - pediu uma reunião dos embaixadores em Bruxelas, invocando o artigo 4º do organismo, que permite que qualquer país-membro faça consultas caso acredite que sua segurança esteja ameaçada. Todo esse teatro foi montado para criar mais um pretexto à agressão militar contra a Síria, já que até o momento através do Conselho de Segurança da ONU, devido aos vetos da Rússia e China, não foi aprovada a intervenção militar. Com a entrada em cena da Turquia, a OTAN agirá usando o pretexto de que um estado-membro da Aliança está sendo ameaçado pela Síria sem a necessidade de aprovação formal de outras instâncias internacionais como a ONU. Na verdade a Turquia não só invadiu o espaço aéreo sírio como montou uma verdadeira base militar do ELS na fronteira com o país, onde os mercenários recebem armas e treinamento. Não esqueçamos que em 2003 a mesma Turquia pediu assistência da OTAN para garantir sua segurança diante da iminência da guerra do Iraque. Não por acaso, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou durante uma reunião especial da OTAN que se as tropas sírias se aproximarem da fronteira com a Turquia serão considerados alvos militares, o que significa uma verdadeira declaração de guerra contra a Síria.

Desde a LBI, defendemos a ação das forças armadas sírias contra a Turquia. Tratou-se de uma ato de autodefesa frente a provocação montada pela OTAN. Porém, esta “reposta” militar síria é extremamente limitada e defensiva. É preciso convocar as massas árabes e palestinas a se mobilizarem contra a agressão imperialista, que está voltada a avançar contra o Líbano e o Irã. O que está em jogo neste momento é a possibilidade do imperialismo ianque incrementar sua ofensiva no Oriente Médio e no norte da África usando como cortina de fumaça seu apoio a fantasiosa “revolução árabe” tão saudada pelos revisionistas do trotskismo. Vejamos a escandalosa posição da LIT em sua mais recente declaração intitulada “Frente a guerra civil, é urgente derrubar o regime assassino de Assad” (Sítio LIT, 07/06). Segundo os morenistas, “Nesta guerra civil existem dois campos militares em luta. De um lado, no campo militar, está a ditadura sanguinária e pró-imperialista de Bashar Al Assad, que detêm o poder há 12 anos sucedendo ao seu pai Hafez, no marco de um regime de partido único que já dura mais de 40 anos. Do outro lado, no outro campo militar, estão as massas sírias, que se mobilizam e lutam com armas em mãos para derrubar a Assad, conquistar liberdades democráticas e melhorar seu nível de vida”. Mas a pergunta que cabe para a LIT é a seguinte: qual o campo militar e político da OTAN e do imperialismo nesta “guerra civil”? O que os morenistas não dizem é que as potências capitalistas estão ao lado dos “rebeldes”, fornecendo-lhes armas e apoio político contra o regime Assad.

Ainda que não tenhamos nenhuma simpatia com o regime comandado por Bashar al Assad, cabe aos marxistas leninistas na trincheira da luta contra o imperialismo e pelas reivindicações imediatas e históricas das massas árabes, postarem-se em frente única com ele e os governos das nações atacados ou ameaçados pelas tropas da OTAN e combater os planos de agressão das potências capitalistas sobre os países semicoloniais da região. Impedir que a OTAN abra um corredor militar desde a Síria, passando pelo Líbano, para atacar o Irã, é neste momento a tarefa central da classe operária internacional em seu combate revolucionário e anti-imperialista. Nesse combate desmascaramos os revisionistas do trotskismo (LIT, UIT...) que estão no campo dos mercenários do ELS e da contrarrevolução, falsos “rebeldes” que acabam de promover mais um banho de sangue conta o povo sírio!

segunda-feira, 25 de junho de 2012


PCdoB anuncia apoio a Haddad (PT), que agora tenta um vice fascista “sem ficha na Interpol”

A direção nacional do PCdoB anunciou hoje (25/06) a retirada da candidatura do vereador pagodeiro Netinho a prefeitura de São Paulo. Os ex-stalinistas, convertidos a democracia burguesa, resolveram apoiar “incondicionalmente” o PT sem reivindicar a vaga de vice-prefeito. Netinho “rifado” pelo PCdoB deve concorrer novamente à Câmara Municipal, enquanto Haddad continua a procura por um novo vice, depois da desistência de Luiza Erundina “revoltada” com a foto de Lula junto a Maluf. O apoio do PP malufista à candidatura de Haddad conseguiu provocar o “desmonte” de sua já débil campanha, acusada de capitular à direita corrupta simbolizada pela figura de Maluf. A esquerda democratizante, que tentou capitalizar a falsa “indignação” de Erundina, parece que desconhece o fato do PP malufista integrar o governo da frente popular há quase uma década. Também os “arautos” da ética, agrupados na “oposição de esquerda” que se solidarizaram com Erundina, esqueceram a aliança que a ex-prefeita petista (hoje no PSB) celebrou com o arquicorrupto Orestes Quércia, inclusive com direito a foto, nas eleições municipais de 2004. Como tínhamos alertado, a “indignação fabricada” de Erundina, que a fez abrir fogo contra Lula, tinha as digitais do Planalto, interessado diretamente no desgaste político da liderança de Lula.

