sexta-feira, 22 de junho de 2012


Termina a “Cúpula dos Povos”, uma gigantesca ONG conselheira dos abutres capitalistas da Rio+20

Ocorreu neste dia 22 de junho a “Assembleia final da Cúpula dos Povos” no Aterro do Flamengo-Rio de Janeiro, que congregou desde movimentos camponeses latino-americanos como os sem-terra (Carpeiros) do Paraguai que recentemente foram alvo de um massacre pela polícia do governo Lugo até ONGs ligadas à social-democracia europeia, passando ainda por várias “redes” que se reivindicam “ecossocialistas”. Sob a direção da Via Campesina e do MST brasileiro, representado na coordenação do evento por João Pedro Stédile, a assembleia deliberou uma série de atividades mundiais “contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns”. Através de uma plataforma reformista que reivindicou a “mudança do modelo econômico predatório” e a “democratização das instituições antidemocráticas” estava claro o real objetivo da Cúpula: pressionar a ONU e os governos burgueses do planeta reunidos na Rio+20 a incluir nos seus planos da chamada “economia verde” a participação destas entidades para juntos gerenciarem os ataques às riquezas naturais da terra e às condições de vida dos trabalhadores. A LBI distribuiu sua declaração política intitulada “O conluio reformista entre a Rio+20, a Cúpula dos Povos e seus parceiros ‘ecossocialistas’” tanto na assembleia final da Cúpula dos Povos como na passeata ocorrida no dia 20 que teve a participação de mais de 25 mil pessoas. Nesta declaração denunciamos a impossibilidade de haver qualquer preservação do meio-ambiente sob o tacão dos grandes monopólios transnacionais, já que o capitalismo leva a humanidade a barbárie e as guerras de espoliação. Ao mesmo tempo desmascaramos os charlatanistas que através do chamado “ecosscialismo” não fazem mais que reforçar a tese revisionista de que o proletariado está superado como direção política da revolução socialista.

A expressão máxima do calhordismo político das entidades que dirigiram a Cúpula ocorreu no relato que fizeram na Assembleia final dos Povos do encontro com o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon ocorrido neste dia 22 de junho pela manhã. Membros da CUT e da Via Campesina, além de várias ONGs classificaram o encontro como “produtivo” porque o marionete ianque da ONU se comprometeu a levar as demandadas dos “movimentos sociais”, leia-se a venda de seus serviços, para a discussão que haverá posteriormente a Rio+20 voltada a encaminhar o chamado “texto final” da Conferência da ONU, que não passa de uma série de medidas que visam aprofundar a recolonização dos países atrasados por meio de “metas de sustentabilidade” impostas pelas metrópoles capitalistas, que diga-se de passagem não se comprometeram até mesmo com o farsante “compromisso verde” deliberado na Rio+20. O que ficou claro é que a "Cúpula dos Povos" não passou de uma gigantesca ONG conselheira dos abutres capitalistas da Rio+20.

Um capítulo a parte dos debates na Cúpula dos Povos ocorreu com os “ecossocialistas”. Agrupados em torno da chamada “Rede Ecossocialista Internacional” esses senhores subscreveram uma declaração em que afirmam: “Enquanto ecossocialistas, acreditamos que a humanidade necessita de alternativas radicais, alternativas que atacam as raízes do mal, o paradigma capitalista de civilização. Necessitamos de um novo modo de viver, um novo modelo de civilização, baseado em valores de solidariedade e respeito a ‘Mãe terra’. A única ‘economia verde’ que vale é uma economia que suprime o capitalismo e a mercantilização da água, da terra, do ar, da vida, uma economia na qual os meios de produção e de distribuição estejam nas mãos do próprio povo, que decide democraticamente o que deve ser produzido e consumido” (A conferência Rio+20 – Um ponto de vista Ecossocialista). Afora o fato escandaloso de nunca apresentarem a classe operária como vanguarda da luta anticapitalista, a “pluralidade” dos que subscrevem a declaração revela bem o engodo desta “rede” composta desde o “teórico” Michael Lowy e parlamentares do PSOL como João Alfredo Teles, passando pelo principal assessor de Marina Silva, o ex-petista e atual ongeiro Pedro Ivo Batista e abrangendo até mesmo secretários de governo do PT, como membros da prefeitura de Fortaleza, que ataca os trabalhadores em uma gestão onde ocupam postos chaves os partidos das oligarquias mais reacionárias como o PMDB e o PSB! Tamanha amplitude demonstra que essa “teoria” não passa de um embuste claramente voltado a defender reformas dentro do capitalismo por meio de ONGs que nada tem de “anticapitalistas” a não ser alguma retórica caricatural, como denunciou a declaração distribuída pelos militantes da LBI na Cúpula dos Povos.

A Rio+20 fracassou porque até mesmo a demagogia em torno da “economia verde” foi rechaçada pelas principais potências imperialistas, as mesmas que levam as guerras de rapina na Líbia, Síria, Afeganistão e Iraque. Ao mesmo tempo foi notória a completa inutilidade da chamada Cúpula dos Povos como eixo de resistência a ofensiva imperialista. A Cúpula, na verdade, serviu como um amortecedor da luta de classes através de sua política reformista na medida que impede que os ativistas rompam com os “ecocapitalistas” em todas as suas vertentes. Estes dois elementos políticos que se completam apenas reforçaram nosso combate de que a verdadeira defesa do meio-ambiente só pode ser realizada através da aliança do campesinato pobre com o proletariado do campo e da cidade através da luta pela revolução agrária que exproprie os latifundiários através da construção de comitês de autodefesa armados, preservando a vida dos lutadores ameaçados pelo terror dos grandes proprietários, acobertados pela frente popular. O massacre dos sem-terra (carpeiros) paraguaios pela polícia nacional do governo Lugo, que agora é alvo de um golpe de estado orquestrado pela burguesia arquirreacionária devido a sua completa desmoralização política, só comprova o que afirmamos, fato também denunciado pela LBI durante a Cúpula dos Povos. A assembleia se limitou a rechaçar genericamente a tentativa de golpe sem no entanto denunciar o governo de centro-esquerda de Lugo como responsável pela sua própria falência política!

A denúncia que fizemos tanto da farsa da Rio+20 como da Cúpula dos Povos assim como do reformismo “ecossocialista” aponta que o combate efetivo em defesa das reservas naturais, jamais poderá ser realizado em aliança política com empresários, ONGs e setores ligados ao imperialismo e seu projeto de “capital verde”. Somente o proletariado mundial, urbano e rural, e seus aliados históricos como o campesinato pobre, será capaz de travar uma luta consequente para expropriar o latifúndio, as grandes empresas e os monopólios por meio da luta pela revolução proletária e o socialismo!