Agora a investida dos caciques petistas da “Articulação” para ocupar a vaga de vice na chapa de Haddad concentra-se no fascista Luiz Flávio D’urso, presidente da OAB paulista e pré-candidato pelo PTB à prefeitura de São Paulo. D’urso não tem ficha na Interpol como seu colega Maluf, mas ideologicamente é bem mais afinado com a extrema-direita do que muitos “corruptos liberais”, como Sarney, Collor e afins. O presidente do PTB paulista, o deputado Campos Machado, confirmou o convite do PT, afirmando estar em negociações tanto com os tucanos como com os petistas. O acordo com o PTB, que assim como o PSB participa do governo tucano de Alckmin, ainda não saiu em função da eleição em curso da OAB, onde o PT e D’urso se enfrentam em campos frontalmente opostos. Saindo ou não o acordo com o PTB, o que deve ser destacado é o arco ideológico de alianças da frente popular, que vai muito mais além de políticos corruptos “tradicionais”. Mas para a esquerda democratizante o critério para as composições políticas deve passar pelo crivo da “ficha limpa”, e não pelo conteúdo de classe e ideológico dos partidos e lideranças, por isso não criticaram a possibilidade da coligação com D’urso, um neofascista “ficha limpa”.

A conjuntura nacional aponta para as eleições municipais em outubro como um centro catalisador da “amortizada” luta de classes, onde a estabilidade do regime político é o elemento determinante. As greves que ocorrem neste momento, como a dos trabalhadores do serviço público federal, não conseguem extrapolar os limites de um tradeunismo institucional, sendo facilmente cooptadas por um asceno de aumento “razoável” por parte do governo Dilma. As direções sindicais, de todos os matizes políticos, abandonaram há muito tempo qualquer perspectiva de politizar o movimento de massas, resignando- se a um sindicalismo de “poucos resultados”. No campo, as lutas dirigidas pelo MST concentram- se na pressão institucional, por mais verbas para os projetos estatais. As ocupações do latifúndio já não fazem mais parte da pauta de lutas do MST.

Neste quadro político, a economia brasileira ainda demonstra sinais de expansão, apesar da crise dos mercados europeus. Com um ritmo de crescimento mais lento, o governo Dilma consegue manter níveis de investimento e subsídios que mantém relativamente estáveis o nível de desemprego e renda do proletariado urbano. Sem um “crash” econômico a curto prazo, o governo Dilma e os partidos de sua base de apoio devem “colher” nas eleições municipais um êxito político suficiente para manter de pé o projeto da reeleição da frente popular em 2014. A questão que vem gerando turbulência no cenário nacional é exatamente este, ou seja, quem comandará a nau petista na sucessão presidencial, o cambaleante Lula que vem acumulando fracassos no último período (que ainda podem ser agravados no julgamento do mensalão), ou a “ascendente ex-poste” Dilma. Deixemos que a classe operária ainda possa dar a “última palavra”, rompendo este circo eleitoral da democracia dos ricos, mas para isso é necessário forjar a construção de um genuíno partido revolucionário.

domingo, 24 de junho de 2012

Capitulação vergonhosa de Lugo sob a orientação da centro-esquerda burguesa da Unasul

Logo depois da sessão do Senado que o destituiu da Presidência do Paraguai na última sexta-feira, 22 de junho, Fernando Lugo fez um rápido pronunciamento que revela bem o caráter de capitulação aberta que seu governo e conjunto da centro-esquerda burguesa do continente agrupada na Unasul adotaram diante do verdadeiro golpe de estado fulminante desferido pela via parlamentar e constitucional, tramado pela arquirreacionária burguesia do país com o apoio velado dos militares. Estampando um sorriso cínico, Lugo agradeceu à polícia, ao exército e a imprensa — os mesmos que deram suporte ao golpe a mando dos dois partidos burgueses tradicionais do país (Colorado e Liberal) — por ajudarem “na construção da democracia no Paraguai” e declarou que aceitava a decisão orquestrada pelo parlamento: “Como sempre atuei no marco da lei, ainda quando esta tenha sido distorcida, submeto-me a decisão do Congresso e estou disposto a responder sempre com meus atos como ex-mandatário nacional” (Telesul, 22/06). No discurso, nenhuma palavra chamando a resistência popular e muito menos a enfrentar pela ação direta o aparato policial que cercava o parlamento e reprimia os manifestantes que se opunham instintivamente ao golpe. Ao contrário, Lugo se submeteu imediatamente à decisão do Senado que o retirou da presidência em um processo golpista de impeachment que durou menos de 24 horas!

Se a frágil economia paraguaia depende fundamentalmente do Brasil (receita de Itaipu, comércio em Foz do Iguaçu e entrada de mercadorias pelo Porto de Paranoá, no Paraná) e dos seus parceiros da Unasul, por que Lugo aceitou tão rapidamente o golpe da direita e não chamou a resistência, inclusive se apoiando nos governos da centro-esquerda burguesa do continente que formalmente lhe davam suporte? A resposta é simples: para barrar o golpe Lugo teria que mobilizar os trabalhadores em luta direta contra os latifundiários e o conjunto da burguesia, que inclusive se encontravam ocupando postos chaves em seu governo de colaboração de classes. Lugo e os governos da Unasul, particularmente do Brasil, eram contra essa perspectiva que, sem dúvida, derrotaria o golpe e abriria uma situação revolucionária no país, porque mais cedo do que tarde o movimento de massas questionaria a própria política de conciliação de classes do ex-“bispo dos pobres”. Não por acaso, a Polícia Nacional de Lugo, em seu último ato como presidente, foi responsável pelo massacre de Curuguaty, que deixou 11 sem-terras (carperos) sem vida quando faziam a resistência armada à desocupação do megalatifundio de um ex-senador do próprio Partido Colorado.

O máximo que a Unasul declarou foi sua oposição formal ao rito sumaríssimo da votação que destituiu Lugo, já que buscou uma saída de consenso com a direita. Os chanceleres da Unasul queixaram-se da ausência de um “processo justo”, o que em última instância acabaria por legitimar o golpe, já que os partidos Colorado e Liberal tem a esmagadora maioria do Congresso e resolveram atuar de forma fulminante temendo a reação popular. Orientado pelos governos da centro-esquerda burguesa, Lugo aceitou imediatamente a imposição do golpe porque tanto a burguesia paraguaia como os membros da Unasul tinham uma preocupação comum: impedir a entrada em cena do movimento de massas e de sua vanguarda classista que poderiam iniciar a resistência, avançando para a expropriação das terras e questionando o próprio poder burguês e suas instituições apodrecidas, como o parlamento corrupto. A oposição de classe a esta tendência política uniu os golpistas, Lugo e a centro-esquerda burguesa, tanto que o comunicado dos representantes da Unasul enviados ao Paraguai é claro neste ponto quanto afirma: “Mantivemos reuniões com o Presidente Fernando Lugo. Adicionalmente, nos reunimos com o vice-presidente Federico Franco, com dirigentes políticos de diversos partidos e autoridades legislativas, de quem lamentavelmente não obtivemos respostas favoráveis as garantia processuais e democráticas que se lhes solicitaram. Os chanceleres reafirmam que é imprescindível o pleno respeito das clausulas democráticas do Mercocul, da Unasul e da Celac. Os governos da Unasul avaliarão em que medida será possível continuar a cooperação no marco da integração sul-americana. A missão de chanceleres reafirma sua total solidaridade ao povo paraguaio e o respaldo ao Presidente constitucional Fernando Lugo” (Cubadebate, 22/06). Tais palavras significam cristalinamente que a Unasul e Lugo aceitaram de fato o “golpe institucional” e formalmente reclamaram da forma que foi orquestrado, sabotando efetivamente qualquer possibilidade de enfrentar por fora das instituições controladas pela direita a destituição do atual presidente. Este foi imediatamente substituído pelo seu vice, Federico Franco, do Partido Liberal, que horas antes havia articulado a votação no Senado.

O golpe contra Lugo demonstra a impotência política da centro-esquerda para enfrentar a burguesia quando esta se lança decididamente para trocar seus gerentes de plantão, como agora no Paraguai ou anteriormente em Honduras. Lembremos que o próprio golpe militar na Venezuela em 2002 só não foi vitorioso porque não havia unidade no interior da própria classe dominante e nas FFAA. Ainda assim Chávez voltou ao governo ainda mais tutelado pelo alto-comando das FFAA e pregando a “reconciliação nacional” com os golpistas. Na verdade, a Unasul deseja posar de “defensora da democracia” buscando um acordo institucional com a direita porque teme que governos de centro-esquerda mais frágeis, como o de Rafael Correa no Equador, sejam alvos de novas investidas desestabilizadoras. Esse quadro continental se torna ainda mais delicado com a débil saúde de Chávez às vésperas das eleições presidenciais venezuelanas e quando Evo Morales enfrenta neste momento uma greve arquirreacionária da polícia boliviana. Nesse sentido, como parte de uma barganha preventiva, o Mercosul acaba de suspender a participação do Paraguai na Reunião de Cúpula de presidentes programada para a próxima semana na cidade argentina de Mendoza e cogita-se a participação do próprio Lugo como “convidado”.

Demagogia midiática à parte de Chávez, Correa, Evo Moraes, Dilma e Cristina Kirchner, nenhuma saída progressiva virá da mediação da diplomacia da Unasul e dos governos da centro-esquerda burguesa. Como ficou demonstrado no caso de Honduras e agora no Paraguai, a intervenção destes senhores está voltada a controlar a resposta do movimento de massas e impedir a ação independente dos trabalhadores, no máximo levando as disputas para os “organismos multilaterais” como a Unasul, Mercosul e a própria OEA, que ao final acabam legitimando os golpistas e seus “governos de fato” em busca de um “acordo de compromisso”, enquanto a direita fascistizante, como em Honduras, assassina centenas as lideranças operárias e populares. Tragicamente, o mesmo deve se repetir no Paraguai se os trabalhadores e sua vanguarda não tirarem imediatamente as lições programáticas do processo em curso!

Compreendemos muito bem que a derrubada do governo Lugo sob a condução da oligarquia dominante representa um ataque histórico ao conjunto do povo trabalhador do Paraguai. Por isso é preciso romper o bloqueio diplomático imposto pelos governos da centro-esquerda e pelo próprio Lugo, que chamou a aceitar a decisão do Congresso, levando a “disputa” para os fóruns da diplomacia burguesa e mobilizar os trabalhadores no Paraguai e no conjunto da América Latina contra o golpe de estado imposto pela via parlamentar e constitucional. Esta medida baseada na ação direta está na ordem do dia e não está voltada a defender o covarde Lugo, cúmplice da ofensiva fascista em seus três anos de mandato e muito menos o atual regime democratizante. Os trabalhadores devem se organizar para derrotar os golpistas através da convocação de uma greve geral política e recorrer ao armamento geral, seguindo assim o exemplo dos sem-terra (cerpeiros) de Curuguaty. Neste momento em que a burguesia paraguaia vai ampliar sua ofensiva reacionária diretamente sobre os trabalhadores e suas lideranças, é necessário encabeçar um processo de mobilização independente para resistir, construindo organismos de poder operário e popular que sejam capazes de superar no curso do combate nas ruas e nos locais de trabalho e estudo a política de Lugo e da centro-esquerda burguesa do continente!

sexta-feira, 22 de junho de 2012


Termina a “Cúpula dos Povos”, uma gigantesca ONG conselheira dos abutres capitalistas da Rio+20

Ocorreu neste dia 22 de junho a “Assembleia final da Cúpula dos Povos” no Aterro do Flamengo-Rio de Janeiro, que congregou desde movimentos camponeses latino-americanos como os sem-terra (Carpeiros) do Paraguai que recentemente foram alvo de um massacre pela polícia do governo Lugo até ONGs ligadas à social-democracia europeia, passando ainda por várias “redes” que se reivindicam “ecossocialistas”. Sob a direção da Via Campesina e do MST brasileiro, representado na coordenação do evento por João Pedro Stédile, a assembleia deliberou uma série de atividades mundiais “contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns”. Através de uma plataforma reformista que reivindicou a “mudança do modelo econômico predatório” e a “democratização das instituições antidemocráticas” estava claro o real objetivo da Cúpula: pressionar a ONU e os governos burgueses do planeta reunidos na Rio+20 a incluir nos seus planos da chamada “economia verde” a participação destas entidades para juntos gerenciarem os ataques às riquezas naturais da terra e às condições de vida dos trabalhadores. A LBI distribuiu sua declaração política intitulada “O conluio reformista entre a Rio+20, a Cúpula dos Povos e seus parceiros ‘ecossocialistas’” tanto na assembleia final da Cúpula dos Povos como na passeata ocorrida no dia 20 que teve a participação de mais de 25 mil pessoas. Nesta declaração denunciamos a impossibilidade de haver qualquer preservação do meio-ambiente sob o tacão dos grandes monopólios transnacionais, já que o capitalismo leva a humanidade a barbárie e as guerras de espoliação. Ao mesmo tempo desmascaramos os charlatanistas que através do chamado “ecosscialismo” não fazem mais que reforçar a tese revisionista de que o proletariado está superado como direção política da revolução socialista.

A expressão máxima do calhordismo político das entidades que dirigiram a Cúpula ocorreu no relato que fizeram na Assembleia final dos Povos do encontro com o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon ocorrido neste dia 22 de junho pela manhã. Membros da CUT e da Via Campesina, além de várias ONGs classificaram o encontro como “produtivo” porque o marionete ianque da ONU se comprometeu a levar as demandadas dos “movimentos sociais”, leia-se a venda de seus serviços, para a discussão que haverá posteriormente a Rio+20 voltada a encaminhar o chamado “texto final” da Conferência da ONU, que não passa de uma série de medidas que visam aprofundar a recolonização dos países atrasados por meio de “metas de sustentabilidade” impostas pelas metrópoles capitalistas, que diga-se de passagem não se comprometeram até mesmo com o farsante “compromisso verde” deliberado na Rio+20. O que ficou claro é que a "Cúpula dos Povos" não passou de uma gigantesca ONG conselheira dos abutres capitalistas da Rio+20.

Um capítulo a parte dos debates na Cúpula dos Povos ocorreu com os “ecossocialistas”. Agrupados em torno da chamada “Rede Ecossocialista Internacional” esses senhores subscreveram uma declaração em que afirmam: “Enquanto ecossocialistas, acreditamos que a humanidade necessita de alternativas radicais, alternativas que atacam as raízes do mal, o paradigma capitalista de civilização. Necessitamos de um novo modo de viver, um novo modelo de civilização, baseado em valores de solidariedade e respeito a ‘Mãe terra’. A única ‘economia verde’ que vale é uma economia que suprime o capitalismo e a mercantilização da água, da terra, do ar, da vida, uma economia na qual os meios de produção e de distribuição estejam nas mãos do próprio povo, que decide democraticamente o que deve ser produzido e consumido” (A conferência Rio+20 – Um ponto de vista Ecossocialista). Afora o fato escandaloso de nunca apresentarem a classe operária como vanguarda da luta anticapitalista, a “pluralidade” dos que subscrevem a declaração revela bem o engodo desta “rede” composta desde o “teórico” Michael Lowy e parlamentares do PSOL como João Alfredo Teles, passando pelo principal assessor de Marina Silva, o ex-petista e atual ongeiro Pedro Ivo Batista e abrangendo até mesmo secretários de governo do PT, como membros da prefeitura de Fortaleza, que ataca os trabalhadores em uma gestão onde ocupam postos chaves os partidos das oligarquias mais reacionárias como o PMDB e o PSB! Tamanha amplitude demonstra que essa “teoria” não passa de um embuste claramente voltado a defender reformas dentro do capitalismo por meio de ONGs que nada tem de “anticapitalistas” a não ser alguma retórica caricatural, como denunciou a declaração distribuída pelos militantes da LBI na Cúpula dos Povos.

A Rio+20 fracassou porque até mesmo a demagogia em torno da “economia verde” foi rechaçada pelas principais potências imperialistas, as mesmas que levam as guerras de rapina na Líbia, Síria, Afeganistão e Iraque. Ao mesmo tempo foi notória a completa inutilidade da chamada Cúpula dos Povos como eixo de resistência a ofensiva imperialista. A Cúpula, na verdade, serviu como um amortecedor da luta de classes através de sua política reformista na medida que impede que os ativistas rompam com os “ecocapitalistas” em todas as suas vertentes. Estes dois elementos políticos que se completam apenas reforçaram nosso combate de que a verdadeira defesa do meio-ambiente só pode ser realizada através da aliança do campesinato pobre com o proletariado do campo e da cidade através da luta pela revolução agrária que exproprie os latifundiários através da construção de comitês de autodefesa armados, preservando a vida dos lutadores ameaçados pelo terror dos grandes proprietários, acobertados pela frente popular. O massacre dos sem-terra (carpeiros) paraguaios pela polícia nacional do governo Lugo, que agora é alvo de um golpe de estado orquestrado pela burguesia arquirreacionária devido a sua completa desmoralização política, só comprova o que afirmamos, fato também denunciado pela LBI durante a Cúpula dos Povos. A assembleia se limitou a rechaçar genericamente a tentativa de golpe sem no entanto denunciar o governo de centro-esquerda de Lugo como responsável pela sua própria falência política!

A denúncia que fizemos tanto da farsa da Rio+20 como da Cúpula dos Povos assim como do reformismo “ecossocialista” aponta que o combate efetivo em defesa das reservas naturais, jamais poderá ser realizado em aliança política com empresários, ONGs e setores ligados ao imperialismo e seu projeto de “capital verde”. Somente o proletariado mundial, urbano e rural, e seus aliados históricos como o campesinato pobre, será capaz de travar uma luta consequente para expropriar o latifúndio, as grandes empresas e os monopólios por meio da luta pela revolução proletária e o socialismo!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Paraguai: Aplastar a tentativa de golpe mobilizando as massas e com total independência do governo da centro-esquerda burguesa

Mal tinha finalizado a brutal repressão aos camponeses que lutam contra a ofensiva dos latifundiários da soja (sojeros), o presidente Fernando Lugo recebeu de “agradecimento” por parte da oligarquia um fulminante processo parlamentar de impeachment, equivalendo a um verdadeiro golpe de estado. Ainda não sabemos se a tentativa de derrubar Lugo irá contar com o apoio aberto da cúpula militar ou se restringirá a elite civil, representada na totalidade das cadeiras do Parlamento paraguaio. O governo de Lugo, eleito sob a base de uma composição (Aliança Patriótica) com o tradicional Partido Liberal, um dos braços políticos da oligarquia fundiária, vinha sofrendo um forte esgarçamento social no último período. Os trágicos acontecimentos ocorridos em Curuguaty, a duzentos quilômetros da fronteira com o Brasil, serviram como estopim para os sojeros alertarem a burguesia em seu conjunto para a incapacidade do governo Lugo conter o movimento dos camponeses sem-terra, carperos. Sob a acusação de conivência com os carperos e até com Exército do Povo Paraguaio (EPP) a Câmara dos Deputados aprovou hoje (21/06) por 73 votos a favor e apenas um contra a abertura de um processo sumário de impeachment, que culminará com a votação final no senado na sexta-feira ou no máximo no sábado. Lugo não conta com o apoio de um único senador sequer e terá apenas duas horas para sua defesa. Agora a noite a igreja católica, da qual Lugo é bispo, emitiu um comunicado exigindo sua renúncia para “evitar um confronto nacional”. Sem apoio parlamentar, Lugo conta com o relativo apoio da UNASUL, que enviou uma delegação a Assunção para mediar o conflito. Por outro lado o movimento camponês anunciou a chegada a capital do país de delegações de todas as regiões em apoio ao presidente, que encerraria seu mandato no ano de 2013, sem direito constitucional a reeleição. Assim que soube da movimentação no Congresso, Lugo disse que não deixaria a presidência: “Não renunciarei ao cargo para o qual fui eleito pelo voto popular”.

A situação aponta para que Lugo aposte suas fichas no peso dos governos do Mercosul, no qual tem identidade política, para manter-se no cargo. A questão a saber é até que ponto limite, em especial, a burguesia brasileira estará disposta a bancar Lugo contra seus novos sócios do agronegócio paraguaio. O ministro (nada) Patriota que encabeça a delegação da UNASUL tentará a todo custo uma saída de compromisso, tentando obter de Lugo uma posição mais “dura” em relação ao movimento dos sem terra. A formação de um novo gabinete, sem os traços políticos da “centro esquerda”, é uma condição “sine qua non” para a permanência de Lugo na presidência. Mas, a tendência hegemônica da polarizada conjuntura se inclina para uma alternativa tipo hondurenha, onde a burguesia executa o golpe de estado pela via parlamentar e constitucional, com o apoio velado dos militares.

O movimento de massas, apesar da relativa experiência com a política neoliberal de Lugo, continua apoiando o governo apesar do seu imenso desgaste. O proletariado urbano e rural ainda identifica no governo do ex-bispo da teologia da libertação a possibilidade de superar toda uma história nacional de subordinação as velhas oligarquias agrárias. A marcha camponesa que se dirige a Assunção é um elemento importante da situação, e não se pode descartar a possibilidade de um grande confronto nas ruas da capital. O Partido Comunista (PCP), que acaba de ser legalizado, já se manifestou em apoio a Lugo, depositando suas esperanças para barrar o impeachment em um “isolamento internacional dos golpistas”.

Os marxistas revolucionários da LBI fomos a primeira corrente política de esquerda no Brasil a denunciar a repressão do governo burguês de Lugo aos carperos, mas compreendemos muito bem que sua derrubada sob a condução da oligarquia dominante representa um ataque histórico ao conjunto do povo trabalhador do Paraguai. Também entendemos que o método para derrotar os golpistas não pode estar concentrado na expectativa do “lobby” dos governos da UNASUL, que deverá significar uma capitulação ainda maior de Lugo em relação à direita reacionária parlamentar. A classe operária e a juventude que odeia os verdugos oligarcas, deve mobilizar-se contra o golpe, não para defender o covarde governo Lugo, cúmplice da ofensiva fascista em seus três anos de mandato, tampouco em nome do atual regime democratizante bastardo, mas para aplastar os golpistas pela senda da ação direta, com a greve geral política e o armamento geral do movimento de massas. No curso deste processo de mobilização independente, deve- se construir organismos de poder proletário, embrião de um verdadeiro governo operário e camponês.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Junta militar que governa o Egito retarda anúncio da vitória do partido da Liberdade e Justiça, mais um capítulo da “revolução” made in USA

Há cerca de um ano e meio a quase totalidade da esquerda mundial comemorava o triunfo da “revolução democrática” no Egito, produto da queda do senil ditador Mubarak. Delegações enviadas desde o Brasil e Argentina, pelas correntes revisionistas, até o Egito afirmavam entusiasticamente: “Agora se pode respirar a liberdade neste país”. Talvez agora estes mesmos setores da esquerda replicante da Casa Branca na Líbia e na Síria, tenham um pouco de dificuldade em explicar a ocorrência de dois golpes de estado no “pais da revolução” apenas em uma semana, e a iminência da imposição da maior fraude eleitoral patrocinada pelos EUA na última década. A junta militar que retirou Mubarak do governo simplesmente resolveu dissolver o parlamento, sob o inusitado argumento de “inconstitucionalidade” e anular a Constituinte “revolucionária” que estava em curso. Para completar, o quadro “democrático” deliberou por retardar o anúncio oficial do resultado das eleições presidenciais diante da vitoria da organização Islâmica Irmandade Muçulmana, através de seu braço político, o reacionário partido da liberdade e justiça.

Os militares egípcios manipularam descaradamente para levar ao segundo turno seu candidato, o odiado general Ahmed Shafik, ex-premier do tirano Mubarak, ultrapassada com “sucesso” esta etapa agora planejam impor a derrota de Mohammed Morsi, o candidato “light” da Irmandade Muçulmana. Acontece que ao contrário de Shafik, Morsi e o partido da liberdade e justiça possuem uma enorme base social, que está ocupando multitudinariamente há vários dias a legendária Praça Tahrir, palco da fraudulenta “revolução”, tanto saudada pela mídia murdochiana mundial. Posto o impasse, fica a cargo de Washington “proclamar” o novo presidente, já que todo o processo eleitoral é uma farsa, onde os candidatos mais “incômodos” já foram “depurados”. A decisão está a espera de um novo compromisso da Irmandade com a manutenção do regime militar em plena vigência no país dos faraós.

A crise política na “fase superior da revolução”, que seria justamente a realização das primeiras eleições presidenciais de toda a história do Egito, é produto da desconfiança cada vez maior de setores das massas com as ONGs e organizações islâmicas, que vem utilizando seu prestígio político adquirido com a queda de Mubarak, vem traficando a ilusão distracionista que o Egito atravessa um período revolucionário. A realidade vem mostrando exatamente o contrário, ou seja, em nome da suposta “primavera árabe” a burguesia vem desencadeando uma brutal ofensiva contra as conquistas do proletariado, com o aumento do desemprego e um plano de privatização de vários serviços públicos. Desde a saída de cena de Mubarak, a chamada transição negociada, o governo Obama reduziu o envio dos “subsídios” que os EUA destinava ao Egito desde a assinatura dos acordos de Camp David com Israel, nos anos 70. Muito provavelmente o “subsidio” ianque que era destinado ao Egito está sendo enviado para os mercenários sírios, que combatem pela causa da “revolução made in USA”. O sentimento anti-imperialista das massas árabes ainda é marcante em suas consciências e setores cada vez mais representativos do proletariado já começam a perceber o real conteúdo da farsesca “revolução democrática”, este fator vem começando a provocar fissuras no processo de transição política do Egito.

Uma revolução socialista, mesmo em sua primeira fase democrática, só poderá ocorrer com a formação de organismos de poder operário, apoiados no embrião de uma força armada do proletariado. Somente charlatães do marxismo, como os revisionistas da LIT, podem sustentar a “tese” de revoluções baseadas simplesmente em protestos populares, sem a construção de organismos de duplo poder. Mas o que era apenas uma “tese” equivocada (revisionista) elaborada pelo fundador da LIT, Nahuel Moreno, foi transformada pelos seus discípulos pilantras em um programa político para atuar em conjunto com o imperialismo, contra governos stalinistas e nacionalistas burgueses. Assim foi que os Morenistas estiveram no campo militar da OTAN no muro de Berlim, na URSS e na Iugoslávia em meados dos anos 90. Agora, com a mesma defesa da teoria da “revolução made in USA” os Morenistas integraram política e militarmente o bloco dos mercenários líbios e sírios para derrotar governos burgueses não alinhados integralmente com a Casa Branca.

No Egito o campo político das ONGs e correntes revisionistas cumprem a função de bloquear o desenvolvimento independente de uma nova vanguarda classista, que molecularmente começam a superar o engodo da “primavera árabe”, se colocando a disposição para combater a invasão imperialista em curso na Síria e no Líbano e posteriormente no Irã. O desastre social e humanitário provocado pela “revolução” dos rebeldes da OTAN na Líbia fez despertar na vanguarda antissionista egípcia, a necessidade de romper com a orientação revisionista, que no segundo turno pregava abertamente o “voto critico” em Morsi. Seguindo as teses da revolução permanente, os marxistas revolucionários combatem no Egito pela construção de verdadeiros organismos de poder da classe operária, partindo da luta concreta das massas e seu justo ódio contra o gendarme do imperialismo na região, o sionismo, e seus sócios autóctones (militares e Irmandade) que desejam preservar os acordos de Camp David.

terça-feira, 19 de junho de 2012


Aliança costurada por Lula com Maluf desmonta a candidatura de Haddad, seria mais um ato com a digital do Planalto?

O anúncio oficial do apoio do PP de Maluf à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo parece ter provocado a falência prematura da já debilitada postulação eleitoral do iniciante ex-ministro da educação. A candidata a vice na chapa de Haddad, a deputada Luiza Erundina (PSB), anunciada a menos de 48 horas antes da aliança com Maluf, resolveu declinar da composição com o PT, alegando “desconforto ético”. Erundina e a cúpula do PSB nacional sabiam previamente da negociação do PT com Maluf, que envolveu a nomeação de um “afilhado” para uma secretaria do ministério das cidades (pasta ocupada pelo PP desde o governo Lula), mas a ex-prefeita de São Paulo manifestou “ciúme” com a publicação da foto de Lula abraçando Maluf, já que no ato do anúncio da entrada do PSB na chapa de Haddad o presidente de honra do PT não se fez presente. Como se pode aferir a aproximação entre a quadrilha Malufista e o PT não é exatamente uma novidade ou surpresa, remonta quase uma década com a entrada do PP no primeiro governo Lula, retirando do ministério das cidades o petista histórico Olívio Dutra. Também não é a primeira vez que Maluf declara apoio a uma candidatura petista à prefeitura de São Paulo. Mas porque então a deputada “socialista" Erundina que integra um partido que participa da gestão do tucanato paulista e rompeu com o PT há cerca de vinte anos por aceitar um convite para ocupar um ministério no governo Itamar Franco, infestado pelo então PPR (hoje PP), decidiu em uma reunião em Brasília com o governador Eduardo Campos “pular fora” da canoa comandada pelo “mestre” Lula?

Somente muito tolos e incautos podem acreditar na versão dada por Erundina (referendada logicamente pela mídia murdochiana), que tenta agora passar-se por paladina da ética na política. O apoio eleitoral de Maluf na cidade de São Paulo estava sendo disputado renhidamente entre o PSDB e o PT, e só foi definido após Lula conseguir contornar a resistência da ex-presidente “poste” em nomear um técnico malufista para o segundo escalão palaciano. Selado o acordo com o PP, o grupo de José Dirceu logo saiu a comemorar a aliança como uma vitória do “campo majoritário” do PT. Em seu blog Dirceu tinha sido o primeiro a defender a entrada do gangster Maluf na frente popular de São Paulo: “Seria, no entanto, um grave erro negar a política de alianças e de governos de coalizão a partir da provável aliança com o PP”. Erundina em primeiro momento declarou que apesar do “desconforto” continuaria como vice de Haddad, e que a presença de Maluf na coligação não determinaria nem os rumos da campanha, nem do possível futuro governo paulistano. Mas, os ares de Brasília, onde tomou a decisão final, fizeram Erundina voltar atrás e socavar a candidatura de Haddad a uma desmoralização política irreversível. Agora o PSB liberou os petistas a procurar outro vice em outro partido, praticamente desfazendo nacionalmente todas as alianças com o PT.

O saldo político da operação “beija mão” do “capo” fascista Maluf, não é só um desastre eleitoral para as pretensões do “avant premier” Haddad  representa mais um golpe na combalida liderança de Lula, abalada pela frágil saúde e por seguidas traições que possuem as digitais estatais do Palácio do Planalto. Como se não bastasse a completa ausência de reação a ofensiva do bandido togado Gilmar Mendes, Lula assiste passivo a insolvência da CPI do Cachoeira que não intimida nem os camundongos do Congresso Nacional. Mas, para o ex-presidente metalúrgico, o pior ainda está por vir com a provável condenação exemplar pelo STF dos “bons companheiros” petistas envolvidos no esquema do “Mensalão”. Até mesmo o escândalo dos “dólares na cueca” (onde o personagem central é o deputado José Guimarães, irmão de Genuíno Neto) foi ressuscitado pela atual diretoria do BNB, coincidentemente agora sob controle do PSB “Cirista”. Tudo isto somado muito interessa a entourage Dilmista, hoje convicta no rompimento da promessa que Dilma fez ao “padrinho” político de abrir mão da reeleição em 2014.

O circo eleitoral burguês somente em andamento inicial já demonstrou que não é um “jogo” para amadores, ou melhor dizendo, apenas um instrumento tático para a verdadeira militância classista e revolucionária. Setores da esquerda reformista, como o PSOL, PSTU e até mesmo o PCdoB, tentaram tirar algum dividendo demagógico do episódio, tentando demonstrar a adaptação do PT à ordem vigente da “política suja”. Mas, estes “probos” reformistas estão juntos na mesma lama emporcalhada da política burguesa. O PSOL acaba de anunciar uma aliança com o DEM (sócio do PP na ditadura militar) na importante cidade de Resende no interior Fluminense, isto sem falar das composições feitas em Macapá com os partidos Sarneysistas. O PSTU, parceiro do PSOL, quer integrar em Belém uma “frente ampla” com o PPS, PV e o PCdoB, para apoiar a candidatura do ex-prefeito Edmilson Rodrigues. O convertido PCdoB pretende superar a “abertura” do PT, buscando em Porto Alegre um acordo eleitoral com o PP e o PSDB, para eleger a “musa” Manuela D'Ávila. Com esta esquerda corrompida pelo regime da democracia dos ricos o proletariado estará muito distante de lutar pela conquista de seu próprio poder revolucionário. A classe operária deve abstrair todas as lições programáticas da farsa eleitoral, onde o que menos importa é a verdadeira soberania popular, na qual as “cartas” já estão marcadas pela vontade das grandes corporações capitalistas.